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AO JUÍZO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE [CIDADE] – ESTADO DE [XXXX]

NOME, nacionalidade, estado civil, profissã o, portador do documento de identidade


RG n.º 00000000, inscrito no C.P. F./M.F. sob o n.º 000.000.000-00, titular de
endereço eletrô nico (e-mail) xxxxxx@xxxx, residente e domiciliado na Rua XXX, n.º
000, Bairro, Cidade/UF - CEP XXXXX-000, por seus procuradores firmatá rios, com
escritó rio profissional declinado no rodapé, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, com fulcro no art. 396 e 397, ambos do Có digo de Processo Civil,
propor a presente
AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS
em face de NOME, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n.º
00.XXXXX/0000-00, titular de endereço eletrô nico (e-mail) XXXXX@XXX, telefone
(XX) 0000-0000, com sede na Rua XXXX, n.º 0000, Bairro, Cidade/UF - CEP XXXXX-
000, pelos fatos e fundamentos que a seguir aduz.
1. DOS FATOS
O Autor é titular de conta corrente (agência XXXX-X conta XXXXX-X) e cartã o de
crédito (final XXXX), serviços oferecidos pela instituiçã o financeira Ré. Trata-se,
portanto, de relaçã o jurídica de consumo, onde a parte Autora é consumidora dos
serviços fornecido pela Ré, relaçã o comprovada por meio do cartã o de crédito e
extrato simples da conta corrente.
Em razã o da dificuldade financeira que vem enfrentando, o Requerente acabou
contraindo diversas dívidas com a Ré. Entretanto, o Autor nã o possui os
documentos necessá rios para avaliar a evoluçã o da dívida e possível negociaçã o ou
revisã o do contrato.
A fim de solucionar a demanda administrativamente, fora encaminhada notificaçã o
extrajudicial a Ré, que foi devidamente recebida, porém nã o fora atendida.
Considerando que a tentativa administrativa foi infrutífera, resta buscar no
Judiciá rio a obtençã o dos referidos documentos.
2. DA POSSIBILIDADE DO AJUIZAMENTO DE AÇÃO AUTÔNOMA DE EXIBIÇÃO
DE DOCUMENTOS
A partir da vigência do Có digo de Processo Civil de 2015, criou-se controvérsia
acerca da possibilidade do ajuizamento de açã o autô noma de exibiçã o de
documentos sob o rito do procedimento comum, pois o Có digo de Processo Civil
vigente nã o reproduziu em seu teor o Livro III, que no Có digo de Processo Civil de
1973 tratava do Processo Cautelar.
Entretanto, tal controvérsia foi superada pela jurisprudência, que sedimentou
entendimento no sentido de ser possível o ajuizamento de açã o autô noma para
exibiçã o de documentos. Tal entendimento se deu através do julgamento de dois
Recursos Especiais (REsp n.º 1.803.251 – SC e REsp n.º 1.774.987 – SP).
Neste sentido, é vá lido transcrever a ementa dos julgados:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO AUTÔNOMA DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS PELO PROCEDIMENTO COMUM.
POSSIBILIDADE. PRETENSÃO QUE SE EXAURE NA APRESENTAÇÃO DOS DOCUMENTOS APONTADOS.
INTERESSE E ADEQUAÇÃO PROCESSUAIS. VERIFICAÇÃO. AÇÃO AUTÔNOMA DE EXIBIÇÃO DE
DOCUMENTOS PELO PROCEDIMENTO COMUM E PRODUÇÃO DE PROVA ANTECIPADA. COEXISTÊNCIA.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. [...] 4. Para além das situações que revelem urgência e risco à prova, a
pretensão posta na ação probatória autônoma pode, eventualmente, se exaurir na produção antecipada
de determinada prova (meio de produção de prova) ou na apresentação/exibição de determinado
documento ou coisa (meio de prova ou meio de obtenção de prova — caráter híbrido), a permitir que a
parte demandante, diante da prova produzida ou do documento ou coisa apresentada, avalie sobre a
existência de um direito passível de tutela e, segundo um juízo de conveniência, promova ou não a
correlata ação. 4.1 Com vistas ao exercício do direito material à prova, consistente na produção
antecipada de determinada prova, o Código de Processo Civil de 2015 estabeleceu a possibilidade de se
promover ação probatória autônoma, com as finalidades devidamente especificadas no art. 381. 4.2
Revela-se possível, ainda, que o direito material à prova consista não propriamente na produção
antecipada de provas, mas no direito de exigir, em razão de lei ou de contrato, a exibição de documento
ou coisa — já existente/já produzida — que se encontre na posse de outrem. 4.2.1 Para essa situação,
afigura-se absolutamente viável — e tecnicamente mais adequado — o manejo de ação probatória
autônoma de exibição de documento ou coisa, que, na falta de regramento específico, há de observar o
procedimento comum, nos termos do art. 318 do novo Código de Processo Civil, aplicando-se, no que
couber, pela especificidade, o disposto nos arts. 396 e seguintes, que se reportam à exibição de
documentos ou coisa incidentalmente. [...] 5. Reconhece-se, assim, que a ação de exibição de
documentos subjacente, promovida pelo rito comum, denota, por parte do demandante, a existência de
interesse de agir, inclusive sob a vertente adequação e utilidade da via eleita. 6. Registre-se que o
cabimento da ação de exibição de documentos não impede o ajuizamento de ação de produção de
antecipação de provas. 7. Recurso especial provido. (destacamos) (REsp XXXXX/SC, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/10/2019, DJe 08/11/2019)
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO. AÇÃO AUTÔNOMA.
PROCEDIMENTO COMUM. AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA. INTERESSE E ADEQUAÇÃO. 1.
Admite-se o ajuizamento de ação autônoma para a exibição de documento, com base nos arts. 381 e
396 e seguintes do CPC, ou até mesmo pelo procedimento comum, previsto nos arts. 318 e seguintes do
CPC. Entendimento apoiado nos enunciados n. 119 e 129 da II Jornada de Direito Processual Civil. 2.
Recurso especial provido. (destacamos) (STJ - REsp: XXXXX SP XXXXX/XXXXX-4, Relator: Ministra MARIA
ISABEL GALLOTTI, Data de Julgamento: 08/11/2018, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe
13/11/2018)

