Você está na página 1de 38

Cidades

Inteligentes

Inovação
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Diretoria de Desenvolvimento Profissional

Conteudista/s
Stella Hiroki (Conteudista, 2021).

Enap, 2021
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
MÓDULO 1 – Cenário urbano para o surgimento das Cidades Inteligentes
1. Conceitos introdutórios para trabalhar com Cidades Inteligentes................ 6
1.1 City Marketing............................................................................................................... 7
1.2 Infraestrutura de Tecnologia no espaço urbano..................................................... 8
1.3 Indicadores Urbanos................................................................................................... 9
1.3.1 Benchmarking.......................................................................................................... 10
1.3.2 Rankings................................................................................................................... 10
1.3.3 Painéis de controle................................................................................................. 11

MÓDULO 2 – Panorama sobre as Cidades Inteligentes


1. Particularidades das Cidades Inteligentes...................................................... 13
1.1 Fases de implementação das Cidades Inteligentes.............................................. 13
1.1.1 Primeira fase de desenvolvimento das Cidades Inteligentes........................... 13
1.1.2 Segunda fase de desenvolvimento das Cidades Inteligentes........................... 15
1.2 Parâmetros de aplicação das Cidades Inteligentes............................................... 17

MÓDULO 3 – Indicadores e projetos que estabelecem uma Cidade Inteligente


1. O cenário mundial de iniciativas relacionadas às Cidades Inteligentes...... 21
1.1 Diferenças entre a aplicação do Ranking Internacional e do
Ranking Nacional de Cidades Inteligentes.................................................................... 21
1.2 Exemplos de projetos internacionais de Cidades Inteligentes............................ 23
1.2.1 Good Vibrations - MIT Senseable City Lab............................................................... 23
1.2.2 Impressão de casas 3D, Icon e ONG New Story................................................... 24

MÓDULO 4 – O posicionamento do Brasil no movimento


internacional de Cidades Inteligentes
1. Ações no Brasil no movimento das Cidades Inteligentes.............................. 27
1.1 Carta Brasileira para as Cidades Inteligentes........................................................ 27
1.2 Exemplos brasileiros de Cidades Inteligentes....................................................... 28
1.2.1 Edifício Dandara..................................................................................................... 28
1.2.2 Aplicação do Waze for Cities Data em Joinville - SC............................................. 30
1.3 Pequenos e médios municípios brasileiros e a relação das
áreas rurais com a tecnologia........................................................................................ 31
1.3.1 Escola de Inovação Agrícola, Cascavel - PR......................................................... 31
1.3.2 Projeto Plus Codes - Google Maps, Estado de São Paulo.................................. 31
MÓDULO 5 – O futuro das Cidades no cenário da Pandemia
1. Futuras ações urbanas que estão em desenvolvimento como
resposta à Pandemia.............................................................................................. 34
1.1 Respostas e tendências de Cidades Inteligentes no cenário da Pandemia....... 34
1.2 Referências de laboratórios de pesquisa............................................................... 35

Referências Bilbiográficas..........................................................................................37
Cenário urbano para o
surgimento das
Cidades Inteligentes

1
Módulo

Inovação

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5


Módulo

1
Cenário urbano para o
surgimento das
Cidades Inteligentes
Unidade 1. Conceitos introdutórios para trabalhar com
Cidades Inteligentes
Objetivo de Aprendizagem: Identificar os conceitos fundamentais
relacionados às Cidades Inteligentes.

VÍDEO
Conceitos Introdutórios para Cidades Inteligentes:
https://cdn.evg.gov.br/cursos/489_EVG/videos/videos_modulo01_
video01.mp4
Legenda: https://cdn.evg.gov.br/cursos/489_EVG/legendas/videos_
modulo01_video01.vtt

O contexto das Cidades Inteligentes está relacionado às mudanças nas experiências


urbanas que os cidadãos podem vivenciar, devido a intensa utilização de aparatos
tecnológicos na infraestrutura das cidades. O tema de Cidades Inteligentes não é
apenas resultado da intensa urbanização ao redor do mundo, é também produto da
ampla utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na infraestrutura
urbana, como também de uma nova reestruturação na gestão das cidades, mais
focada em um planejamento empresarial.

De acordo com Harvey (1996), nas décadas de 1970 e 1980 ocorreu uma reorientação
da administração urbana, principalmente nos países capitalistas mais desenvolvidos.
Por essa razão, as cidades passaram a realizar o seu planejamento por meio de
ferramentas utilizadas na iniciativa privada, como rankings, comparativos entre as
cidades (benchmarking) e painéis de controle (Kitchin et al., 2014).

Dessa maneira, a ampla infraestrutura de hardware, software, telefonia móvel,


Internet das Coisas, aplicação de grandes volumes de dados por meio do Big Data e
armazenamento em nuvem, tornaram as tecnologias infiltradas a principal constituição
do espaço.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 6


Nesse sentido, algumas definições relacionadas a implementação da infraestrutura de
tecnologia no espaço urbano, como também indicadores para uma melhor qualidade
de vida começaram a ser utilizados para delinear os novos modos de executar a
gestão urbana. A tabela 1 apresenta alguns desses conceitos: Cidade Digital, Cidade
Sustentável e Cidade Inteligente.

Tabela 1. Diferença entre os conceitos para o planejamento das cidades.

Fonte: Hiroki, 2021.

1.1 City Marketing


Em razão das cidades intensificarem sua gestão a partir de um gerenciamento
para um empresariamento da administração urbana, a partir da década de 1970
(Harvey, 1996) algumas cidades ao redor do mundo passaram a direcionar suas ações
para o City Marketing. No Brasil, temos o exemplo de Curitiba que a partir da adoção
desse modelo de gestão, ampliou sua visibilidade em relação às outras capitais, o
que preparou a cidade a possuir procedimentos que a validassem como Cidade
Inteligente no começo do século XXI.

