Você está na página 1de 23

II – PRESSUPOSTOS

PROCESSUAIS
Processo de Inventário
1. Forma da partilha (artigo 2102º
CC)
Conservatória ou via notarial: acordo de todos os interessados.

Processo de Inventário:

1) Quando não houver acordo de todos os interessados na partilha.

2) Quando o M.P. entenda que o interesse do incapaz a quem a herança é deferida implica aceitação
beneficiaria (a presença de incapazes não é, por si só, motivo).

3) Nos casos em que algum dos herdeiros não possa, por motivo de ausência em parte incerta ou de
incapacidade de facto permanente, intervir em partilha realizada por acordo.
1. Forma da partilha (artigo 2102º
CC)
•Havendo um único interessado, o inventário a que haja de proceder tem por fim relacionar os
bens e, eventualmente, servir de base à liquidação da herança (artigo 2103º CC).

•A aceitação a benefício de inventário faz-se requerendo em inventário ou intervindo em


inventário pendente (artigo 2053º CC).

•Sendo a herança aceite em benefício de inventário, só respondem pelos encargos respetivos os


bens inventariados, salvo se os credores ou legatários provarem a existência de outros bens
(artigo 2071º nº 1 CC).
2. Competência (artigo 1083º CPC)
•Repartição de competências entre os tribunais judiciais e os cartórios notariais.

•Em princípio, há opção livre, podendo o processo ser requerido à escolha do


interessado que o propõe ou mediante acordo entre todos os interessados, nos
tribunais judiciais (inventário judicial) ou nos cartórios notariais (inventário notarial).

•Não está instituído um sistema alternativo ou concorrencial puro entre os tribunais


judiciais e os cartórios notariais.
2. Competência (artigo 1083º CPC)
Competência exclusiva dos tribunais judiciais:

1)Casos previstos no artigo 2102º nº 2 b) e c) CC.

2)Sempre que o inventário constitua dependência de outro processo judicial


(como processo de insolvência, executivo ou de divórcio sem mútuo
consentimento), estando em causa um apenso de ações.

3)Quando o inventário seja requerido pelo M.P.


2. Competência (artigo 1083º CPC)
Possibilidade de o PI proposto no cartório notarial transitar para o tribunal:

1)Aí ter sido apresentado sem a concordância de todos os interessados.

2)Requerimento de remessa até ao fim do prazo de oposição pela maioria simples


dos interessados diretos na partilha (segundo os respetivos quinhões).
2. Competência (artigo 1083º CPC)
2.1. Inventário judicial
Sucessão com incidência transfronteiriça (Regulamento UE nº 650/2012, de 04 de julho de
2012): conexão com 2 Estados-Membros:

À sucessão aplica-se a lei do Estado da residência habitual do falecido no momento do óbito.

Exceções:

1) Autor da sucessão optou pela lei da sua nacionalidade.

2) Autor da sucessão tinha relação mais estreita com outro Estado que não o da residência
habitual.
2. Competência (artigo 1083º CPC)
2.1. Inventário judicial
Sucessão com incidência transfronteiriça (Regulamento UE nº 650/2012, de 04 de
julho de 2012): conexão com 2 Estados-Membros:

Se, no momento da sua morte, o autor da sucessão não tiver residência habitual em
território português, é competente o tribunal em cuja circunscrição esse autor teve a
sua última residência habitual em território nacional, ou o da situação dos bens ou,
não havendo bens, o tribunal de Lisboa (artigo 72º-A nº 2 e 3 CPC).
2. Competência (artigo 1083º CPC)
2.1. Inventário judicial
Incompetência em razão do território:

Exceção dilatória que não é de conhecimento oficioso (artigos 102º e 104º CPC ex vi artigo
549º nº 1 CPC).

Prazo para a sua invocação pelos interessados diretos na partilha ou M.P.: 30 dias a contar
da citação ou notificação (artigo 1104º nº 1 a) e 2, e 103º CPC ex vi artigo 549º nº 1 CPC).

Consequência: remessa do processo para o tribunal competente (artigo 105º nº 3 CPC ex vi


artigo 549º nº 1 CPC).
3. Legitimidade
Legitimidade para requerer e intervir como partes principais, em todos os atos e termos do processo
(artigo 1085º nº 1 CPC):

Interessados diretos na partilha e cônjuge meeiro ou, no caso de inventário arrolamento, o interessado
na elaboração da relação de bens:

1) Co-herdeiros (artigo 2101º nº 1 CC): até à partilha apenas têm direito a uma quota abstrata que só
se concretiza aquando a partilha.

2) Cônjuge meeiro (artigo 2101º nº 1 CC): casados nos regimes de comunhão, mesmo que tenham
repudiado a herança, sejam incapazes sucessórios (deserdado ou indigno) ou estarem separado de
pessoas e bens com o autor da sucessão.
3. Legitimidade
Legitimidade para requerer e intervir como partes principais, em todos os atos e termos do processo
(artigo 1085º nº 1 CPC):

Interessados diretos na partilha e cônjuge meeiro ou, no caso de inventário arrolamento, o interessado
na elaboração da relação de bens:

3) Cônjuge do herdeiro : se casado em regime de comunhão geral de bens, pois terá direito à meação
(artigos 1735º, 1722º nº 1 b) e 1732º CC) ou se tiver existido comunicabilidade dos bens (artigo 1698º
CC).

