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PETIÇÃO INICIAL

PROFESSORA: BRENDA LEAL AIRES DOS


SANTOS
FORMAÇÃO DO PROCESSO
■ Quando nasce um processo?
■ Art 312 CPC:
Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da
ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.
■ A partir dessa data, surge a litispendência ( a pendência da causa). Isso quer dizer que para o autor o
processo já gera efeitos, a coisa ou o direito discutido é litigioso, se porventura, o autor alienar o direito
litigioso, passa a incidir o regramento do art. 109 do CPC
■ Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a
legitimidade das partes.
■ § 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem
que o consinta a parte contrária.
■ § 2º O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do alienante
ou cedente.
■ § 3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou cessionário.
■ Para o réu o processo só começa a produzir efeitos a partir da sua citação (art.240, c/c art. 312,
CPC)
■ Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência,
torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) .
■ § 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que
proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.
■ § 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para
viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no § 1º.
■ § 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.
■ § 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º aplica-se à decadência e aos demais prazos
extintivos previstos em lei.
PETIÇÃO INICIAL E DEMANDA
■ A relação entre petição inicial e demanda e a mesma que se estabelece entre a forma e o seu
conteúdo. Do mesmo modo que o instrumento de um contrato não é o contrato, a petição inicial não
é a demanda.
■ A demanda é um ato jurídico que requer forma especial. A petição inicial é a forma da demanda, o
seu instrumento; a demanda é o conteúdo da petição inicial.
■ Como a demanda tem a função de bitolar a atividade jurisdicional, que não pode extrapolar os seus
limites (decidindo além, aquém ou fora do que foi pedido), costuma-se dizer que a petição inicial é
um projeto de sentença: contém aquilo que o demandante almeia ser o conteúdo da decisão que vier
a acolher o seu pedido.
REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL
■ 1. FORMA
A postulação inicial, como regra, deve ser escrita, datada e assinada.
Admite-se postulação oral nos Juizados Especiais Cíveis (art. 14 da Lei n. 9.099/1999), pedido de concessão de
medidas protetivas de urgência em favor da mulher que se afirme vítima de violência doméstica ou familiar (art.
12, Lei 11.340/2006) e no procedimento especial da ação de alimentos, art. 39, § 1°, Lei n. 5.478/1968).
Mesmo assim, a postulação oral sempre acaba por reduzir-se a termo escrito.
■ Art. 14. Lei 9.099: O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do
Juizado.
■ § 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível:
■ I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
■ II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
■ III - o objeto e seu valor.
■ § 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação.
■ § 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas
ou formulários impressos.
■ 2. ASSINATURA DE QUEM POSSUA CAPACIDADE POSTULATÓRIA

■ A petição deve vir assinada por quem tenha capacidade postulatória, normalmente o advogado
regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, o defensor público e o membro do
Ministério Público.
■ leigo tem capacidade postulatória?
Ex: ação de alimentos (art. 29, da Lei n. 5.478/1968)
- habeas corpus;
- Juizados Especiais Cíveis, na primeira instância, em causas cujo valor não exceda a vinte salários-
mínimos;
- Pedido de concessão de medidas protetivas de urgência em favor da mulher que se afirme vítima de
violência doméstica ou familiar (art. 27, Lei n. 11.340/2006).
■ A petição deve conter a indicação do endereço, eletrônico e não eletrônico, do
advogado e deve vir acompanhada da procuração (art. 287, CPC).
■ Art. 287. A petição inicial deve vir acompanhada de procuração, que conterá os
endereços do advogado, eletrônico e não eletrônico.
Parágrafo único. Dispensa-se a juntada da procuração:
I - no caso previsto no art. 104 ;
II - se a parte estiver representada pela Defensoria Pública;
III - se a representação decorrer diretamente de norma prevista na Constituição
Federal ou em lei.
■ 3. INDICAÇÃO AO JUÍZO A QUAL É DIRIGIDA

