Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Bibliografia:
AULA 1
Toda ação, todo processo, poderá ter um viés individual ou ter um viés coletivo.
Terá de se analisar a causa de pedir deduzida e a pretensão exercida. O Art. 5º
LXVIII da Constituição Federal que versa sobre o habeas corpus está dentro do
Capítulo I, Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. Logo, tudo que está
presente no Art. 5º da Constituição pode ter um viés individual ou coletivo.
Portanto, pode haver habeas corpus individual ou coletivo.
Art. 5º LXVIII da CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Biding Efect
Tutela
Art. 81 Parágrafo Único, III do CDC. A defesa coletiva será exercida quando se
tratar de interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.
Há autores que sustentam que são sinônimos. Outros atores que sustentam que
interesses se tratam de direitos individuais, já direitos tratam de direitos
objetivos.
Ações Pseudo Individuais
As Ações Individuais Com Efeitos Coletivos são aquelas que fixam precedentes
que podem ser utilizados em casos concretos futuros.
Art. 81 Parágrafo Único, III do CDC. A defesa coletiva será exercida quando se
tratar de interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.
Alguns autores trabalham essa questão no chamado direito material coletivo.
- Critério Subjetivo
- Critério Objetivo
- Critério Formal
Interesses Difusos
Art. 5º §6º da Lei 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública) – Termo de Ajustamento
de Conduta na Ação Civil Pública
Art. 5º §6º da Lei 7.347/85. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
Art. 17 §1º da Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) –
Impossibilidade de Transação, Acordo e Conciliação na Improbidade
Administrativa
Art. 351 do CPC. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos
relativos a direitos indisponíveis.
Art. 320, II do CPC. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo
antecedente se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
Art. 319 do CPC. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os
fatos afirmados pelo autor.
A norma do Art. 320 do CPC é uma norma protetiva, ou seja, visa proteger o
réu. Logo, o Código de Processo Civil visa proteger o réu que é titular de um
direito material indisponível. Só que quando uma ação coletiva é proposta, o
titular do direito material indisponível não é o réu, mas sim, o autor. Portanto,
autores sustentam que deve haver a revelia relevante.
O Ônus da Impugnação Específica não será exigido quando não for admitida a
confissão, ou seja, quando a confissão de fato disser respeito a direitos
indisponíveis.
Art. 1.784 do CC. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos
herdeiros legítimos e testamentários.
Art. 1.792 do CC. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da
herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário
que a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados.
Art. 94 do CDC. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de
que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem
prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos
órgãos de defesa do consumidor.
Art. 103 §2º do CDC – Possibilidade de Ação Individual da Improcedência do
Pedido
Legitimidade Coletiva
No que tange aos interesses difusos, essa legitimidade coletiva é ampla, ou seja,
todos os legitimados coletivos poderão promover ação para a tutela de interesse
difuso.
No plano subjetivo se quer saber quem será atingido pela demanda. Qual é a
eficácia subjetiva da coisa julgada?
Nos interesses difusos, haverá eficácia erga omnes. Significa que a eficácia
subjetiva atingirá todos de forma indistinta.
Art. 103, I do CDC. Nas ações coletivas de que trata este Código, a sentença fará
coisa julgada erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar
outra ação, com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova, na hipótese do
inciso I do parágrafo único do art. 81;
Art. 18 da Lei 4.717/65 (Lei de Ação Popular) – Eficácia Erga Omnes da Coisa
Julgada
Art. 18 da Lei 4.717/65 (Lei de Ação Popular). A sentença terá eficácia de coisa
julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada
improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá
intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
Art. 16 da Lei 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública) - Eficácia Erga Omnes da
Coisa Julgada
Art. 16 da Lei 7.347/85. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos
limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for
julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de
nova prova.
A rigor dessa eficácia erga omnes ficará adstrita ao território do órgão prolator
da decisão.
Art. 2º-A da Lei 9.494/97. A sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo
proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus
associados, abrangerá apenas os substituídos que tenham na data da
propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão
prolator.
Art. 103, I do CDC. Nas ações coletivas de que trata este Código, a sentença fará
coisa julgada erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar
outra ação, com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova, na hipótese do
inciso I do parágrafo único do art. 81;
AULA 1
Legislação:
- Lei 8.069/90
- Estatuto do Idoso
Previsão Legal:
Natureza Jurídica
2ª Corrente – José dos Santos Carvalho Filho: Ato jurídico unilateral quanto a
sua formação, bilateral quanto a sua celebração;
Quando se fala ato jurídico unilateral quanto à sua formação, é porque existe
somente uma única vontade, no caso, a do infrator em aderir à lei. Ocorre que
quando uma pessoa jurídica ou uma pessoa física pratica atos contrários e
interesses metaindividuais, essa pessoa procura o Ministério Público e os
demais legitimados para a celebração do compromisso de ajustamento de
conduta, desejando se adequar à lei.
Art. 17, §1º da Lei 8.429/92. É vedada a transação, acordo ou conciliação nas
ações de que trata o caput.
Portanto, esta redação diz respeito somente a natureza do ato ímprobo em si, as
eventuais sanções políticas cabíveis etc. Mas quanto a reparação do erário é
completamente possível a celebração do compromisso de ajustamento de
conduta.
Objeto do Compromisso de Ajustamento de Conduta
Congruência
É possível a entrega de coisa certa. Mas é importante ressaltar que essa entrega
de coisa certa tem de ter congruência com o dano causado e o bem tutelado.
Não, o que tem de comum entre uma petição inicial de ação civil pública e um
termo de ajustamento de conduta é que em ambos se faz necessária a busca da
tutela específica, ou seja, prevenir, inibir e reparar o dano. O compromisso de
ajustamento de conduta não pode ser igual à ação civil pública, a propositura da
ação civil pública é unilateral. Já o compromisso de ajustamento de conduta é
fruto da vontade das partes. O conteúdo dos termos de ajustamento de conduta,
quais sejam, obrigações de fazer, não fazer, entrega de coisa certa pagamento de
quantia certa, são frutos da vontade das partes. Primeiro da vontade de uma
parte de se adequar à lei.
Primazia da reparação específica – arts. 2º, VII e 4º, VI e VII, Elementos : art.
25, Res. PGJ 1522/2009;
Sim, nada impede que exista uma ameaça de lesão ao interesse difuso, coletivo
individual homogêneo, e o termo de ajustamento de conduta poderá ser
preventiva. Mas este termo de ajustamento de conduta deverá demonstrar a
plausibilidade de se afetar um interesse difuso, coletivo ou individual
homogêneo, e contar com que a empresa estabeleça esse termo de ajustamento
conduta preventivo. Este tipo de termo de ajustamento de conduta é muito
comum em sede de direito ambiental. Ao se iniciar uma obra, percebe-se que
aquela obra pode gerar um dano ambiental, por conta disso, muitas das vezes se
busca junto a empreiteira a formulação de um termo de ajustamento de conduta
preventivo com obrigações que busquem atenuar ou prevenir qualquer tipo de
cometimento de dano ambiental.
Legitimidade
Art. 5º §6º da Lei 7.347/85. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
O termo de ajustamento de conduta não pode ser lavrado por uma associação,
sendo esta compromitente, por exemplo. Simplesmente por ausência de
previsão legal. São legitimados para propositura de termo de ajustamento de
conduta o Ministério Público e os Órgãos Públicos.
Logo, legitimado para propor ação civil pública nem sempre é legitimado para
propositura de ajustamento de conduta.
Fiscalização: art. 26, Res. PGJ 1522/2009; Assinatura das partes: requisito
formal indispensável cuja ausência afasta a natureza executiva do TAC (STJ,
REsp. 840507/RS);
Diante desse quadro, o que pode fazer o Promotor de Justiça? Elabore a peça
processual.
A peça processual será uma ação civil pública. O promotor de justiça deverá
requerer em caráter preliminar a nulidade do termo de ajustamento de conduta,
haja vista que a Associação de Moradores de Canavial não é legitimada para
formulação de termo de ajustamento de conduta. A compromitente não pode
ser uma associação. Associação tem legitimidade para propor uma ação civil
pública, mas não tem legitimidade para a celebração de um termo de
ajustamento de conduta.
Inquérito Civil
Previsão normativa: art. 129, III, CRFB; 8º e 9º, 7347/1985; 6º, VII e 7, I, da LC
75/1993; 201, V, ECA;
Natureza Jurídica
Exemplo: A Defensoria Pública ao ajuizar uma ação civil pública não necessita
de inquérito Civil do Ministério Público.
Natureza Jurídica : art. 1º, Res. 23/2007, CNMP e Res. PGJ 1522/2009;
Iniciativa e presidência exclusivas do MP (STJ, REsp. 152447/MG e 265358/SP;
Não é condição de procedibilidade para o ajuizamento de ACP: art. 1º, p. único,
Res. 23/2007, CNMP e da Res. PGJ 1522/2009; STJ, REsp. 1028248/SP;
O inquérito civil não pode ser trancado via habeas corpus, diferente do inquérito
penal. O instrumento idôneo para o trancamento do inquérito civil é o mandado
de segurança.
No inquérito civil, diferente do inquérito penal, não existe privação de
expectativa de liberdade de locomoção. No inquérito civil não existe a
possibilidade de privar o infrator de sua liberdade.
Pode ser utilizado os elementos colhidos no inquérito civil para outras ações do
Ministério Público? Os elementos colhidos no inquérito civil podem ser
utilizados em outras funções do Ministério Público?
Sim, nada impede que observando que o elemento produzido no inquérito civil
gera a possibilidade do cometimento de um crime, nada impede que os
documentos sejam remetidos para o Ministério Público com atribuição criminal
para que ser análise para um possível oferecimento de denúncia.
No inquérito civil, em que as provas irão ensejar possivelmente uma ação civil
pública, necessariamente elas tem que ser repetidas em sede judicial?
Não, no inquérito civil público nada impede que se notifique o que se intime os
investigados para que participem na dilação probatória. Essa prova produzida
em inquérito civil tem toda plausividade de ser utilizada em sede judicial. Não é
necessário a repetição, pois já foram concedidos o contraditório e a ampla
defesa em sede administrativa. Já foi concedido o contraditório e ampla defesa
em sede administrativa, não há necessidade que se conceda em sede judicial.
Muitas das vezes o inquérito civil trata de lesões em que o tempo apaga, como
por exemplo lesões ao meio ambiente.
Por isso, que as provas produzidas em sede de inquérito civil, desde que
conservados a publicidade, ampla defesa e o contraditório, poderão ser
utilizados em sede processual civil, gerando a procedência do pedido, sem a
necessidade de ser repetida.
Pode haver condenação em ação civil pública com base em provas produzidas
no inquérito civil?
Sim. Estas etapas podem ser queimadas. Se o Ministério Público perceber fortes
elementos de violação a interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos
poderá propor a ação civil pública sem a necessidade dos procedimentos da
esfera administrativa.
1. Procedimento Preliminar
2. Inquérito Civil
Princípio do Inquérito
A regra é que o inquérito civil seja público e a isto que o legitima. O inquérito
civil é público tanto para conceder ao infrator o contraditório e a ampla defesa,
quanto para informar a sociedade.
Mas a publicidade no inquérito civil não é absoluta e nem deve ser, pelo simples
fato de manter a idoneidade das investigações ou para proteger investigado,
pode ser decretado o sigilo do inquérito civil. O sigilo no inquérito civil é
exceção. Sendo exceção, o sigilo tem que ser temporário e fundamentado. Tem
de haver uma decisão do promotor de justiça presidente do inquérito civil
determinando as razões do sigilo e a finalidade do sigilo, sempre de forma
temporária e fundamentada.
Publicidade: art. 7º, par. 2, Res. 23/2007, CNMP e 15, Res. PGJ 1522/2009:
Possibilidade de expedição de certidão sobre peças (requerimento a ser deferido
pelo MP) e de vista (STF, HC 82354/PR), salvo se o sigilo, de forma
fundamentada, atender ao interesse público ou à preservação da imagem do
investigado; STJ, RMS 31.747-SP
Princípio do Contraditório
Contraditório: “contraditório mínimo” (Didier Jr.) – art. 6º, pars. 4º, 5º e 8º,
Res. 23/2007, CNMP; Não há obrigatoriedade de citação dos interessados –
STJ, ROMS 8716/GO e 11537/MA;
Princípio da Requisição
Muitas vezes a requisição tem de ser explicada, não só em suas razões, como
também em sua finalidade. O objetivo é o Ministério Público conceder ao
investigado o direito de cumprir a requisição de forma satisfatória.
Hugo Nigro Mazzilli, Fredie Didier Junior e José dos Santos Carvalho Filho são
unânimes em dizer que se deve permitir a quebra do sigilo bancário mediante
requisição do Ministério Público em inquérito civil.
Requisição-: 129, VI e VIII, CRFB; 8, par. 1º, 7347/1985; 6º, 7853/1989; 223,
8069/1990; obrigatoriedade de fundamentação (razões e finalidade); Tipo
penal: art. 10, 7347/1985 – análise e críticas; Sigilo bancário: NÃO,
necessitando de autorização judicial – STF, REAgR. 318136/RJ; RMS 243157
AgRg/MS X julgados anteriores do STJ (RMS 8716/GO) e do STF (MS
21729/DF) e doutrina (Mazzilli, Didier Jr. e Carvalho Filho);
1. Instauração Ex Officio
Nada impede que ao longo do inquérito civil, outras pessoas sejam investigadas,
outros fatos sejam apurados, ou ao contrário, retirando-se algumas pessoas da
lista de investigados pois não foram encontrados indícios de envolvimento.
Neste caso deverá haver o aditamento da portaria, para que se traga
fidedignamente o que tá sendo investigado.
FASES: 1) Instauração (efeito: art. 26, par. 2º, III, CDC - interrupção da
decadência, só voltando a fluir com a publicação da homologação de
arquivamento pelo CSMP – Mazzilli );
Sim. Em que pese haja o entendimento de que haveria burla ao Art. 5º, XII
Constituição, o STJ entende de modo diverso. Para o STJ é perfeitamente
plausível a utilização de prova emprestada inquérito civil, desde que a
interceptação telefônica tenha sido obtida legalmente no processo penal, já
tenha havido manifestação do réu sobre essa interceptação, ou seja, que a
privacidade da pessoa já tenha sido quebrada, em tese, nada impede que a
transcrição seja trazida para o inquérito civil.
A conclusão do inquérito civil é a sua fase final. O inquérito civil tem prazo de 1
ano com direito à prorrogação. A cada prorrogação, o membro do Ministério
Público tem que dar ciência ao Conselho Superior do Ministério Público. Às
vezes 1 ano não é o suficiente para conclusão do inquérito civil.
Exemplo: Poluição de um rio que corta Estados. Só a prova pericial para ser
feita demandaria meses, fazendo que o inquérito civil demore bastante tempo.
O prazo de 1 ano poderá ser prorrogado, desde que justificada e haja ciência ao
Conselho Superior do Ministério Público quanto a esta prorrogação.
1. Ajuizamento da Ação
Fredie Didier Jr. e Hugo Nigro Mazzilli sustentam que não há que se falar em
arquivamento implícito. Por conta disso, deverá ser ajuizada ação com base em
parte dos fatos e parte dos investigados, e quanto à outra parte haverá uma
promoção ministerial de arquivamento dos fatos e dos investigados que será
encaminhada ao Conselho Superior do Ministério Público.
Arquivamento: art. 9º, 7347/1985 (CSMP), 10, par. 4º, Res. 23/2007; 92, par.
