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ACÓRDÃO
Documento: 575327 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 29/05/2006 Página 1 de 23
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 625.144 - SP (2003/0238957-2)
RELATÓRIO
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 625.144 - SP (2003/0238957-2)
VOTO
Documento: 575327 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 29/05/2006 Página 4 de 23
Superior Tribunal de Justiça
sendo o termo 'notário' mais divulgado na Europa .[...] O que seja notário no direito
brasileiro é posto em destaque por Cláudio Martins (Direito Notarial, p. 8) em nota
explicativa:'O notário brasileiro não é um empregado, é um empregador. E trabalha
à base de clientela própria, tal uma empresa, podendo ganhar mais ou ganhar menos,
conforme seu comportamento ético e aprimoramento profissional.' ” (Verbete "Notário
- I" in Enciclopédia Saraiva de Direito, vol. 55, São Paulo: Saraiva, 1977-1982, pp.
25/26).
O art. 236, da CF, regulamentado pela Lei n.° 8.935/94 estabeleceu que
os serviços notariais são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder
Público. No mesmo sentido, decidiu-se no REsp 21.176/RJ, relatado pelo Ministro
Romildo Bueno (DJ 26.02.1996), assim ementado na parte que interessa: “Segundo
proclama a jurisprudência, os serviços notarias e de registro são exercidos em
caráter privado, por delegação do serviço público. ”
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Superior Tribunal de Justiça
Porém, o CDC define como fornecedor, toda pessoa física ou jurídica,
não importando se pública ou privada, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvam, dentre outras atividades, prestação de serviço, isto é, atividade
remunerada, fornecida no mercado de consumo, excetuadas as relações trabalhistas.
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Superior Tribunal de Justiça
dos serviços públicos impróprios), são serviços de “utilização individual, facultativa e
mensurável ” e são "remunerados por taxa" e "não por imposto ". (característica dos
serviços públicos uti singuli, cfr. Hely Lopes Meirelles, ibidem , p. 309).
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autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, revestem-se da mesma natureza
que caracterizam as relações de consumo, porquanto, se há prestação remunerada,
haverá aí uma relação de consumo.
É o voto.
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Presidenta da Sessão
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MAURÍCIO DE PAULA CARDOSO
Secretário
Bel. MARCELO FREITAS DIAS
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : LUCIANA DAHMEN
ADVOGADO : ZILDA ÂNGELA RAMOS COSTA E OUTROS
RECORRIDO : 4º TABELIONATO DE NOTAS DE CAMPINAS
ADVOGADO : ADRIANA HELENA CARAM E OUTROS
ASSUNTO: Civil - Responsabilidade Civil - Indenização - Ato Ilícito - Dano Material c/c Moral
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Após o voto da Sra. Ministra Nancy Andrighi, conhecendo do recurso especial e
dando-lhe parcial provimento, pediu vista o Sr. Ministro Castro Filho. Aguardam os Srs. Ministros
Humberto Gomes de Barros, Ari Pargendler e Carlos Alberto Menezes Direito.
Brasília, 01 de setembro de 2005
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RECURSO ESPECIAL Nº 625.144 - SP (2003/0238957-2)
É como voto.
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Presidenta da Sessão
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO DIAS TEIXEIRA
Secretária
Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : LUCIANA DAHMEN
ADVOGADO : ZILDA ÂNGELA RAMOS COSTA E OUTROS
RECORRIDO : 4º TABELIONATO DE NOTAS DE CAMPINAS
ADVOGADO : ADRIANA HELENA CARAM E OUTROS
ASSUNTO: Civil - Responsabilidade Civil - Indenização - Ato Ilícito - Dano Material c/c Moral
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Prosseguindo o julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Castro Filho, conhecendo
do recurso especial e dando-lhe parcial provimento, pediu vista o Sr. Ministro Humberto Gomes de
Barros. Aguardam os Srs. Ministros Ari Pargendler e Carlos Alberto Menezes Direito.
Brasília, 17 de novembro de 2005
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RECURSO ESPECIAL Nº 625.144 - SP (2003/0238957-2)
CONSUMIDOR - SERVIÇOS NOTARIAIS E DE
REGISTRO - SERVIÇO PÚBLICO TÍPICO -
INAPLICABILIDADE DO CDC - ART. 100,
PARÁGRAFO ÚNICO - APLICAÇÃO ÀS AÇÕES
DE REPARAÇÃO POR DELITOS DE NATUREZA
CIVIL E CRIMINAL.
- Prestação de serviço público típico não constitui
relação de consumo.
- Aquele que utiliza serviços notariais ou de registro
não é consumidor (Art. 2º do CDC), mas contribuinte,
que remunera o serviço mediante o pagamento de
tributo (cf. ADIn 1.378/CELSO DE MELLO).
- Os Cartórios de Notas e de Registros não são
fornecedores (Art. 3º do CDC), pois sua atividade não é
oferecida no mercado de consumo.
