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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.600.021 - DF (2016/0120357-7)

RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES


RECORRENTE : SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DA
ADMINISTRAÇÃO DIRETA AUTARQUIAS FUNDAÇÕES E
TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL -
SINDIRETA/DF
ADVOGADO : MARCONI MEDEIROS MARQUES DE OLIVEIRA - DF023360
RECORRIDO : DISTRITO FEDERAL
PROCURADOR : MARLON TOMAZETTE E OUTRO(S) - DF014006
RECORRIDO : CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL - CLDF
PROCURADOR : ANA CAROLINA REIS MAGALHÃES E OUTRO(S) - DF017700
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. RECURSO ESPECIAL. ADI.
INTERVENÇÃO DE TERCEIRO. ASSISTENTE LITISCONSORCIAL.
VEDAÇÃO DO ARTIGO 7º DA LEI N. 9.868/1999. PROCESSO OBJETIVO.
JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
PRECEDENTE DO STJ. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA
SEGUIMENTO.

DECISÃO
Trata-se de recurso especial interposto com fundamento no artigo 105, III, “a", da
Constituição Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos
Territórios, assim ementado (fl. 56):
AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
PEDIDO DE INGRESSO COMO ASSISTENTE LITISCONSORCIAL.
INADMISSIBILIDADE. VEDAÇÃO LEGAL. AGRAVO REGIMENTAL
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. A natureza objetiva dos processos de controle abstrato de ó constitucionalidade é
incompatível com a assistência litisconsorcial, a qual se condiciona à existência de
interesse jurídico subjetivo.
2. O fato de as entidades sindicais ou de classe possuírem legitimidade para ajuizar a
ação direta de inconstitucionalidade não significa a possibilidade de sua intervenção
como assistente litisconsorcial, a qual é expressamente vedada pelo artigo 70 da Lei
n.0 9.868/1999, que dispõe: "não se admitirá intervenção de terceiros no processo de
ação direta de inconstitucionalidade ".
3. Agravo regimental conhecido e não provido, mantendo a decisão que indeferiu o
pedido de ingresso do SINDIRETA/DF como assistente litisconsorcial na ação direta
de i ncon stitucion alIidade.
No apelo especial (e-STJ fls. 69-75), o recorrente alega violação ao art. 8º, § 2º, inciso
V, da Lei nº 11.697/2008, o art. 52 do CPC/1973 e o art. 7º da Lei nº 9.868/1999. Pugna em
síntese, por sua admissão na ADI como assistente litisconsorcial tendo em vista que seria
legitimado para a propositura de tal ação, sendo irrelevante o fato de a ADI ter natureza objetiva.
Decisão de admissibilidade às fls. 95-97.
Parecer do MPF às fls. 108-111, pelo desprovimento do Recurso Especial.
Com contrarrazões.
É o relatório. Decido.
Inicialmente, registra-se que “[a]os recursos interpostos com fundamento no CPC/1973
(relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de

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admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça” (Enunciado Administrativo n. 2, aprovado pelo
Plenário do Superior Tribunal de Justiça em 9/3/2016).
Com efeito, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica no sentido de que,
salvo na hipótese de amicus curiae , é incabível a intervenção de sujeitos estranhos à relação
processual nos processos objetivos de controle de constitucionalidade, consoante dispõe o art. 7º
da Lei federal nº 9.868/99.
Nesse sentido:
Agravo regimental no recurso extraordinário. Ação direta de
inconstitucionalidade movida no âmbito do Tribunal de Justiça. Pedido de
assistência apresentado por pessoa jurídica que não figurou como parte
na ação. Alegação de direito subjetivo. Controle concentrado.
Inadmissibilidade de intervenção de terceiros. Precedentes.
1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica no sentido de
que, salvo na hipótese de amicus curiae, de que não se trata o presente
caso, é incabível a intervenção de sujeitos estranhos à relação processual
nos processos objetivos de controle de constitucionalidade, consoante
dispõe o art. 7º da Lei federal nº 9.868/99.
2. Agravo regimental não provido (AG .REG. NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO 868.645/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, Segunda Turma,
DJe 14/08/2017, grifo nosso).

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO OPOSTOS PELA ORDEM DOS ADVOGADOS DO
BRASIL. LEGITIMIDADE. QUESTÃO DE ORDEM. INTERVENÇÃO DE
TERCEIROS, DE TERCEIRO PREJUDICADO E DE ASSISTENTE.
INADMISSIBILIDADE. PRECEDENTES.
1. Ação direta de inconstitucionalidade. Intervenção de terceiros e assistência.
Impossibilidade: Lei 9.868/99, artigo 7º, e RISTF, artigo 169, § 2º. Recurso
interposto por terceiro prejudicado. Não-cabimento. Precedentes.
2. Embargos de declaração opostos pela Ordem dos Advogados do Brasil.
Legitimidade. Questão de Ordem resolvida no sentido de que é incabível a
interposição de qualquer espécie de recurso por quem, embora legitimado
para a propositura da ação direta, nela não figure como requerente ou
requerido. Embargos de declaração não conhecidos” (ADI nº
1.105/DFMC-ED-QO, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Maurício Corrêa, DJ
de 16/11/01).
Da mesma forma é o entendimento desta Corte que já se manifestou no sentido de que
tratando-se de ação de controle concentrado de constitucionalidade, somente aqueles legitimados
à atuação como sujeitos processuais nessa espécie de ação têm legitimidade para a interposição
de recursos, e, mesmo assim, quando figurarem como requerentes ou requeridos, não sendo
admitido que terceiros interessados atuem no feito.
Nesse sentido:
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL
NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. TRIBUNAL DE ORIGEM QUE NEGA A
MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE

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INCONSTITUCIONALIDADE. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ART. 27
DA LEI N. 9.868/1999. RECURSO ESPECIAL DE TERCEIRO
INTERESSADO. AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE RECURSAL.
PROCESSO OBJETIVO. ARTIGOS 7º E 18 DA LEI N. 9.868/1999.
JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
1. Agravo regimental no qual se discute a legitimidade para interpor recurso
especial de terceiro interessado na modulação dos efeitos do acórdão que julga
ação de controle concentrado de constitucionalidade.
2. Tratando-se de ação de controle concentrado de constitucionalidade,
somente aqueles legitimados à atuação como sujeitos processuais nessa
espécie de ação têm legitimidade para a interposição de recursos, e,
mesmo assim, quando figurarem como requerentes ou requeridos, não
sendo admitido que terceiros interessados atuem no feito. Precedentes do
STF.
3. "A expressão 'parte interessada', constante da Lei n. 8.038/90, embora
assuma conteúdo amplo no âmbito do processo subjetivo, abrangendo,
inclusive, os terceiros juridicamente interessados, deverá, no processo objetivo
de fiscalização normativa abstrata, limitar-se apenas aos órgãos ativa ou
passivamente legitimados a sua instauração (CF, art. 103)" (Rcl 397 MC-QO,
Relator Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, DJ 21-05-1993).
4. A questão da legitimidade recursal é matéria de ordem pública, cujo
conhecimento pode-se dar de ofício, sem que fique caracterizada reformatio in
pejus.
5. Agravo regimental não provido (AgRg no Ag 1381728/SP, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 30/09/2011, grifo nosso).
Ante o exposto, nego seguimento ao Recurso Especial.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília (DF), 17 de abril de 2018.

MINISTRO BENEDITO GONÇALVES


Relator

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