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Minha Biblioteca: Prática Civil

CAPÍTULO 5
DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES
1. PARTE

São as pessoas envolvidas na demanda judicial. Podem ser pessoas


físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, além do Poder Público
(art. 75, CPC).

Menores e incapazes podem ser partes, mas deverão ser


representados por seus pais (ou responsáveis), no primeiro caso, e
pelo curador (pessoa nomeada pelo juiz para zelar pelos interesses
do incapaz), no segundo.

Quem apresenta a demanda, fazendo um pedido dirigido ao juiz, é


chamado de autor. Quem é demandado, que deverá atender ao
pedido do autor caso este seja vitorioso, é chamado réu.

EXEMPLO

Imaginando que Maria queira cobrar uma dívida de Pedro


judicialmente, Maria será a autora e Pedro, o réu.

2. CAPACIDADE PROCESSUAL

Além de ter legitimidade para a causa, deve a parte ter capacidade


processual para atuar em juízo.

3. CAPACIDADE PROCESSUAL DAS PESSOAS


FÍSICAS
:
Para as pessoas físicas, a capacidade processual coincide com a
capacidade de aquisição de direitos. Por esse motivo, toda pessoa
que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para
estar em juízo.

Se a pessoa física for incapaz, será representada ou assistida por


seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei.

4. NOMEAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL (ART. 72,


CPC)

O juiz nomeará curador especial ao:

a) incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste


colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade;

b) réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com
hora certa, enquanto não for constituído advogado.

IMPORTANTE

A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos


termos da lei.

5. CONSENTIMENTO DO CÔNJUGE

O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação


que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o
regime de separação absoluta de bens.

6. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO ENTRE OS


CÔNJUGES

Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:


:
a) que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob
o regime de separação absoluta de bens;

b) resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de


ato praticado por eles;

c) fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da


família;

d) que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a


extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges.

Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do


réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato
por ambos praticado.

IMPORTANTE

1) Aplicam-se as normas acima mencionadas à união estável


comprovada nos autos.

2) O consentimento negado sem justo motivo ou impossível de ser


obtido pode ser suprido judicialmente.

3) A falta de consentimento, quando necessário e não suprido pelo


juiz, invalida o processo.

7. REPRESENTAÇÃO JUDICIAL DAS PESSOAS


JURÍDICAS E DE ENTES DESPERSONALIZADOS

As pessoas jurídicas podem atuar em juízo, desde que


representadas pelas pessoas enunciadas no art. 75, CPC/2015:

Ente Representante
Advocacia-Geral da União,
:
União diretamente ou mediante órgão
vinculado

Procuradores do Estado ou do
Estado e Distrito Federal
Distrito Federal, respectivamente
Município Prefeito ou procurador
Autarquia e fundação de Por quem a lei do ente federado
direito público designar
Massa falida Administrador judicial
Herança jacente ou vacante Curador
Espólio Inventariante
Por quem os respectivos atos
constitutivos designarem ou, não
Pessoa jurídica
havendo essa designação, por seus
diretores
Sociedade e associação
irregulares e outros entes Pessoa a quem couber a
organizados sem administração de seus bens
personalidade jurídica
Gerente, representante ou
Pessoa jurídica estrangeira administrador de sua filial, agência ou
sucursal aberta ou instalada no Brasil
Condomínio Administrador ou síndico

IMPORTANTE

1) Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido serão


intimados no processo no qual o espólio seja parte.

2) A sociedade ou a associação sem personalidade jurídica não


poderá opor a irregularidade de sua constituição quando
demandada.

3) O gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela pessoa


jurídica estrangeira a receber citação para qualquer processo.
:
4) Os estados e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso
recíproco para prática de ato processual por seus procuradores em
favor de outro ente federado, mediante convênio firmado pelas
respectivas procuradorias.

8. PROCURADOR

Pode a parte constituir procurador, ou seja, outorgar poderes a


alguém para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses.
A procuração é o instrumento do mandato (art. 653, CC). Trata-se
de um contrato civil e deve seguir, para ser válido, as disposições
contidas nos arts. 653 e ss., CC.

Em sentido processual, o procurador é o advogado, que atua em


nome da parte na demanda.