2º, 10741/2003 (Câmaras de Coordenação e Revisão – MPU) ; excesso de prazo
– nulidade relativa – STJ, MS 10.128/DF; Possibilidade de oferecimento de
arrazoados pelos co-legitimados e interessados.
Arquivamento implícito? Irregular, segundo Mazzilli e Didier Jr.: art. 13, Res.
23/2007; Se não homologado o arquivamento: diligências e/ou designação de
outro membro do MP para a propositura da ACP – delegação; Irregularidades
no IP e influência na ação civil pública: STJ, REsp 1119568 / PR;
Qual seja, tanto no Art. 9º da Lei 7.347/85 quanto no Art. 92 §2º do Estatuto do
Idoso, as nomenclaturas estão corretas.
AULA 2
Interesses Difusos
Interesses Coletivos
Ou seja, haverá uma ação tutela dos interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos. O que gera problema, pois dependendo do interesse tutelado
haverá uma regra jurídica distinta. Como, por exemplo, o regime de coisa
julgada, que para direitos difusos e coletivos é secundum eventum probationes.
Já o regime de coisa julgada para direitos individuais homogêneos é secundum
eventum litis, conforme Art. 103, I, II e III do CDC.
O dano moral coletivo é uma construção que conforme o Art. 1º da Lei 7.347/85,
é possível. Quando se diz que ação civil pública é um instrumento para reparar
danos patrimoniais e danos extrapatrimoniais, de alguma forma já se contempla
o dano moral coletivo.
O STJ, no entanto, tem julgados em sentido oposto. Teori Albino Zavascki e Rui
Stoco sustentam a não existência do dano moral coletivo. Teori Albino Zavascki
sustenta que dano moral é necessariamente individualizado, não sendo possível
o dano moral coletivo.
É inexorável, e também sumulado no STJ que a pessoa jurídica pode sofrer dano
moral. Aí fica a seguinte pergunta:
Estas instituições, muitas vezes não são vistas com bons olhos, mas isso se dá
porque ao longo do tempo diversos escândalos, diversos episódios mostraram
que alguns membros se portam de modo deturpado.
Por conta disso se entende que o dano moral coletivo não estará presente no que
concerne às pessoas jurídicas de direito público.
Aferição de dano moral coletivo em ACP ? SIM (art. 1º, 7347/85 e STJ, REsp.
677.585/RS, 695718/SP e REsp 1057274/RS X Teori Albino Zavascki e Rui
Stoco e STJ, AgRg no REsp 1109905 / PR;
XXXII Concurso: É possível o pedido de dano moral coletivo nas ações civis
públicas ambientais propostas pelo Ministério Público? Qual a posição do
Superior Tribunal de Justiça sobre o tema?
O entendimento do STJ neste caso é no sentido positivo. É possível sim que uma
infração a interesse difuso gere não somente um prejuízo de ordem objetiva,
mas também de ordem subjetiva. O direito discutido deve ser algo relevante,
algo palpável, pois senão se entraria numa seara subjetivista expansiva. Não é
qualquer atentado aos direitos dos consumidores que enseja dano moral difuso.
O STJ consegue enxergar a questão do dano moral ambiental.
“Não é qualquer atentado aos interesses dos consumidores que pode acarretar
dano moral difuso. É preciso que o fato transgressor seja de razoável
significância e desborde os limites da tolerabilidade. Ele deve ser grave o
suficiente para produzir verdadeiros sofrimentos, intranquilidade social e
alterações relevantes na ordem extrapatrimonial coletiva. Ocorrência, na
espécie.” (REsp 1221756/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA
TURMA, e REsp 1291213 / SC, Rel. Ministro SIDNEY BENETI).
Vedações
A redação do Art. 1º Parágrafo Único da Lei 7.347/85 fala que a ação civil
pública não pode se basear em pretensões que envolvam tributos. O pedido feito
no âmbito da tutela coletiva não pode ser concernente a tributos, contribuições
previdenciária, FGTS e fundos de natureza institucional.
A vedação não é uma regra, mas uma exceção dada pelo Art. 1º Parágrafo Único
da Lei 7.347/85. Esta vedação deve ter interpretação restritiva, taxativa, não
podendo ter uma interpretação extensiva. A vedação do Art. 1º Parágrafo Único
da Lei 7.347/85 impede que a causa de pedir seja tributo, mas nada impede que
para aferição de improbidade administrativa tenha que passar por questões
tributária.
Até que ponto a ação civil pública pode trazer alguma ingerência na
administração pública? É possível o judiciário se imiscuir na administração
pública na realização de políticas públicas?
De um lado, haverá entendimento negativo, dizendo que não pode, por violação
ao Princípio da Separação de Poderes, por conta do Poder Judiciário não poder
interferir no mérito administrativo. Então, não é possível a ingerência do
Ministério Público nesta questão, e o Poder Judiciário nada podendo fazer.
Exemplo: Há diversa áreas na cidade do Rio de Janeiro que estão sob risco de
desabamento. É possível que o Ministério Público reste inerte, ainda que a
prefeitura estabeleça um cronograma? Não. Por conta disso o Ministério Público
ajuizou diversas ações civis públicas, umas julgadas procedentes, outras não.
Prescrição e Decadência
O STJ tem se valido do critério do Art. 142 §2º da Lei 8.112/90, regime jurídico
da União. Nesse caso se aplicará o prazo prescricional do crime correspondente.
A contagem será a mesma do âmbito penal.
Qual é o prazo prescricional para ajuizamento de ação de improbidade
administrativa em face de particulares?
Como a ação popular, a princípio tem um duplo viés, buscando anular um ato
administrativo e determinar a reparação do erário, muitos acham que quanto à
pretensão de anulação de ato administrativo, o prazo seria decadencial e que
quanto ao ressarcimento ao erário, o prazo seria prescricional.
Súmula 632 do STF. É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a
impetração de mandado de segurança.
É por conta disso que o Hugo Nigro Mazzilli, o Daniel Fink, o Hermes Zanetti
Jr. e o STJ entendem que o dano ambiental por ser um dano permanente, por
ser um dano continuado, se torna um dano imprescritível.
Para Fredie Didier Jr., isto trata-se de um grande equívoco, em que o Ministério
Público deverá defender a sua reparação. Quando se fala em ação civil pública,
se visa a tutela de interesses difusos, coletivo e individuais homogêneos. A ação
popular só tutela interesses difusos, ou seja, esse prazo prescricional de 5 anos,
por analogia ao Art. 21 da Lei 4.717/65, foi aplicado à ação civil pública, só
poderia ser aplicado em relação à tutela de interesses difusos, pois a ação
popular só se presta a tutelar interesses difusos. A ação popular não se presta a
tutelar interesse coletivo e individual homogêneo. Então, o prazo prescricional
de 5 anos previsto para a ação popular só se aplicaria à ação civil pública na
tutela de interesses difusos.
O STJ entende que o prazo prescricional das pretensões de uma ação civil
pública é de 5 anos, assim como de uma ação popular, em que pese a ação
popular só tutelar interesse difuso, e a ação civil pública tutelar interesses
difusos, coletivos e individuais homogêneos.
Previsões de Prescritibilidade:
d) Ação Civil Pública: Analogia ao art. 21, 4717/65: STJ, REsp. 910625/RJ e
1.089.206/RS – consequências e a doutrina de Fredie Didier Jr.
Direito Civil:
DISCORRA
a) (...)
Uma vez que a questão disse que se tratava de um único mandato, a pretensão
de aplicação das sanções político repressivas da Lei 8.429/92 já estão prescritas,
porque o Art. 23, I da Lei 8.429/92 estabelece o prazo prescricional de 5 anos
contados do término do exercício do mandato. Terminado o mandato, e
passaram-se mais de 5 anos, as pretensões estão prescritas.
A consequência disso está no processo civil. É possível que haja ações coletivas
conexas, apesar de conexão ser um fenômeno de modificação de competência
relativa. O fato é que, excepcionalmente, na tutela coletiva a conexão age como
fato de modificação de competência absoluta.
O Art. 2º da Lei 7.347/85 não fez quaisquer ressalvas à Justiça Federal. Com
isso foi editada a Súmula 183 do STJ que dizia que toda vez que a ação civil
pública fosse ajuizada no foro onde ocorreu o dano, e se neste foro, não
houvesse Justiça Federal, a ação civil pública seria ajuizada na Justiça Estadual,
com competência federal delegada. A Súmula 183 do STJ acabou por ser
cancelada. A Súmula 183 do STJ gerou uma consequência óbvia.
Exemplo: Existe uma ação civil pública em face da União. Qual regra de
competência se utilizará? A do Art. 2º da Lei 7.347/85 que é a do foro do local
do dano ou se aplica o Art. 109 §3º da CRFB?
O STJ entendeu que por se tratar de regra constitucional, o Art. 109 §2º da
CRFB prevalece sobre o Art. 2º da Lei 7.347/85. Uma ação civil pública em face
da União pode ser proposta no local do dano, mas também pode ser nas outras
opções do Art. 109 §2º da CRFB. Por hierarquia normativa, o Art. 109 §2º da
CRFB prevalecer sobre o Art. 2º da Lei 7.347/85.
Por conta destas disposições, o Art. 109 §3º da CRFB não se aplica à ação civil
pública.
Exemplo: Uma ação civil pública em que o dano ocorreu na comarca de São
Sebastião do Alto. Há entre os envolvidos a União. A Vara Federal mais próxima
está em Friburgo. Logo, a ação deverá tramitar em Friburgo. Pois não se aplica
Art. 109 §3º da CRFB às ações civis públicas tendo em vista o cancelamento da
Súmula 183 do STJ.
Dano Local
Durante muitos anos prevaleceu este entendimento. Era muito comum que se
ajuizasse uma ação em Magé, uma ação em Guapimirim e uma ação em
Teresópolis. Depois se reuniam as ações por conexão e o juízo prevento tinha
uma ampliação do limite subjetivo de competência.
Aos poucos passou a se perceber que o Art. 16 da Lei 7.347/85 não poderia
jamais ser aplicados aos interesses difusos, que são interesses indivisíveis, que
os danos causados atingem toda a sociedade.
A partir desse julgado, o STJ passa a entender que o Art. 16 da Lei 7.347/85 só
se aplica aos interesses individuais homogêneos.
Art. 16, 7347/1985 e 2-A, 9494/1997: restrições à eficácia subjetiva das decisões
em ações coletivas: Doutrina (Inconstitucionalidade, ineficácia) X Zavascki e
Pelo Art. 93 do Código de Defesa do Consumidor tem o dano local que a ação
será proposta na comarca onde ocorreu o dano. Se o dano for regional, a ação
será proposta na comarca da capital do Estado, e a sentença terá eficácia para
todo estado, exceto quanto aos interesses difusos em que esta regra foi
flexibilizada. Se o dano for nacional, deverá se ajuizar ação em um dos Estados
envolvidos ou no Distrito Federal.
a) Dano Local - Demanda deverá ser proposta na comarca onde ocorreu o dano.
Não se trata de uma boa solução porque haverá a necessidade de algum tempo
em que a persecução daquele dano será difícil.
Exemplo: Ação ter de ser proposta na capital, e o dano ter ocorrido em quatro
municípios do Norte Fluminense.
O STJ tem o entendimento de que seria a comarca onde ocorreu o maior dano
ao erário.
Pela lei, deveria se utilizar o Art. 93, II do CDC e a ação ser proposta na comarca
da capital.
A ação de improbidade administrativa durante muito tempo foi enfocada de
modo equivocado por alguns setores doutrinários e jurisprudenciais. Ação de
improbidade administrativa é uma ação cível. O Art. 37 §4º da CRFB é claro em
estabelecer que a tutela da probidade administrativa é cível, ao contrário da
tutela penal. Se a tutela da probidade administrativa é cível, tem que se aplicar
as regras referentes à jurisdição cível, não se pode aplicar as regras da jurisdição
penal.
Em 2002 tentaram incluir por lei ordinária foro por prerrogativa de função para
os agentes políticos que cometessem atos de improbidade administrativa. Esta
lei, Lei Federal 10.628/2002 foi considerada inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal. Foi considerada inconstitucional pois se a ação de
improbidade administrativa é cível, não há que se falar em foro por prerrogativa
de função. O foro por prerrogativa de função é um instituto do Direito Penal, do
Direito Processual Penal, e não do Direito Civil e do Direito Processual Civil.
Esta regra não é foro por prerrogativa de função. Esta regra é preservação da
hierarquia funcional do Poder Judiciário.
Durante alguns anos se entendeu de forma absurda que havia sim foro por
prerrogativa de função em ação de improbidade administrativa. Segundo Teori
Albino Zavascki, se tratava de uma competência implícita complementar.
STJ, Rcl 4.927-DF, Rel. Min. Felix Fischer, julgada em 15/6/2011 X AgRg na Rcl
12.514-MT, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 16/9/2013; STF: RE 540712
AgRAgR / SP - SÃO PAULO -Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA - Julgamento:
27/11/2012.
Mas o STJ deixou claro, que dependendo do caso concreto, ora a ação de
probidade administrativa será proposta na justiça estadual, ora a ação de
improbidade administrativa será proposta na justiça federal.
Toda vez que houver uma questão discutindo desvio de verbas municipais,
verbas de convênio, verbas de fundo que não se incorporam ao patrimônio
municipal, impede a ver a competência da justiça estadual e da justiça federal.
O Art. 209 do ECA traz uma regra específica de competência. O Art. 209 do ECA
se refere ao foro do local onde ocorreu ou deveria ocorrer a ação ou omissão.
Aqui não se fala no local do dano. Se fala no local onde ocorreu o ato, ação ou
omissão que causou ou vai causar a lesão.
O Art. 80 do Estatuto do Idoso diz que o foro para as ações relativa ao idoso será
o do domicílio do idoso. Se o que se busca tutelar é a tutela coletiva dos idosos,
como a ação seria proposta no domicílio de um único idoso? Na realidade, este
artigo diz respeito a tutela individual do idoso, às ações individuais.
Para Robson Renault Godinho, na tutela coletiva do idoso se aplicar ao Art. 209
do ECA, porque a situação do Idoso é similar à da criança e do adolescente.
Portanto, o foro competente será o da ação ou da omissão causadora do dano ou
potencialmente causadora do dano ao idoso.
Quanto à ação popular é importante entender que o Art. 5º da Lei 4.717/65 tem
de ser devidamente interpretado, pois se trata de uma lei de 1965. É uma lei que
diz respeito ao ordenamento jurídico do Código Processo Civil de 1939.
Portanto, à Lei 4.717/65 tem que ser dado uma interpretação conforme a
Constituição de 1988.
O Art. 5º da Lei 4.717/65 faz uma analogia entre sociedade economia mista
federal, autarquias federais e empresas públicas federais, o que não pode. As
ações em face da sociedade de economia mista federal são ajuizadas na justiça
estadual, conforme Súmula 42 do STJ. Já as ações em face de autarquias
federais e empresas públicas federais, as ações serão ajuizadas na justiça
federal, conforme Art. 109, I da CRFB.
O Art. 5º da Lei 4.717/65 tem de ser lido com cautela para que não ocorra
inconstitucionalidade.
O Art. 5º §3º da Lei 4.717/65 comete um equívoco ao estabelecer que o juízo da
ação popular seria um juízo universal. Trata-se de um juízo universal para as
demais ações populares, não para todas as ações coletivas.
Regras específicas: 209, ECA (foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação
ou omissão); 80, 10741/2003 – foro do domicílio do idoso – Robson Renault
Godinho e Flávio Yarshell X Didier Jr. ; ação popular: art. 5º, 4717/1965;
Não se aplica o Art. 2-A da Lei 9.494/97, o que o réu é instituição financeira de
grande porte, não é órgão público, não é ente público.
