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PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI

CARGO 33 – PROCURADOR DO MUNICÍPIO


Prova Discursiva P2 – Questão 1
Aplicação: 03/03/2024

PADRÃO DE RESPOSTA
1 Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), a interposição de Recurso Extraordinário (RE) contra decisão de mérito
proferida em ADI julgada por tribunal de justiça requer que o parâmetro de controle normativo local seja norma da Constituição
Federal de reprodução obrigatória pela Constituição Estadual:

“[é] firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que, em se tratando de ação direta de
inconstitucionalidade da competência de Tribunal de Justiça, somente se admite o recurso extraordinário
quando o parâmetro de controle for norma da Constituição Federal de reprodução obrigatória pela Carta
Estadual. Precedentes” (STF, Segunda Turma, RE nº 779.841 AgR/SP, Rel. min. Edson Fachin, j. em
03/10/2022, DJe-220 div. 03-11-2022 pub. 04-11-2022).

No mesmo sentido, os seguintes precedentes:

“I. - Tratando-se de ação direta de inconstitucionalidade da competência do Tribunal de Justiça local - lei
estadual ou municipal em face da Constituição estadual – somente a questão de interpretação de norma central
da Constituição Federal, de reprodução obrigatória na Constituição estadual, é que autoriza a admissão do
recurso extraordinário.” (STF, Segunda Turma, RE nº 353.350-AgR, Rel. min. Carlos Velloso, DJ
21/05/2004).
“1. Para que seja admissível recurso extraordinário de ação direta de inconstitucionalidade processada no
âmbito do Tribunal local é imprescindível que o parâmetro de controle normativo local corresponda à norma
de repetição obrigatória da Constituição Federal.” (STF, Segunda Turma, RE nº 846.088-AgR, Rel. min. dias
Toffoli, DJe 14/08/2017).

“1. É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que, em se tratando de ação direta de
inconstitucionalidade da competência de Tribunal de Justiça, somente se admite o recurso extraordinário
quando o parâmetro de controle for norma da Constituição Federal de reprodução obrigatória pela Carta
Estadual. Precedentes.” (STF, Segunda Turma, RE nº 795.359-AgR-ED, Rel. min. Edson Fachin, DJe
25/11/2019).

“1. O STF já assentou não ser o art. 103 da CF/88 norma de reprodução obrigatória pelas Constituições dos
estados-membros, os quais podem estabelecer os legitimados ao exercício do controle de constitucionalidade
no âmbito do tribunal de justiça, desde que não reservem tal faculdade somente a um órgão ou entidade, por
força do que dispõe o art. 125, § 2º, da Constituição Federal.
2. Para que seja admissível recurso extraordinário de ação direta de inconstitucionalidade processada em
âmbito de tribunal local, é imprescindível que o parâmetro de controle normativo local corresponda a norma
de repetição obrigatória da Constituição Federal.” (STF, Primeira Turma, RE nº 1.298.856 AgR/CE,
Rel. min. dias Toffoli, j. em 03/10/2022, DJe-240 div. 25-11-2022 pub. 28-11-2022).

2 Nas ações de controle concentrado de constitucionalidade, somente os legitimados para a propositura da ação de
inconstitucionalidade estão aptos a recorrer. Segundo o atual entendimento do STF, o procurador tem legitimidade para, em
nome do legitimado ativo, interpor recurso contra julgado de tribunal de justiça em ação direta de inconstitucionalidade em
defesa do ato normativo municipal ou estadual, em simetria com a competência atribuída ao Advogado-Geral da União no art.
103, § 3º, da Constituição Federal. Conforme o STF, ainda que o legitimado e o procurador possam assinar o recurso
extraordinário, cabe ao procurador formular o recurso, por se tratar de matéria unicamente jurídica e por lhe competir exercer a
advocacia no sentido recursal.

Sobre o tema, leiam-se os seguintes precedentes:

“Embargos de divergência no agravo regimental no recurso extraordinário. 2. Direito Constitucional. 3.