A implementação do City Marketing traz resultados positivos, bem como, negativos.


O benefício para a gestão urbana é o impulsionamento das parcerias no modelo
Público-Privada (PPP), ou seja, na aproximação do poder público à iniciativa privada
que propicia atração de investimentos, pesquisa e desenvolvimento de projetos
resultando na geração de empregos. Por outro lado, o efeito negativo é a cidade se
intensificar como mercadoria, um espaço para a aplicação dos interesses das empresas
devido ao crescimento do empresariamento urbano (Duarte & Czajkowski, 2006).

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 7


Nessa perspectiva, observa-se que a cidade de Curitiba, a datar da gestão (nome
completo) Lerner nos anos 1990 inovou em novos espaços no setor de Cultura e
Lazer para a população, e particularmente, no sistema de Mobilidade (BRT) que se
tornou uma referência mundial da nova gestão adotada pela capital paranaense.
Consequentemente, Curitiba preparou a população para o imaginário de modernidade
que se anunciava para os anos 2000 e orientou seu planejamento urbano para:

• a prática da utilização de novas tecnologias;


• a qualidade de vida como atrativo para investimentos;
• e ações que a levassem a ser competitiva a nível internacional.

O legado de Curitiba trouxe mais interesses internacionais na gestão urbana no Brasil


e foi pioneira de maneira a influenciar outras cidades a se organizarem com uma
atenção voltada à sustentabilidade, eficiência e inovação. O que também colocou
em prática o conceito de city marketing no Brasil para cidades mais competitivas
em relação a seus desempenhos de gestão e preparou o contexto nacional para
aplicação de Cidades Inteligentes.

1.2 Infraestrutura de Tecnologia no espaço urbano


O contexto da transformação digital que as cidades enfrentam em sua gestão é o
fenômeno histórico de mudança cultural provocado pelo uso disseminado de TICs nas
práticas sociais, ambientais, políticas e econômicas. Por essa razão, a transformação
digital provoca uma grande mudança cultural, inédita e rápida (Carta Brasileira para
Cidades Inteligentes, 2020).

E o que são e onde estão as TICs? As TICs são muitas vezes suportadas por redes
subterrâneas ou invisíveis de fibra óptica, sinais de rádio, microondas e satélites.
Atualmente, há uma grande interação entre os elementos tradicionais do espaço
(tijolos e argamassa) e os elementos de tecnologia e informação (redes, bits e bytes)
(Firmino, 2011).

Devido a essa intensa utilização da infraestrutura digital no espaço urbano e por


consequência, por parte da sociedade, o governo brasileiro coordena uma agenda
pública com atores que contribuem para o pleno direito a Gestão Democrática e
Conectividade Digital, como mostra a tabela 2.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 8


Tabela 2. Ações do governo que garantem a
Gestão Democrática e a Conectividade Digital.

Fonte: Hiroki, 2021.

Exemplo de projeto urbano que aplica os dados coletados pelas


plataformas de tecnologia para amplicar as soluções na gestão de
seus municípios:
Departamento de emergência de Houston, Texas

1.3 Indicadores Urbanos


No cenário mundial, além da aplicação do City Marketing e da Infraestrutura de
Tecnologia, os indicadores urbanos também auxiliam as cidades a implementarem
as ações para as Cidades Inteligentes. São eles: 1) Benchmarking; 2) Rankings; e 3)
Painéis de Controle.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9


Figura 1. Análise de mercado e comparação.

Fonte: Pexels.

1.3.1 Benchmarking
A partir do modelo empresarial, o Benchmarking foi adotado pelas cidades para
comparar, classificar e direcionar suas performances no planejamento urbano. Há
três maneiras de aplicação:

1. Benchmarking de performance: compara como satisfatoriamente um


local está em relação a um conjunto de indicadores pré-escritos;
2. Benchmarking de processo: compara as práticas, estruturas e sistemas
de lugares;
3. Benchmarking sobre iniciativas e políticas públicas: compara projetos
que influenciam a performance e os processos em relação a resultados
e expectativas, a exemplo de ações realizadas por instituições públicas.

1.3.2 Rankings
Os rankings são utilizados para monitorar e avaliar vários aspectos das cidades como
competitividade, acesso à tecnologia, sustentabilidade, qualidade de vida, bem-estar
e serviços urbanos.

A intensificação na utilização dos rankings para avaliar as gestões das cidades passou
a ocorrer a partir da agenda de sustentabilidade estruturada durante a Conferência

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 10


das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) no
evento ECO-92, aliada ao novo formato da administração pública direcionado ao
empresariamento (Kitchin et al., 2014).

1.3.3 Painéis de controle


Em razão dos produtos elaborados pelas empresas de tecnologia para a gestão
urbana, os painéis de controle nos Centros de Operações se tornaram um exemplo
do imaginário sobre Cidades Inteligentes.

Os painéis de controle permitem uma visualização das cidades em tempo real. Dessa
maneira, a transformação que ocorre em uma Cidade Inteligente é que toda a sua
movimentação passa a ter o registro do fluxo, local, tempo e rastreamento.
Nesse sentido, como explica Picon (2015), a cidade passa a ser organizada em três
momentos:

1. situação: momento presente;


2. ocorrência: momentos adversos;
3. cenário: como os Centros de Operações podem solucioná-los.

Exemplo: Centro de Operações de Belo Horizonte

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11


Panorama sobre as
Cidades Inteligentes

2
Módulo

Inovação
Módulo

2 Panorama sobre as
Cidades Inteligentes
Unidade 1: Particularidades das Cidades Inteligentes
Objetivo de Aprendizagem: Reconhecer os estágios para a aplicação de
uma Cidade Inteligente e quais critérios auxiliam na sua implementação
em um planejamento urbano.