O membro do Ministério Público então tem de redigir uma ação civil pública
em face da ANADEJUCO por violação a interesse difuso e coletivo.
Esta ação civil pública deverá ser ajuizada na comarca da capital para beneficiar
todos os lesados. Não será necessária distribuição por dependência na vara
empresarial. Esta ação foi ajuizada na vara empresarial porque na época, o
CODJERJ (Código de Organização e Divisão Judiciária do Estado do Rio de
Janeiro), hoje a LODJERJ (Lei de Organização e Divisão Judiciária do Estado
do Rio de Janeiro), as varas empresariais da comarca da capital têm a
competência para as ações civis públicas envolvendo matéria de consumo. Por
isso a primeira ação ajuizada pela associação foi distribuída para a 6º Vara
Empresarial da Comarca da Capital. Mas esta ação que ser ajuizada pelo
Ministério Público nada tem a ver com direito do consumidor e nada tem a ver
com direito empresarial. Esta ação terá a ver com a defesa da sociedade por
divulgar de forma falsa uma informação e com os próprios associados. Por conta
disso, esta ação seria proposta em livre distribuição, caindo em uma vara cível,
em face da ANADEJUCO por violação a interesse difuso e interesse coletivo.
AULA 3
Exemplo: É muito comum o Ministério Público ajuíze ação civil pública, e dias
depois o Ministério Público ajuíze uma idêntica.
Exemplo: Se tem uma ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público junto à
comarca da capital. Dois meses depois a Defensoria Pública ajuíza uma ação
civil pública com o mesmo pedido e mesma causa de pedir que a ação civil
pública ajuizada pelo Ministério Público.
Ainda que existam duas ações, uma ajuizada pelo Ministério Público, e outra
ajuizada pela Defensoria Pública, são duas ações que cumprem a mesma
finalidade. Ou seja, o Ministério Público e a Defensoria Pública nestes casos
desempenham a mesma função jurídica. É por conta disso que o STJ traz uma
variação da litispendência em sede coletiva para não aplicar ipsis litteris o
conceito do Art. 301 §1º a 3º do CPC/73, mas sim para aplicar a litispendência
em um contexto maior.
Se existem duas ou mais ações com mesmo pedido, com a mesma causa de
pedir, com mesmo polo passivo e se tem autores exercendo a mesma função
jurídica, mesmo que diferentes, nesse caso estará falando de litispendência. É
por conta disso que o STJ já teve oportunidade de se manifestar arguindo que a
litispendência nas ações coletivas não pode seguir a literalidade no Código
Processo Civil. Ou seja, a litispendência nas ações coletivas não pode exigir uma
identidade geral de partes.
Nas ações coletivas existem autores que embora diversos, acabam por exercer a
mesma função jurídica, a mesma legitimação extraordinária conforme doutrina
majoritária.
Sim.
Litispendência: A aplicação de seu conceito (art. 301, par. 2º, CPC) em sede
coletiva: necessidade de identidade de função jurídica e a observância do limite
da competência territorial das ações envolvidas (STJ, REsp. 642.462/PR);
José dos Santos Carvalho Filho entende que sim. Para ele, se as leis que formam
o microssistema da tutela coletiva não trazem nada a respeito, tem de se utilizar
de forma subsidiária o CPC que manda extinguir o processo sem resolução do
mérito por litispendência uma das ações.
Se a conceituação da litispendência na tutela coletiva não atendeu o CPC, por
que a sua consequência atenderia?
Exemplo: Uma ação popular ajuizada de forma precária e dois meses depois
surge uma ação civil pública fruto de um inquérito civil de 3, 4 anos, com um
farto elemento probatório. A ação civil pública ficaria travada pela ação popular
anteriormente ajuizada, pois se o pedido é o mesmo e a causa de pedir é a
mesma, só mudando os autores, mas estão em idêntica situação jurídica, a ação
popular resistiria e a ação civil pública seria extinta sem resolução do mérito.
Exemplo: Uma ação popular e uma ação civil pública, que embora
litispendentes, possam ser reunidas. Permitindo tanto o cidadão pela ação
popular, quanto o Ministério Público ou a Defensoria Pública pela ação civil
pública, possam de per si exercer a tutela daquele interesse difuso, coletivo ou
individual homogêneo.
Apesar do entendimento do professor José dos Santos Carvalho Filho ser a mais
técnica, a mais literal, o entendimento da doutrina majoritária e da
jurisprudência atendem melhor o objetivo da tutela coletiva e a efetivação dos
interesses metaindividuais.
Haverá a reunião dos processos. Mas como será essa reunião? Qual será o juízo
prevento?
Há exceção?
Sim. Quando se tem a reunião de uma ação civil pública ajuizada na justiça
estadual e uma ação civil pública ajuizada na justiça federal, tem prevalecido o
entendimento de que haverá a reunião dos processos na justiça federal.
Não. O Art. 104 do CDC esclarece que não é possível haver litispendência, pois a
as partes são diferentes, os autores são diferentes e exercendo funções jurídicas
diferentes.
Exemplo: Quando o Ministério Público ajuíza uma ação civil pública, ele ajuíza
em favor da sociedade. Quando um particular ajuíza uma ação, ele ajuíza em seu
favor. As causas de pedir são diferentes, pois a causa de pedir do particular é
restrita à sua situação jurídica. O pedido é diferente, pois o pedido do particular
diz respeito à sua própria conjectura fática, às suas próprias circunstâncias, às
suas próprias particularidades e não da sociedade.
Portanto, parece óbvio a impossibilidade de ações individuais e ações coletivas.
O Art. 104 do CDC faz menções equivocadas ao Art. 81 do CDC, mas a própria
doutrina já fez a correção quanto à remissão no sentido de que não há
litispendência entre ações individuais e ações coletivas, pouco importando o
interesse tutelado.
Exemplo: Nada impede que haja uma ação popular que busque a anulação de
uma licitação e uma ação individual de um dos licitantes preteridos que também
certifique uma nulidade. Na ação individual, o licitante foi o segundo lugar na
licitação, quer derrubar o primeiro, e por conta disso alega uma ilegalidade
quanto ao vencedor da licitação, para que ele, o segundo lugar, seja o escolhido.
Na ação popular se quer derrubar a licitação inteira, pois houve um equívoco. A
causa de pedir é diferente, os pedidos são diferentes, portanto, não há que se
falar em litispendência.
Ada Pellegrini Grinover e Fredie Didier Jr. sustentam que se o Art. 104 do CDC
é expresso em dizer que não há litispendência entre ações individuais e ações
coletivas, logo não há litispendência entre mandado de segurança individual e
mandado de segurança coletivo.
Opt Out é o sistema norte americano, no qual aquele que ajuizou uma ação
individual e descobre que existe uma ação coletiva envolvendo o mesmo
interesse, irá até a ação coletiva e mostrará que não quer se inserir, e seguir pela
via tradicional.
O Brasil não adotou Opt In, nem o Opt Out. O Brasil adotou um Opt Out
Temperado, que na verdade não gerou benefício a ninguém.
Conforme o Art. 104 do CDC, os autores das ações individuais que estão
tramitando concomitantemente à uma ação coletiva, seriam notificados da
existência de uma ação coletivas e teriam o prazo de 30 dias para optar se
querem suspender suas ações, e aguardar o resultado da ação coletiva, ou, se
querem as suas ações individuais.
Pelo Art. 104 do CDC, uma vez notificada, a parte terá 30 dias para se
manifestar se quer suspender a sua ação individual aguardando o resultado da
sua ação coletiva, ou se não quer saber da ação coletiva e prosseguir na ação
individual.
Na prática, o Art. 104 do CDC é inócuo. Como a parte não é notificada, não sabe
da ação coletiva, e segue na via individual, acabando por gerar problemas. Pois a
parte acabe por conseguir o seu direito na via individual e posteriormente
descobre que em sede coletiva, este direito foi efetivado. Esta situação acaba por
gerar uma insegurança jurídica, porque haverá pessoas com o mesmo direito,
mas não tendo a mesma resposta do Poder Judiciário.
A tutela coletiva acaba se tornando inócua, pois se a parte não sabe da existência
da tutela coletiva, se a parte não sabe que existe uma ação civil pública
tramitando, tutelando interesses individuais homogêneos, como a parte irá se
beneficiar do eventual resultado dessa ação? Dificilmente. Pois poucos sabem da
existência da ação coletiva.
Acaba que o autor da ação individual não tem direito algum ao Opt Out, pois ele
será obrigado a se submeter à ação coletiva. O Art. 104 do CDC não trabalhou
com esta hipótese, o Art. 104 do CDC trabalhou com a hipóteses de o autor da
ação individual ser notificado e desejar ou não a ação coletiva. Se o autor deseja
a ação coletiva, ele suspende a sua ação individual e aguarda o resultado da ação
coletiva. Se o autor não deseja a ação coletiva, ele segue com a sua ação
individual. Deveria se respeita o autor, o Princípio da Demanda, mas o STJ
entende de modo diverso. O STJ vem permitindo que pode haver suspensão de
ofício das ações individuais. Apesar de trazer maior segurança jurídica, maior
padronização das decisões, traz também uma violação ao Art. 104 do CDC.
Não se trata de litispendência, pois nesse caso já houve coisa julgada. O Art. 18
da Lei 4.717/65 e o Art. 103 do CDC afirmam que se a sentença de mérito de
improcedência se deu por insuficiência de provas, ou seja, a coisa julgada
secundum eventum probationes, é possível a propositura de ação civil pública
normalmente. Se a coisa julgada material se deu por qualquer outro motivo, não
seria mais possível a propositura da ação civil pública.
Quando a ação civil pública foi proposta, foi proposta com idênticos pedidos e
causas de pedir da ação popular já encerrada e com sentença de mérito de
improcedência transitada em julgado.
Com relação ao objeto da ação popular, o inquérito civil terá de haver promoção
pelo arquivamento do inquérito civil. Se há uma ação popular tramitando,
poderia ser tentada a lavratura de um termo de ajustamento de conduta, salvo
isso, não haveria o que fazer, para aqueles que entendem que a litispendência
em tutela coletiva gera a extinção do processo sem resolução do mérito.
Não haveria um prejuízo, ainda que se verifique mesmo réu, mesma causa de
pedir e mesmos pedidos. Como os autores estão exercendo a mesma função
jurídica, há litispendência sim. Mas segundo Fredie Didier Jr, Robson Renault
Godinho e julgados do STJ, não ocorrerá a extinção do processo, mas sim a
reunião dos processos. Na reunião dos processos, o Ministério Público poderá
atuar como interveniente na ação popular e como autor na ação civil pública.
Pois o Ministério Público será custos legis na ação popular e autor na ação civil
pública.
Conexão Em Ações Coletivas
Supera essa premissa, a conexão nas ações coletivas terá a mesma característica
do processo civil tradicional, ou seja, quando se fala em conexão o objetivo é de
se evitar decisões conflitantes. A conexão deixa de ser adstrita à comunhão de
objeto e causa de pedir entre duas ou mais ações, e passa a ter um caráter
finalístico, ou seja, a conexão será aplicada quando houverem duas ou mais
ações onde haja risco de decisões conflitantes. Nas ações coletivas, a
aplicabilidade da conexão é a mesma.
Na continência nas ações coletivas, haverá duas ou mais ações onde o objeto de
uma está inserido no objeto da outra. Tem de se tratar de ações em trâmite. Há
duas ações tramitando, onde o objeto de um se encontra abrangido pelo da
outra.
Ou seja, se já foi julgada uma das demandas, sendo esta a demanda de menor
pedido abrangente, se extingue em relação à demanda de maior pedido
abrangente aquilo que já foi julgado na demanda de menor pedido abrangente, e
prossegue no julgamento dos demais pedidos da demanda de maior pedido
abrangente.
Segundo alguns autores, como Hugo Nigro Mazzili, Calmon de Passos e Teori
Albino Zavascki, há a continência entre a ação coletiva e a ação individual. Não
parece ser a melhor posição, pois há uma diferença clara na causa de pedir da
ação individual e da ação coletiva, o pedido da ação individual não
necessariamente está encartado na ação coletiva.
Ricardo Leonel e Fredie Didier Jr. entendem que não há continência entre ação
individual e ação coletiva que tutele interesses individuais homogêneos. Ainda
que houvesse a continência, se usassem de suas consequências, isso iria trazer
um caos ao Poder Judiciário.
Logo, não há que se falar em uma continência que não suscita reunião dos
processos, nem suspensão do processo prejudicado.
Há possibilidade de continência entre ação coletiva com tutela de interesse
individual homogêneo e demanda individual ? NÃO, Ricardo Leonel e Didier
Jr.; Sim, Mazzilli, Calmon de Passos e Zavascki (entre MS individual e coletivo)
e STJ, REsp. 163483/RS:
Não. Por conta disso, não há que se falar em continência entre ações individuais
e ações coletivas. Ou seja, não são litispendentes, não são conexas e não são
continentes.
Exemplo 1: O Ministério Público ajuíza uma ação civil pública buscando a tutela
do meio ambiente verificando que houve um desmatamento. Não houve prova
pericial produzida no inquérito civil, e por conta disso, pede-se comente o
reflorestamento da área. Na fase probatória, se realiza a prova pericial buscando
se evidenciar os principais danos ao meio ambiente e se verifica que além do
desmatamento, houve envenenamento do solo, envenenamento de um lençol
freático. Há a prova pericial não fase probatória, com a demanda já estabilizada
no ponto de vista subjetivo no ponto de vista objetivo, mas na fase probatória se
encontraram outros danos que suscitariam outros pedidos, outras obrigações de
fazer requeridas na petição inicial que não o foram, pois não se conhecia o dano.
Para os processualistas mais formalistas, não haveria o que se fazer e que os
demais danos deveriam ser perseguidos por meio de outra ação civil pública. Na
prática, o Ministério Público deveria ajuizar uma nova ação coletiva, e esta outra
ação coletiva seria reunida por conexão à primeira ação civil pública já proposta.
Por conta disso, tem de se ter uma flexibilidade maior de causa de pedir e de
pedido.
No Art. 322 §2ºdo NCPC diz que pedido no processo civil tem de ser
interpretado pelo conjunto da postulação e pela boa-fé.
Não se pode permitir que a tutela do meio ambiente seja procrastinada por
conta de uma questão meramente formal. É por conta disso, que Hugo Nigro
Mazzilli, Barbosa Moreira, Teori Albino Zavaski sustentam que nesse caso tem
de haver uma flexibilização mais ampla do pedido, da causa de pedir. A causa de
pedir é o dano ao meio ambiente, ou seja, novas consequências jurídicas, se
novos danos forem descobertos em uma prova pericial, que se intime as partes
para que o autor faça os devidos requerimentos e pedidos de obrigação de fazer
ou não fazer, consequência dos danos recém descoberto, e para que o réu se
manifeste contrariamente a esses pedidos.
O pedido nas ações coletivas
Diferença Entre Tutela de Urgência nas Ações Coletivas e nas Ações Individuais
2ª Diferença: O Art. 2º da Lei 8.437/92 e Art. 22 §2º da Lei 12.016/09 são dois
dispositivos queiram tutelar a possibilidade ou não de concessão de medidas
cautelares e antecipatórias de liminares inaudita altera pars em face do poder
público. Isto causa devida estranheza, pois quando se está ajuizando de uma
ação civil pública em face de um ente privado é possível a concessão de liminar
inaudita altera pars sem problemas. Mas quando se está diante de um ente
público, de uma pessoa jurídica de direito público, as coisas se complicam, pois
de acordo com o Art. 2º da Lei 8.437/92 e o Art. 22 §2º da Lei 12.016/09, em
tese não é possível a concessão de tutela inaudita altera pars, não é possível a
concessão de liminar inaudita altera pars. Nestes dispositivos toda vez que
alguém requerer em uma inicial ou em uma cautelar preparatória a concessão
de uma liminar inaudita altera pars , o juiz é obrigado a notificar o ente público,
dando ciência do pleito de urgência e dando 72 horas e o ente público para que
ele possa se manifestar. Portanto, só poderá haver liminar após a notificação e o
prazo de 72 horas para manifestação. Ou seja, há um impedimento de liminar
inaudita altera pars em processo coletivo. É por conta disso que não se vê uma
cautelar em ação civil pública, ou uma ação civil pública em plantão judiciário.