Recurso extraordinário em representação de inconstitucionalidade estadual. Legitimidade do Procurador da
Câmara Municipal. Subscrição ou ratificação pelo Chefe do Poder Legislativo na peça recursal.
Desnecessidade. Formalismo excessivo. Precedentes do Plenário. 4. Embargos de divergência providos para
conhecer do recurso extraordinário, devolvendo a análise do mérito à relatora, Ministra Rosa Weber.” (STF,
Tribunal Pleno, RE nº 459.689 AgR-EDv/SP, Rel. min. Gilmar Mendes, j. em 03/05/2021, DJe-094 div. 17-
05-2021 pub. 18-05-2021).

“... CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL. PROCURADOR ESTADUAL.


LEGITIMIDADE PARA RECORRER. PRECEDENTE. RE 459.689-AGR-SP, PLENO. REL. MIN.
GILMAR MENDES. MÉRITO. (...) 2. Ao julgamento dos embargos de divergência no RE 459.689-AGRSP,
Rel. min. Gilmar Mendes, DJe 18.5.2021, o Plenário desta Suprema Corte, por unanimidade, nos termos do
voto do relator, decidiu acolher e dar provimento aos embargos para conhecer do recurso extraordinário,
assentando que ‘o Procurador dispõe de legitimidade para interpor recurso extraordinário contra acórdão de
Tribunal de Justiça proferido em representação de inconstitucionalidade em defesa de lei ou ato normativo
estadual ou municipal’.” (STF, Primeira Turma, ARE nº 1.224.544-AgR-ED/SP, Rel. min. Rosa Weber, j.
em 09/05/2022, DJe-090 div. 10-05-2022 pub. 11-05-2022).

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. PROCURADOR


DISPÕE DE LEGITIMIDADE PARA INTERPOR RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA ACÓRDÃO DE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA PROFERIDO EM REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE EM
DEFESA DE LEI OU ATO NORMATIVO ESTADUAL OU MUNICIPAL. PRECEDENTES. AGRAVO
REGIMENTAL PROVIDO PARA REGULAR TRAMITAÇÃO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.” (STF,
Segunda Turma, RE nº 1.126.828 AgR/SP, Rel. min. Edson Fachin, Red. do acórdão min. Cármen Lúcia,
j. em 04/02/2020, DJe-038 div. 20-02-2020 pub. 21-02-2020).

“AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NOS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM
AGRAVO. PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. REPRESENTAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE EM DEFESA DE LEI OU ATO NORMATIVO ESTADUAL OU
MUNICIPAL. PROCURADOR. LEGITIMIDADE PARA INTERPOR RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA E JURÍDICA. INEXISTÊNCIA DE
DIVERGÊNCIA ENTRE ACÓRDÃO EMBARGADO E ACÓRDÃO PARADIGMA: ART. 332 DO
REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PRECEDENTES. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.” (STF, Tribunal Pleno, ARE nº 873.804
AgR- segundo-ED-EDv-AgR/RJ, Rel. min. Cármen Lúcia, j. em 13/10/2022, DJe-s/n div. 13-02-2023 pub.
14-02-2023).

O entendimento anterior do STF era no sentido de que, para a propositura de ações de controle abstrato de
constitucionalidade e respectivos recursos, o procurador da parte legitimada necessitava de que as referidas peças fossem
subscritas ou ratificadas pela parte constitucionalmente legitimada. Assim, afigurava-se inadmissível a petição do RE interposto
pelo prefeito municipal e assinada apenas por procurador sem que tivesse sido subscrita pelo legitimado ativo.