■ O autor tem de indicar o juízo (singular ou colegiado) perante o qual formula a sua pretensão,
observando as regras sobre competência (art.319, I, CPC).
■ O endereçamento far-se-á no cabeçalho da petição inicial.
■ Devem ser observadas as designações corretas:
■ a) comarca é unidade territorial da Justiça dos Estados; Seção Judiciária, da Justiça Federal;
■ b) juiz federal qualifica o magistrado da Justiça Federal, e juiz de direito, o da Justiça Estadual etc.
■ Segue um exemplo de endereçamento: "Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara de Família da Comarca
de Floriano, Estado do Piauí".
■ "Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 3ª Vara da Comarca de Floriano, Estado do Piauí".
■ "Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Única da Comarca de Jerumenha, Estado do Piauí".
■ Art. 319. A petição inicial indicará:
■ I - o juízo a que é dirigida;
■ 4. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

■ O demandante apresentará a qualificação das partes dele e do réu


■ Art. 319. A petição inicial indicará:
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço
eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
■ Qual o objetivo dessa qualificação?
litisconsórcio necessário de pessoas casadas, art. 73, paragrafo 1, do CPC;
domicilio necessário de funcionários públicos, art. 76 do Código Civil;
exigência de caução às custas para os autores estrangeiros ou nacionais não residentes no país, art. 83 do
CPC etc.).
A análise sobre a concessão da gratuidade da justiça (arts. 98 e segs., CPC) pauta-se, muita vez, nos dados
que qualificam o litigante, como a sua profissão ou a atividade desenvolvida
■ Quando se trata de pessoa jurídica, é fundamental que a petição inicial venha acompanhada do estatuto
social e da documentação que comprove a regularidade da representação - notadamente para que se
averigue se quem outorgou a procuração ao advogado, em nome da pessoa jurídica poderia fazê-lo.
■ Se o autor for um nascituro, deverá ser identificado como "nascituro de fulana de tal" (nome da mãe).
■ E possível demanda proposta contra pessoa incerta qando se deve proceder a um esboço de identificação,
bem como, será requerida a citação editalícia (art. 256, 1, do CPC).
■ Art. 256. A citação por edital será feita:
I - quando desconhecido ou incerto o citando;
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando;
III - nos casos expressos em lei.
■ ART 319: § 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição
inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
■ § 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II,
for possível a citação do réu.
■ § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a
obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
■ 5. CAUSA DE PEDIR: O FATO E O FUNDAMENTO JURÍDICO DO PEDIDO

■ No Brasil, adota-se a teoria da substanciação, a qual consiste na ideia de que, para a


