Você está na página 1de 3

CAP III.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
3.1. Relativo às partes
3.1.1. Personalidade Judiciária
(artigo 11º, nº1 CPC)
Consiste na suscetibilidade de ser parte. Manifesta-se na capacidade de gozo de direitos
e obrigações processuais.
Ser parte significa ser demandante ou demandado em juízo:
 Autor ou réu
 Exequente ou executado
 Requerente ou requerido
Quem tiver personalidade jurídica tem igualmente personalidade judiciária.
Acontece que o CPC atribui personalidade judiciária a certas “entidades” que não têm
(ou ainda não têm) personalidade jurídica.
Trata-se de exceções à equiparação prevista no art. 11º, nº 2 CPC
Designados pelo legislador como casos de “extensão da personalidade judiciária” – art.
12º e 13º CPC
Justificam-se com o objetivo de assegurar uma mais rápida e eficiente defesa dos
interesses dos credores dessas entidades ou delas próprias.
Estas entidades, porque desprovidas de personalidade jurídica, carecem de ser
representadas em juízo – art. 26º CPC

Consequências da falta de pressupostos:


 A falta de pressupostos processuais relativos às partes implica que o juiz deva
abster.se de conhecer do mérito da causa e absolva o réu da instância (art. 278, nº 1
CPC).
 A absolvição da instância não obsta a que o autor proponha nova ação com o mesmo
objeto (art. 279º, nº 1 CPC). O que se justifica pelo facto de a questão de fundo ter
ficado em aberto.
 Como tal desfecho não é o desejado, são reconhecidos Às partes e ao tribunal diversos
meios de suprir os vícios (desde que sanáveis) derivados da falta de pressupostos
processuais, de modo a proporcionar uma decisão de mérito.
 Daí que, face à irregularidade resultante da falte de um pressuposto processual,
importe saber se o vício é sanável ou insanável. No primeiro caso podem desencadear-
se os mecanismos previstos para a sanação. No segundo caso, o juiz não pode deixar
de abster-se de conhecer do mérito da causa e absolver o réu da instância.
 Suprido o vício, fica regularizada a instância e há condições para obter uma decisão de
mérito (conforme a parte final do nº 2 e a primeira parte do nº 3 do art. 278º CPC).
 Uma vez que a falta de personalidade judiciária deriva da inexistência da pessoa
jurídica, o vício é insanável.
 Absolvição do réu da instância – art. 278º, nº 1, alínea c) CPC
 Exceção: art. 14º CPC A intervenção da administração principal por vir a ter lugar por
iniciativa do juiz, a requerimento da parte contrária ou por iniciativa da própria
administração principal.

3.1.2. Capacidade Judiciária


A capacidade judiciária consiste na suscetibilidade de estar, por si (pessoalmente), em
juízo.
A capacidade judiciária tem por base e por medida a capacidade do exercício de
direitos. (artigo 67º CC)
Ter capacidade judiciária é poder estar livremente em juízo, sem ser por intermédio de um
representante ou sem necessitar de autorização de outrem para a prática do ato, isto é, sem
necessidade de recorrer a formas de suprir a falta de capacidade judiciária.

Nada tem a ver com:

 a possibilidade de as partes se fazerem representar (voluntariamente) por procurador;


 nem com os casos, obrigatórios, de se fazerem representar por advogados;
 nem com a questão da representação orgânica das pessoas coletivas e sociedades (art.
25º CPC).

Casos de Incapacidade:

 Menores
Art. 122º e 123º CC

Quem ainda não tiver completado os 18 anos, porque é considerado menor, não tem
capacidade judiciária.

Tem personalidade judiciária, mas só pode estar em juízo por intermédio do seu representante
(art. 16º, nº 1 CPC).

A representação faz-se pelos seus progenitores (poder paternal) (art. 124º CC) ou,
subsidiariamente, nos casos de tutela (art. 1921º e ss. CC) pelo tutor.

Art. 18º CPC

Atenção ao art. 127º CC: a lei reconhece, excecionalmente, a validade a certos atos e negócios
jurídicos praticados por menores e, como tal, quanto a esses o menor dispõe de capacidade
judiciária

 Maiores acompanhados:
o Sujeitos a representação
o Não sujeitos a representação

Regime criado pela Lei nº 49/2018, de 14 de agosto


Processo especial de maior acompanhado (art. 138º e ss. CC e art. 891º a 904º CPC)

Destinado a maiores impossibilitados, por razões de saúde, deficiência, ou pelo seu


comportamento, de exercer, plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos ou de, nos
mesmos termos, cumprir os seus deveres.

O regime será fixado casuisticamente, e irá poderá corresponder, em particular (art. 145º, nº 2
CC) a:

b) Representação geral ou representação especial com indicação expressa, neste caso, das
categorias de atos para que seja necessária;

c) Administração total ou parcial de bens;

d) Autorização prévia para a prática de determinados atos ou categorias de atos.

Ação proposta por um maior acompanhado:

 Se for proposta uma ação por um maior acompanhado sujeito a representação ou a


administração de bens (artigo 145º, nº 2, alínea b) e c) do CC), ele deve, em regra, ser
representado nessa ação pelo acompanhante (artigo 16º, nº 1 do CPC). Na hipótese de
ter sido decretada a administração de bens, isso só sucede, no entanto, se a ação se
referir a esses bens.
 Se for instaurada uma ação por um maior acompanhado quanto a atos sujeitos a
autorização (artigo 145º, nº 2, alínea d) do CC), esse acompanhado pode estar por si
pessoal e livremente em juízo, embora necessite da autorização do acompanhante
para a prática de atos em processo (artigo 19º, nº 1 do CPC); em caso de divergência
entre o maior acompanhado e o acompanhante, prevalece a orientação deste último
(artigo 19º, nº 2 do CPC).

Ação proposta contra um maior acompanhado:

 Se for proposta uma ação contra um maior acompanhado sujeito a representação


ou a administração de bens, ele deve, em regra, ser representado nessa ação pelo
acompanhante (artigo 16º, nº 1 do CPC); na hipótese de ter sido decretada a
administração de bens, a representação só ocorre, todavia, se a ação respeitar a
esses bens; a propositura da ação contra o maior acompanhado não impõe, neste
caso, a citação desse maior (artigo 19º, nº 1, do CPC a contrario);
 Se for proposta uma ação contra um maior acompanhado quanto a atos sujeitos a
autorização do acompanhante, o acompanhado pode estar por si pessoal e
livremente em juízo e deve ser citado para a ação (artigo 19º, nº 1 do CPC),
embora necessite da autorização do acompanhante para praticar quaisquer atos
em juízo

Você também pode gostar