Quanto ao entendimento que restou superado, leiam-se os seguintes julgados:

“EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO


EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RECURSOS EM REPRESENTAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE, PROPOSTA PERANTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PARTE
LEGITIMADA PARA PROPOR A AÇÃO E PARA SUBSCREVER AS PEÇAS PROCESSUAIS.
NECESSIDADE DA ASSINATURA DO CHEFE DO PODER NAS PEÇAS POSTULATÓRIAS,
JUNTAMENTE COM O PROCURADOR. DOCUMENTO CONSTANTE DOS AUTOS, VEICULANDO
AUTORIZAÇÃO INEQUÍVOCA DO LEGITIMADO PARA OS ADVOGADOS PROPOREM E
IMPULSIONAREM A AÇÃO. DESNECESSIDADE DA ASSINATURA DO CHEFE DE PODER NO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
1. A Segunda Turma manteve a decisão do eminente Relator que não admitiu o Recurso Extraordinário, pois
“[a] legitimidade ativa para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade, bem como dos recursos
dela decorrentes é do prefeito municipal, e não do procurador do município.
2. A Constituição Federal, no art. 103, prevê a legitimidade ativa do Chefe do Poder Executivo para
propositura de ação de controle concentrado de constitucionalidade.
3. Com base nessa norma, o Supremo Tribunal Federal tem jurisprudência no sentido de que os procuradores
públicos, ou os advogados contratados pelo ente público, não possuem capacidade para ajuizar ação direta
de inconstitucionalidade, nem para interpor recursos, sem a subscrição da pessoa legitimada pela
Constituição.
4. Nestes autos, consta documento com manifestação inequívoca do Chefe do Poder Executivo, conferindo
poderes específicos ao procurador para instaurar o processo de controle normativo abstrato de
constitucionalidade, bem como para recorrer das decisões proferidas nos autos.
5. Recusar o Recurso Extraordinário neste contexto seria ceder a excessivo formalismo, o que não se admite,
ainda mais se forem levados em conta os relevantes interesses em jogo no processo de controle concentrado
de constitucionalidade.
6. Mesmo que assim não se entendesse, o Código de Processo Civil de 2015 traz uma nova perspectiva,
voltada à primazia da resolução do mérito.
7. Portanto, seriam de todo aplicáveis os arts. 76 e 932, parágrafo único, do CPC/2015, que preveem
concessão de prazo para a regularização, respectivamente, da incapacidade processual, da representação da
parte e do vício sanável, ou para a complementação da documentação exigível, notadamente antes de se
considerar inadmissível o recurso.” (STF, Tribunal Pleno, RE nº 1.068.600 AgR-ED-EDv, Rel. min.
Alexandre de Moraes, DJe 12/11/2020).

“1. A legitimidade recursal no controle concentrado é paralela à legitimidade ativa ad causam, de forma que
os Estados-membros e as respectivas Procuradorias-Gerais não possuem a prerrogativa de recorrer das
decisões tomadas pela Corte em sede de controle abstrato de constitucionalidade. Precedentes: ADI 4.420-
ED-AgR, Rel. min. Roberto Barroso, Plenário, DJe de 28/5/2018; ADPF 205-AgR- segundo, Rel. min. dias
Toffoli, Plenário, DJe de 1º/8/2017; ADPF 317-AgR-AgR, Rel. min. Celso de Mello, Plenário, DJe de
8/6/2016; ADI 1.663-AgR-AgR, Rel. min. dias Toffoli, Plenário, DJe de 5/8/2013; ADI 3.702-ED,
Rel. min. dias Toffoli, DJe de 26/9/2011. 2. A petição recursal foi subscrita tão somente pelo Procurador-
Geral e por procuradores do Estado, não havendo assinatura do Governador do Estado, único legitimado, in
casu, a instaurar processos objetivos de constitucionalidade e a interpor os respectivos recursos.” (STF,
Tribunal Pleno, ADI nº 5.267 ED/MG, Rel. min. Luiz Fux, j. em 29/05/2020, DJe-151 div. 17-06-2020 pub.
18-06-2020).

“DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO


CPC/1973. REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O TRIBUNAL DE
JUSTIÇA LOCAL. AGRAVO INTERNO. ILEGITIMIDADE RECURSAL. PRECEDENTES.
ALEGAÇÃO DE AFRONTA AO ART. 37, CAPUT, X, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI
MUNICIPAL Nº 8.125/2009. FIXAÇÃO DA REMUNERAÇÃO DE CARGOS EM COMISSÃO.
RAZOABILIDADE. NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DE LEGISLAÇÃO LOCAL. APLICAÇÃO
DA SÚMULA Nº 280/STF. EVENTUAL OFENSA REFLEXA NÃO ENSEJA RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015.
1. Na esteira da jurisprudência desta Suprema Corte, nas ações de controle concentrado de
constitucionalidade, somente os legitimados para a propositura da ação de inconstitucionalidade estão aptos
a recorrer. Precedentes.” (STF, Primeira Turma, RE nº 828.008 AgR/RJ, Rel. min. Rosa Weber, j. em
25/05/2018, DJe-115 div. 11-06-2018 pub. 12-06-2018).