Pois a regra é da impossibilidade de concessão de liminar inaudita altera pars
em ação coletiva em face do poder público. O interessante é que quando o Art.
2º da Lei 8.437/92 traz esta limitação, que por ser norma especial deveria ter
interpretação restritiva faz alusão à ação civil pública e ao mandado de
segurança coletivo. O Art. 22 §2º da Lei 12.016/09 só faz menção mandado de
segurança coletivo. Mas e as ações populares? Também sofrem essa restrição?
Sim, para o STJ as ações populares também sofreram esta restrição, porque a
ação popular tutela interesses difusos assim como a ação civil pública, se ação
civil pública tem esta limitação, ação popular também a terá. Este entendimento
é um absurdo.
Toda vez que se tratar de tutela de urgência em face de ente público, haverá
obrigatoriedade do juiz primeiro notificar o ente público, dando ciência da
tutela de urgência pleiteada 72 horas para o ente público para se manifestar.
Somente após esse procedimento que poderá ser concedida ou não a liminar.
Por mais que a doutrina crítica, Cassio Scarpinella Bueno, Hermes Zaneti
Júnior e Garcia Medina, sejam contra estas regras, elas são de plena
aplicabilidade.
Tutela de urgência e inibitória: ação civil pública - arts. 4º e 12, caput, da Lei
7347/1985;
Limitações: art. 2º, 8437/1992 e 22, par. 2º, 12016/2009 (MS coletivo e ação
civil pública – STJ, REsp. 88583/SP; Inaplicabilidade às ações populares?
Arnoldo Wald X STJ, REsp. 73083/DF); Conseqüência da inobservância:
nulidade do provimento liminar – STJ, REsp. 667939/SC X Scarpinella Bueno,
Hermes Zanetti Jr. e Garcia Medina;
O STJ verifica que as limitações às liminares inaudita altera pars nas ações
coletivas são a regra. Mas há julgados do STJ que diz que em casos excepcionais
há mitigação à regra do Art. 2º da Lei 8.437/92, aceitando a concessão de
antecipação de tutela sem oitiva do poder público quando presentes os
requisitos legais para conceder medida liminar em ação civil pública. Nestes
casos não ficou comprovado qualquer prejuízo ao ente público pelo fato de não
ter sido ouvido previamente quando a concessão da medida.
Da decisão, cabe agravo para o Órgão Especial: art. 3º, I, RITJRJ e art. 15,
caput, 2ª parte e par. 1º. 12016/2009 – Desta decisão ainda cabe novo pedido
de suspensão, dirigido ao Presidente do STJ ou STF – art. 4º, par. 4º e 5º,
8437/1992 e 12, par. 1º, 7347/1985;
Uma vez feito o pedido e concedida a suspensão dos efeitos da liminar, seja pelo
presidente do Tribunal, seja pelo presidente do STF ou do STJ, esta decisão
perdurará até o trânsito em julgado da decisão da ação civil pública. Isto é
aterrorizante, porque o juiz irá proferir uma sentença de cognição plena e
exauriente, diferente da decisão deste incidente, onde o presidente atua em
cognição superficial. O ente público irá recorrer, e enquanto isso a sentença não
produzirá efeito algum e prevalecerá a decisão que suspendeu os efeitos da
liminar. Este dispositivo viola de morte o princípio da cognição. Não pode uma
cognição superficial prevalecer sobre uma cognição plena. Mas infelizmente este
é o entendimento do STJ e do STF.
Portanto, uma vez concedida a suspensão dos efeitos da liminar, esta suspensão
durará até o trânsito em julgado da decisão de mérito do processo principal.
O entendimento que prevalece é que sim. O STJ entende de modo diverso, mas
para o STF prevalece o entendimento que sim.
Exemplo: Em uma ação civil pública envolvendo dano local que tramitou na
Comarca de São Gonçalo foi concedida a suspensão dos efeitos da liminar pelo
presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Surge uma ação
civil pública em Niterói com a mesma questão. Ente público ao invés de ajuizar
outro incidente processual, ele não precisa. Bastar ao ente público peticionar
que aquela decisão que suspendeu os efeitos da liminar na ação civil pública
proposta em São Gonçalo se aplique ação civil pública proposta em Niterói.
Não. Segundo a doutrina e o STJ não. Nestes casos, o risco, o periculum in mora
é presumido.
O Art. 7º da Lei 8.429/92 começa com um equívoco, pois quando ele fala da
cautelar indisponibilidade de bens se dá legitimidade exclusiva para o
Ministério Público. Se para ajuizar ação principal de improbidade
administrativa tem a possibilidade de legitimação pelo Ministério Público e pela
pessoa jurídica de direito público lesada, se a legitimidade para propor ação
principal de improbidade administrativa é do Ministério Público e da pessoa
jurídica de direito público, como a cautelar só pode ter como legitimado o
Ministério Público?
Isso não faz sentido nenhum. Isso é subordinar a tutela do erário ao Ministério
Público. A pessoa jurídica de direito público pode pleitear a ação de
improbidade administrativa em face do agente público, mas não pode pleitear a
cautelar de indisponibilidade de bens, pois conforme o Art. 7º da Lei 8.429/92
só tem legitimidade o Ministério Público.
Por conta disso, é que o Art. 16 da Lei 8.429/92 quando se refere a cautelar de
sequestro, na verdade se trata de cautelar de arresto. Porque se busca todo e
qualquer bem necessário para garantir a reparação do dano, tendo o bem
congruência com o ato de improbidade ou não, mesmo que os bens tenham sido
adquiridos anteriormente ao suposto ato de improbidade administrativa, estes
bens podem ser atingidos pela cautelar de sequestro/arresto. Na improbidade
administrativa, a tutela de urgência se estende de forma mais ampla do que a
própria lei determina.
Por gerar esta dificuldade é que o STJ afirma que o Art. 20 da Lei 8.429/92 não
é a regra, mas sim a exceção. Ou seja, para que se determine o afastamento do
cargo como medida liminar, tem de haver prova que esse agente possa dificultar
a instrução do processo. Não há necessidade de se provar que o agente já causou
obstáculo à instrução do processo, bastando se provar de forma hipotética que
existe a possibilidade de obstar a efetividade daquele processo. Por conta disso,
o agente será afastado.
AULA 4
Legitimidade
Quando se vai no Art. 5º LXXVI da CF, se prevê que somente o cidadão pode
ajuizar ação popular. A Constituição se utilizou como forma específica para
determinar o cidadão como legitimado para a propositura de ação popular.
Portanto, não caberá a norma infraconstitucional modificá-la ou acresce-la.
Existem duas ações metaindividuais, a ação popular que tutela interesse difusos,
e o mandado de segurança coletivo que tutela interesses difusos, coletivos e
individuais homogêneos, que na verdade se utilizam de um rol de legitimados
diverso da ação civil pública porque assim quis a Constituição.
E ainda há terceira exceção está nos Arts. 16 e 17 da Lei 8.429/92. A lei de
improbidade administrativa expressamente se determinou um rol diferenciado
de legitimados. Só sendo legitimados para a ação de improbidade
administrativa, o Ministério Público e a pessoa jurídica de direito público
interessada.
Previsão legal: art. 5º, Lei 7347/1985, com redação dada pela Lei Federal nº
11448/2007; A relação entre este dispositivo e outras regras de legitimidade em
ACP: art. 82, CDC; Art. 210, ECA; Art. 81, 10741/2003: construção de um único
sistema de legitimidade – Mazzilli, Didier Jr., Humberto Dalla; exceções: art.
16, 8429/1992 e art. 5º, LXX e LXXIII, CRFB;
1. Autônoma
Autônomo, pois permite o seu exercício independentemente da presença de
outro legitimado.
2. Exclusiva
Exclusiva, porque a lei determina o rol de legitimados. Não é possível se incluir
legitimados que não estejam previstos em lei.
Exemplo: O cidadão pode ajuizar ação popular, mas não pode ajuizar ação civil
pública, pois assim a lei não permite.
3. Concorrente
Concorrente, porque ambos os legitimados terão as suas prerrogativas no
exercício de sua legitimidade. Ambos os legitimado têm as mesmas
prerrogativas no manejo da ação civil pública.
4. Disjuntiva
Disjuntiva, porque ainda que existe uma opinião negativa de um dos
legitimados acerca da propositura de uma ação civil pública, nada impede que o
outro legitimado o faça.
Exemplo: Ainda que haja um inquérito civil arquivado pelo Ministério Público,
nada impede que aqueles fatos investigados e que foram arquivados pelo
Ministério Público sejam objetos de uma ação civil pública ajuizada pela
Defensoria Pública. Porque a legitimidade é disjuntiva.
Exemplo 1: O Ministério Público quando ajuíza uma ação civil pública está
cumprindo a sua função institucional. O Ministério Público estará tutelando em
nome próprio um interesse próprio.
Exemplo 2: A associação quando ajuíza uma ação civil pública está cumprindo
somente a sua razão de ser de associação. A associação ajuíza a sua ação em
interesse próprio, cumprindo a sua finalidade.
3º Entendimento - Nelson Nery Jr.: A legitima das ações coletiva é política, pois
a lei por critério políticos determinou quais seriam os legitimados.
A tese da legitimação política não é acolhida no Brasil, pois não quer dizer nada.
O fato de dizer que foram critérios políticos que elencaram esses legitimados
como os únicos para propor ação civil pública não quer dizer nada. Todo critério
legal não deixa de ser um critério político.
Ilegitimidade
Exemplo: Uma associação que não esteja pré-constituída, que não tenha
registro no registro civil de pessoas jurídicas, uma associação de fato. Irá se
extinguir a ação proposta por essa associação de fato por ilegitimidade ativa?
Mas não é isso que entende o STJ. O STJ tem entendimento tranquilo de que o
fato de haver uma ilegitimidade ativa ou uma irregularidade na representação
processual não implica na extinção do processo. Terá de se abrir oportunidade,
seja intimando o Ministério Público, seja publicando editais, para que outro
colegitimado possa assumir a demanda.
E a legitimidade passiva?
Em tese, todo ente infrator pode ocupar o polo passivo de uma ação.
Será que o Ministério Público pode requer a sua inclusão no polo passivo de
uma ação?
Para Pedro da Silva Dinamarco, Hugo Nigro Mazzilli, Marcelo Abelha Rodrigues
não é possível, porque não tem previsão legal.
A partir desse momento surgem diversas polêmicas, dentre elas a ADI 3943 que
foi ajuizada contra a Lei 11.448/07, entendendo que conceder legitimidade à
Defensoria Pública seria inconstitucional. Essa ação foi julgada improcedente.
José Miguel Garcia Medina, Luis Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim,
Hugo Nigro Mazzilli e o STJ no Informativo 541 defenderam que em relações
aos interesses coletivos e individuais homogêneos há a necessidade de
demonstração que hipossuficientes estão ali abrangidos pelo interesse jurídico
tutelado. Haveria necessidade de se provar, de se demonstrar que aquele
interesse metaindividual violado também integra a esfera de direitos e garantias
de hipossuficientes. Esta posição parte de um pressuposto, de uma premissa
jurídica equivocada. A premissa equivocada é a de que a Defensoria Pública só
tutela interesses de hipossuficientes econômicos, o que não é verdade. A
Defensoria Pública tutela interesses de hipossuficientes jurídicos.
A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa
de interesses individuais homogêneos de consumidores idosos que tiveram
plano de saúde reajustado em razão da mudança de faixa etária, ainda que os
titulares não sejam carentes de recursos econômicos. A atuação primordial da
Defensoria Pública, sem dúvida, é a assistência jurídica e a defesa dos
necessitados econômicos. Entretanto, ela também exerce atividades de auxílio
aos necessitados jurídicos, os quais não são, necessariamente, carentes de
recursos econômicos. Isso ocorre, por exemplo, quando a Defensoria exerce as
funções de curador especial (art. 9º, II, do CPC) e de defensor dativo (art. 265
do CPP). No caso, além do direito tutelado ser fundamental (direito à saúde), o
grupo de consumidores potencialmente lesado é formado por idosos, cuja
condição de vulnerabilidade já é reconhecida na própria Constituição Federal, a
qual dispõe no art. 230 que: "A família, a sociedade e o Estado têm o dever de
amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade,
defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida". Dessa
forma, A expressão 'necessitados' (art. 134, caput, da Constituição), que
qualifica, orienta e enobrece a atuação da Defensoria Pública, deve ser
entendida, no campo da Ação Civil Pública, em sentido amplo, de modo a
incluir, ao lado dos estritamente carentes de recursos financeiros - os miseráveis
e pobres -, os hipervulneráveis (isto é, os socialmente estigmatizados ou
excluídos, as crianças, os idosos, as gerações futuras), enfim, todos aqueles que,
como indivíduo ou classe, por conta de sua real debilidade perante abusos ou
arbítrio dos detentores de poder econômico ou político, 'necessitem' da mão
benevolente e solidarista do Estado para sua proteção, mesmo que contra o
próprio Estado". EREsp 1.192.577- RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
21/10/2015.
Legitimidade da OAB
Houve uma discussão muita mais doutrinária do que jurisprudencial, até que
me 2013 a jurisprudência muda o entendimento.
A OAB sempre pode ajuizar ação civil pública em favor de seus membros e o STJ
sempre acolheu essa prerrogativa.
Só que o Art. 81, III do Estatuto do Idoso elenca a OAB como legitimada na
tutela de interesses metaindividuais de idosos.
A OAB então poderia ajuizar ação civil pública fora dos interesses de seus
membros, não só em favor do idoso, como diz o Art. 81, III do Estatuto do
Idoso?
O STJ muda o seu entendimento em 2013, e afirma que a OAB tem plena
legitimidade face ao escopo do Art. 44 do Estatuto da OAB. A OAB tem
legitimidade irrestrita para ajuizar ação civil pública.
Legitimidade da Associação
A Lei 6.015/73 traz a forma de constituição das pessoas jurídicas, inclusive das
associações em sede de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, e quanto a isso não
há dispensa. O que há dispensa é quanto à exigência do lapso temporal de um
ano.
O Art. 5º §4º da Lei 7.347/85 e no Art. 82 §1º do CDC se verifica que de acordo
com interesse tutelado pode ser dispensado o requisito do lapso temporal de 1
ano contado da data da constituição da ação para a data do ajuizamento da ação.
Essa dispensa dependerá do interesse tutelado e de peculiaridades da própria
ação.
Estas normas têm como objetivo conter associações criadas tão somente para o
ajuizamento de ação civil pública. Para evitar esse detalhe, há a possibilidade de
afastamento de não exigência do lapso temporal de acordo com as
peculiaridades do caso concreto.
Existe um julgado do STJ que diz que a legitimidade das associações não
dependeria do lapso temporal, se esse lapso temporal for atingido durante o
trâmite da ação. O curioso é que dificilmente uma ação civil pública uma durará
menos que 1 ano, a não ser que a inicial seja indeferida, que haja julgamento
antecipado da lide etc. Nesse caso, haveria dispensa do requisito de no mínimo
de um ano de existência da associação, pois do momento em que se ajuíza a ação
e se conclui a ação, fatalmente o lapso temporal de um ano seria atingido
durante o trâmite da ação.