1.1 Fases de implementação das Cidades Inteligentes


Na aplicação das Cidades Inteligentes há diferentes fases ou momentos de
implementação. Quando o conceito é aplicado, geralmente se remete a cidades
futuristas ou que apenas, a sua aplicabilidade aconteceria em capitais ou em
cidades com uma robusta infraestrutura de tecnologia. Dessa maneira, é importante
compreender que o movimento de Cidades Inteligentes pode ser avaliado em três
fases diferentes no decorrer da história:

• Primeira fase: surge a partir do começo do século XXI, a primeira fase é


direcionada a aplicação de grandes projetos de tecnologia;
• Segunda fase: com a crise econômica mundial de 2008, o começo de
uma segunda fase é focada no protagonismo do cidadão;
• Terceira fase: atualmente, a terceira fase, é caracterizada pela utilização
dos dados para a elaboração de projetos mais coerentes com as
demandas da população.

Na sequência, analisaremos as diferenças entre a Primeira e Segunda Fase, de acordo


com as características e os exemplos das cidades expoentes, respectivamente,
Singapura e Dublin.

VÍDEO
Panorama sobre as Cidades Inteligentes:
https://cdn.evg.gov.br/cursos/489_EVG/videos/videos_modulo02_
video01.mp4
Legenda: https://cdn.evg.gov.br/cursos/489_EVG/legendas/videos_
modulo02_video01.vtt

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13


1.1.1 Primeira fase de desenvolvimento das Cidades Inteligentes
Singapura segue um modelo mais de primeira fase como Cidade Inteligente. O
conceito propõe grandes projetos urbanos, como universidade, museu, estádio, tráfego
automatizado, atração turística, como Gardens by the Bay. Um modelo mais "de cima
para baixo" (Picon, 2015) com grande interferência do governo e da iniciativa privada.

Essa cidade-estado do Sudeste Asiático é uma cidade com 5 milhões de habitantes


compartilhando uma área territorial de 700 km². Em 1965, Singapura se tornou
independente da Malásia e desenvolveu uma organização exemplar para ser não
só independente politicamente de outra nação, mas também, não depender dos
recursos naturais e econômicos. Dessa forma, este pensamento impulsionou o hábito
da inovação e colocou como base econômica uma diversidade de programas que
incentivam o empreendedorismo.

Por isso, Singapura é um exemplo de como as áreas de uma cidade devem agir em
conjunto. Isto é, uma Smart City não se constrói no isolamento de suas áreas, mas
através da comunicação entre elas. Na sequência, analisaremos os projetos em
Singapura que ancoram as iniciativas para uma Cidade Inteligente.

Projetos que consolidam Singapura como Smart City

1) Economia Inteligente - Changi Airport

Eleito pela 6ª vez o melhor aeroporto do mundo pela Skytrax World Airports Awards,
além de auxiliar o fluxo de pessoas e mercadorias entre Singapura e o mundo, esse
aeroporto possui uma infraestrutura de qualidade para comércio, meio ambiente e
transporte público que o conecta ao centro da cidade.

2) Moradia Inteligente - Estádio Nacional de Singapura

O estádio nacional de Singapura, Singapore's Sport Hub foi inaugurado em 2014 e


foi um projeto elaborado para funcionar durante grandes eventos nacionais, como
também, quando não há programação. O estádio possui um complexo de lojas e
áreas para serem realizados treinos e, uma estação de metrô foi criada para atender
o acesso à sua grande estrutura.

3) Governo Inteligente - Singapore Airlines

A companhia aérea de Singapura, por não possuir um mercado interno para operar,
procura fornecer um serviço de excelência internacional. Dessa maneira, funciona
como uma representante internacional da impecabilidade de serviços da cidade, bem
como, gera empregos e desenvolvimento de pesquisa sobre o mercado da aviação.

4) Moradia Inteligente - Urban Redevelopment Authority (URA)

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 14


Singapura possui a autoridade de Planejamento Urbano que trabalha com a interação
da população. Ela possui um museu que disponibiliza para os cidadãos uma maquete
de toda a cidade e permite a visualização de áreas de reserva, assim como espaços que
podem ser construídos de maneira a facilitar o crescimento da cidade e o entendimento
do cidadão sobre o espaço onde vivem.

Figura 3. Singapura.

Fonte: Pixabay.

1.1.2 Segunda fase de desenvolvimento das Cidades Inteligentes


Dublin, a capital da Irlanda possui um projeto mais direcionado ao protagonismo do
cidadão. Em 2020, ela foi classificada em 33º lugar no ranking IESE Cities in Motion.

Para a Irlanda possuir sua capital com destaque no ranking que avalia as Smart
Cities ao redor do mundo, essas mudanças no planejamento urbano remontam do
começo da década de 1990. A partir dessa época, a Irlanda começou a mudar seu
sistema econômico baseado na agricultura para uma economia mais fundamentada
em prestações de serviços, principalmente com projetos ligados ao mercado de
tecnologia. O governo adotou a política de impostos mais baixos do que outros
países europeus para a instalação de empresas, o que tornou a Irlanda um país
atrativo para a plataforma de desenvolvimento de projetos.

Outra questão política e econômica que impactou a gestão urbana na Irlanda,


particularmente em Dublin, foram as decisões resultantes do BREXIT a partir de
2017. Com a saída do Reino Unido da União Europeia, a Irlanda por ser um país com

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15


o idioma inglês e pela sua moeda ser o Euro, passou a atrair a instalação de grandes
empresas que não mais terão seus escritórios no Reino Unido.

A partir de 2016, a capital irlandesa intensificou o programa Smart Dublin para


tornar a qualidade de vida um atrativo para mão de obra qualificada apoiada em
um ambiente que apoia serviços de tecnologia. Abaixo observamos quatro projetos
que auxiliam a cidade a formar uma rede que apoia a participação da população no
movimento de Cidades Inteligentes.

Projetos que consolidam a participação da população de Dublin para o


programa Smart Dublin

1) Dublin Dashboard

Disponível em um website para a população, o Dublin Dashboard é um conjunto


compreensível de gráficos interativos e mapas de dados sobre a cidade, incluindo
dados em tempo real, a exemplo de serviços baseados em geolocalização.