QUESITOS AVALIADOS

QUESITO 2.1
Conceito 0 – Não abordou o quesito ou o fez de forma totalmente equivocada.
Conceito 1 – Abordou o quesito de forma incompleta ou apenas parcialmente correta.
Conceito 2 – Abordou o quesito corretamente e de forma completa, respondendo que, no caso de ADI da competência de tribunal
de justiça, somente se admite o RE quando o parâmetro de controle for norma da Constituição Federal de reprodução obrigatória
pela Constituição estadual.

QUESITO 2.2
Conceito 0 – Não abordou o quesito ou o fez de forma totalmente equivocada.
Conceito 1 – Abordou o quesito de forma incompleta, apresentando apenas um dos seguintes aspectos: (i) que somente os
legitimados para a propositura da ADI no tribunal de justiça podem interpor recurso contra a decisão proferida em ADI; (ii) que
o procurador tem legitimidade para, em nome do legitimado ativo, interpor recurso contra julgado de tribunal de justiça em ADI;
e (iii) que não há necessidade de que o legitimado ativo assine a peça recursal.
Conceito 2 – Abordou o quesito de forma incompleta, apresentando dois dos aspectos mencionados anteriormente.
Conceito 3 – Abordou o quesito corretamente e de forma completa, apresentando os três aspectos mencionados anteriormente.
PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI
CARGO 33 – PROCURADOR DO MUNICÍPIO
Prova Discursiva P2 – Questão 2
Aplicação: 03/03/2024

PADRÃO DE RESPOSTA
1 A Lei n.º 14.230/2021 alterou profundamente a Lei n.º 8.429/1992 (Lei da Improbidade Administrativa – LIA). Entre
as alterações, previu, na nova redação do art. 17, caput, que a ação por improbidade administrativa somente poderia ser proposta
pelo Ministério Público (MP), e não mais pela pessoa jurídica interessada, como é o caso das pessoas jurídicas de direito público
(União, estados e municípios). O Supremo Tribunal Federal (STF), porém, em agosto de 2022, julgou a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 7.043/DF e declarou a inconstitucionalidade do art. 17, caput, definindo que as pessoas jurídicas
interessadas mantêm legitimidade ativa para a ação, de forma concorrente com o MP. Como não houve modulação dos efeitos
da decisão, ela produz efeitos retroativos (ex tunc) à entrada em vigor da norma. Portanto, o município tinha legitimidade para
propor a ação.

2 Em 18/08/2022, o STF julgou o recurso extraordinário com agravo (ARE) 843.989/PR, no qual decidiu o Tema 1.199
de sua repercussão geral, acerca da retroatividade da Lei n.º 14.230/2021. Um dos pontos que o STF definiu nesse julgamento
consiste na necessidade de que os atos de improbidade administrativa tenham o dolo como elemento subjetivo, a partir da
vigência da Lei n.º 14.230/2021, mesmo que os atos sejam anteriores a ela. Não é possível apresentar a culpa como elemento
subjetivo, mesmo que ela seja de natureza grave e mesmo em caso de ato que tenha causado prejuízo ao erário, tipificado no art.
10 da LIA. A Lei n.º 14.230/2021 somente não se aplicaria a atos de improbidade culposos que já fossem objeto de condenação
transitada em julgado antes da entrada em vigor dessa Lei. Portanto, após a vigência da Lei n.º 14.230/2021, atos culposos que
ainda não tenham sido objeto de condenação definitiva não mais se caracterizam como atos de improbidade.