Além disso, o Enunciado 119 da II Jornada de Direito Processual, que apoiou o


julgamento do REsp n.º 1.774.987 – SP, caminha no mesmo sentido, e assim dispõ e
“É admissível o ajuizamento de açã o de exibiçã o de documentos, de forma
autô noma, inclusive pelo procedimento comum do CPC (art. 318 e seguintes).”
Dessa forma, tendo em vista o entendimento jurisprudencial mais recente do STJ,
representado pelos Recursos Especiais 1.803.251 – SC e 1.774.987 – SP, restou
demonstrado, de forma fundamentada, a possibilidade de ajuizamento de açã o
autô noma de exibiçã o de documentos.
3. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
3.1 DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS
Com base na jurisprudência do STJ (REsp n.º 1.803.251 - SC e REsp n.º 1.774.987 -
SP), a presente demanda encontra embasamento legal nos artigos 396 e 397,
ambos do Có digo de Processo Civil. Vejamos:
Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se encontre em seu poder.
Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá:
I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;
II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou com a coisa;
III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se
acha em poder da parte contrária.

Para tanto, nos termos do artigo 397, Có digo de Processo Civil, acima transcrito,
demonstra no presente pedido os requisitos para sua obtençã o:
I – individuação: [mencionar todos os documentos solicitados na açã o ex: (i)
Extrato da Conta Corrente n.º xxxxxxxxxx agência xxxxxx, referente aos ú ltimos 10
anos; (ii) Có pia do contrato de abertura da Conta Corrente; (iii) Evoluçã o da dívida
da Conta Corrente xxxxxxxxxxxx];
II – finalidade: [explicar a finalidade do documento solicitado ex: os contratos,
histó ricos/extratos e evoluçã o da dívida serã o objetos de parecer técnico contá bil,
cujo objetivo será identificar eventuais clá usulas ou juros/taxas/encargos abusivos
e, posteriormente, instruir futura açã o revisional de contrato bancá rio, conforme
determina o art. 330, § 2º do CPC];
III – prova de existência: [demonstrar prova da existência dos documentos
solicitados como ex: boleto, extrato da fatura da conta, etc];
Em razã o disso, requer a condenaçã o da Ré, para que exiba: (i)
XXXXXXXXXXXXXXX; (ii) XXXXXXXXXXXXXX; (iii) XXXXXXXXXXXXXXX.
3.2 DO INTERESSE DE AGIR
A requisiçã o administrativa de documentos deve ser pautada nos termos do
Recurso Especial Repetitivo XXXXX/RS, abaixo transcrito:
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE
PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA. FORNECIMENTO DE DOCUMENTOS COM DADOS SOCIETÁRIOS. RECUSA.
RECURSO À COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. LEI N. 6.404/1976, ART. 100, § 1o. AUSÊNCIA DO
COMPROVANTE DE RECOLHIMENTO DA "TAXA DE SERVIÇO". RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. LEI N.
11.672/2008. RESOLUÇÃO/STJ N. 8, DE 07.08.2008. APLICAÇÃO. I. Falta ao autor interesse de agir para a
ação em que postula a obtenção de documentos com dados societários, se não logra demonstrar: a)
haver apresentado requerimento formal à ré nesse sentido; b) o pagamento pelo custo do serviço
respectivo, quando a empresa lhe exigir, legitimamente respaldada no art. 100, parágrafo, 1o da Lei
6.404/1976. II Julgamento afetado à 2a. Seção com base no Procedimento da Lei n. 11.672/2008 e
Resolução/STJ n. 8/2008 ( Lei de Recursos Repetitivos). III. Recurso especial não conhecido.