2) Dublin Digital Docklands

Renovação das antigas docas do porto de Dublin que funcionam como um centro
para sediar empresas de tecnologia e espaços de discussão sobre inovação, como
o Dogpatch Labs.

3) Hack Access Dublin

Comunidade que engaja designers, investidores, engenheiros, desenvolvedores,


artistas a tornarem a cidade de Dublin mais inclusiva através da tecnologia.

4) Pyladies Dublin

Comunidade que incentiva a participação da mulher no desenvolvimento de negócios


e aprendizado de programação. Também promove encontros para discussão sobre
carreira na tecnologia e empreendedorismo. Iniciativa presente em outros países,
como no Brasil.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 16


Figura 4. Ponte em Dublin, Irlanda.

Fonte: Pixabay

1.2 Parâmetros de aplicação das Cidades Inteligentes


Não existe uma instituição mundial que regule a definição de uma Cidade Inteligente.
Por essa razão, cada país e região pode mapear suas características para encaminhar
o seu planejamento para uma utilização inteligente.

Entre as instituições que procuraram definir o conceito de Cidades Inteligentes


para a sua agenda pública, destaca-se a União Europeia, em razão de possuir um
planejamento a longo prazo e pioneiro na implementação de práticas que direcionam
a sustentabilidade dos projetos.

Há outros parâmetros e rankings que procuram validar os estágios de desenvolvimento


das aplicações de Cidades Inteligentes, no entanto, devido a sua complexidade
em muitos critérios a serem validados, acabam por esconder e não avaliar de
maneira correta as iniciativas realizadas. A exemplo dos rankings: o internacional,
IESE Cities in Motion e do ranking brasileiro Connected Smart Cities que veremos no
módulo 3.

Por esses motivos, a utilização dos parâmetros definidos pela União Europeia é
mais dinâmica e abrange de maneira integrada as áreas que possibilitam o
planejamento com o objetivo de uma Cidade Inteligente. Dessa maneira, os
parâmetros são: Smart People, Smart Governance, Smart Environment, Smart Living,
Smart Mobility e Smart Economy. Respectivamente, em português: Cidadão Inteligente,
Governo Inteligente, Meio Ambiente Inteligente, Moradia Inteligente, Mobilidade
Inteligente e Economia Inteligente, como mostra a tabela 3.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 17


Tabela 3. Seis parâmetros da União Europeia utilizados
para definir uma Cidade Inteligente.

Fonte: Adaptado de Giffinger et al. (2007).

Ressalta-se que, nenhuma área é mais importante que outra, elas devem funcionar
de maneira 360º e horizontal, como mostra a figura 4. Mesmo sendo um projeto
pioneiro, a União Europeia, desde o começo já indicava a importância dos cidadãos
como protagonistas das Cidades Inteligentes.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 18


Figura 5. Diagrama de funcionamento dos parâmetros para
uma Cidade Inteligente, de acordo com a União Europeia.

Fonte: Adaptado de Giffinger et al., 2007.

Afinal, como podemos definir o que é uma Cidade Inteligente?


“Uma Smart City madura pode ser definida pelo movimento Top-Down (de cima
para baixo) de plataformas de tecnologia e um movimento Bottom-Up (de baixo
para cima) de indivíduos empoderados digitalmente” (Picon, 2015).

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 19


Indicadores e projetos que
estabelecem uma
Cidade Inteligente

3
Módulo

Inovação
Módulo

3
Indicadores e projetos
que estabelecem uma
Cidade Inteligente
Unidade 1. O cenário mundial de iniciativas relacionadas
às Cidades Inteligentes
Objetivo de aprendizagem: Identificar o contexto de construção e utilização
dos Rankings que avaliam as cidades como Inteligentes, bem como,
iniciativas internacionais que inspirem aplicações em seus municípios
de acordo com a realidade brasileira.

1.1 Diferenças entre a aplicação do Ranking Internacional e do


Ranking Nacional de Cidades Inteligentes

VÍDEO
Indicadores e cenário mundial das Cidades Inteligentes:
https://cdn.evg.gov.br/cursos/489_EVG/videos/videos_modulo03_
video01.mp4
Legenda: https://cdn.evg.gov.br/cursos/489_EVG/legendas/videos_
modulo03_video01.vtt

Há diferentes rankings que avaliam o desenvolvimento das cidades como Cidades


Inteligentes. No cenário internacional, destaca-se o ranking IESE Cities in Motion e no
Brasil, o ranking Connected Smart Cities.

O ranking IESE Cities in Motion é realizado pela Universidade de Navarra, Espanha e


compreende 174 cidades, situadas em mais de 70 países que são avaliadas por meio
de 83 indicadores. Em 2020, as três primeiras colocadas foram: 1º Londres - Inglaterra;
2º Nova Iorque - Estados Unidos e 3° Paris - França.

Por possuir tantos indicadores, cidades que muitas vezes possuem soluções
inteligentes, não são contempladas nesse ranking por não possuírem todas as
qualificações exigidas. Nesse sentido, é necessária uma perspectiva crítica ao se utilizar
o ranking IESE Cities in Motion como um avaliador da realidade das Cidades Inteligentes.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 21


A exemplo, no eixo Indicadores Internacionais há o índice de restaurantes McDonald
's, pois segundo a instituição espanhola, a quantidade de unidades da rede indica o
poder de internacionalização da cidade. Em realidade, a presença dos imóveis com
a marca McDonald´s, impacta na flutuação dos valores do mercado imobiliário na
região. Por essa razão, observa-se que, esse índice pode não validar pequenos e
médios municípios que realizam iniciativas importantes para Cidades Inteligentes,
todavia não possuem um restaurante da rede McDonald´s.

