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TJPA - 2º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

10/08/2022

Número: 0808939-03.2022.8.14.0000
Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO
Órgão julgador colegiado: 2ª Turma de Direito Público
Órgão julgador: Desembargadora LUZIA NADJA GUIMARÃES NASCIMENTO
Última distribuição : 23/06/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Liminar
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
LUCAS MICHAEL SILVA BRITO (AGRAVANTE) WALMIR HUGO PONTES DOS SANTOS NETO (ADVOGADO)
MUNICIPIO DE TUCURUI (AGRAVADO)
Documentos
Id. Data Documento Tipo
10599104 10/08/2022 Decisão Decisão
08:39
2ª TURMA DE DIREITO PÚBLICO – AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0808939-03.2022.8.14.0000

RELATORA: DESEMBARGADORA LUZIA NADJA GUIMARÃES NASCIMENTO

AGRAVANTE: LUCAS MICHAEL SILVA BRITO

AGRAVADO: MUNICÍPIO DE TUCURUÍ

DECISÃO MONOCRÁTICA

Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão ID63107437 que, no bojo de ação inibitória n.
0802154-36.2022.8.14.0061 deferiu em parte a liminar, para que os requeridos, entre eles o agravante, se abstenham
de adentrar nas Unidades Públicas de Saúde do Município de Tucuruí, seja em consultórios médicos, em salas
amarelas e vermelhas, nas UTIs e CTIs, no interior dos departamentos de Regulação e as unidades municipais de
Saúde ou outras áreas, por se tratarem de áreas privativas dos funcionários e pacientes, sob pena de multa diária de
R$10.000,00 (dez mil reais), além de outras cominações das quais poderão resultar o afastamento do exercício
parlamentar.

Inconformado afirma que a decisão viola o direito de ir e vir e que a proibição o alcança na condição de
PACIENTE / DOENTE, acompanhante ou Vereador, nesse último caso, especifica que está impedido do exercício das
prerrogativas do mandato, pois se encontra proibido de realizar qualquer ação ou fiscalização.

Chega a afirmar que a decisão coloca em risco a sua vida, sugerindo que no caso de sofrer acidente e ser
atendido no Município poderá ser preso ou pagar multa, ou terá que ser levado para outro município correndo o risco de
óbito.

Pede a concessão de efeito suspensivo e o provimento final do recurso para reforma da decisão.

É o essencial a relatar. Examino.

Tempestivo e adequado vou conhecer do recurso.

Imagino que o agravante possivelmente tenha compreendido e exata extensão da medida inibitória, mesmo
porque não se serviu da possibilidade que lhe esteve disponível no prazo legal, qual seja, os embargos de declaração,
de maneira que vou desconsiderar os argumentos distorcidos de risco de morte e não atendimento à saúde.

Da mesma forma acredito que o agravante, possivelmente, entende que o poder de fiscalização inerente a
vereança, deve ser exercido através de pedidos de informação ao Executivo, convocação dos secretários municipais e
auxiliares diretos, atuação através de comissão de inquérito, além do julgamento de contas da Administração.

Para além dessas hipóteses, é defeso ao Legislativo Municipal exercer o controle dos atos do Executivo por
outros mecanismos, posto que não há parâmetros constitucionais para tanto, tanto assim que o agravante ao invés de
apontar essa possibilidade em lei orgânica, optou por alegar o eventual risco de morte e não atendimento médico em
caso de doença.

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Em juízo de cognição sumária, é possível inferir que as prerrogativas atribuídas aos vereadores são
inconciliáveis com o poder de fiscalização que o agravante imagina possuir e pretende exercer sobre a ação
administrativa do Executivo, como bem definido pelo Min. Sepúlvida Pertence na ADI 3.048. Colha-se:

3. Do relevo primacial dos "pesos e contrapesos" no paradigma de divisão dos poderes, segue-se
que à norma infraconstitucional - aí incluída, em relação à Federal, a constituição dos Estados-
membros -, não é dado criar novas interferências de um Poder na órbita de outro que não derive
explícita ou implicitamente de regra ou princípio da Lei Fundamental da República.

4. O poder de fiscalização legislativa da ação administrativa do Poder Executivo é outorgado aos


órgãos coletivos de cada câmara do Congresso Nacional, no plano federal, e da Assembléia
Legislativa, no dos Estados; nunca, aos seus membros individualmente, salvo, é claro, quando
atuem em representação (ou presentação) de sua Casa ou comissão. (sic)

A proibição de abordagens tal qual a reportada nos autos do 1º grau, que aparentemente ostentam feições de
intimidação, estão absolutamente deslocadas da liturgia da função pública exercida pelo agravante, e nesse diapasão a
decisão recorrida atende a necessidade de evitar tumulto em espaços públicos destinados a prestação de saúde, bem
como salvaguardar a segurança dos profissionais que ali trabalham e pacientes nelas atendidos.

Assim exposto, NEGO O EFEITO requerido.

Intime-se para o contraditório.

Colha-se a manifestação do Parquet.

Voltem conclusos.

Servirá a presente decisão, por cópia digitalizada, como MANDADO.

P.R.I.C.

Belém(PA), assinado na data e hora registradas no sistema.

Desa. LUZIA NADJA GUIMARÃES NASCIMENTO

Relatora

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