- A prestação de serviço público típico, que é
remunerado por tributo, não se submete ao regime do
Código de Defesa do Consumidor, pois serviço público
não é "atividade fornecida no mercado de consumo"
(Art. 2º, § 2º, do CDC).
- O Art. 100, parágrafo único, do CPC, aplica-se à ação
para reparação de danos causados por delitos de
natureza tanto civil quanto criminal.
VOTO-VISTA
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Superior Tribunal de Justiça
que é cercada de restrições legais, definições de "emolumentos" (com natureza de
taxa), delimitações territoriais de atuação, fiscalizações externas etc. Propriamente,
não há concorrência de mercado entre os notários, pois a Lei e o Estado (via Poder
Judiciário), dirigem e fiscalizam a atividade notarial, impedindo uma livre
concorrência entre os cartórios.
Capacidade de atuar livremente no mercado, sem intervencionismo
estatal direto, é atributo do fornecedor. Quem presta serviço público típico
(remunerado por tributo), não atua no "mercado de consumo", insere-se num "mercado
de contribuinte", com responsabilidade civil diferenciada fixada constitucionalmente
(Art. 37, § 6º).
Vale dizer: a prestação de serviço público típico não traduz relação de
consumo, pois fornecida fora do mercado de consumo, escapando da incidência do
Código de Defesa do Consumidor.
Em linhas gerais, serviço públicos típicos ou próprios são aqueles
remunerados por tributos, enquanto, serviços públicos atípicos ou impróprios são
retribuídos por tarifa ou preço público, podendo estar sujeitos, conforme o caso, aos
ditames do CDC.
Do contrário, teríamos que admitir, a União respondendo por "fato do
serviço", com base no CDC, pela má prestação de serviços judiciários, legislativos ou
executivos.
Em suma, conclui-se que:
- aquele que se utiliza de serviços notariais ou de registro não é
consumidor (Art. 2º do CDC), mas sim contribuinte, pois remunera o serviço mediante
o pagamento de tributo (cf. ADIn 1.378/CELSO DE MELLO),
- os Cartórios de Notas e de Registros não são fornecedores (Art. 3º
do CDC), mas prestadores de serviços públicos "de organização técnica e
administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia
dos atos jurídicos" mediante o pagamento de tributos.
- a prestação de serviço público típico, que é remunerado por tributo,
não se submete ao regime do Código de Defesa do Consumidor, pois serviço público
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Superior Tribunal de Justiça
não configura "atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração"
(Art. 2º, § 2º, do CDC).
- não há "consumidores" nem "fornecedores" de serviços públicos
típicos, porque estes não são oferecidos no "mercado de consumo". Os serviços
públicos são prestados dentro duma sistemática apartada das leis de mercado,
remunerados por tributo, e sujeitam seus prestadores a uma responsabilidade própria
na forma da Constituição (Art. 37, § 6º).
A jurisprudência mais recente da Turma, ao contrário do voto da e.
Relatora, afirma que o Art. 100, parágrafo único, do CPC, aplica-se à ação de
reparação de danos por delitos de natureza civil e criminal. Eis o precedente mais
recente que encontrei:
"Ação de indenização. Art. 100, parágrafo único, Código de Processo
Civil. Facilitação da defesa. Precedentes da Corte.
1. Já decidiu esta Terceira Turma que o art. 100, parágrafo único, do
Código de Processo Civil alcança tanto os delitos civis quanto os penais,
destacando, ainda, o acórdão recorrido a peculiaridade de não ser
razoável o deslocamento do lesado para promover sua defesa em
comarca diversa do seu domicílio.
2. Recurso especial não conhecido." (REsp 612758/DIREITO).
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 625.144 - SP (2003/0238957-2)
VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Presidenta da Sessão
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MAURÍCIO DE PAULA CARDOSO
Secretária
Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : LUCIANA DAHMEN
ADVOGADO : ZILDA ÂNGELA RAMOS COSTA E OUTROS
RECORRIDO : 4º TABELIONATO DE NOTAS DE CAMPINAS
ADVOGADO : ADRIANA HELENA CARAM E OUTROS
ASSUNTO: Civil - Responsabilidade Civil - Indenização - Ato Ilícito - Dano Material c/c Moral
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Prosseguindo o julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros,
conhecendo do recurso especial e dando-lhe provimento, no que foi acompanhado pelos Srs.
Ministros Ari Pargendler e Carlos Alberto Menezes Direito, a Turma, por unanimidade, conheceu
do recurso especial e deu-lhe provimento, dando pela competência da Trigésima Primeira Vara
Cível de São Paulo, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Castro Filho,
Humberto Gomes de Barros, Ari Pargendler e Carlos Alberto Menezes Direito votaram com a Sra.
Ministra Relatora.
Brasília, 14 de março de 2006
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RECURSO ESPECIAL Nº 625.144 - SP (2003/0238957-2)
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Documento: 575327 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 29/05/2006 Página 2 3 de 23