Em 2020, o ranking IESE Cities in Motion contempla 6 cidades brasileiras, como apresenta
a tabela 4. Analisa-se que todas são capitais e que possuem um longo histórico com o
trabalho de City Marketing para a promover suas iniciativas além do território nacional.

Tabela 4. Avaliação das cidades brasileiras no


ranking IESE Cities in Motion 2020.

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Por sua vez, no Brasil, o ranking Connected Smart Cities é elaborado pela consultoria
Urban Systems desde 2014, por meio do Índice Firjan, e avalia apenas 700 municípios,
sendo que o país é composto de 5.570 municípios (IBGE, 2021). Para a publicação
final, 100 cidades são escolhidas para comporem o ranking geral, e de acordo com
cada eixo é apresentado até a 50º posição.

Como apresenta a tabela 5, na edição de 2021, destacam-se a presença de duas


cidades que não são capitais entre as dez primeiras colocadas: 6º lugar - São Caetano
do Sul - SP e 9º lugar - Niterói - RJ. Como características, a cidade paulista possui
alto investimento na educação e segurança, enquanto a fluminense se destaca
em governança.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 22


Tabela 5. Classificação das dez primeiras colocadas
no ranking Connected Smart Cities 2021.

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

1.2 Exemplos de projetos internacionais de Cidades Inteligentes


1.2.1 Good Vibrations - MIT Senseable City Lab
Como é possível realizar a manutenção de pontes com dados dos smartphones?

O laboratório do MIT Senseable City Lab fica localizado em frente a uma antiga ponte
que liga a cidade de Cambridge, sede do MIT, às áreas residenciais localizadas em
Boston. Por isso, a convivência com a manutenção de pontes é uma realidade para
os pesquisadores.

Nesse sentido, o projeto Good Vibrations descobriu que por meio do acelerômetro
disponível nos smartphones - ferramenta que permite a orientação da tela mudar
de vertical para a horizontal - é possível captar as vibrações do percurso e em razão
da grande amostragem de dados (Big Data), verifica-se a manutenção das pontes. O
projeto foi aplicado na ponte Golden Gate em São Francisco, Califórnia a partir de
102 viagens na ponte, durante 5 dias, que contabilizaram 120 vezes informações
mais precisas do que 2 sensores fixos (MIT Senseable City Lab, 2021).

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 23


O que antes eram dados jogados fora, por meio do projeto Good Vibrations, os
pesquisadores tornam essas informações úteis para a gestão pública verificar a
infraestrutura rodoviária sem altos custos com equipamentos e funcionários. Por
consequência, além de reduzir os gastos públicos utilizando dados que são
gerados espontaneamente pelos aplicativos dos cidadãos, também possibilita
viagens mais seguras.

1.2.2 Impressão de casas 3D, Icon e ONG New Story


A ONG New Story junto a Icon, construtora norte-americana que investe
na construção civil por meio de impressoras 3D, realizam a construção de
comunidades para a habitação social. A ONG mapeia cidades, onde as famílias
têm muita dificuldade em conseguir uma moradia própria e com a maneira eficiente,
inovadora e segura desenvolvida pela Icon, fornecem em um curto prazo, casas de
qualidade para que as famílias consigam sair de suas áreas de risco.

A inovação realizada pelo time de pesquisadores da Icon, vai além da fabricação


das casas de maneira rápida e com qualidade. Para tornar possível a produção em
grande escala de casas, o time de pesquisadores da Icon teve que desenvolver o
concreto, chamado de lavacrete, que possibilita a impressão e, também, a logística
para o transporte da impressora Vulcan. O custo de cada casa é no máximo USD 4000.

No episódio da série Home, a comunidade que teve sua realidade transformada foi em
Tabasco, México, onde as constantes chuvas e o baixo relevo do bairro, faziam as famílias
conviverem com constantes alagamentos. A baixa renda aliado às difíceis condições do
bairro tornavam quase impossível uma mudança na moradia dessas pessoas.

Por isso, a ONG New Story e a Icon resolveram construir a nova comunidade em
uma área afastada dos alagamentos (figura 5), o que permitiu que essas pessoas
além de mais segurança em sua habitação, por não precisarem mais viver com essa
ameaça, puderam investir seu tempo e dinheiro em educação e novas oportunidades
de trabalho.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 24


Figura 6. Uma parte do conjunto de casas fabricadas pela
impressora 3D na comunidade de Tabasco, México.

Fonte: Icon, 2021.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 25


O posicionamento do
Brasil no movimento
internacional de
Cidades Inteligentes

4
Módulo

Inovação

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 26


Módulo

4
O posicionamento do Brasil
no movimento internacinal
de Cidades Inteligentes
Unidade 1. Ações no Brasil no movimento das Cidades
Inteligentes
Objetivo de aprendizagem: Explicar qual o posicionamento do Brasil no
movimento internacional de Cidades Inteligentes por meio de exemplos
que destacam o país, bem como projetos de tecnologia que visam a
aproximação das áreas rurais da gestão do município.

VÍDEO
O posicionamento do Brasil no movimento internacional de Cidades
Inteligentes:
https://cdn.evg.gov.br/cursos/489_EVG/videos/videos_modulo04_
video01.mp4
Legenda: https://cdn.evg.gov.br/cursos/489_EVG/legendas/videos_
modulo04_video01.vtt

1.1 Carta Brasileira para as Cidades Inteligentes

Como usar a Carta Brasileira para Cidades Inteligentes no seu município?

Fonte: Consultoria GIZ/Projeto ANDUS

• Identificar alguém na sua equipe que pode ser coordenador/responsável


pelo tema (idealmente será alguém que tem uma boa articulação com
vários setores).
• Ler a Carta e ver como o conceito, princípios e diretrizes são alinhados
com o Plano Diretor, a visão e o objetivo para o desenvolvimento urbano
do seu município. Se ainda não tem um Plano Diretor ou uma visão, usar
a Carta como ponto de partida para formular essa visão (recomendação
1.2.4. da Carta).