Observação: a identificação do número da ADI 7.043/DF, do Tema 1.199 da repercussão geral do Supremo Tribunal
Federal e do ARE 843.989/PR não precisa ser feita pelos(as) candidatos(as), desde que mencionem a posição do STF nas matérias
correspondentes, uma vez que esses julgamentos foram decisivos para definir a interpretação adequada da Lei n.º 8.429/1992,
ante o advento da Lei n.º 14.230/2021.

QUESITOS AVALIADOS

QUESITO 2.1
Conceito 0 – Não abordou o quesito ou o fez de forma totalmente incorreta.
Conceito 1 – Respondeu que o município tinha legitimidade para a AIA, mas abordou corretamente apenas um dos seguintes
aspectos: (i) alteração da Lei n.º 8.429/1992 para atribuir exclusivamente ao MP legitimidade para a AIA; (ii) julgamento de
ADI pelo STF para declarar inconstitucionalidade dessa alteração; (iii) legitimidade concorrente do MP e da pessoa jurídica
interessada; e (iv) efeito retroativo (ex tunc) dessa declaração de inconstitucionalidade.
Conceito 2 – Respondeu que o município tinha legitimidade para a AIA, mas abordou corretamente apenas dois dos aspectos
mencionados anteriormente.
Conceito 3 – Respondeu que o município tinha legitimidade para a AIA, mas abordou corretamente apenas três dos aspectos
mencionados anteriormente.
Conceito 4 – Respondeu que o município tinha legitimidade para a AIA e abordou corretamente os quatro aspectos mencionados
anteriormente.

QUESITO 2.2
Conceito 0 – Não abordou o quesito ou o fez de forma totalmente incorreta.
Conceito 1 – Mencionou corretamente a retroatividade da Lei n.º 14.230/2021 em relação a atos culposos, mas abordou apenas
um dos seguintes aspectos: (i) julgamento pelo STF de tema de sua repercussão geral, em que se definiu que os atos de
improbidade só podem ser dolosos após a Lei n.º 14.230/2021; (ii) insuficiência da culpa, mesmo na forma grave e mesmo se o
ato houver causado dano ao erário; (iii) irretroatividade da Lei n.º 14.230/2021 apenas em caso de condenação transitada em
julgado.
Conceito 2 – Mencionou corretamente a retroatividade da Lei n.º 14.230/2021 em relação a atos culposos, mas abordou apenas
dois dos aspectos indicados anteriormente.
Conceito 3 – Mencionou corretamente a retroatividade da Lei n.º 14.230/2021 em relação a atos culposos e abordou os três
aspectos indicados anteriormente.
PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI
CARGO 33 – PROCURADOR DO MUNICÍPIO
Prova Discursiva P2 – Peça prática
Aplicação: 03/03/2024