A exceção à essa regra é o Art. 2-A da Lei 9.494/97. Esta lei não tem um único
liame temático, pois ela trata de tutela coletiva, tutela antecipada, juros de mora
etc. A Lei 9.494/97 trata da Fazenda Pública em juízo. O Art. 2-A da Lei
9.494/97 prevê uma exigência nas ações civis públicas ajuizadas por associações
contra os entes públicos. A regra é que a associação não precisa de autorização
de assembleia para ajuizar ação civil pública, nem juntar lista nominal de
associados. Mas se a ação civil pública ajuizada pela associação for contra o ente
público, a associação pelo Art. 2-A da Lei 9.494/97 será obrigada a trazer prévia
autorização de assembleia e relação nominal dos associados que residem nos
limites territoriais do órgão prolator da decisão e que irão ser beneficiados pela
decisão da ação civil pública. Essa exceção é chancelada pelo STJ.
Se a associação ajuizar ação civil pública contra qualquer ente privado, não
precisará de autorização de assembleia, nem de lista nominal dos associados.
Se a associação ajuizar ação civil pública contra qualquer ente público, precisará
de autorização de assembleia e de lista nominal dos associados residentes na
comarca, ou seja, no limite territorial do órgão prolator da decisão. Somente os
associados que constarem na lista no momento da propositura da ação serão
beneficiados.
Uma associação pode ajuizar ação civil pública em favor de parte dos
associados?
Sim. Muitas das vezes pode haver parte da categoria sendo atingida em uma
prerrogativa, e a associação ajuíza ação civil pública em favor de parte daquela
categoria. Por se uma associação e representar os interesses da categoria,
poderá haver tutela dos interesses de parte da categoria, mas não contrariando
os interesses de outra parte da categoria. Se houver contrariedade aos interesses
de parte da categoria, a associação perde a sua legitimidade como associação.
Uma associação ajuizar ACP interesse de apenas parte de seus associados? SIM,
Mazzilli e Didier Jr. e STJ, REsp. 431.239/MG; Mesmo quando contrariem
outros associados? NÃO, STJ, RMS 15311/PR;
O sindicato ajuizou uma ação civil pública em face do Estado. Por se tratar de
uma ação civil pública, contra o ente público, haveria a tendência de aplicação
do Art. 2-A Parágrafo Único da Lei 9.494/97. Só que nesta situação, este
dispositivo não pode ser aplicado por se tratar de um sindicato. Conforme o
entendimento do STF, o sindicato não precisa de autorização de assembleia, não
precisa juntar lista nominal de sindicalizados. O fato do sindicato ser de um
município não impede que ele tutele o interesse de toda a categoria dos
professores. Se o sindicato quer tutelar o interesse de toda a categoria, se
trataria de um dano regional. Portanto, conforme o Art. 93, III da CDC, o
sindicato deveria ajuizar a ação na Comarca da Capital. Não se busca tão
somente a tutela dos interesses dos profissionais de educação do município, mas
sim da categoria como um todo. Além disso, por haver ações individuais em
trâmite, deverá se aplicar o Art. 104 do CDC, ou seja, as ações individuais só se
beneficiariam da ação coletiva se notificadas da ação coletiva e suspensas dentro
do prazo de 30 dias contados da notificação. Cabe ressaltar o entendimento do
STJ pela possibilidade da suspensão das ações individuais ex officio,
aguardando o resultado da ação coletiva.
Em síntese:
Mas até que ponto, um partido político pode ajuizar uma ação civil pública?
José Carlos Barbosa Moreira e o STJ afirmavam que o partido político pode
ajuizar ação civil pública desde que observada a finalidade institucional
específica.
Alguns partidos visam a tutela do meio ambiente, logo poderiam ajuizar ação
civil pública para tutelar o meio ambiente. Outros partidos políticos, teriam um
viés ligado às questões trabalhistas, logo poderiam ajuizar ação civil pública
para a manutenção de garantias trabalhistas.
Portanto, esta análise será conforme o caso concreto. Tem de haver a análise da
pertinência temática. Não se analisa se o partido político tem ou não tem
interesse, mas sim se há pertinência temática para o ajuizamento da ação civil
pública. Se há inclusão na especificidade do partido a tutela daquele
determinado interesse.
Fredie Didier Jr. que sustenta a tese da representatividade adequada, acha que
por esse viés, haveria uma forma mais clara de análise.
Em relação aos órgãos despersonalizado, o Art. 82, III do CDC permite que uma
secretaria de defesa do consumidor possa ajuizar uma ação civil pública, mas
tão somente em sede consumerista. O órgão despersonalizado não está no Art.
5º da Lei 7.347/85, mas somente no Art. 83, III do CDC. Então os órgãos
despersonalizados só poderão ajuizar ação civil pública em questões que tratam
de defesa do consumidor.
Hugo Nigro Mazzilli e Nelson Nery Jr. sustentam que a lei fala em fundações,
não cabendo ao hermeneuta limitar onde não houve limitação legal. Logo, tanto
as fundações de direito público, quanto às fundações de direito privado,
também poderiam ajuizar ação civil pública.
Teori Albino Zavascki e José dos Santos Carvalho Filho entendem que a redação
anterior do Art. 5º da Lei 7.347/85 na realidade consagrava as fundações de
direito público como únicas legitimadas para a tutela dos interesses difusos,
coletivos e individuais homogêneos. O fato da redação ter sido alterada pela Lei
11.448/2007 e hoje a redação dizer respeito tão somente a fundações, não quer
dizer que necessariamente se excluiu o antigo entendimento de que só
fundações de direito público podem ajuizar ação civil pública. Por isso, embora
a lei fale somente em fundações, haverá a possibilidade exclusiva das fundações
de direito público em serem legitimadas à propositura de direito público.
União, Estados, Municípios e Distrito Federal podem ajuizar ação civil pública?
Sim. União, Estados, Municípios e Distrito Federal podem ajuizar ação civil
pública.
Exemplo: A União poderia ajuizar uma ação civil pública para tutelar o interesse
de caráter municipal, local? O Município poderia ajuizar uma ação civil pública
para tutelar o interesse de caráter nacional?
Na lei não há qualquer limitação nesse sentido. Por conta disso, o STJ permite.
José dos Santos Carvalho Filho entende que há uma restrição territorial.
Hugo Nigro Mazzilli e Fredie Didier Jr. entendem que não há restrição
territorial, porque não restrição legal. Se a lei não restringe, não cabe ao
hermeneuta fazer a restrição. Por isso não há nenhuma sujeição de limitação
territorial no caso dos entes da administração pública direta.
E os entes da Administração Pública Indireta?
Não há razão dos entes públicos federativos terem que demonstrar pertinência
temática, já que todos eles têm de zelar pelo bem-estar comum.
O Ministério Público, conforme o Art. 129, III da CRFB, tem atribuição para
presidir o inquérito civil e tutelar interesses difusos e coletivos. No Art. 129, III
da CRFB não há menção aos interesses individuais homogêneos. Mas o Art. 129,
III da CRFB não pode ser interpretado isoladamente no sistema. O Art. 129, III
da CRFB deve ser interpretado com os demais artigos da Constituição. Quando
se vai no Art. 127 Caput da CRFB e se vê que o Ministério Público defende a
ordem jurídica, o Estado Democrático de Direito, os direitos individuais
indisponíveis, se chega à conclusão que os interesses individuais homogêneos,
face à relevância social irão suscitar a tutela pelo Ministério Público.
Talvez não.
Essa questão já foi diversas vezes no STJ, e o STJ têm julgados permitindo a
tutela do interesse individual heterogêneo. O STJ apesar de perceber de que não
se trato do meio adequado, que nada impede que o Ministério Público ajuíze
uma ação individual em favor do menor, do idoso e do deficiente.
Não se trata de mero erro de nomenclatura. Pois o regime jurídico de uma ação
civil pública é completamente diferente de uma ação individual. Como, por
exemplo, o regime de coisa julgada que é muito diferente. Não se trata de mero
erro de nomen juris, mas sim, a aplicação daquela sentença em favor de outras
pessoas, e não só daquela pessoa mencionada na ação civil pública.
Ministério Público: art. 129, III, CRFB – outros interesses difusos e coletivos
(lato sensu ou stricto sensu ??) Interpretação sistemática com o art. 127, caput,
CRFB: Mazzilli, Carvalho Filho, Didier Jr., Marinoni; interesses individuais
homogêneos: STF, R.E. 163231/SP e 472489/PE;
Exemplos – STJ:
Até o início de 2016 se entendia que o Ministério Público não tinha legitimidade
para tutelar por ação civil pública interesses de beneficiários do seguro DPVAT,
pois trata-se de um direito individual homogêneo, porém disponível, tanto é que
prescreve. O STJ tanto entendeu assim, que sumulou a questão na Súmula 470
do STJ.
A Súmula 470 do STJ foi cancelada, permitindo que seja possível o ajuizamento
de ação civil pública pelo Ministério Público para tutelar interesses individuais
homogêneos a favor dos beneficiários do seguro DPVAT.
O Art. 5º, LXXIII da CRFB diz que o cidadão é o único legitimado para a
propositura da ação popular.
Um rapaz de 16 anos, que tenha título de eleitor, pode ajuizar ação popular?
Sim, pois ele é cidadão. Um rapaz de 16 anos, que tenha título de eleitor, pode
ajuizar ação popular desde que devidamente assistido, porque a Constituição
não entrou na seara da assistência e da representação.
A Súmula 365 do STF diz que pessoa jurídica não pode ajuizar ação popular. E
nem poderia, porque pessoa jurídica não é cidadão. Quando se fala em pessoa
jurídica, se fala em qualquer ente.
Existia uma história falaciosa no passado de que alguns autores entendiam que
a Defensoria Pública poderia ajuizar ação popular. A Defensoria Pública nunca
pôde ajuizar ação popular. A Defensoria Pública pode exercer a capacidade
postulatória em favor de um cidadão, e este cidadão ter legitimidade para a
propositura de ação popular. Mas não há sentido algum em exigir a legitimidade
da Defensoria Pública para o ajuizamento da Ação Popular.
Capacidade Eleitoral
Exemplo: X é um cidadão e tem um título de eleitor da cidade de Maricá. X
poderá ajuizar uma ação popular em Niterói?
Sim.
O Ministério Público na ação popular funciona como fiscal da lei, ou seja, custos
legis.
O Ministério Público não pode ser autor originário da ação popular, mas o
Ministério Público poderá ser legitimado superveniente na ação popular.
O Ministério Público não pode ajuizar uma ação popular, mas poderá ser autor
superveniente de uma ação popular, conforme Art. 9º da Lei 4.717/65.
Conforme o Art. 9º da Lei 4.717/65, o cidadão desiste da ação popular, o juiz
publicará editais. Se nenhum cidadão assumir o polo ativo da demanda, como
sucessor processual, o juiz remeterá os autos ao Ministério Público. Se o
Ministério Público entender que a desistência foi bem fundamentada, não
existindo elementos de violação a interesse difusos, o Ministério Público não
sucederá o polo ativo da relação jurídica processual e a ação será extinta por
desistência. Se o Ministério Público entender que desistência foi infundada,
existindo elementos que comprovem a violação de interesses difusos, o
Ministério Público passará a figura como autor da ação popular. O Ministério
Público não é legitimado originário para a propositura na ação popular, mas é
legitimado superveniente.
Sim. Não há óbice para que o Ministério Público seja assistente na ação popular.
Apesar de não ser usual.
Sim. Não há óbice para que a associação seja assistente na ação popular.
Ação popular: art. 5º, LXXIII, CRFB (Zavascki x José Afonso da Silva):
necessidade de comprovação da aptidão para o exercício de participação política
(STJ, REsp. 538240/MG): a legitimidade de menores de 18 anos e maiores de
16 anos; Súmula 365, STF e sua interpretação extensiva;
Mas e a União que emprestou esse dinheiro para o município? A União foi
prejudicada?
A União é interessada?
Sim. A União é interessada, porque a União pode ter anunciado em uma placa
que ali realizaria uma obra com o patrocínio do governo federal, e que de
repente, isso danifique a imagem na União. Portanto, a União tem a
possibilidade de ajuizar uma ação de improbidade administrativa. A União não
foi a pessoa jurídica prejudicada, mas é a pessoa jurídica interessada.
Houve, portanto, o conteúdo das súmulas 629 e 630 do STF anexado aos
legitimados do mandado de segurança previstos no Art. 21 da Lei 12.016/2009.
A Lei 12.016/2009 não faz essa previsão. Mas ao analisar o Art. 212 §2º do
Estatuto da Criança e do Adolescente, se prevê a possibilidade do Ministério
Público e outros legitimados da tutela coletiva de impetrarem uma ação
mandamental que proteja direito líquido e certo de criança e adolescente. E só
existe uma ação mandamental que protege direito líquido e certo, sendo esta
ação o mandado de segurança.
O Art. 212 §2º do Estatuto da Criança e do Adolescente foi sufragado pela Lei
12.016/2009?
Enrico Ferrarezi, aluno da professora Ada Pellegrini Grinover, traz esta alusão e
informa que o Art. 212 §2º do Estatuto da Criança e do Adolescente traz a
previsão de uma ação mandamental que protege direito líquido e certo, e que
pode ser manejada pelo Ministério Público. Esta ação não seria o mandado de
segurança coletivo? Em tese, sim, mas não há nenhuma discussão
jurisprudencial acerca desta questão.
Existe a ação civil pública, porém o rito mandamental é muito mais célere do
que o rito ordinário de uma ação civil pública. Então seria importante contar
com o mecanismo do mandado de segurança para tutelar interesse difuso. Mas
o Art. 21 Parágrafo Único da Lei 12.016/2009 não diz nada acerca desta
possibilidade.
Mandado de Segurança coletivo - art. 5º, LXX, CRFB: os partidos políticos com
representação no Congresso Nacional, a organização sindical, a organização
sindical, a entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano: defesa dos interesses de seus membros e
associações.
Outra questão importante diz respeito ao Art. 22 §1º da Lei 12.016/2009. O Art.
22 §1º da Lei 12.016/2009 diz que toda vez que houver a concomitância de
mandado de segurança individual e mandado de segurança coletivo, para que os
autores dos mandados de segurança individuais possam se beneficiar dos
resultados do mandado de segurança coletivo, eles terão que desistir do
mandado de segurança individual. Esta situação de desistência é complicada,
pois se o autor individual desistir do mandado de segurança individual, e o
mandado de segurança coletivo posteriormente for extinto sem a resolução do
mérito, o autor individual perderá o prazo decadencial de 180 dias do mandado
de segurança individual. Trata-se de um problema grave. Na prática, ninguém
desistir do mandado de segurança individual, ficando esvaziado o mandado de
segurança coletivo.
Muita gente critica o dispositivo, pois traz uma situação jurídica pior que o Art.
104 do CDC, que diz que para haver benefício da ação coletiva, deve-se
suspender a ação individual. Na ação civil pública, se suspende ação individual
para haver o benefício da ação coletiva.
