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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO DO SUPERIORTRIBUNAL

DE JUSTIÇA–STJ

JOSÉ XXXX , nacionalidade estrangeira, estado civil, profissão, portadorda cédula de


identidade n.0000000 e do CPF n°000.000;000-00 residente e domiciliado à.xxxxx,CEP
xxxxxx, por seu advogado infra-assinado (mandato anexo), com escritório profissional
sito à..., que indica para recebimento das comunicações judiciais pertinentes, vem
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5°, incisos
XXXIII, XXXIV e LXXII, da Constituição Federal e art. 7° da Lei n° 9.507/1997,
impetrar

HABEAS DATA

com pedido liminar de antecipação de tutela contra ato ilegal do Exmo. sr. Ministro de
Estado X, com endereço funcional no Ministério X, situado na Esplanada dos
Ministérios, Bloco n., Andar n., Gabinete n., pelos motivos de fato e de direito que
passa a expor:

I- DOS FUNDAMENTOS DE FATO


O impetrante é cidadão estrangeiro, tendo residido durante trinta anos no
Brasil. Nos últimos trinta anos residiu no exterior, tendo retornado recentemente ao
País. Após fixar residência no Brasil novamente, tomou conhecimento, por informações
de terceiros, de que constaria dos assentamentos do Ministério X informação no sentido
de que havia se envolvido em atividade terrorista realizada no território brasileiro, trinta
e cinco anos antes de ter saído do país.

A fim de averiguar a informação, apresentou petição ao Ministério X (doc.01),


requerendo cópia de todos os documentos de posse do referido Ministério em que
conste o seu nome.

Dentro do prazo legal, o impetrante obteve várias cópias de documentos (doc. 02), com
a informação inicial de que consta como suspeito de participar de reuniões de grupo
subversivo. Ao conferir a cópia que lhe foi entregue, o impetrante percebeu que, além
de faltarem folhas no processo, havia folhas não-numeradas. Constatada a
irregularidade documental, o autor formulou novo pedido ao Ministério X (doc. 03).
Novamente dentro do prazo legal, recebeu comunicado de decisão que indeferiu seu
pedido (doc. 04), emitida pelo Exmo. Sr. Ministro da Pasta X, afirmando
categoricamente que o impetrante já recebera cópias de todos os documentos
pertinentes.

Evidentemente que o autor não pode se conformar com o indeferimento de seu pedido,
já que há evidências de que faltam folhas no processo que lhe fora entregue que
comprovam o não-atendimento integral do pedido administrativo, com flagrante
descumprimento de garantia constitucional prevista no artigo 5°, incisos XXXIII e
XXXIV, da Constituição Federal. O fundamento fático principal reside na ausência de
plausibilidade da justificativa apresentada considerando a falta de folhas no processo
administrativo, a evidenciar a não-entrega, ao impetrante, da totalidade dos documentos
solicitados expressamente no requerimento.

Assim, não resta ao impetrante alternativa a não ser impetrar a presente ordem de
habeas data, para ver garantido o direito constitucional de acesso a todos os documentos
de posse do Ministério X em que conste seu nome.

II–DOS FUNDAMENTOS DE DIREITO

II.1. Do cabimento do habeas data


Em respeito à jurisprudência do STJ deve-se atentar para a necessidade de
prévio requerimento administrativo indeferido, o que efetivamente ocorreu no caso.
Assim, resta cabível a impetração pela presença do interesse de agir processual, como
condição da ação, senão vejamos:

Súmula: 2 STJ
NÃO CABE O HABEAS DATA (CF, ART. 5., LXXII, LETRA “A”) SE NÃO
HOUVE RECUSA DE INFORMAÇÕES POR PARTE DA AUTORIDADE
ADMINISTRATIVA.

II.2. Da legitimidade ativa e passiva


O impetrante é cidadão estrangeiro residente no Brasil, portanto, é parte
ativa legítima para impetração de habeas data, conforme previsão constitucional do
caput do art. 5° da CF.
No tocante à legitimidade passiva, o caso traz como autoridade coatora o próprio
Ministro de Estado, de modo que o habeas data será impetrado contra o ato denegatório
da referida autoridade.

II.3. Da competência deste Superior Tribunal de Justiça


Para defiição da competência deve-se atentar para a autoridade prolatora da decisão
denegatória. No caso, o indeferimento foi realizado pelo próprio Ministro de Estado,
atraindo a competência deste Superior Tribunal de Justiça,
na forma da CF 105, inciso I, b: Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I–processar e julgar, originariamente:


b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) Já a Lei n° 9.507/1997 traz
a previsão:
Art. 20. O julgamento do habeas data compete:
I–originariamente:
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio
Tribunal;
Assim, é competente com exclusividade este Superior Tribunal para processar
e julgar a impetração.

II.4. Do mérito
O pedido ora formulado lastreia-se nos direitos e garantias constitucionais dispostas nos
incisos XXXIII,XXXIV, alíneas a e b e LXXII todos do art. 5°, da Constituição
Federal:
XXXIII–todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado;

XXXIV–são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:


a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade
ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;
LXXII–conceder-se-á “habeas–data”:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;
b) para a retifi cação de dados, quando não se prefi ra fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;
A previsão está regulamentada na Lei n° 9.507/1997:
Art. 7° Conceder-se-á habeas data:
I–para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;
II–para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;
III–para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação
sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.
Conforme demonstrado pelas prova documentais inclusas (anexos 2 e 3), houve ato
ilegal consistente na não-entrega da totalidade dos documentos solicitados, de modo
que deve ser concedida a ordem mandamental para determinar à autoridade coatora a
entrega ao impetrante todos os documentos
em que conste seu nome.

II.5. Do pedido liminar de antecipação de tutela


A manutenção de informações sobre o impetrante em banco de dados cujo acesso lhe é
negado é potencialmente lesiva, e deve ser liminarmente afastada por medida
antecipatória da tutela que ora se requer. Há prova inequívoca do ato ilegal, e fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação, de modo a preencher os requisitos do
CPC 273. Outrossim, o deferimento da liminar possibilitará ao impetrante desde logo
tomar conhecimento das informações sobre a sua pessoa.
Dessa forma, o impetrante requer seja concedida antecipação de tutela.

III–DO PEDIDO
Diante dos fatos apresentados, REQUER:

I) seja concedida liminar sem a oitiva da parte contrária para determinar à autoridade
coatora a apresentação, em data e hora marcadas pelo juízo, da totalidade dos
documentos em nome do impetrante, com a íntegra das folhas do processo
administrativo;
2) seja notificada a autoridade, em ato contínuo, do conteúdo da petição,
entregando-lhe a segunda via ora apresentada pelo impetrante, com as cópias dos
documentos, a fim de que, no prazo de dez dias, preste as informações que julgar
necessárias;
3) seja intimado o ilustre representante do Ministério Público para parecer;
4) quanto ao mérito, sejam os pedidos da presente impetração julgados procedentes para
assegurar acesso às informações, retificação, ou anotação nos assentamentos do banco
de dados do Ministério

X.Dá-se à causa o valor estimativo de R$ 3000,00 (três mil reais).

Termos em que se manifesta e requer.

Parnaíba –PI 01 de junho de 2011.

Adão José Freitas


OAB.-PIxxxx-x
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI

CURSO: DIREITO
DISCIPLINA: PRATICA PROC.ADMINISTRATIVO

DISCENTE: ADÃO JOSÉ FREITAS

HABEAS DATA

Trabalho realizado para obtenção da segunda


nota na disciplina Prática de Processo
Administrativo no X Bloco do Curso de Direito

PARNAIBA – PI

JUNHO -2011

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