Pois bem, a partir do julgado do STJ extrai-se dois requisitos: requerimento formal
e pagamento pelo custo do serviço, quando a empresa lhe exigir. Estes requisitos
encontram-se preenchidos, caracterizando o interesse de agir.
REQUERIMENTO FORMAL: o requerimento formal é representado pela
notificaçã o extrajudicial encaminhada à Ré, através dos procuradores do Autor,
munidos com poderes especiais para realizar o ato, conforme denota-se dos
documentos anexos.
Neste sentido, presente o requisito do requerimento formal. Entretanto, a
solicitaçã o nã o foi cumprida, e por consequência nã o houve a entrega dos
documentos solicitados.
PAGAMENTO PELO CUSTO DO SERVIÇO: a tese definida no REsp XXXXX/RS é de
que o pagamento deve ser realizado quando a empresa lhe exigir. Portanto, o
pagamento nã o deve ocorrer previamente à solicitaçã o, já que o consumidor
sequer sabe se é necessá rio, quanto e como deve ser pago, mas sim apó s exigência
da instituiçã o financeira.
Atento a isto, o Autor indicou expressamente que se a empresa exigisse tal
pagamento para cumprir a solicitaçã o, isso deveria lhe ser comunicado, conforme
denota-se do recorte de trecho da notificaçã o extrajudicial:
AQUI EU COLO TRECHO DA NOTIFICAÇÃO
Verifica-se que em momento algum, foi exigido o pagamento de taxas
administrativas para realizaçã o do serviço.
Neste caso, como a instituiçã o requerida nã o exigiu pagamento de taxa para
prestar o serviço, nã o há no caso em tela ausência de interesse de agir por falta do
cumprimento deste requisito.
Como já dito, o pagamento deve ser realizado quando a empresa lhe exigir (REsp
XXXXX/RS).
Portanto, diante do que foi demonstrado, no caso concreto nã o fora exigido
pagamento de custas para realizaçã o do serviço. Dessa forma, a ausência de
pagamento nã o pode macular o interesse de agir, visto que nã o foi exigido, estando
em consonâ ncia com o entendimento do STJ (REsp XXXXX/RS).
Diante de todo o exposto, resta claro o interesse de agir do Postulante.
3.3 DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E DA INVERSÃO
DO ÔNUS DA PROVA
Como já abordado, existe entre as partes uma clara relaçã o de consumo onde a
parte Autora é consumidora dos serviços fornecido pela Ré, sendo imperiosa a
aplicabilidade das normas constantes do Có digo de Defesa do Consumidor.
O referido Có digo disciplina sobre as relaçõ es consumeristas, em seus artigos 2º e
3º, § 2º, explicitando a imprescindibilidade de incluir o presente caso entre as
relaçõ es tuteladas por este có dex.
A matéria, aliá s, já se encontra pacificada em nível jurisprudencial, conforme se
extrai da Sú mula 297 do STJ, que assim dispõ e: “O Có digo de Defesa do
Consumidor é aplicá vel à s instituiçõ es financeiras”.
Neste sentido, requer-se a aplicaçã o do Có digo de Defesa do Consumidor na
presente demanda.
Uma vez admitida a aplicaçã o do Có digo de Defesa do Consumidor, pugna-se pelo
reconhecimento da inversã o do ô nus probató rio, visando a facilitaçã o da defesa
dos direitos do consumidor, que é parte frá gil e hipossuficiente da relaçã o, nos
termos do art. 6º, inciso VIII do CDC.
Os critérios ensejadores da inversã o probató ria baseiam-se também na noçã o de
vulnerabilidade do consumidor, conforme o teor do art. 4º, I, CDC.
Pois bem, demonstrada a aplicabilidade da relaçã o de consumo no presente caso, e
sendo a parte autora hipossuficiente na relaçã o jurídica, tanto do ponto de vista
técnico quanto econô mico, requer-se a inversã o do ô nus probató rio, nos termos do
art. 6º, inciso VIII do CDC.
4. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
a. Citaçã o da Ré, para apresentar resposta no prazo de 5 (cinco) dias, nos termos
do art. 398, CPC;
b. O reconhecimento da relaçã o de consumo na presente demanda, com a
consequente inversã o do ô nus da prova, nos termos do art. 6o, inciso VIII do
Có digo de Defesa do Consumidor;
c. A procedência da açã o, condenando a Ré a exibir os seguintes documentos:
xxxxxxxxxxxxxxxxxx
d. A condenaçã o da Ré ao pagamento das custas processuais e honorá rios
advocatícios, para o qual sugere valor nã o inferior a R$ 1.000,00 (mil reais);
Dá -se à causa o valor de R$ 1.045,00 (mil e quarenta e cinco reais), para efeitos
meramente fiscais e de alçada.
Nestes termos, pede deferimento.
Local, Data.
ADVOGADO
OAB/UF 000.000

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