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O Novo Código de Processo Civil reservou o Livro III, que vai do artigo 70 ao artigo 187,
para tratar desses personagens, começando pelas partes e seus procuradores e passando pela
regulamentação do litisconsórcio e intervenção de terceiro.
Todo aquele que é dotado de capacidade de direito (instituto de direito material), ou seja,
que possa ser titular de direitos e obrigações na ordem civil, pode também ser autor ou réu em
processo. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (CC, art. 1º), e toda pessoa
tem capacidade de ser parte, seja natural ou jurídica, de direito público ou privado.
O Código de Processo Civil confere capacidade de ser parte até mesmo aos denominados
entes despersonalizados, tais como a massa falida, a herança jacente ou vacante, o espólio, o
condomínio e a sociedade sem personalidade. Muito embora o Novo CPC tenha deixado de
regulamentar expressamente, entende-se que o nascituro também é dotado de capacidade
para ser parte de relação processual.
Apesar dessa regra, é importante observar que nem toda pessoa tem capacidade para
estar em juízo pessoalmente, de figurar no processo de forma autônoma e sem representação
(capacidade processual).
Mais uma vez fazendo um paralelo com o direito civil, aqui estamos diante da capacidade
de exercício (instituto de direito material), que classifica as pessoas em capazes, absolutamente
incapazes e relativamente incapazes. Aqueles que são incapazes de exercer pessoalmente os
atos da vida civil, também são incapazes de, por si só, estarem em juízo.
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Nesse sentido, o artigo 70 do Novo CPC enuncia que “toda pessoa que se encontre no
exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo”. Complementarmente, estipula o
artigo 71, “o incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na
forma da lei”.
Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: I - que verse sobre direito
real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; II -
resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles; III -
fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família; IV - que tenha por objeto o
reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os
cônjuges.
Ao determinar que ambos os cônjuges sejam citados, o legislador nos apresenta uma das
hipóteses de litisconsórcio passivo necessário em razão da lei. No polo ativo a questão é um
pouco diferente, pois tratando-se imóvel de propriedade exclusiva de um dos cônjuges, muito
embora a outorga conjugal continue sendo necessária, aquele não for proprietário não figurará
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na condição de autor. Além disso, nos afiliamos à corrente que acredita não existir litisconsórcio
necessário ativo.
Como o próprio Código Civil estabelece no artigo 1.648, quando o consentimento for
negado por um dos cônjuges sem motivo justo, ou lhe for impossível concedê-lo, ele poderá ser
suprido judicialmente (CPC, art. 74).
Urge ressaltar que essa regra não se aplica às ações possessórias (interdito proibitório,
manutenção e reintegração de posse), mesmo porque posse não é direito real. O legislador
considera as ações possessórias como sendo de natureza pessoal, de tal modo que a
participação do cônjuge do autor ou do réu somente será indispensável nas hipóteses de
composse ou de ato por ambos praticado.
Por fim, não podemos esquecer que, em razão dos preceitos constitucionais, aplica-se o
disposto do artigo 73 também à união estável comprovada nos autos.
2. CAPACIDADE POSTULATÓRIA
A capacidade postulatória é tratada no Novo CPC a partir do artigo 103. Considerada como
um pressuposto processual de existência, diz respeito à necessidade de a parte estar
representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
Capacidade postulatória é a aptidão técnica para a realização dos atos processuais, que é
atribuída a advogados inscritos na OAB, defensores públicos e representantes do Ministério
Público.
A lei autoriza a postulação em causa própria quando a parte tiver habilitação legal (CPC,
art. 103, parágrafo único), e dispensa a capacidade postulatória em algumas situações
excepcionais, tais como, nas causas cíveis de até 20 salários mínimos processadas nos Juizados
Especiais (Lei 9.099/95, art. 9º), nas causas trabalhistas (CLT, art. 792) e nos Habeas Corpus (CPP,
art. 654).
