Você está na página 1de 3

1.

Princípios da Jurisdição

1.1 Investidura: Esse princípio está relacionado com a necessidade que o Estado
possui de investir determinados sujeitos de poder jurisdicional para que representem o Estado
no exercício concreto da atividade jurisdicional. Esse agente público, investido de tal poder, é o
juiz de direito, sendo por muitas vezes chamado de Estado-juiz porque é justamente ele o sujeito
responsável por representar o Estado na busca de uma solução para um caso concreto. No Brasil
existem três formas para obtenção de investura, são elas: a) concurso público (Art 93, I, da CF),
indicação do Poder Executivo para quinto constitucional (Art 94, da CF) e para composição do
STF (art. 101 da CF).

1.2. Territorialidade (Aderência ao território): O princípio da territorialidade,


também conhecido como aderência ao território, diz respeito a uma forma de limitação do
exercício legítimo da jurisdição. O juiz devidamente investido de jurisdição só pode exercê-la
dentro do território nacional, como consequência da limitação da soberania o Estado brasileiro
ao seu próprio território. Significa dizer que todo juiz terá jurisdição em todo o território
nacional. Ocorre, entretanto, que, por uma questão de funcionalidade, considerando-se o
elevado número de juízes e a colossal extensão do território nacional, normas jurídicas limitam
o exercício legítimo da jurisdição a um determinado território. As regras de competência
territorial definirão um determinado foro (na Justiça Estadual uma comarca, e na Justiça Federal
uma seção judiciária ou subseção judiciária), e pelo princípio da aderência ao território, a
atuação jurisdicional só será legítima dentro desses limites territoriais. O mesmo raciocínio
aplica-se aos tribunais de segundo grau (na Justiça Estadual, o Estado, e na Justiça Federal, a
Região). Em razão da aplicação desse princípio, sempre que for necessária a prática de ato
processual fora de tais limites, o juízo deverá se utilizar da carta precatória (dentro do território
nacional) e de carta rogatória (fora do território nacional); no primeiro caso por lhe faltar
competência, e no segundo caso por lhe faltar jurisdição para a prática do ato.

1.3. Indelegabilidade: O princípio da indelegabilidade pode ser analisado sob duas


diferentes perspectivas: externo e interno. No aspecto externo significa que o Poder Judiciário,
tendo recebido da Constituição Federal a função jurisdicional, não poderá delegar tal função a
outros Poderes ou outros órgãos que não pertencem ao poder Judiciário. No aspecto interno
significa que, determinada concretamente a competência para uma demanda, o que se faz com
a aplicação de regras gerais, abstratas e impessoais, o órgão jurisdicional não poderá delegar sua
função para outro órgão jurisdicional.

1.4. Inevitabilidade: Esse princípio diz respeito à vinculação obrigatória dos sujeitos
ao processo judicial. Ainda que se reconheça que ninguém será obrigado a ingressar com
demanda contra a sua vontade, o certo é que uma vez integrado à relação jurídica processual,
ninguém poderá por sua própria vontade, se negar a este “chamado jurisdicional”. Em outras
palavras essa vinculação é automática, não dependendo de qualquer concordância do sujeito,
ou mesmo de acordo entre as partes para se vincularem ao processo e se sujeitarem à decisão.

1.5. Inafastabilidade: Consagrado pelo Art. 5º XXXV, da CF: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de lesão a direito. De acordo com o CPC, Art 3º:
“Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.”
1.6. Juíz natural: Pelo princípio do juiz natural entende-se que ninguém será
processado senão pela autoridade competente, de acordo com o Art. 5º LIII, da CF. O princípio
pode ser entendido de duas formas distintas. A primeira delas diz respeito à impossibilidade de
escolha do juiz para o julgamento de determinada demanda, escolha essa que deverá ser sempre
aleatória em virtude de aplicação de regras gerais, abstratas e impessoais de competência. Por
outro lado, o princípio do juiz natural proíbe a criação de tribunais de exceção, conforme
previsão expressa do art. 5º, XXXVII, da CF. Significa que não se poderá criar um juízo após o
acontecimento de determinados fatos jurídicos com a exclusiva tarefa de julgá-los, sendo que à
época em que tais fatos ocorreram já existia um órgão jurisdicional competente para o exercício
de tal tarefa. O tribunal de exceção mais famoso da história foi o Tribunal de Nuremberg, criado
com a função exclusiva de julgar os crimes nazistas praticados por militares do 3." Reich após o
final da 2ª Grande Guerra Mundial.

1.7. Promotor natural: Embora não esteja expressamente previsto em nosso


ordenamento jurídico, em nossa jurisprudência atual, inclusive do STF a partir do HC 67.759
consagrou esse entendimento. Assim, como o princípio do juiz natural, esse princípio tem como
finalidade precípua de evitar arbitrariedade, abuso e desvio de poder na designação de
representantes do Ministério Público, inclusive, limitando o poder do chefe do órgão ministerial
na realização das designações dos membros da instituição. Esse princípio visa eliminar a figura
do acusador por encomenda, que poderia ser indicado tanto para perseguir o acusado, quanto
para assegurar impunidade a alguém.

2. Elementos da Ação

Os elementos da ação se prestam a identificar a ação, tarefa de extrema importância quando se


pretende comparar uma ação com outra. São três os elementos da ação: quais sejam: a) as
partes, b) pedido e c) causa de pedir.

2.1. Partes: Embora exista uma antiga e tradicional divergência a respeito do conceito de partes,
pode-se, de forma simples, definir como parte de um processo, os sujeitos que participam da
lide, autor e réu, sendo os demais sujeitos, participantes da ação, terceiros. Chiovenda vai definir
como “autor” o sujeito que pede (polo ativo da ação) e o como “réu” contra quem se pede (polo
passivo da ação). Segundo a melhor doutrina, existem quatro formas de adquirir a qualidade de
parte:

a) pelo ingresso da demanda (autor/oponente);

b) pela citação (réu, denunciado à lide e chamado ao processo);

c) de maneira voluntária (assistente e recurso de terceiro prejudicado);

d) sucessão processual (alteração subjetiva da demanda, como na extromissão de parte).

2.2. Pedido: O pedido pode ser analisado sob a ótica processual, representando a providência
jurisdicional pretendida (aspecto processual) – condenação, constituição, mera declaração,
acautelamento, satisfação – e sob a ótica material (aspecto material), representado pelo
bem da vida perseguido, ou seja, o resultado prático (vantagem no plano dos fatos) que o
autor pretende obter com a demanda judicial.
2.3. Causa de pedir: A doutrina prática amplamente majoritária afirma que o direito brasileiro
adotou a teoria da substanciação, que determina que a causa de pedir é formada pela pelos fatos
jurídicos narrados pelo autor, juntamente com a fundamentação jurídica, conforme determinado
pelo Art. 319 do CPC, qual seja:
“Art. 319. A petição inicial indicará:

(...)

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;”

3. Bibliografia

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual do Direito Processual Civil - Volume Único. 9 ed.
Salvador: Ed. JusPodivm, 2017.

Você também pode gostar