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 27


• Formar um grupo de atores e parceiros de vários setores que possam
apoiar o município na contextualização e implementação da Carta
(Comunidade local de Cidades Inteligentes).
• Revisar os objetivos e recomendações relevantes para o seu município
(indicado em cada recomendação com a abreviação GM para Governo
Municipal).
• Priorizar as recomendações que são mais importantes para o seu município
implementar. Idealmente fazer essa revisão já com um grupo de parceiros
de vários setores com conhecimento nessa área (Comunidade local de
Cidades Inteligentes).
Referência: Carta Brasileira para Cidades Inteligentes

1.2 Exemplos brasileiros de Cidades Inteligentes


1.2.1 Edifício Dandara
O Edifício Dandara é um projeto de retrofit elaborado por meio de uma PPP e
está localizado no Centro de São Paulo, a região com maior foco nas disputas para
validar o direito à cidade. Antes de ser revitalizado no projeto do Edifício Dandara que
acolhe 120 famílias, o prédio pertencia ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região
de São Paulo e foi cedido pela União para sediar o INSS, no começo dos anos 2000.
Essa mudança não ocorreu, o que deixou o edifício sem função e alvo dos grupos
que convivem na região central. Como mostra a figura 6, em 2011 antes do projeto
de retrofit e depois, na entrega em 2018.

Figura 7. Antes em 2011 e depois do projeto de


retrofit do Edifício Dandara, em 2018.

Fonte: Capadocianas, 2021.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 28


O prédio foi ocupado e depois de quase uma década de negociação com a União, em
2009 o imóvel foi doado para o movimento Unificação das Lutas de Cortiço e Moradia
(ULCM) com fins de habitação de interesse social.

Os integrantes do movimento enfrentaram mais um longo processo burocrático


para conseguirem inaugurar o Edifício Dandara em 2018. Ele foi realizado por meio
de um projeto de retrofit efetuado em parceria pelo: Movimento de Ocupação; o
trabalho das assistentes sociais; a construtora Integra Desenvolvimento Urbano
e o programa Minha Casa Minha Vida Entidades (Caixa Econômica Federal), que
levaram em consideração a demanda de cada família, no momento de planejarem
a revitalização de um prédio público para um residencial.

Apesar do longo tempo de espera para as famílias terem acesso a documentação


e as chaves de suas casas, o Edifício Dandara é uma referência para a revitalização
de áreas degradadas, principalmente, nas regiões centrais das cidades brasileiras.
Ao mesmo tempo, evidencia que moradia social não é projeto apenas para regiões
afastadas dos aparelhos de educação, trabalho, saúde e lazer. Como apresenta a
figura 7, é possível garantir moradias de baixo custo, com alta qualidade e que estejam
localizadas em áreas que já possuem uma infraestrutura, o que também auxilia as
populações vulneráveis a não terem altos custos com o transporte.

Figura 8. Sala dentro de um dos apartamentos do Edifício Dandara.

Fonte: Folha de São Paulo, 2018.

Para a adaptação das famílias na convivência em condomínio, o trabalho das assistentes


sociais foi fundamental, pois muitos moradores sempre viveram em cortiços ou
distante de uma infraestrutura de saneamento básico, como também sem saber
utilizar um elevador, e regras gerais para viver em um edifício. Ressalta-se que, o
prédio foi nomeado como Dandara para homenagear a líder quilombola, igualmente
destacar a importância da mulher como chefe das famílias do movimento.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 29


Além da moradia fornecer abrigo e segurança aos moradores, o Edifício Dandara
proporciona um endereço, o que garante para as pessoas a possibilidade de preencher
currículo, buscar por novas oportunidades de emprego e tantas outras práticas, que
o endereço assegura o acesso ao direito à cidade.

Entrevistas sobre a implementação do Edifício Danara


Parte 1
Parte 2
Parte 3

1.2.2 Aplicação do Waze for Cities Data em Joinville - SC


Em Joinville-SC como muitas cidades brasileiras, o trânsito é uma das principais questões
na agenda da gestão urbana. A Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento
Sustentável (Sepud) percebeu que: ao invés de desembolsar o dinheiro público com
uma nova plataforma para coletar dados sobre a mobilidade, por que não utilizar as
informações que a própria população já produz sobre o deslocamento de Joinville,
no aplicativo Waze?

Em vista disso, por meio da parceria com o programa mundial Waze for Cities Data,
que a empresa Waze fornece os dados coletados sobre mobilidade para as prefeituras
requerentes, a Sepud desenvolveu uma metodologia inovadora. O projeto chamado
Smart Mobility, traduz as informações em soluções assertivas para a mobilidade, que
levam em consideração a opinião da população.

Em relação a elaboração do projeto Smart Mobility, a Sepud levou em consideração a


utilização de softwares livres para não aumentar os gastos públicos. Dessa maneira,
foi possível simular cenários que diminuíssem o tempo da população no trânsito,
ao mesmo tempo, que garantissem a segurança. Na sequência, foi fundamental a
participação da população para verificar se as alterações desejadas estavam de acordo
com o cotidiano de quem trafega pela região.

Nessa perspectiva, com a aplicação dessa metodologia em um caso, que foi a colocação
de uma rotatória na rua Ottokar Doerffel, principal acesso a cidade, o resultado foi
positivo em tempo e lucratividade. Os motoristas tiveram um retorno de 72 horas/
ano que eles não ficam mais presos no trânsito, como também, a prefeitura teve uma
resposta de produtividade de R$ 7 milhões/ano, desde a redução dos custos com a
manutenção da via e acidentes, até outras atividades econômicas que os cidadãos
podem realizar com o ganho de tempo.