De início repetimos a advertência para que não se confunda substituição processual com
sucessão processual. Conforme já estudamos, substituição processual é termo sinônimo à
legitimidade extraordinária, que ocorre quando excepcionalmente, por autorização do
ordenamento jurídico, alguém vai à juízo, em nome próprio, postular direito ou interesse alheio
(CPC, art. 18).
Nesse sentido, o artigo 108 do Código de Processo Civil determina que, no curso do
processo, somente é lícita a sucessão voluntária das partes nos casos expressos em lei. Para que
aconteça a sucessão voluntária a vontade das partes, por si só, não é suficiente.
O artigo 109 do mesmo diploma legal regulamenta a sucessão por ato entre vivos. Diz o
legislador que a alienação da coisa ou direito litigioso, a título particular, não altera a
legitimidade das partes. O objeto que está sendo disputado pelas partes em processo não perde
sua disponibilidade pelo simples fato de ser coisa litigiosa, entretanto, caso seja alienado, o
alienante prosseguira como parte do processo, mesmo não sendo mais o dono da coisa.
Essa explicação nos esclarece que na hipótese de alienação da coisa ou direito litigioso
não ocorre a sucessão processual automática, o adquirente ou cessionário só poderá adentrar
ao processo em sucessão do alienante ou cedente, e assim assumir a condição de parte, se a
parte contrária consentir. Entretanto, caso não haja o consentimento da parte contrária, o
adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial, uma nova
espécie de intervenção de terceiro voluntária, prevista no artigo 124 do CPC/15.
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Por tudo isso, mesmo que a sucessão não seja consentida e não aconteça a intervenção
do assistente litisconsorcial, os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias serão
estendidos ao adquirente ou cessionário.
Já o artigo 110 do Novo CPC prevê a sucessão processual por causa mortis. Nos termos da
lei, ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou pelos
seus sucessores. Nesse caso, observe que não há necessidade de consentimento da parte
contrária, a sucessão processual é obrigatória. O processo será suspenso e nesse período
deverão ser habilitados os novos legitimados (CPC, arts. 687 a 692).
4. LITISCONSÓRCIO
Repetindo a essência da regra já prevista na lei processual anterior, o Novo CPC enuncia
no artigo 229 que litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de
advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em
qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.
Destarte, quatro são os requisitos para que tenha esse direito a prazo dobrado: i)
multiplicidade de sujeitos em um mesmo polo da relação processual; ii) multiplicidade de
advogados; iii) advogados de escritórios de advocacia distintos; iv) autos não eletrônicos.
Havendo apenas dois réus, se a defesa for apresentada por apenas um deles, o outro será
declarado revel e sofrerá os efeitos desta condição, dentre os quais destacamos a não intimação
pessoal dos atos processuais, que serão apenas publicados. Nessa hipótese, com fundamento
no parágrafo primeiro do artigo 229 do Novo CPC, cessará então a contagem do prazo em dobro.
Outrossim, de acordo com a Súmula 641 do STF, “não se conta em dobro o prazo para recorrer,
quando só um dos litisconsortes haja sucumbido”.
✓ Exemplo 1: Ação de usucapião de imóvel – A lei exige que a citação daquele em cujo nome
esteja registrado o bem e também dos seus confinantes (CPC, art. 246 §3°).
✓ Exemplo 2: Ação de divisão e demarcação de terras particulares (CPC, arts. 570 e 574).
✓ Exemplo 3: Ação que verse acerca de direito real sobre imóvel (ex.: reivindicatória) – A lei
exige que figurem no polo passivo ambos os cônjuges (CPC, art. 73).
✓ Exemplo 4: Litisconsórcio necessário por força da relação jurídica ser única e incindível –
Anulação do casamento, por lógica ambos os cônjuges deverão ser litisconsortes.
✓ Exemplo 5: Litisconsórcio necessário por força da relação jurídica ser única e incindível – Ação
pauliana proposta por credor prejudicado contra os celebrantes de um negócio jurídico
fraudulento (ação anulatória).
Algo MUITO IMPORTANTE a ser destacado, porque diversas vezes foi cobrado pelo
elaborador do Exame da OAB, é a possibilidade de conjugação das duas últimas classificações.