4) Adquirente de quota hereditária (artigos 2124º e ss CC): cessionário do direito da herança e o seu
cônjuge, depende se o negócio lhe é comunicável caso seja algum regime de comunhão (depende se é
doação ou venda no caso da comunhão de adquiridos).
3. Legitimidade
Legitimidade para requerer e intervir como partes principais, em todos os atos e termos do processo
(artigo 1085º nº 1 CPC):

Interessados diretos na partilha e cônjuge meeiro ou, no caso de inventário arrolamento, o interessado
na elaboração da relação de bens:

5) Adotado (artigo 1986º CC): adquire a situação de filho do adotante e integra-se nos descendentes da
família deste.

6) Credores do herdeiro repudiante (artigo 2067º CC): caso de sub-rogação do direito que a este
cabia.

7) Usufrutuários da quota da herança (artigo 2030º nº 4 CC): necessário partilha para concretização
3. Legitimidade
Legitimidade para requerer e intervir como partes principais, em todos os atos e termos do
processo (artigo 1085º nº 1 CPC):

Interessados diretos na partilha e cônjuge meeiro ou, no caso de inventário arrolamento, o


interessado na elaboração da relação de bens:

8) Incapazes: seus representantes legais (no caso de menores, responsabilidades parentais ou


tutor/ de maiores acompanhados, o acompanhante/ e os ausentes em parte incerta, o curador
nomeado se já instituído).
3. Legitimidade
Legitimidade para requerer e intervir como partes principais, em todos os atos e termos do processo
(artigo 1085º nº 1 CPC):

Sem interesse direto na partilha:

1) Credor da herança: propõe ação judicial própria contra os herdeiros para exigir pagamento.

2) Credor pessoal do herdeiro: propõe ação judicial própria contra o herdeiro (pode penhorar o
quinhão).

3) Legatário: propõe ação comum para obter o seu legado, pois são os herdeiros a cumprir o legado
(artigo 2265º nº 1 CC) e é um encargo da herança (artigo 2068º CC), não tendo interesse direto porque
só tem direito a bens determinados.
3. Legitimidade
Legitimidade para requerer e intervir como partes principais, em todos os atos e termos do processo
(artigo 1085º nº 1 CPC):

Sem interesse direto na partilha:

4) Usufrutuário de coisa determinada: propõe ação judicial comum.

5) Donatários: sem interesse porque o facto translativo da propriedade ocorreu com o negócio jurídico.

M.P., quando a herança seja deferida a menores, maiores acompanhados ou ausentes em parte incerta
(artigos 2102º nº 2 b) e c) CC, 4º nº 1 b) e 9º nº 1 c) EMP).
3. Legitimidade
Legitimidade para intervir num PI pendente, em certos atos e termos do processo (artigo 1085º nº 2
CPC):

1) Quando haja somente herdeiros legitimários, os legatários e os donatários, nos atos, termos e diligências
sucessíveis de influir no cálculo ou determinação da legítima e de implicar eventual redução das
respetivas liberalidades, para proteção das respetivas liberalidades sobre eventuais reduções (artigos
2162º e 2168º CC).

2) Os credores da herança e os legatários, nas questões relativas à verificação e satisfação dos seus direitos
(não podem requerer, mas os legatários intervêm em certos atos).

3) O M.P. para o exercício das competências que lhe estão atribuídas na lei (defesa dos interesses dos
incapazes, dos ausentes em parte incerta e do Estado, por representação da Fazenda Pública caso hajam
3. Legitimidade
Representação por curador especial nomeado pelo tribunal (artigo 1086º CPC): apenas no PI:

1) Menores, maiores acompanhados e ausentes (quando os seus representantes legais concorram com eles à
herança).

2) Vários incapazes representados pelo mesmo representante (Exemplo: no caso de 2 pais falecerem com 2
menores, 1 mesmo tutor não pode representar os 2).

3) Ausentes em parte incerta, sempre que não esteja instituída a curadoria: o M.P. é ouvido sempre que não
seja o requerente da nomeação (artigo 17º nº 5 CPC ex vi artigo 549º nº 1 CPC). Os bens adjudicados
ao ausente que careçam de administração são entregues ao curador especial nomeado que fica com os
direitos e deveres do curador provisório em relação aos bens entregues até que seja deferida a curadoria
(podendo ir até depois do PI).
4. Patrocínio judiciário
•Nos inventários, independentemente do valor, a representação por mandatário
judicial não é obrigatória.

•No entanto, a constituição de advogado é obrigatória para suscitar ou discutir


qualquer questão de direito ou para interpor recurso (artigo 1090º CPC).
Exercício
1
Indique, justificadamente,
quem poderá requerer o
inventário de ADELARDO.
Exercício
2
Exercício
3
Exercício
3
Exercício
4

Você também pode gostar