admissão da ação, não é suficiente que se diga apenas qual é a tese jurídica que
sustenta o pedido, é necessário que sejam citadas a razão jurídica e a razão de fato.
■ Assim, na petição inicial, exige-se que a parte mencione o “porquê” jurídico e o
“porquê” de fato.
a) fundamentos jurídicos (próxima): é a tese jurídica – causa de pedir próxima.
b) fundamentos de fato (remota): é a narrativa fática do processo - causa de pedir remota.
Exemplo 1: a parte entra com pedido de divórcio. Fundamento jurídico:
incompatibilidade de gênios. Fundamento de fato: ausência de amor.
Exemplo 2: a parte entra com ação de reintegração de posse. Fundamento jurídico:
esbulho. (art 560 cpc) e 1210 cc) Fundamento de fato: em 10 de março alguém ingressou
na propriedade da parte e a esbulhou.
■ 7. O PEDIDO
■ Art. 319. A petição inicial indicará:
IV - o pedido com as suas especificações;
■ Toda petição inicial deve conter ao menos um pedido. Petição sem pedido é petição inepta, a ensejar o seu
indeferimento
■ 8. ATRIBUIÇÃO AO VALOR DA CAUSA
Em toda petição inicial deve constar o valor da causa, cuja fixação seguirá o que dispõe os arts. 291-293 do
CPC (319, V, CPC)
Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente
aferível.
■ Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
■ I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora
vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;
■ II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a
resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;
■ III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;
■ IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto
do pedido;
■ V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;
■ VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos
eles;
■ VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;
■ VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.
■ § 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras.
■ § 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo
indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das
prestações.
■ § 3º O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não
corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor,
caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes.
■ Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor,
sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das
custas.
■ O valor da causa é um dado que serve a variados propósitos:
a base de cálculo das custas judiciais;
b) definição da competência do órgão jurisdicional;
c) cabimento de recursos (art. 34 da Lei 6.830/1980);
d )base de cálculo de multas processuais.
Assim, não é correto dizer, como se costuma fazer na praxe forense, que o valor da causa tem fim
"meramente fiscal".
O valor da causa deverá observar o disposto no art. 292, CPC, que estabelece as diretrizes para a sua
fixação. Se a causa não se subsome a nenhuma das hipóteses do art. 292, cabe ao autor atribuir valor a
ela, segundo seu próprio critério.
O controle da atribuição do valor da causa, no primeiro caso, é mais simples, pois se restringirá à
verificação da observância do comando do art.292, CPC. No segundo caso, a estimação do valor da
causa será controlada a partir do principio da boa-fé (art 5, CPC), que veda o abuso do direito e dos
postulados da razoabilidade e da proporcionalidade (art. 8º CPC)
■ 9. A indicação dos meios de prova com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados

O autor indicará quais os meios de prova de que se irá valer para comprovar as suas alegações
(art. 319, VI, CPC).
Tem pouca eficácia prática o dispositivo:
a) o órgão julgador pode determinar ex officio a produção de provas, ainda que com
limitações (art. 370 do CPC);
b) no momento próprio - fase de saneamento do processo - as partes são intimadas para
indicar de
■ Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas
necessárias ao julgamento do mérito.
■ Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou
meramente protelatórias.
a) quais meios de prova se servirão.
■ 10. Opção pela realização ou não da audiência de conciliação ou mediação

■ O autor tem de manifestar a sua opção pela realização ou não de audiência preliminar de conciliação ou
mediação (art. 319, VII, CPC).
■ Essa audiência preliminar ocorrerá antes de o réu apresentar a sua resposta,
■ Se autor e réu manifestarem expressamente a vontade de não resolver o litigio por autocomposição, a
audiência não ocorrera (art. 334,§ 4, I, CPC).
■ A manifestação do autor nesse sentido tem de ser feita na petição inicial (art. 334, § 5, CPC).
■ A manifestação bilateral de desinteresse pode ser feita em convenção processual, celebrada antes do
início do processo, em que as parte previamente dispensam a realização do ato (negocio processual
atípico
■ Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência
liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima
de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
§ 4º A audiência não será realizada:
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual;
§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo,
por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência.
■ 11. Documentos indispensáveis à propositura da demanda

A petição inicial deve vir acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da


causa (art. 320, CPC).
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à
propositura da ação.
Como regra, deve-se produzir a prova documental no momento da postulação (art. 434
do CPC).
■ Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os
documentos destinados a provar suas alegações.
■ Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução cinematográfica ou
fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos termos do caput, mas sua exposição será
realizada em audiência, intimando-se previamente as partes.
■ Consideram-se indispensáveis tanto os documentos que a lei ou o negócio jurídico (art. 190, CPC)
expressamente exija para que a demanda seja proposta (título executivo, na execução; prova
escrita, na ação monitória etc.;
■ procuração, em qualquer caso, conforme o art. 287, CPC;
Art. 287. A petição inicial deve vir acompanhada de procuração, que conterá os endereços do
advogado, eletrônico e não eletrônico.
Parágrafo único. Dispensa-se a juntada da procuração:
I - no caso previsto no art. 104 ;
II - se a parte estiver representada pela Defensoria Pública;
III - se a representação decorrer diretamente de norma prevista na Constituição Federal ou em lei.
■ laudo médico, na ação de interdição, conforme dispõe o art. 750 do CPC), como também aqueles
que se tornam indispensáveis porque o autor a eles se referiu na petição inicial, como fundamento
do seu pedido
■ Art. 750. O requerente deverá juntar laudo médico para fazer prova de suas alegações ou informar
a impossibilidade de fazê-lo.
■ 12. A opção pelo "‘Juízo 100% digital" - a Resolução n. 345/2020 Conselho
Nacional de Justiça.