PADRÃO DE RESPOSTA
A situação indica a necessidade de ajuizamento de medida judicial contra um ato concreto de um ministro de Estado.
Nesse caso, a medida judicial mais adequada seria um mandado de segurança. Outras medidas processuais serão devidamente
avaliadas, com a pontuação que for proporcional à correção ou incorreção dos argumentos técnicos apresentados.
Como se trata de mandado de segurança em face de ato de ministro de Estado, a competência para julgá-lo pertence ao
Superior Tribunal de Justiça (STJ), na forma da alínea “b” do inciso I do art. 105 da Constituição Federal de 1988 (CF).
A peça deverá ser estruturada da seguinte forma: 1) endereçamento correto; 2) formatação compatível; 3) pedido
juridicamente adequado e satisfatório; e 4) pedido liminar, com argumentação jurídica dos seus requisitos (fumus boni iuris e
periculum in mora). Haverá desconto de pontuação se o candidato solicitar provas incompatíveis com o rito processual do
mandado de segurança, como a prova testemunhal, ou se pedir genericamente por todas as provas admitidas em direito, sem
fazer a necessária ressalva quanto às limitações do procedimento em tela.
A peça deverá conter, de forma clara, uma argumentação jurídica plausível que defenda que o ato atacado viola um
direito líquido e certo do impetrante. Espera-se que o candidato apresente sua fundamentação com base na Lei n.º 12.016/2009
e no inciso LXIX do art. 5.º da CF. Além de justificar o cabimento da medida (violação a direito líquido e certo), espera-se que
a peça fundamente juridicamente os requisitos processuais para o seu conhecimento, tais como: 1) legitimidade ativa; 2)
legitimidade passiva; e 3) tempestividade. Como o prefeito procurou a procuradoria no dia seguinte à publicação no DOU, a
impetração seria tempestiva.
A legitimidade passiva do ministro da Fazenda decorre do fato de ele ser a autoridade responsável pela emissão do ato
impugnado. Deve o(a) candidato(a) distinguir claramente quem é a autoridade coatora, sem confundi-la com a União ou com o
fisco. Quanto à legitimidade ativa, o município Alfa é o titular do direito líquido e certo violado, não havendo qualquer vedação
a que o mandamus seja impetrado por pessoa jurídica ou por ente federativo. O(A) candidato(a) não deve confundir a legitimidade
do município com a do prefeito, que é apenas o representante do município, e não o titular do direito violado.
Além disso, espera-se que o(a) candidato(a) aborde e explique os precedentes do STF no recurso extraordinário 770.149-
RG e na ação direta de inconstitucionalidade 2238 (na parte da autonomia financeira dos Poderes). Não é necessário que a
resposta cite numericamente os referidos precedentes. Contudo, espera-se que o candidato saiba explicar e aplicar adequadamente
as teses jurídicas neles contidas. É essencial que o candidato indique, ainda, que se trata de matéria já julgada em sede de
repercussão geral, ou que indique, ao menos, que se trata de tese já pacificada no âmbito do STF.

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 743. DIREITO FINANCEIRO.


SEPARAÇÃO DOS PODERES. AUTONOMIA FINANCEIRA. INSCRIÇÃO CADASTROS DE
INADIMPLENTES. PRINCÍPIO DA INSTRANSCENDÊNCIA DE SANÇÕES.
1. A autonomia financeira dos Poderes veda limitação de despesas por outro Poder conforme decisão
proferida na ADI n.2238, DJe 15 set. 2020. 3. A jurisprudência da Corte está orientada no sentido de que a
imposição de sanções ao Executivo estadual em virtude de pendências dos Poderes Legislativo e Judiciário
locais constitui violação do princípio da intranscendência, na medida em que o Governo do Estado não tem
competência para intervir na esfera orgânica daquelas instituições, que dispõem de plena autonomia
institucional a elas outorgadas por efeito de expressa determinação constitucional. Precedentes.
(RE 1.254.102 - AgR, de minha relatoria, Segunda Turma, DJe 17 jun. 2020; RE 1263840 AgR, Relator min.
Marco Aurélio, Primeira Turma, DJe 14 ago. 2020; RE 1263645 AgR, Relator min. Ricardo Lewandowski,
Segunda Turma, DJe 06 ago. 2020; RE 1214919 AgR- segundo, Relator min. Roberto Barroso, Primeira
Turma, DJe 11.10.19). 3. Tese fixada em repercussão geral (Tema n.743): “É possível ao Município obter
certidão positiva de débitos com efeito de negativa quando a Câmara Municipal do mesmo ente possui débitos
com a Fazenda Nacional, tendo em conta o princípio da intranscendência subjetiva das sanções financeiras.”
4. Recurso Extraordinário a que se nega provimento.”
(STF, RE RE 770149, Órgão julgador: Tribunal Pleno, Redator do Acórdão: min. EDSON FACHIN,
Julgamento: 05/08/2020, Publicação: 02/10/2020)