Separamos algumas regras que devem ser decoradas:
→ Não existe litisconsórcio necessário ativo, pois ninguém pode ser obrigado a demandar
no polo ativo, e ninguém pode ter o seu direito de ação subordinado à participação de outro
colegitimado.
→ Não é correto afirmar que todo litisconsórcio necessário será unitário. Igualmente, não
é correto afirmar que todo litisconsórcio facultativo será simples.
O Novo CPC trouxe de volta a intervenção iussu iudicis, que nada mais é do que a atuação
oficiosa do juiz de determinar ao autor que requeira e providencie a citação de todos os
litisconsortes necessários que não indicados na inicial como réus, sob pena de extinção do
processo.
Litisconsórcio necessário e simples A sentença de mérito será ineficaz para os não citados.
5. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
O Código de Processo Civil colaciona variadas situações em que terceiros podem integrar
o processo incidentalmente. Recordando as lições sobre os elementos da ação, temos que
partes são “quem pede e contra quem se pede”. Inversamente, considera-se então como
terceiro todo aquele que não é nem autor e nem réu.
A doutrina entende que intervenção de terceiro é um fato jurídico processual por meio
do qual alguém estranho à relação processual adentra a uma demanda já instaurada, tendo,
portanto, natureza jurídica incidente processual. Esse instituto tem por fundamento privilegiar
os princípios da economia processual e do contraditório, pois será dado ao terceiro que de
alguma forma pode sofrer os efeitos da decisão judicial a possibilidade de se defender.
Por vezes as relações materiais são demasiadamente complexas, assim, a sentença que
soluciona eventual conflito pode repercutir contra terceiros. Caso exista essa possibilidade, é
razoável concluirmos que deve ser dado a esse terceiro a oportunidade de participar da relação
processual. Por isso afirmamos que só é admitida a intervenção de terceiro num processo em
andamento quando, de alguma forma, existir a possibilidade dele sofrer efeitos da decisão
judicial.
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O Novo CPC trouxe diversas inovações nesse âmbito, a começar pela extinção da
nomeação à autoria – que passou a ser prevista no artigo 339 como hipótese de correção do
polo passivo – e também da oposição – que foi alçada à condição de procedimento especial (art.
682). No sentido oposto, a assistência entrou para o rol de intervenções de terceiro e tivemos a
instituição de duas novas modalidades, o amicus curiae e o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica.
IV – Incidente de Desconsideração da
→ Sem correspondência.
Personalidade Jurídica.
Insta ressaltar que nos juizados especiais, como regra, nunca foi admitido qualquer das
hipóteses de intervenção de terceiro (Lei 9.099/95, art. 10), todavia, com o advento do novo
CPC, passou a ser possível nesse microssistema o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica (CPC, art. 1.062). Não podemos esquecer que o litisconsórcio é sempre
possível no âmbito dos juizados especiais.
5.1. Classificação
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As modalidades de intervenção de terceiros são classificadas em: voluntária (espontânea)
e provocada (coacta). A intervenção é voluntária (espontânea) quando parte da vontade do
próprio terceiro, ele é que se apresenta para participar do processo, independentemente de
qualquer atitude das partes ou do juiz. Temos como exemplos, a assistência e o amicus curiae.
5.2. Assistência
Uma boa inovação técnica do novo CPC, sem dúvidas, foi a inclusão da assistência no rol
das modalidades de intervenção de terceiros. No antigo diploma a assistência se encontrava
equivocadamente no mesmo capítulo do litisconsórcio.
Em suma, (i) deve o terceiro manter relação jurídica com uma das partes; (ii) relação
distinta daquela que está sendo apreciada no processo; (iii) mas que pode ser influenciada
reflexamente pela decisão que julgá-lo.
Quanto aos poderes do assistente simples, com fulcro no artigo 121, sua função é atuar
como auxiliar e em subordinação à parte principal, podendo praticar os mesmos atos
processuais (alegar, juntar documentos, requerer a produção de provas, arguir impedimento,
arguir incompetência absoluta e etc.) desde que não contrarie a vontade do assistido.