A Sepud objetiva implementar a metodologia em outras áreas de Joinville que enfrentam


dificuldades na mobilidade, contudo ela indica que o período de quatro anos das
gestões das prefeituras brasileiras, ainda são um dos entraves para os projetos de

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 30


inovação e tecnologia perdurarem nos municípios, pois quando há a mudança dos
prefeitos, muitas vezes os projetos são descontinuados. Por outro lado, a aplicação
do Waze for Cities Data em Joinville representa a força do movimento das Cidades
Inteligentes no Brasil a partir dos municípios de pequeno e médio porte.

Mobilidade, participação e dados: o caso da aplicação do Waze for


Cities Data na cidade de Joinville

1.3 Pequenos e médios municípios brasileiros e a relação das áreas


rurais com a tecnologia
1.3.1 Escola de Inovação Agrícola, Cascavel - PR
Como aproximar as áreas rurais das ações de tecnologia e das decisões
dos municípios?

A prefeitura de Cascavel no Oeste paranaense junto a Fundação para o Desenvolvimento


Científico e Tecnológico (Fundetec) com a assinatura do Governo do Paraná inauguraram
a Escola de Inovação Agrícola em 2021. O objetivo dessa iniciativa é formar jovens
agricultores para que se utilizem das ferramentas tecnológicas para aprimorar
a gestão das áreas rurais, como também, ampliar a longo prazo a capacitação
da economia agrícola de maneira que beneficie o município.

A Escola de Inovação Agrícola, além da sua estrutura física contar com uma área de
147 hectares, entre eles de mata nativa, também alia salas de aula, laboratórios e um
programa pedagógico com foco em tecnologia. As disciplinas abrangem a agricultura
4.0 e de precisão, como: e-commerce, robótica e inteligência aplicada (Gomes, 2021).
Ou seja, o currículo busca alinhar a inovação à realidade rural, onde as aplicações de
defensivos agrícolas já ocorrem por meio de drones e o plantio, por meio de tratores
autônomos que navegam por GPS.

1.3.2 Projeto Plus Codes - Google Maps, Estado de São Paulo


Baseado em Latitude e Longitude, o Plus Codes (figura 9) possibilita a divisão da área
terrestre em um sistema de grade simples, que permite que a sua aproximação
seja a mais específica possível. Ele funciona por meio do código composto por 20
caracteres alfanuméricos, que não possuem os números zero e um, para não serem
confundidos com as letras o e i.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31


Figura 9. Códigos de localização do projeto Plus Codes do Google.

Fonte: Digital Information World, 2021.

No Brasil, o governo de São Paulo foi pioneiro ao assinar uma parceria com o Google
para gerar o localizador e produzir as placas para a identificação das áreas rurais
que compõem o estado. Destaca-se a cidade de Itu, pois foi a primeira a ter todas as
suas propriedades rurais mapeadas pelo projeto.

Em vista disso, os produtores rurais são beneficiados, pois sua propriedade se torna
com um acesso mais facilitado para prestadores de serviço, bem como, o aumento
em suas vendas, devido a eficiência para encontrar os seus produtos, como mostra
a reportagem: Aplicação do projeto Plus Codes nas áreas rurais paulistas.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 32


O futuro das Cidades no
cenário da Pandemia

5
Módulo

Inovação
Módulo

5 O futuro das Cidades no


cenário da Pandemia
Unidade 1: Futuras ações urbanas que estão em
desenvolvimento como resposta à Pandemia
Objetivo de aprendizagem: Identificar quais laboratórios de pesquisa e
autores darão base para continuar o trabalho sobre Cidades Inteligentes
para o cotidiano e municípios.

VÍDEO
O futuro das cidades e a Pandemia:
https://cdn.evg.gov.br/cursos/489_EVG/videos/videos_modulo05_
video01.mp4
Legenda: https://cdn.evg.gov.br/cursos/489_EVG/legendas/videos_
modulo05_video01.vtt

1.1 Respostas e tendências de Cidades Inteligentes no cenário da


Pandemia
A pandemia da Covid-19 é resultado da extrema utilização dos recursos naturais.
Antes do ano 2020, o conceito de vírus era mais analisado por um perfil digital, e a
pandemia trouxe de volta ao seu termo de origem (Žižek, 2020). Nesse sentido, o
estudo sobre Cidades Inteligentes possibilita analisar as respostas, por meio da
tecnologia, que as cidades realizam para o combate da disseminação do vírus
SARS-COV-2.

Nessa perspectiva, as cidades se tornaram o cenário do isolamento social da pandemia,


e a partir de 2020 novos posicionamentos e ações foram demandados ao espaço
urbano. Dessa maneira, as Cidades Inteligentes apontam algumas tendências, desde
questões de saúde a questões econômicas e sociais:

A) Projetos tecnocráticos não se sustentam mais: antes mesmo da pandemia, projetos


com alto orçamento e com o protagonismo da tecnologia já se mostravam com um
curto prazo de existência. No entanto, o Google apostava no projeto Sidewalk Labs a
ser construído na baía de Toronto, Canadá. Com a declaração da pandemia, o projeto
foi cancelado e ficou evidente que, projetos com características de Primeira Fase do
movimento de Cidades Inteligentes, com mais enfoque nos produtos das empresas
de tecnologia, não tem mais espaço no planejamento urbano a longo prazo.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 34


B) Health Security (Segurança da saúde, em tradução livre): ações que utilizem dados
sobre mobilidade, imigração e saúde para a melhoria da logística do abastecimento
de EPIs aos hospitais e equipamentos de saúde começam a fazer parte da agenda
pública, como também, estratégias para o armazenamento, transporte, distribuição e
aplicação de vacinas.

C) Coleta de informações das redes mais antigas das cidades, os esgotos: no Brasil,
a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) se destacam na coleta e pesquisa sobre a saúde da população, a
partir de informações provenientes de amostras dos esgotos.

O estudo realizado pela UFSC, encontrou partículas da SARS-COV-2 em amostras do


esgoto de Florianópolis de novembro de 2019, o que pode ser o registro mais antigo do
vírus nas Américas. Nesse sentido, poderia ter sido realizado um trabalho preventivo
de contenção da doença, antes mesmo do anúncio da pandemia em março de 2020.