É importante que o(a) candidato(a) saliente a existência de autonomia financeira dos Poderes Legislativo, Judiciário
e Executivo, salientando que o Poder Executivo não poderia ser responsabilizado pela mora tributária do Legislativo
municipal.
A discussão quanto ao mérito do caso admite diversas linhas argumentativas. Será verificada, nesse caso, a qualidade
da linha argumentativa adotada e a capacidade do(a) candidato(a) para defender juridicamente a sua tese. Será avaliada,
especificamente, a aptidão do candidato para apresentar argumentos jurídicos para o caso, por meio de uma fundamentação
coesa, coerente e juridicamente embasada. Espera-se que o candidato não se limite a argumentos de senso comum, mas que
discorra com adequada profundidade sobre princípios constitucionais diretamente aplicáveis, como os da proteção à vida
humana, da supremacia do interesse público e da garantia do direito à educação, bem como sobre a melhor interpretação dos
dispositivos normativos apresentados na situação hipotética (art. 185-A e 205 do CTN).
Por fim, será verificada a capacidade do(a) candidato(a) de prover uma solução adequada para o caso, sabendo
apresentar para o juiz o seu pedido e a forma adequada de correção da violação. Espera-se que o(a) candidato(a) defenda não só
que o município faz jus à certidão positiva de débitos com efeito de negativa, mas que o próprio bloqueio da verba teria sido
inadequado, diante do estado de calamidade e em face das consequências sociais do desastre e da necessidade de uma pronta
resposta pelo ente municipal. Deve o(a) candidato(a), também, afastar a necessidade de se prestar qualquer garantia do débito,
uma vez que a dívida em disputa não é de responsabilidade do Poder Executivo.

QUESITOS AVALIADOS

QUESITO 2.1
Conceito 0 – Não indicou que a medida judicial cabível é o mandado de segurança.
Conceito 1 – Indicou corretamente que a medida judicial cabível é o mandado de segurança.

QUESITO 2.2
Conceito 0 – Não apresentou sua resposta na estrutura adequada de uma peça jurídica.
Conceito 1 – Apresentou acertadamente apenas um dos elementos estruturais a seguir: (i) endereçamento correto; (ii) formatação
compatível; (iii) pedido adequado; e (iv) pedido liminar, com argumentação jurídica dos seus requisitos.
Conceito 2 – Apresentou acertadamente dois dos elementos estruturais mencionados anteriormente.
Conceito 3 – Apresentou acertadamente três dos elementos estruturais mencionados anteriormente.
Conceito 4 – Apresentou acertadamente os quatro elementos estruturais mencionados anteriormente.

QUESITO 2.3
Conceito 0 – Não abordou os requisitos legais e processuais para a medida proposta ou o fez de forma totalmente incorreta.
Conceito 1 – Abordou corretamente apenas um dos seguintes aspectos: (i) cabimento do mandado de segurança e respectiva
fundamentação jurídica; (ii) legitimidade ativa; (iii) legitimidade passiva; e (iv) tempestividade.
Conceito 2 – Abordou corretamente dois dos aspectos mencionados anteriormente.
Conceito 3 – Abordou corretamente três dos aspectos mencionados anteriormente.
Conceito 4 – Acertou corretamente os quatro aspectos mencionados anteriormente e apresentou a devida fundamentação
normativa.

QUESITO 2.4
Conceito 0 – Não mencionou o entendimento do STF quanto ao princípio da intranscendência ou o fez de forma totalmente
equivocada.
Conceito 1 – Mencionou o entendimento do STF quanto ao princípio da intranscendência, mas não abordou nenhum dos
seguintes aspectos: (i) entendimento do STF acerca da autonomia financeira dos poderes; (ii) fato de que se trata de tese já
julgada em sede de repercussão geral (matéria pacificada).
Conceito 2 – Mencionou o entendimento do STF quanto ao princípio da intranscendência, mas abordou apenas um dos aspectos
indicados anteriormente.
Conceito 3 – Mencionou o entendimento do STF quanto ao princípio da intranscendência, abordando ambos os aspectos
indicados anteriormente.

QUESITO 2.5
Conceito 0 – Não apresentou argumentação.
Conceito 1 – Apresentou argumentação, porém sem fundamentação legal/jurisprudencial.
Conceito 2 – Apresentou argumentação, porém com fundamentação legal/jurisprudencial insuficiente ou parcialmente
inconsistente.
Conceito 3 – Apresentou argumentação adequada, com fundamentação legal/jurisprudencial satisfatória e sem inconsistências
técnicas.

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