Nos termos do artigo 122 do Novo CPC, “a assistência simples não obsta a que a parte
principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se
funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos”.
Uma inovação muito relevante do novo CPC está prevista no parágrafo único do artigo
121. Diz o texto da lei: “Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente
será considerado seu substituto processual”. Diante da revelia do assistido, o assistente terá
legitimidade extraordinária para, em nome próprio, defender interesses alheios.
Tipifica o artigo 124 do Novo Código de Processo Civil: “Considera-se litisconsorte da parte
principal o assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário
do assistido”.
Esta é uma modalidade de intervenção de terceiro provocada, a qual pode ser requerida
por qualquer das partes do processo (CPC, art. 125).
Com o ingresso do terceiro, uma nova demanda passará a se desenvolver nesse mesmo
processo, entre o denunciante e o denunciado. Assim, afirma-se que a denunciação é uma
demanda incidental. Em um só processo existirão duas ações, uma principal e outra incidental.
A denunciação da lide ocorre quando uma das partes tem pretensão regressiva ou de
garantia contra terceiro, caso venha a sucumbir na demanda principal. Não existe, portanto,
relação entre o denunciado e o adversário do denunciante. O que existe é uma demanda entre
autor e réu, e outra demanda entre denunciante e denunciado.
O denunciante está antecipando a pretensão que tem contra o terceiro, o que noutras
situações culminaria na carência da ação por falta de interesse de agir (necessidade), mas que
aqui é permitido por meio da denunciação da lide.
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O grande fundamento dessa modalidade de intervenção de terceiro é a economia
processual, pois permite ao titular de um direito de regresso, exercê-lo no mesmo processo em
que já figura como parte, caso seja vencido na demanda principal. O juiz, na sentença, terá que
julgar tanto a ação principal quanto a incidental (denunciação da lide).
Enuncia o artigo 129 do CPC: “se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz
passará ao julgamento da denunciação da lide”. Por sua vez, o parágrafo único: “se o
denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo
da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do
denunciado”.
O artigo 125 do Código de Processo Civil traz duas hipóteses em que será admissível a
denunciação da lide. A primeira delas retrata uma situação típica do direito contratual, a evicção.
Diz o legislador: “É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao
alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a
fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam”.
A segunda hipótese prevista no artigo 125, diz respeito “àquele que estiver obrigado, por
lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no
processo”. Esse inciso é tão amplo que, em verdade, a previsão da evicção é desnecessária.
Diversos são os contratos que estabelecem direito de regresso, e algumas situações em que esse
direito decorre da própria lei.
Evidentemente, se a denunciação da lide não for feita ou for indeferida pelo juiz, o direito
de regresso não restará prejudicado. Isso é o que dispõe o parágrafo primeiro do artigo 125,
senão, vejamos: “o direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação
da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida”.
Quanto ao procedimento, a denunciação da lide poderá ser requerida tanto pelo autor
quanto pelo réu. Nas duas hipóteses, o denunciado assumirá a posição de litisconsorte do
denunciante. Interessante observar que o denunciado se tornará, simultaneamente, réu da
denunciação e litisconsorte do denunciado na demanda principal.
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Em resumo, feita a denunciação pelo autor, a citação do denunciado deverá ser requerida
na petição inicial. O denunciado será citado antes do réu, para que se defenda da denunciação
e acrescente novos argumentos à inicial (CPC, art. 127). Feita a denunciação pelo réu, a citação
do denunciado deverá ser requerida na contestação. Poderá o denunciado apresentar
contestação, se defendendo da denunciação, e impugnando os fatos alegados pelo autor na
petição inicial (CPC, art. 128).