AULA 5
Aula 05
Litisconsórcio e intervenção de terceiros
Esse entendimento, apesar de respeitado, não é adotado pelo STJ, nem pela
doutrina majoritária, nem pelo ponto de vista institucional do Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro. O entendimento hoje é da possibilidade de
litisconsórcio entre Ministérios Públicos. Com base na doutrina de Nelson Nery
Jr., Fredie Didier Jr., Hugo Nigro Mazzilli, José dos Santos Carvalho Filho e
Emerson Garcia, existe a possibilidade de litisconsórcio entre Ministérios
Públicos, pois os fatos da instituição ser una em sede constitucional, a mesma
Constituição estabeleceu estruturas organizacionais diversas de Ministério
Público, cada uma com sua autonomia administrativa e financeira. Por conta
disso, é plenamente possível o litisconsórcio entre Ministérios Públicos.
b) Possibilidade (Nelson Nery Jr., Didier Jr., Mazzilli, Carvalho Filho e Emerson
Garcia), já que a atuação do MP não estaria vinculada á competência dos órgãos
judiciais: art. 37,II, da LC 75/1993 (expressamente permite a atuação do MPF
nas causas de quaisquer juízes ou tribunais; MPF não integra a União;
dependência do MPE ao MPF face á violação de direito difuso que reclame
eventual interesse federal?
Art. 5º, par. 2º, 7347/1985, 3º, par. 5º, 7853/1999: extensão a todos os
legitimados (inclusive entre “Defensorias”); possibilidade de litisconsórcio
originário, ulterior (Mazzilli, Cândido Dinamarco) e assistência litisconsorcial);
Litisconsórcio Passivo
DISCORRA
Em relação ao FUNDEF, o STF já deixou bem claro que o fato de ser receita
originária da União, por si só, não gera competência da Justiça Federal. A verba
do FUNDEF, por ser periódica, ela ingressa e é incorporada ao patrimônio
municipal. No momento em que a verba não pode ser mais revertida e levada
novamente aos cofres da União, o recurso já pertence ao Município. Por conta
disso, a discussão quanto à essa verba é da competência da Justiça Estadual.
A Súmula 208 do STJ diz que a princípio que se trata de uma verba sujeita à
fiscalização, à prestação de contas à Justiça Federal. No âmbito penal, a
competência seria da Justiça Federal. Mas a verba que já foi incorporada ao
patrimônio municipal, seria de competência da Justiça Estadual.
No âmbito penal, é claro e o STJ faz questão de reafirmar, que basta o interesse
da União para que a ação seja da competência da Justiça Federal em relação às
verbas de convênio.
Isso porque, embora a ação tenha por objeto "verba sujeita a prestação de
contas perante órgão federal" (Súmula 208), trata-se de "verba transferida e
incorporada ao patrimônio municipal" (Súmula 209). Ocorre que esses
enunciados provêm da Terceira Seção do STJ e, por isso, versam sobre hipóteses
de fixação da competência em matéria penal, em que basta o interesse da União,
de suas autarquias ou empresas públicas para deslocar acompetência para a
Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da CF. (...)
Art. 94 do CDC. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de
que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem
prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos
órgãos de defesa do consumidor.
Será que o Art. 94 do CDC poderia ser aplicado aos interesses difuso e coletivos?
Será que em uma ação civil pública de uma associação, um associado pudesse
ingressar como litisconsorte na ação civil pública?
A doutrina atual não faz muita alusão à esta questão, mas o professor Pedro
Lenza faz questão de mencionar que embora o Art. 94 do CDC esteja
topograficamente colocado no capítulo relativo a interesses individuais
homogêneos, por que não aplicá-lo a interesses coletivos? Só não se pode
utilizar do Art. 94 do CDC na tutela de interesses difusos, porque o interessado,
o particular, a pessoa jurídica não tem condição de tutelar interesse difuso. Mas
interesse coletivo, o interessado, o particular, a pessoa jurídica poderia tutelar
por si próprios, e individual homogêneo mais ainda.
O professor Pedro Lenza e Antônio Gidi fazem menção de que o Art. 94 do CDC
embora topograficamente colocado no capítulo do CDC relativo à tutela de
interesses individuais homogêneos poderia sim ser utilizado em relação aos
interesses coletivos.
Não. Até porque os editais serão publicados nos editais da justiça eletrônicos,
onde a maioria sequer lê. Se a maioria sequer lê, não há porque esses editais
gerarem algum tipo de nulidade.
Já o Art. 94 do CDC não. O Art. 94 do CDC não pressupõe que o indivíduo tenha
uma ação em curso, podendo se habilitar como litisconsorte.
Por outro lado, muitos autores como Cássio Scarpinella Bueno dizem que uma
vez havida a habilitação no processo, o sujeito passa a ser litisconsorte e está
vinculado ao resultado da ação pro et contra. Se o pedido for julgado
procedente, ok. Se o pedido for julgado improcedente, o litisconsorte também
estará vinculado.
Portanto, o Art. 94 do CDC não é o mesmo instituto do Art. 104 do CDC. Porque
no Art. 104 do CDC não há qualquer vinculação, já no Art. 94 do CDC há.
Até que momento pode se ingressar no processo por meio do Art. 94 do CDC?
Por conta disso, Fredie Didier Jr., Nelson Nery Jr, Luiz Guilherme Marinoni,
Antônio Herman Benjamin entendem que o Art. 94 do CDC é uma espécie de
assistência simples. Mas não é esse o entendimento do STJ.
Para o STJ, o Art. 94 do CDC, por interpretação literal, trata-se de uma hipótese
de litisconsórcio facultativo ulterior. Apesar de muitos doutrinadores falarem de
que se trata de assistência. Mas a tese acolhida pelo STJ é que trata-se de
litisconsórcio suis generis facultativo ulterior.
Na ação coletiva, pode haver o ajuizamento da ação e seguir, pode não fazer
nada e aguardar o resultado da ação coletiva, pode ajuizar a ação individual e
pedir a suspensão da ação individual aguardando o resultado da ação coletiva,
ou pode haver a aderência como litisconsorte na ação coletiva conforme o Art.
94 do CDC. Uma vez ingressando na ação civil pública, conforme o Art. 94 do
CDC, há que se falar em preclusão.
Art. 94, CDC (“Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de
que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem
prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos
órgãos de defesa do consumidor”):
Atuação de pessoas físicas não legitimadas a propor ações coletivas; Pode ser
litisconsorte? Natureza jurídica de assistência (simples – Nelson Nery Jr. ou
litisconsorcial – Arruda Alvim e Didier Jr. ?);
STJ, REsp 1.116.897-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão: AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
RECURSO ESPECIAL. DEFESA DOS INTERESSES HOMOGÊNEOS.
INTERVENÇÃO NO FEITO DE CONSUMIDOR NA QUALIDADE DE
LITISCONSORTE. PREVISÃO ESPECÍFICA NO CÓDIGO DE DEFESA
DOCONSUMIDOR (CDC). NATUREZA DE INCIDENTE PROCESSUAL. 1. É
sabido que o consumidor não tem legitimidade para ajuizar diretamente a ação
coletiva.
“Por isso, aqueles que aceitaram o "convite" de intervenção deverão ter sua lide
individual extinta, uma vez que, como dito, a coisa julgada na ação coletiva
valerá pro et contra também ao litisconsorte individual, "aplicando à espécie o
regime da preclusão consumativa, por modo que, podendo o indivíduo escolher
entre se litisconsorciar ao pleito coletivo/ajuizar sua própria demanda/aguardar
o desfecho do pleito coletivo, depois não pode tergiversar sobre a opção
exercida" (...) “o art. 94 "tem uma relevância política fundamental por abrir a
possibilidade a que o cidadão comum integre a ação coletiva de seu interesse,
participando do processo e fiscalizando-o. Em que pese aparentar não haver
nenhuma vantagem jurídica ou econômica para o consumidor, politicamente sai
fortalecido“.
Amicus Curiae em Ações Coletivas
O amicus curiae é previsto no Art. 138 do NCPC. Com o NCPC, o amicus curiae
poderá ser utilizado em qualquer processo. Porque às vezes algumas pessoas
físicas ou jurídicas detém um conhecimento específico tão detalhado, tão
próprio que a participação delas no processo se torna essencial para que o
magistrado possa resolver aquela lide. Por isso, o amicus curiae é uma forma de
colaboração processual na qual a pessoa física ou jurídica por ser dotada desse
conhecimento específico não receberá nada por isso, e terá que graciosamente
auxiliar o Poder Judiciário.
Segundo, alguns autores, como Hugo Nigro Mazzilli, o amicus curiae já vem
previsto em relação à tutela coletiva em relação à CVMe em relação ao CADE. A
CVM nas ações civis públicas relativas a valores mobiliários. O CADE nas ações
civis públicas relativas a tutela da ordem econômica. Portanto, já há uma
previsão anterior ao NCPC em sede de ação coletiva.
Athos Gusmão Carneiro sustentava que não seria possível, por ausência de
previsão legal, sói podendo haver a aplicação do instituto do amicus curiae nas
hipóteses prevista em lei.
Exemplo: Em uma ação civil pública está havendo discussão quanto à uma
resolução da ANATEL. Diante disso, se solicita a ANATEL que traga eventual
regulamentação daquela norma analisada na ação civil pública daquela questão.
A ANATEL e um agência reguladora, que em tese pelo Art. 109, I da CRFB
suscitaria o descolamento de competência para a Justiça Federal. Mas não será
possível nesse caso, porque ela não é autora, nem ré, nem assistente, nem
opoente.
Neste momento, o Art. 138 §1º do NCPC já mostra que ao contrário que dizia
Athos Gusmão Carneiro, amicus curiae não é assistência. Pois se fosse
assistência o §1º seria inconstitucional. Se a intervenção do amicus curiae não
implica deslocamento de competência, logo não se trata da mesma coisa que
assistência. Até porque no NCPC, assistência e amicus curiae estão disciplinados
em títulos diferentes. Há o título da assistência e há o título do amicus curiae.
Logo, amicus curiae não é assistência, conforme já se disse em doutrina e
jurisprudência do STJ. O amicus curiae é forma de colaboração com o Poder
Judiciário. É uma intervenção de terceiro que é anômala, porque quem
intervém não tem interesse jurídico direto sobre a causa. O amicus curiae tem
interesse que uma tese prevaleça ou não, mas trata-se de interesse meramente
acadêmico, científic, não se tratando de um interesse jurídico. A decisão do
processo no qual ele é amicus curiae não gera qualquer tipo de prejuízo à sua
esfera de direitos e garantias fundamentais. Por isso, que a intervenção de
amicus curiae não é uma assistência, mas uma intervenção de terceiro anômala
com a forma de colaboração com o Poder Judiciário.
Antes no NCPC se entendia que o amicus curiae não possuía legitimidade para
recorrer. O amicus curiae era convocado ou se investia para a prestar seus
conhecimentos técnicos ao Poder Judiciário, o amicus curiae se pronunciava da
forma que o juiz ou o relator escolhia, seja em audiência, seja por escrito. O
amicus curiae não tinha qualquer interesse recursal.
Sim, desde que assistência litisconsorcial feita por outro cidadão. Porque
assistente litisconsorcial, em tese, é aquele que poderia ser litisconsorte, mas
não foi.
Não, porque não há legitimidade para isso. O Ministério Público não tem
legitimidade originária para propositura de ação popular. O Ministério Público
pode até assumir o polo ativo da ação popular, mas originariamente Ministério
Público não pode ajuizar ação popular, logo Ministério Público não tem
legitimidade para sua propositura.
Amicus Curiae em ações coletivas: art. 31, 6385/1976 (CVM) e 118, 12529/2011
(CADE); ou assistência: Ag.Rg. no REsp. 1125.981/RS); Possível em qualquer
ação coletiva? Athos Gusmão Carneiro X Cássio Scarpinella Bueno: STJ, AgRg
no REsp 1108685 / RS.
Assistência na ação popular: art. 6, par. 5º, 4717/65: aplicação analógica do art.
46, par. único, CPC? E as demais ações coletivas? MP e associações podem ser
assistentes? Mancuso e Didier Jr.;
Contudo, vê-se que não há seu interesse jurídico na hipótese, que não se
confunde com simples interesse econômico ou institucional. Nos limites do que
se discute na ação, não há qualquer relação jurídica que una a associação às
demais partes da ação, o que refuta admitir assistência.
Trata-se de uma ação civil pública em face da Anatel e de uma companhia
telefônica. Uma associação de provedores de acesso à internet quer ingressar
como assistente litisconsorcial. Será possível ingresso da associação de
provedores como assistente? Sim. Neste caso não foi admitido por não haver
interesse jurídico.
O ente público poderá alegar que aquele ato não tem nada a ver com ele, poderá
ligar que o ato é legal etc. O ente público poderá defender o ato impugnado. No
caso da ação de improbidade administrativa, o ente público defende a conduta
do seu agente político ou do seu servidor público, indo para o polo passivo
formando um litisconsórcio. O ente público poderá defender o ato impugnado,
defender o servidor público ou o agente político e ficar no polo passivo da
demanda junto com o agente.
2. Abster-se de Contestar
Quando a pessoa jurídica de direito público vai para o pólo ativo, ela vai a título
de que Instituto jurídico?
Até quando a pessoa jurídica de direito público pode migrar de um polo para
outro?
Mas uma vez migrado do polo ativo para o polo passivo ou do polo passivo para
o polo ativo, não há como se fazer o caminho inverso, sob pena de má-fé
processual, de comportamento contraditório.
Art. 17, par. 3º, 8429/1992 e 6º, par. 3º, 4717/65: intervenção da pessoa jurídica
interessada (“intervenção móvel” “legitiimação bifronte”):
Para Ada Pellegrini Grinover que é cabível a denunciação da lide nada ações
coletivas dependendo do caso concreto.
Exemplo 1: Uma grande empresa X deseja desmatar uma grande área, uma
APA, área protegida ambientalmente. Diante disso, a grande empresa X paga
uma empresa menor Y para que faça o desmatamento para ela. No momento em
que a empresa Y está realizando o desmatamento, ela é flagrada pelo IBAMA.
Além das questões penais que irão existir. A empresa Y diz que caso ela seja
condenada, ela deseja pedir o ressarcimento junto à empresa X.
Para Fredie Didier Jr. estas hipóteses não se tratam de denunciação da lide, mas
sim de chamamento ao processo, por consistirem na convocação de
responsáveis solidários. São casos de formação de litisconsórcio passivo. Nesses
casos, haverá uma solidariedade entre os réus e aqueles invocados para estarem
no processo. Portanto, trata-se de hipótese de chamamento ao processo e não de
denunciação da lide.
Embora, nada impede, que uma empresa que está sendo imputada à ela um
dano ambiental, que aquela atividade que ela exerça seja uma atividade perigosa
que possa trazer prejuízos à saúde da população, e por conta disso, ela tenha
feito um seguro. Nesse caso, a empresa não poderia denunciar à lide a
seguradora?
a) ação popular?;
b) mandado de segurança?;
d) ação cautelar?
O candidato deverá se pronunciar, objetivamente, sobre cada uma das hipóteses
acima, justificando, inclusive, aquelas que não entender cabíveis.
a) Ação Popular
b) Mandado de Segurança
d) Ação Cautelar
No direito material, tanto o Art. 50 do CC, tanto o Art. 28 do CDC, vão trazer os
fundamentos da desconsideração da personalidade jurídica. Antes no NCPC o
problema ocorria do ponto de vista processual. Se fazia a desconstituição da
personalidade jurídica, se fazia a penhora, o arresto, o sequestro dos bens de
outras pessoas físicas e jurídicas sócias etc, e só após a incidência do gravame
sobre o patrimônio das pessoas físicas e jurídicas sócias, é que havia a
intimação. Isso violava o Princípio do Contraditório e o Princípio da Ampla
Defesa.