Enquanto o objetivo do projeto da UFMG, a partir da incidência da doença Covid-19


nas amostras do esgoto, era permitir medidas mais brandas no que concerne ao
isolamento social, bem como, decisões mais assertivas em áreas com o crescimento
de contaminados.

D) Infraestrutura urbana que colabora em ações sociais: a pandemia exacerbou a


desigualdade social de acesso à informação, particularmente da utilização da internet.
Dados mostram que na cidade de São Paulo, a desigualdade de acesso à internet é
expressiva: no bairro nobre do Itaim Bibi, 359 pessoas usam a mesma antena para acesso
ao sinal; enquanto no Grajaú, periferia da capital paulista, 6.560 pessoas compartilham
a mesma antena (Teleco, 2021). Por essa perspectiva, o projeto NYC Mesh instala
roteadores nos telhados em bairros na periferia de Nova Iorque que possibilita que a
população tenha acesso ao wi-fi comunitário.

1.2 Indicações de laboratórios e referências de pesquisa sobre


Cidades Inteligentes
Para continuar o trabalho e os estudos sobre o tema de Cidades Inteligentes, alguns
laboratórios internacionais e nacionais disponibilizam materiais e referências
bibliográficas. A seguir há duas indicações de laboratórios nos Estados Unidos e
Irlanda. Também uma referência no Brasil, o Programa de Pós-Graduação em Gestão
Urbana (PPGTU) da PUC-PR que é responsável pela Revista Brasileira de Gestão Urbana
(Urbe) que dispõe de estudos atualizados sobre planejamento urbano, tecnologia e
participação do cidadão.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35


Laboratórios internacionais

• MIT Senseable City Lab, Cambridge - Massachusetts, Estados Unidos


• The Programable City Lab, Dublin, Irlanda

No Brasil

• Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU) da PUC-PR,


Curitiba - Paraná
• Revista Brasileira de Gestão Urbana, Urbe

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 36


Referências Bilbiográficas
AHVENNIEMI, H.; HUOVILA, A.; PINTO-SEPPÄ, I.; AIRAKSINEN, M. What are the
differences between sustainable and smart cities? Cities. 60. 234-245, 2017. https://
doi.org/10.1016/j.cities.2016.09.009

DUARTE, F.; JÚNIOR CZAJKOWSKI, S. Cidade à venda: reflexões éticas sobre o marketing
urbano. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, RJ, v. 41, n. 2, p. 273 a
282, 2007. Disponível em: <https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/
view/6587>. Acesso em: 19 de novembro de 2021.

FIRMINO, R. Cidade ampliada: desenvolvimento urbano e tecnologias da informação


e comunicação. São Paulo: Hedra, 2011.

GOMES, A. Oeste do Paraná terá Escola de Inovação Agrícola. Disponível em:


<https://souagro.net/oeste-do-parana-tera-escola-de-inovacao-agricola/>. Acesso
em: 19 de novembro de 2021.

HARVEY, D. Do gerenciamento ao empresariamento: a transformação da


administração urbana no capitalismo tardio. São Paulo: Espaço e Debates, ano 16,
n. 39, p. 48-6, quadrimestral, 1996.

HIROKI, S. M. Y. Cingapura: educação e inovação em uma smart city. In: Santaella,


L. (Org). Cidades inteligentes. Por que, para quem? (p.110-125). São Paulo: Estação
das Letras e Cores, 2016.

______________. As respostas das Cidades Inteligentes à pandemia [Resumo]. In:


Editora Estudos Urbanos e Revista Políticas Públicas e Cidades. Cidade, Pandemia
e Cotidiano, 2020. I Seminário Nacional Urbanismo, Tempo e Espaço, 2020. Brasil:
Editora Estudos Urbanos.

KITCHIN, R.; LAURIAULT, T. P.; MCARDLE, G. Knowing and governing cities through
urban indicators, city benchmarking and real-time dashboards. In: Regional Studies,
Regional Science, [s.l.], v. 2, n. 1, p.6-28. Londres: Routledge Taylor & Francis Group,
29 de outubro de 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1080/21681376.2014.9
83149>. Acesso em: 19 de novembro de 2021.

MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY. MIT Senseable City Lab. Disponível


em: https://senseable.mit.edu/. Acesso em: 19 de novembro de 2021.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL. Carta Brasileira para Cidades


Inteligentes. Disponível em: <https://www.gov.br/mdr/pt-br/assuntos/desenvolvimento-
regional/projeto-andus/carta-brasileira-para-cidades-inteligentes>. Acesso em: 19
de novembro de 2021.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37


PICON, A. The limits of challenge: on the challenges faced by Smart Cities. In New
Geographies, Geographies of information, n° 7, p. 77-83, 2015.

SEBRAE. Lei Geral da Proteção de Dados Pessoais. Disponível em: <https://www.


sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/canais_adicionais/conheca_lgpd>. Acesso em: 19
de novembro de 2021.

TELECO. Extremos Sul e Leste da cidade de SP têm as piores conexões de internet,


diz estudo. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/05/04/
extremos-sul-e-leste-da-cidade-de-sp-tem-as-piores-conexoes-de-internet-diz-estudo.
ghtml>. Acesso em: 19 de novembro de 2021.

WEISS, M. C.; BERNARDES, R. C.; CONSONI, F. L. Cidades inteligentes: casos e


perspectivas para as cidades brasileiras. Americana: Revista Tecnológica da Fatec
Americana, v. 5, p.1-13, 2017.

ŽIŽEK, S. Um Golpe Como O De “Kill Bill” No Capitalismo. In Coronavírus e a luta


de classes. Brasil: Terra sem Amos, 2020. Unidade 1: Ações no Brasil no movimento
das Cidades Inteligentes

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 38

Você também pode gostar