EXEMPLO

Maria, para cobrar a dívida, precisará contar com um advogado, que


elaborará as petições dirigidas ao juiz em seu nome. O advogado
será seu procurador em juízo.

Mas também poderá constituir João como seu mandatário, que


deverá, em nome de Maria, contratar um advogado para a defesa
judicial dos interesses dela.

9. CAPACIDADE POSTULATÓRIA

É o poder dado pela lei ao advogado para praticar atos em nome de


seu cliente no processo. Somente o advogado tem capacidade
postulatória, somente esse profissional poderá apresentar petições,
recursos, manifestações e terá a palavra em audiências.

Para ser advogado, deve o bacharel em Direito preencher os


:
requisitos estabelecidos pelo art. 8º da Lei nº 8.906/1994. Deve se
sujeitar aos deveres ali estabelecidos e terá os direitos previstos no
art. 7º do mesmo diploma legal. Além disso, o advogado é sujeito a
outros atos regulamentadores, como o Código de Ética e Disciplina.

A lei dispensa advogado para atuação no Juizado Especial Cível, em


causas de até 20 salários mínimos.

10. A PROCURAÇÃO

É a prova de que o advogado foi constituído para a defesa da parte.


Deve acompanhar necessariamente a petição inicial, nos termos do
art. 287, CPC, sob pena de cancelamento da distribuição, salvo para
evitar preclusão, decadência ou prescrição, nos termos do art. 104,
CPC, devendo juntar o instrumento em 15 dias, período passível de
prorrogação, se deferido pelo juiz.

A procuração ad judicia confere ao advogado autorização legal para


exercer suas funções no processo, tais como apresentar petições e
recursos, participar de audiências, ter vistas dos autos, receber
intimações dos atos processuais (art. 105, 1ª parte, CPC).

A cláusula extra judicia deve ter previsão expressa na procuração.


Assim, para o advogado ter poderes do art. 105, 2ª parte, CPC, cada
uma daquelas funções deve ser prevista expressamente. Trata-se de
poderes de disposição de direitos e, por isso, devem ser
expressamente mencionados na procuração.

A procuração pode ser assinada digitalmente pelo cliente. Se


postular em causa própria, deve o advogado observar as
disposições do art. 106, CPC.

11. VERIFICANDO A CAPACIDADE PARA SER PARTE


NO PROCESSO
:
A capacidade processual é exigida de qualquer participante do
processo. Por isso, atente para o seguinte:

a) A capacidade para ser parte se comprova pelo documento de


identidade ou pela certidão de nascimento.

b) Se a parte pessoa física for casada, deve ser juntada aos autos
sua certidão de casamento.

c) A união estável da parte se prova pela juntada de qualquer


documento idôneo, como a escritura de união estável, o termo de
reconhecimento de união estável para fins previdenciários, sentença
de processo judicial que declarou a união estável etc.

d) Sendo incapaz a parte, deverá também ser informado na petição


o nome de seu representante ou assistente, juntando-se aos autos
um comprovante da representação ou da assistência exercida (ex.:
certidão de nascimento, certidão de tutela, certidão de curatela). O
assistente ou representante deverá ser mencionado em todas as
manifestações judiciais do incapaz.

e) Sendo o peticionário pessoa jurídica, o seu representante deverá


ser indicado na petição inicial e na contestação. Nas demais
manifestações, indica-se apenas o nome da pessoa jurídica.

f) É o representante legal da pessoa jurídica quem deve assinar a


procuração dada ao advogado. E deve ser juntado aos autos o
contrato ou o estatuto social da pessoa jurídica, documento
indispensável para verificar se a pessoa tem poderes ou não para
representação em juízo.

g) O mesmo regime se aplica aos entes despersonalizados que têm


capacidade processual.
:
h) Para as pessoas jurídicas de direito público, não é necessário
indicar o nome do representante, mas apenas o cargo na petição
inicial e na defesa. Indica-se apenas o nome da entidade nas demais
manifestações (ex.: União, estado de São Paulo, município de Santos
etc.).

i) Os Advogados Públicos podem ser dispensados de apresentação


de mandato caso a lei que institua a carreira assim disponha. Haverá,
assim, mandato legal.
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