Por conta disso, do Art. 133 ao Art. 137 do NCPC, se estabelece a possibilidade
de instauração de um incidente processual, no qual os sócios, pessoas físicas e
jurídicas, e as próprias empresas vão ser intimados, para que em 15 dias se
manifestem, trazendo documentos, trazendo balanços comerciais, trazendo uma
série de questões que podem determinar se realmente é caso de desconsideração
da personalidade jurídica, porque houve um abuso de direito, porque houve atos
dolosos de gestão que geraram uma insuficiência econômica da empresa em
relação ao dano aferido na ação civil pública, inclusive com a possibilidade de
produção de prova pericial no caso contábil para se aferir essa insuficiência
patrimonial da empresa, e desta forma o juiz irá proferir uma decisão
interlocutória da qual será cabível agravo de instrumento.
A produção antecipada de provas é uma cautelar que pode ser utilizada tanto na
tutela individual quanto na tutela coletiva. Cumpre falar do fenômeno da
assistência provocada, ou seja, a ação cautelar de produção antecipada de
provas tem de ser ajuizada contra todos aqueles que eventualmente tem a
possibilidade de estar na ação principal, justamente para proteger a idoneidade
da prova produzida. Porque muitas provas, principalmente de direito ambiental
se dissipam ao longo do tempo. Por isso, por conta dos Art. 383 e Art. 382 do
NCPC, o autor tem o dever de convocar na ação cautelar de produção antecipada
de provas todos aqueles que eventualmente figurarão em eventual ação civil
pública, ação principal, sob pena de não se poder utilizar aquela prova por violar
o contraditório e a ampla defesa.
É interessante, pois o Art. 383 do NCPC permitirá que o juiz de ofício determine
a citação de pessoas que ele, o juiz, entenda imprescindível a presença delas
para a idoneidade da ação cautelar.
AULA 6
O Art. 5º §3º da Lei 7.347/85 junto com o Art. 81 §2º do Estatuto do Idoso,
dizem que toda vez que houver abandono ou desistência da associação autora, o
Ministério Público será intimado para entender se o abandono ou desistência
foram infundados, prosseguindo na ação como autor da ação civil pública.
Será que o Art. 5º §3º da Lei 7.347/85 se aplica somente às associações? Será
que somente as associações podem abandonar ou desistir da ação? O Ministério
Público não pode? A Defensoria Pública não pode? Seriam situações que não
correspondem à realidade da tutela coletiva. Até porque, o tema é processo civil,
e não processo penal.
A partir dessa ideia, parece que a aplicação do NCPC, que reproduz o que hoje
está no Art. 267 §4º do CPC/73 e na Súmula 240 do STJ, parece que se não
prejudicada, mas sim colocada em segundo plano.
Não. Tanto no Art. 5º §3º da Lei 7.347/85, quanto no Art. 81 §2º do Estatuto do
Idoso, se diz que o Ministério Público irá analisar o abandono ou a desistência, e
se o Ministério Público entender que o abandono é justificado, ou seja, se o
Ministério Público perceber que o autor abandonou e que não existe nenhum
indício de violação de interesses metaindividuais, o Ministério Público não
sucederá. Neste caso, o juiz poderá extinguir o processo por abandono.
Portanto, o Ministério Público não é obrigado a suceder o polo ativo na ação
civil pública, a mesma lógica se aplica à desistência.
Por conta disso, com base nesta questão, pode-se afirmar que se o Ministério
Público não é obrigado a suceder o polo ativo da ação civil pública, por que
quando o Ministério Público é autor, ele é obrigado a prosseguir na ação?
1º Entendimento. O professor Hugo Nigro Mazzilli sustenta que não. Toda vez
que o Ministério Público suceder ou como autor originário desistir da ação civil
pública, o magistrado teria que submeter esta manifestação ao Conselho
Superior do Ministério Público, que homologaria ou não a desistência. Se o
Conselho Superior do Ministério Público não homologasse, designaria outro
membro do Ministério Público para suceder na ação civil pública. Este
entendimento não tem previsão legal. Esta analogia ao Art. 9º da Lei 7.347/85
não seria correta, pois está se falando de arquivamento de inquérito civil, e
nesse caso está se falando de sucessão ou desistência de ação civil pública. São
situações diferentes. Não parecendo este entendimento ser o mais correto.
1) Abandono/desistência
a) Previsão legal: art. 5º, par. 3º, 7347/1985; 81, par. 2º, 10741/2003: aplicável
somente às associações (Mazzilli e Carvalho Filho) ou extensivo a todos os
demais co-legitimados (Didier Jr.) ? Aplicação do art. 485, pars. 4 a 6º, NCPC?
b) Aplicação analógica do art. 9º, 4717/65 (Mazzilli e Didier Jr.): necessidade de
publicação de edital para que, não somente o Ministério Público, mas também
outro co-legitimado, tenha oportunidade de sucedêlo; momento: art. 267, par.
4º, CPC;
Não. Majoritariamente, pelo Art. 5º §3º da Lei 7.347/85 e pelo Art. 81 §2º do
Estatuto do Idoso, não se aplica o Princípio da Obrigatoriedade, mas sim, o
Princípio da Disponibilidade Temperada.
O Ministério Público quando é autor da ação, não pode ser ao mesmo tempo
custos legis. Se o Ministério Público atua como órgão agente, não poderá ser
órgão interveniente.
Não tem porque o Ministério Público atuar com dois membros na ação, um no
polo ativo e outro como terceiro interveniente não interessado, custos legis, até
porque está se falando da mesma instituição, Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro.
Exemplo: No caso de uma comarca pequena, de vara única, juízo único, onde há
diversos processos, e por algum motivo foi ajuizada uma ação civil pública pela
Defensoria Pública, e o Ministério Público não foi intimado para participar do
processo. Será que essa situação gerará nulidade?
Pelo Art. 246 do CPC/73, sim. O Art. 246 do CPC/73 é claro ao estabelecer que é
nulo processo pelo qual o Ministério Público deveria ter sido intimado a
participar do processo e não o foi. Pela literalidade do Art. 246 do CPC/73, a
nulidade é clara, evidente e muita gente do próprio Ministério Público defende
esta posição, como o professor José dos Santos Carvalho Filho, além de Fredie
Didier Jr. Mas não parece que esta seja a melhor posição.
Se a ação civil pública foi ajuizada pela Defensoria Pública e todos os pedidos
foram julgados procedentes, se aquele interesse meta individual foi tutelado,
por que deve se anular o processo pela ausência do Ministério Público? Se o
interesse que seria tutelado pelo Ministério Público como custos legis foi
devidamente protegido ao longo do processo, não há porque se anular o
processo. O STJ entende que só há que se anular o processo pela ausência de
intervenção do Ministério Público como custos legis na ação civil pública, se
verificada a existência de prejuízo. Verificada a existência de prejuízo, não há o
que se fazer, devendo o processo ser anulado. Serão anuladas as decisões até o
momento em que o Ministério Público deixou de atuar. Mas se não houver
qualquer prejuízo, não há razão de se anular o processo.
Por que a Procuradoria de Justiça ligada a Câmara Cível teria que atuar no
processo? A Procuradoria de Justiça atuará em que sentido? Não será como
órgão agente, porque o Ministério Público já atuou como autor e como apelante.
Não será como custos legis, pois o STJ entende que se o Ministério Público
atuou como autor e como apelante, não há que se falar em atuação como custos
legis.
A ausência de atuação da Procuradoria de Justiça ligada a Câmara Cível em uma
apelação, a princípio, não gera nulidade nenhuma. Na prática, por uma
deferência, o a lógica é que o desembargador relator encaminhe o processo à
Procuradoria de Justiça para manifestação do grupo especializado em tutela
coletiva. Mas, em tese, não haverá nulidade, pois o Ministério Público já atua
como autor e como apelante, não há porque o Ministério Público também atuar
como custos legis, e também não há a necessidade de haver outro órgão de
execução atuando naquele processo. Mas na prática percebe-se esta deferência
às Procuradorias de Justiça.
Sim. Hoje se aplica, no que não confronta com as regras especiais da ação civil
pública, as regras do rito ordinário do CPC/73. Por que não se aplicaria as
regras do rito comum do NCPC? Por que se sabe que o prazo de contestação é de
15 dias? Porque se retira do rito comum ordinário do CPC/73. Com o NCPC não
se tem mais procedimento ordinário e procedimento sumário, se tem somente o
procedimento comum. A utilização rito comum traz algumas consequências
interessantes na ação civil pública. A primeira destas consequências diz respeito
ao pedido.
A ação civil pública tem alguns delineamentos específico quanto aos pedidos. Ao
analisar os Arts. 3º e 11 da Lei 7.347/85, se percebe que em regra, a pretensão é
condenatória. Conforme o Art. 84 do CDC, as pretensões em ação civil pública
são condenatórias, ou seja, vão buscar a condenação do réu à uma obrigação de
fazer, de não fazer, de dar coisa certas ou de pagar quantia certa.
Nem o Art. 3 da Lei 7.347/85, nem o Art. 11 da Lei 7.347/85, nem o Art. 84 do
CDC falam em pretensões desconstitutivas e declaratórias.
Em que pese a Lei 7.347/85 não fale nada, o Art. 25, IV, b da Lei 8.625/93 (Lei
Orgânica do Ministério Público) estipula a possibilidade de uma ação civil
pública enseja pedidos de anulação ou de reconhecimento de nulidade de atos
administrativos. Por conta disso, a ação civil pública, além dos preceitos
condenatórios previsto no CDC, também poderá enseja pedidos desconstitutivos
e declaratórios.
A Lei 7.347/85 nada falou sobre isso. Por conta disso, deve-se aplicar o Art. 286,
I, II e III do CPC/73 ou Art. 324 §1º do NCPC, que estabelecerão as
possibilidades de pedido genérico na ação civil pública.
O Art. 324 §1º do NCPC, assim como já eram aplicados o Art. 286, I, II e III do
CPC/73, serão aplicados na ação civil pública.
Alguns autores começam a se equivocar nessa discussão. O CPC se aplica
supletivamente às ações coletivas, ou seja, naquilo que a tutela coletiva não
dispor de forma diversa se aplica o CPC.
Mas esta recuperação do erário não pode ser parcelada? Esta recuperação ao
erário não pode ser conciliada? Se isso pode ser feito no compromisso de
ajustamento de conduta, por que não pode ser feito na ação civil pública? Em
tese, a audiência de conciliação e mediação, toda a sistemática do Art. 334 do
NCPC pode ser aplicada na ação civil pública. Não há razão para não aplicar a
mediação em tutela coletiva.
Hugo Nigro Mazzilli e José dos Santos Carvalho Filho dizem que a reconvenção
é inaplicável à ação civil pública, porque em tese haveria dificuldade de haver
duas ações civis públicas no mesmo processe gerando o fenômeno da ação
coletiva passiva. Ou seja, o legitimado que propôs a ação civil pública como réu
em um pedido reconvencional, tutelando interesse metaindividual no polo
passivo.
Fredie Didier Jr. permite a reconvenção nas ações coletivas. Se o réu da ação
originária tem legitimidade para a propositura de uma ação coletiva, em tese,
nada impede que haja pedido reconvencional.
Todas estas questões também são aplicadas às ações coletivas. Não há regras na
tutela coletiva que impeçam a aplicação. Por conta disso, toda a questão relativa
ao ônus da prova também se aplica ao processo civil coletivo. Podendo também
o ônus da prova ser invertido de ofício pelo magistrado.
O ônus da prova também não pode ser invertido na sentença. O momento para a
inversão do ônus da prova é no saneamento do processo ou em qualquer
momento anterior à sentença, para que se preserve o contraditório e a ampla
defesa. O fato é que se há inversão do ônus da prova, está seguindo a exceção e
não a regra. No processo civil tradicional e no processo civil coletivo, a regra não
é a inversão do ônus da prova.
Não. O ônus da prova não significa o ônus financeiro com a produção da prova.
A inversão do ônus da prova não significa a inversão do ônus financeiro da
prova, conforme o entendimento do STJ.
Isso gera um problema, no caso da ação civil pública, o autor não adianta custas,
emolumentos, nem quais honorários periciais. O autor não tem que adiantar
nada a título de verbas para custear o processo. O Art. 18 da Lei 7.347/85
estabelece isso.
Neste caso, o autor não irá pagar honorários periciais, o réu também não irá
pagar honorários periciais, pois inverter o ônus da prova não significa inverter o
ônus financeiro da prova.
Então, como irá se produzir uma prova pericial em uma ação civil pública, que
muitas vezes é cara?
Como irá produzir essa prova se o autor não precisa adiantar o valor, se o réu
também não tem que pagar, porque não se inverte o ônus financeiro da prova?
Essa discussão é uma discussão complexa, porque a solução dessa discussão não
é muito eficiente. No inicia dessa discussão, muitos autores aplicavam de forma
analógica a Súmula 232 do STJ dizendo que se é o Ministério Público que ajuíza
a ação, o Ministério Público é que deve pagar. E se aplicava a Súmula 232 do
STJ ao Ministério Público. Há diversos julgados nesse sentido. Mas trata-se de
um absurdo, porque:
O STJ veio com uma solução no sentido de que descabe os adiantamentos dos
honorários periciais pelo autor da ação civil pública, conforme o Art. 18 da Lei
7.347/85. Sendo que o encargo financeiro para realização da prova pericial deve
recair sobre a Fazenda Pública a que o Ministério Público estiver vinculado, por
meio da aplicação analógica da Súmula 232 do STJ. O STJ afirmou que o
Ministério Público não tem que custear os ônus da prova, que o réu não tem que
custear os ônus da prova, porque não se inverte o ônus financeiro da prova.
Quem irá pagar será o ente federativo ao qual o Ministério Público estiver
vinculado.
Não é uma solução tão boa, pois na prática envolve uma forte burocracia. Por
conta disso, muitas vezes o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro já
estabelece grupos para a realização de provas periciais já no inquérito civil.
Quando se disponibiliza a ampla defesa e o contraditório no inquérito civil, já
impede que em sede processual esta prova seja repetida.
Mas e quando for uma associação? Quem irá pagar esta prova pericial?
E na ação popular, que é o cidadão que ajuíza a ação, quem irá pagar a prova
pericial?
a) Determinação estática: art. 333, CPC e 373, NCPC; inversão do ônus da prova
– art. 6,VIII, CDC e 373, par. 1º, NCPC; distribuição dinâmica do ônus nas ações
coletivas; momento – saneamento ou a qualquer momento (desde que anterior
à sentença); Preservação do contraditório; em sede ambiental: em matéria
ambiental : REsp 1237893/SP e 883656/RS.
Neste ponto tem um problema que deve ser visto com o devido cuidado.
Conforme o Art. 95 do CDC a sentença seria genérica, o que não é verdade. A
sentença não é genérica por dois motivos:
2. Quando o Art. 95 do CDC foi concebido, o objetivo era que a ação civil pública
sobre interesses individuais homogêneos tivesse uma condenação genérica, e
essa condenação genérica possa gerar o transporte in utilibus para que cada
indivíduo possa liquidar a sentença e executar.
Mesmo que se esteja falando de uma ação que discuta interesse individual
homogêneo, neste caso também há a possibilidade de se estabelecer uma
condenação determinada, não necessariamente genérica.
Esta situação gera um caos, uma inefetividade. É óbvio que o réu não irá
cumprir. A multa já está incidindo desde o momento em que houve o
descumprimento, mas só pode haver a execução após o trânsito em julgado. Na
prática, o réu não cumpre a decisão.
Pelo Art. 18 da Lei 7.347/85, o Ministério Público e qualquer autor de ação civil
pública não adianta custas, nem honorários, nem qualquer valor. O autor só terá
de custear isso se comprovada a sua má-fé.