O “Juízo 100% digital" é uma forma de prática e documentação do pro. cesso, em que todos os atos
processuais serão realizados exclusivamente por meio eletrônico e remoto, com a infraestrutura da rede
mundial de computadores (art. 19, parágrafo único, Resolução n. 345/2020 do Conselho Nacional de
Justiça).
Essa forma de tramitação é resultado de um negócio processual bilateral. De acordo com o art. 3° dessa
Resolução, o "Juízo 100% digital" é facultativo; cabe ao demandante manifestar-se sobre isso no
momento da distribuição da petição inicial; o demandado pode opor-se até o momento da contestação.
Até a prolação da sentença, as partes poderão retratar-se, por uma única vez (art. 3°, $1°, da Resolução
n. 345/2020 do CN)).
Assim, ao preencher a petição inicial, caso pretenda valer-se dessa tecnologia, cabe ao autor manifestar
expressamente essa escolha.
EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL
■ Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará
que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que
deve ser corrigido ou completado.
■ Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
■ O juiz indicará com precisão o que deve ser corrigido ou completado
■ OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
1. se o autor deixar de manifestar-se sobre a audiência preliminar de conciliação ou mediação, o juiz
não deve mandar emendar a petição inicial. O juiz simplesmente considerará silêncio do autor como
não oposição à realização da audiência.
2. É possível, ainda, a emenda da inicial mesmo após a contestação, desde que não enseje modificação
do pedido ou da causa de pedir sem o consentimento do réu, quando então não seria emenda, mas
alteração ou aditamento da petição inicial; se não for emendada a petição, impõe-se a extinção do
processo sem resolução do mérito, Trata-se de aplicação das regras do aproveitamento dos atos
processuais e da instrumentalidade das formas (arts. 276-283 do CPC).
3. as regras decorrentes do art. 321 consagram o princípio da cooperação (art. 69, CPC). O Código
garante um direito à emenda*: não se permite ao juiz indeferir a petição inicial sem que, antes,
INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO
INICIAL
■ 1. Considerações gerais
O indeferimento da petição inicial é a decisão judicial que obsta liminarmente o prosseguimento da causa
pois não se admite o processamento da demanda
■ Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
I – for inepta;
II – a parte for manifestamente ilegítima;
III – o autor carecer de interesse processual;
IV – não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado:
I – declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos
Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de
intimações;
II – comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.

Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que
apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no
prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou
completado
■ Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de
financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição
inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor
incontroverso do débito.
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo
contratados.
■ O indeferimento da petição inicial somente ocorre no início do processo: Só ha indeferimento liminar
antes da ouvida do réu. Após a citação o juiz não mais poderá indeferir a petição inicial, de resto, já
admitida, devendo, se vier a acolher alguma alegação do réu
■ A inépcia, por exemplo, pode ser reconhecida a qual tempo, mesmo após a contestação, mas, nesse
caso, não implicará indeferimento da petição, e, sim, no máximo, extinção do processo sem análise do
mérito (art. 485, IV, CPC).
■ Essa é a característica que distingue o indeferimento da petição inicial das outras formas de extinção
do processo. É o indeferimento uma hipótese especial de extinção do processo por falta de um
pressuposto processual
■ A distinção é importante pois o regramento do artigo 331 do CPC somente se aplica a decisão que
indeferiu a petição inicial bem como sendo liminar a sentença, não se condenará ao pagamento de
honorários advocatícios em favor do réu ainda não citado.
■ O indeferimento da petição inicial é um dos casos de invalidade, má-formação, inepcia, defeito da
petição inicial; por isso, essa decisão judicial não resolve o mérito da causa, limitando-se a reconhecer
a impossibilidade de apreciação do pedido (art. 485, I, CPC)
■ Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
■ O indeferimento pode ser total ou parcial. Será parcial quando o
apenas rejeitar parte da demanda (p. ex: havendo cumulação de
pedidos o juiz verifica a inépcia de apenas um deles)
■ Cabe recurso da decisão que indeferir parcialmente a petição inicial?
■ Cabe recurso da decisão que indeferir totalmente a petição inicial?