No CPC/73 a denunciação da lide era obrigatória. Essa regra foi retirada do ordenamento
com o advento do Novo CPC, que afirmar ser a denunciação admitida nas hipóteses do artigo
125, sendo que o direito de regresso pode ser exercido por ação autônoma quando a
denunciação for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
O Novo CPC tornou o sistema da denunciação da lide mais restritivo. Primeiro, ele permite
apenas uma única denunciação sucessiva, ou seja, a possibilidade de o denunciado denunciar
um outro terceiro, contra quem tem direito regressivo. Isso só poderá acontecer uma vez.
Ademais, o Novo CPC aboliu a denunciação “per saltum” que acontecia quando a parte
do processo principal, o denunciante, se voltava contra um terceiro com quem não
mantinha/manteve relação jurídica material, mas que figurou na cadeia contratual como
alienante da coisa litigiosa. Simplificando, o denunciante “pulava” o terceiro com quem
realmente manteve relação jurídica. ESSA POSSIBILIDADE FOI VEDADA PELO NOVO CPC.
Na denunciação da lide existem duas relações jurídicas materiais distintas, uma entre
autor e réu (demanda principal), e outra entre denunciante e denunciado (direito de regresso).
Como regra o denunciado não possui relação direta com o adversário do denunciante.
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O artigo 130 do Novo CPC elenca as hipóteses em que será admissível o chamamento ao
processo, requerido pelo réu: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II - dos demais
fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores solidários,
quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.
A primeira situação diz respeito ao contrato de fiança, negócio jurídico através do qual
alguém se responsabiliza pelo pagamento da dívida de outrem. Entretanto, considerando que o
fiador não é o devedor, ele poderá pleitear ressarcimento daquele de quem é a dívida.
Imaginando que o fiador seja demandado diretamente pelo credor, o CPC admite então que o
fiador, fundamentado na premissa do “benefício de ordem” (regra do contrato de fiança),
chame o devedor principal ao processo.
Apesar do instituto material existir há bastante tempo, somente agora, com o advento do
novo CPC, foi estabelecido o procedimento da desconsideração, incluído entre as modalidades
de intervenção de terceiros.
Concluída a instrução, então julgará o incidente por decisão interlocutória, contra a qual
caberá recurso de agravo de instrumento (CPC, art. 1.015, IV). Caso o processo se encontre em
grau de recurso, da decisão proferida pelo relator caberá agravo interno (CPC, art. 136, §ú).
Mas, afinal, quem é o amicus curiae e qual a sua função dentro do processo?
Não tendo interesse direto ou reflexo na demanda, como é o caso do assistente simples,
o amicus curiae poderá intervir em processos que tenham por objeto matérias de grande
relevância, temas muito específicos (complexos) ou de considerável repercussão social, com a
finalidade de instigar o debate e ajudar o Judiciário a proferir decisões mais justas e precisas.
Por isso entendemos que o que motiva a intervenção do amicus curiae em processo alheio é um
“interesse institucional” ou “metaindividual”.
Para melhor elucidar o tema, citamos alguns exemplos de amicus curiae elencados por
Fredie Didier no seu curso de direito processual civil: i) uma associação científica que possui
representatividade adequada para a discussão de temas relacionados à atividade científica que
patrocina; ii) um antropólogo renomado, no que diz respeito a questões relacionadas a povos
indígenas; iii) uma entidade de classe, sobre questão que diga respeito à atividade profissional
que ela representa.
De acordo com o parágrafo primeiro do artigo 138 do Novo CPC, a intervenção do amicus
curiae não implicará em alteração de competência. Assim, por exemplo, se for o caso de uma
autarquia federal que ingresse num processo em trâmite na Justiça Estadual, isso não
influenciará na competência do órgão jurisdicional.
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Ademais, o mesmo parágrafo determina que o amicus curiae, como regra, não poderá
interpor recursos. Excepcionalmente, ele terá legitimidade para opor embargos de declaração e
recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas.
Por fim, com fundamento no parágrafo segundo do artigo em comento, caberá ao juiz (ou
relator), na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae.
De qualquer modo, a doutrina entende que sua atuação será basicamente manifestar/opinar
sobre a questão que é objeto da demanda.