■ ART 354, P.U, CPC


■ Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e
487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença.
■ Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer
respeito a apenas parcela do processo, caso em que será impugnável
por agravo de instrumento.
■ O indeferimento total da inicial poderá ocorrer em Tribunal (ex: ação
rescisória), assim, ou será uma decisão do relator ou um acordão,
jamais uma sentença.
■ Em resumo, o indeferimento pode ser uma decisão interlocutória, um
acordão e também, uma sentença.
HIPÓTESES DE INDEFERIMENTO
■ 1. INÉPCIA
A inépcia gira em torno de defeitos vinculados a causa de pedir e ao pedido; são defeitos que não só
dificultam mas impedem o julgamento do mérito da causa
■ Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
I - for inepta;
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
(art 324 caput, cpc)
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
■ 2. ILEGITIMIDADE DA PARTE (legitimidade ad causam)
A ilegitimidade da parte leva ao indeferimento da petição inicial- Art. 330, II, CPC
■ Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
II - a parte for manifestamente ilegítima;

■ 3. FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL (Pressupostos processuais)


■ Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
III - o autor carecer de interesse processual;

■ 4. NÃO ATENDIMENTO AOS DISPOSTOS NOS ARTIGOS 106 E 321 DO CPC


Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado:
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos
Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de
intimações;
II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que
apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no
prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou
■ O INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL GERA COISA JULGADA?

■ PROCESSO CIVIL. REPROPOSIÇÃO DE DEMANDA. COISA


JULGADA. INDEFERIMENTO DA INICIAL. EXTINÇÃO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1) A
repropositura de demanda já albergada pelo manto da coisa julgada impõe
o indeferimento da inicial e a consequente extinção do feito sem
julgamento do processo. 2) A denominação atribuída à demanda não vincula
seu objeto, não estando o magistrado adstrito a nomenclaturas. 3) Apelo
conhecido e não provido.
PEDIDO
■ CONCEITO:
O pedido é o núcleo da petição inicial, a providencia que se pede ao poder judiciário.
■ REQUISITOS:
O pedido há de ser certo e determinado, claro e coerente.
Art. 322. O pedido deve ser certo.
Art. 324. O pedido deve ser determinado.
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 .
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:

PEDIDO CERTO É PEDIDO EXPRESSO, NÃO SE ADMITE PEDIDO IMPLICITO.


■ CUMULAÇÃO DE PEDIDOS:
O CPC admite o cúmulo de pedidos.
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que
entre eles não haja conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se
o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais
diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados,
que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.
A cumulação de pedidos incompatíveis entre si é causa de inépcia (art. 330, paragrafo I, IV, CPC)
■ Alteração objetiva da demanda
O autor tem o direito processual de promover a alteração (substituição dos elementos objetivos da
demanda (pe
■ Art. 329. O autor poderá:
■ I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de
consentimento do réu;
■ II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com
consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste
no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar.
dido e causa de pedir) antes da citação do réu.
■ PEDIDO GENÉRICO
O pedido deve ser determinado, permite a lei, em alguns casos, a formulação de pedidos genéricos.
■ Art. 324. O pedido deve ser determinado.
§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado
pelo réu.

No tocante ao na debeatur será determinado, ao quantum debeatur será indeterminado.

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