O Art. 18 da Lei 7.347/85 só fala do autor, não fala do réu. Então, o autor está
dispensado de qualquer adiantamento de valores, está dispensado de qualquer
pagamento de valores. O autor só pagará custas, honorários e emolumentos,
desde que seja condenado por litigância de má-fé. Em relação ao réu, nada foi
dito. Então o STJ decidiu que esta isenção só se dirige ao autor. Se o Ministério
Público for vencedor na ação civil pública, não receberá honorários, porque não
paga. Mas, e as custas do processo?
b) Contra a União.
Crítica: Contra a União? Por que só contra a União? E se for uma empresa
multinacional de âmbito nacional? Não poderia?
c) No Distrito Federal.
Crítica: É necessário que esta ação civil pública seja ajuizada no distrito federal?
Não. O STJ se rende ao entendimento minoritário da professora Ada Pellegrini
Grinover. Na verdade, o dano nacional pode ser perquirido através de uma ação
ajuizada ou no Distrito Federal ou na comarca da capital do estado envolvido. Se
o dano envolve todo território nacional, qualquer capital de estado da federação
pode receber uma ação civil pública de dano nacional.
Embora haja confusão entre efeitos da sentença com efeitos da coisa julgada,
pois coisa julgada não é efeito, mas sim qualidade da sentença, tenta-se trazer
uma uniformização.
É muito comum que uma sentença que a princípio atingiria dano local, na
execução, pessoas de outras localidades, de outros municípios, de outros
estados, querem pegar aquela sentença e dizer que ela tem extensão a nível
nacional.
É por conta disso, que o STJ faz questão de afirmar que a eficácia subjetiva deve
estar declarada na sentença, e não pode ser ampliada, nem restringida, sob pena
de se ofender a coisa julgada.
Aplicação dos arts. 213, par. 2º, ECA; 84, CDC e 536/537, NCPC; Possibilidade
de compatibilização dos arts. 213, par. 3º, ECA; a12, par. 2º, 7347/1985 e 83,
par. 3º 10741/2003 com o artigo 537, par. 3º, NCPC
Sistema Recursal
Portanto, nas ações coletivas, todos os recursos vão ter a possibilidade efeito
suspensivo, mas sempre ope judicis, por concessão judicial.
Pelo CPC/73 e pelo NCPC, têm legitimidade para recorrer as partes do processo,
o Ministério Público e o terceiro prejudicado. Na tutela coletiva, parece óbvio
que só pode recorrer quem tem legitimidade para figurar no polo ativo da ação.
Reexame Necessário
1.108.542/SC;
Coisa Julgada
Em relação, à coisa julgada, o Art. 103 do CDC e o Art. 18 da Lei 4.717/65 trazem
dois regimes jurídicos de coisa julgada completamente diferentes do que se
pratica no CPC/73.
Por isso que quando se fala da litispendência da ação popular e da ação civil
pública, o STJ se posiciona pela reunião de ações. Porque uma ação popular mal
feita que acaba sendo julgada improcedente por motivo diverso da insuficiência
de provas impede a propositura de qualquer outra ação coletiva.
Aquele que se habilitou na ação civil pública, conforme o Art. 94 do CDC, está
vinculado pro et contra, sendo atingido pela coisa julgada material.
Por isso, trata-se de coisa julgada secundum eventus litis, se for julgada
procedente, beneficia todo mundo, menos aqueles que não suspenderam as suas
ações. Já, quando a ação for julgada improcedente, não haverá prejuízo a
ninguém, só gerando coisa julgada material no plano coletivo, mas no plano
individual não há impedimento para que as pessoas ajuízem as suas ações
individuais, conforme o Art. 103 §3ºdo CDC.
8) Coisa Julgada: arts. 103, CDC, e 18, 4717/1965: critérios secundum eventus
probationis (interesses difusos e coletivos stricto sensu) :
Sim. Conforme Art. 485 do CPC/73 e Art. 966 do NCPC. A ação rescisória não
atinge somente sentenças, podendo atingir decisões interlocutórias de mérito.
Além disso, não atinge somente decisões interlocutórias e sentenças de mérito,
podendo atingir decisões, que embora não sejam de mérito, mas que impeçam a
análise da matéria. O STJ já fala disso há algum tempo, e o Art. 966 §2º do
NCPC traz esta possibilidade.
XIX Concurso: Pode o Ministério Público promover ação civil pública em face
do mesmo órgão público, com os mesmos fundamentos e pedidos de anterior
ação popular, já encerrada e com sentença de mérito de improcedência
transitada em julgado?
Depende. Como é uma ação popular anterior, esta ação popular tutela interesses
difusos, então a coisa julgada na ação popular é secundum eventus probationis.
Se a sentença de mérito de improcedência se deu por insuficiência de provas, o
Ministério Público poderá propor a ação civil pública em fase do mesmo órgão
público, com os mesmo fundamentos e pedidos da ação anterior, desde que
traga novas provas em seu conceito substancial. Mas se a improcedência for por
qualquer outro motivo, que não a insuficiência de provas, a ação não poderá
promover a ação, pois se promovida, a ação será extinta sem resolução do
mérito por existência de coisa julgada. Porque coisa julgada material é um
pressuposto processual negativo.
Resposta justificada.
O Ministério Público, como órgão interveniente, custos legis, pode se manifestar
contrariamente àquela transação judicial, dizendo que aquela transação judicial
não tutela o interesse metaindividual de forma adequada. Se o juiz homologar
este acordo, caberá ao Ministério Público recorrer da decisão. Se houver o
trânsito em julgado, caberá uma ação rescisória. Logo, o Ministério Público,
atuando como órgão interveniente em ação civil pública, pode se opor à
transação judicial entre as partes, sempre com a justificativa de que aquele
acordo não tutela interesse difuso, coletivo ou individual homogêneo de forma
correta.
A primeira decisão não está correta, porque o magistrado erra em dois aspectos
fundamentais:
Pelo Art. 127 da CRFB, o Ministério Público tem o dever de tutelar direitos
individuais indisponíveis. O que se poderia discutir seria uma eventual falta de
interesse de agir, porque o Ministério Público não teria se utilizado do
mecanismo adequado, já que a ação civil pública serve para tutelar interesses
difusos, coletivos e individuais homogêneos, e não interesses individuais
heterogêneos, embora o Art. 81 do Estatuto do Idoso permita uma interpretação
extensiva.
O entendimento atual do STJ é de que não. Porque a causa de pedir da ação civil
pública não discute em nenhum momento a posse e a propriedade das terras
pela União. O que se discute é o reassentamento das famílias. O objetivo é tirar
as famílias daquele local para serem reassentadas, e terem uma moradia digna,
atendendo a dignidade da pessoa humana. Por conta disso, a Justiça Estadual é
perfeitamente competente, porque a causa de pedir e o pedido não dizem
respeito à posse e a propriedade de terras da União. Por não fazer parte da causa
de pedir, nem do pedido, não há que se falar em incompetência da Justiça
Estadual.
Em relação às sentenças que tutelam interesses difusos e coletivos, seja pelo Art.
214 do ECA, Art. 84 do Estatuto do Idoso ou pelo Art. 13 da Lei 7.347/85, quem
será legitimado a liquidar e executar?
Exemplo: Pode ser que o autor da ação tenha sido o Ministério Público e quem
executa é a Defensoria Pública e vice-versa.
No caso de estados que não tenham esse fundo, se enviará a verba para o Fundo
Nacional de Defesa dos Interesses Difusos, previsto pela Lei 9.008/95, um
fundo que é gerido por um conselho federal formado por membros do
Ministério Público. Este fundo integrará o Ministério da Justiça. O objetivo
desse fundo é arrecadar uma série de valores provenientes de ações civis
públicas, de condenações, de execuções em sede de Justiça Federal ou na
Justiça Estadual, onde não tenha fundo estadual específico para isso. No início
de cada ano se publica um edital para patrocinar projetos de recuperação
ambiental apresentados por entes municipais, por ONGs etc. Esse dinheiro irá
custear projetos de recuperação ambiental. Portanto, o fundo da Lei 9.008/95 é
justamente para isso. O destinatário das quantias auferidas em execuções em
ação civil pública são esses fundos.
Em nível federal, se sem o Fundo Nacional de Defesa dos Interesses Difusos, Lei
9.008/95.
Trata-se de uma questão que é ignorada solenemente. Toda vez que o juiz
profere uma condenação, e esta condenação transita em julgado, gerando um
dever de pagamento de valores, estes fundos deveriam de ser intimados para
poderem agir e buscar o pagamento destes valores. O Art. 11 do Decreto Federal
1.306/94 fala isso. Na prática, isso é ignorado. Poucos sabem da necessidade de
se intimar esses fundos.
Pelo Art. 475-P do CPC, ou será no juízo em que proferiu a sentença, ou será no
foro do domicílio do executado, ou será no foro do local dos bens do executado.
Por conta disso que o STJ entende que a liquidação e a execução individual de
sentença genérica proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro do
domicílio do beneficiário, do liquidante, do exequente, porquanto os efeitos e a
eficácia da sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites
objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se em conta, para tanto,
sempre a extensão do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais postos
em juízo. Esta questão, em tese, só valeria para interesses coletivos.
O examinador nesta questão quis explorar uma discrepância que existe entre
Rio de Janeiro e São Paulo.
Por conta disso, a resposta era de que o órgão colegiado pode até se pronunciar,
mas isso não traz qualquer reflexo à eficácia executiva do termo de ajustamento
de conduta e à validade do termo de ajustamento de conduta. A eficácia do
termo de ajustamento de conduta começou com a assinatura das partes, ou seja,
do compromitente e do compromissário do termo de ajustamento de conduta.
A liquidação nesse caso não é uma liquidação por arbitramento, mas sim, uma
liquidação por artigos. Porque haverá a necessidade de antes de trazer o valor
devido, o liquidante terá de provar que é um dos lesados que estão ali tutelados
na sentença proferida na ação civil pública. Ou seja, o liquidante terá de prova o
nexo causal, o liquidante terá de provar que a sua lesão individual foi
devidamente tutelada na ação civil pública, que ele está inserido na ação civil
pública. Por isso, que não haverá o exame somente do quantum debeatur, o an
debeatur, mas também o cui debeatur, ou seja, a titularidade do crédito. O
liquidante tem de provar o nexo causal entre o dano sofrido e o dano que foi
tutelado na ação civil pública. Por isso, esta liquidação é, em regra, uma
liquidação por artigos. Fixado o nexo causal, demonstrada que a lesão do
liquidante foi tutelada pela sentença da ação civil pública que foi trazida, nesse
caso sim, haverá a fixação do valor do dano, e posteriormente, se não houver
pagamento, haverá a execução.
Competência: art. 98, par. 2º, CDC; 101, I, CDC; 475-P, CPC; 80, 10741/2003;
STJ : REsp 1243887; REsp 1247150.
Tem de haver prazo prescricional. A Súmula 150 do STF diz que o prazo
prescricional da execução é o mesmo prazo prescricional da ação. Logo, a
pretensão executiva também sofre prescrição.
O fluid recovery, Art. 100 do CDC, significa que se constatado que após o prazo
de 1 ano contado da publicação de editais da sentença. A sentença que tutela
interesses individuais homogêneos em uma ação civil pública, uma vez
transitado em julgado, ela tem de suscitar a publicação de editais para dar
ciência à sociedade da existência da condenação. Na prática, isso não é efetivo,
porque os indivíduos mal leem jornal, que dirá Diário Oficial da Justiça
Eletrônico. Publicados os editais, se no prazo de 1 ano, as execuções individuais
não forem ajuizadas ou existem até execuções individuais, mas ajuizadas em
número desproporcional à gravidade do dano, ao valor globalmente
considerado, o que poderá fazer o Ministério Público e os demais legitimados da
tutela coletiva?
O termo a quo não é o do trânsito em julgado. A lei não fala nada, o que dá a
entender que seria residual, mas não é residual. Neste caso, há figura do trânsito
em julgado da publicação de editais. A publicação de editais que gera o termo a
quo da contagem do prazo de 1 anos para se executar, para que se possa
promover a execução coletiva.
Sim. Mas terá de se aplicar as regras do CPC e do NCPC. Em regra, terá de haver
o oferecimento de uma caução. A não ser que se provem as hipóteses de
dispensa de caução quando a questão disser respeito a valor alimentício, menos
de 60 salários mínimos, haja prova de hipossuficiência ou que a sentença esteja
pendente do julgamento de um recurso de agravo contra decisão que inadmitiu
um recurso especial ou um recurso extraordinário. Do contrário, terá de se
aplicar as mesmas regras do CPC, devendo haver o oferecimento de caução.
Como, em geral, o exequente não tem dinheiro, não haverá muito o que fazer.
Mas é possível a execução provisória.
Não se pode aplicar meios de coerção em face ao gestor público. Pode se aplicar
meios de coerção em face do ente réu da ação civil pública. Esse meio de
coerção, que é a multa, muitas vezes só vai poder ser exigida após o trânsito em
julgado da sentença. O que pode se fazer pelo Art. 537 do NCPC é exigir o
bloqueio da quantia, mas não tem como se fazer algo diferente em relação ao
valor.
Defesa do Executado
Se não há nada que fale sobre esse assunto na Lei 7.347/85, irá se aplicar
subsidiariamente o CPC. Se for fase de cumprimento de sentença, o executado
irá se defender por impugnação ao cumprimento de sentença. Se for execução
de título executivo extrajudicial, o executado irá se defender por embargos à
execução, sem prejuízo da exceção de pré-executividade.
Emerson Garcia entende que a ação civil pública é um gênero, do qual a ação de
improbidade administrativa é uma espécie. Por conta disso, não é equivocado se
utilizar da expressão ação civil pública de improbidade administrativa.
Mas é preferível que se fale ação de improbidade administrativa para que se fuja
da discussão acerca da nomenclatura. Pois há quem diga, que em face ao
procedimento especial que a ação de improbidade administrativa tem, que na
verdade haveria uma ação coletiva própria, autônoma. A ação de improbidade
administrativa possui peculiaridades que a distingue do seu gênero, mas é isso
que a tornaria uma espécie. Não há dúvida que a probidade administrativa
tutela interesses difusos, cujo mecanismo de tutela é a ação civil pública. Por
isso, se mostra perfeitamente possível que ação de improbidade administrativa
seja uma espécie de ação civil pública.
José dos Santos Carvalho Filho e Manoel Alves Rabelo escrevem no sentido da
impossibilidade da fungibilidade entre a ação civil pública e ação de
improbidade administrativa, entendimento este que parece correto.
1) Natureza jurídica: ação civil – art. 37, par. 4º, CRFB; Espécie de ação civil
pública ou ação coletiva própria? Análise da causa de pedir e pedido:
Fungibilidade entre ACP e ação de improbidade adm. para a cominação das
sanções previstas no art. 37, par. 4º, CRFB e 12, 8429/1992? SIM, STJ, REsp.
515.554/MA e REsp. 615691/MG X Carvalho Filho e Manoel Alves Rabelo
Disciplina Legal
O Art. 11 da Lei 8.429/92 traz condutas que geram um atentado aos princípios
da administração pública.
O Art. 11 da Lei 8.429/92 exige o dolo, mas não é necessário que seja um dolo
específico, é necessário que seja um dolo genérico. Ou seja, o agente pratica uma
conduta sabendo que a aquela conduta viola um princípio da administração
pública, tendo a ciência do homem comum de aquela conduta violaria um dos
princípios informativos da administração pública.
Teria de se aferir o custo do serviço oferecido pela empresa que foi contratada
com dispensa de contratação, e verificar qual foi o ganho, o lucro que ela obteve.
Este ganho, este lucro é que deveria ser ressarcido aos cofres públicos. É uma
tese que é polêmica, mas que o Ministério Público vem encampando. Esta tese
para o a magistratura é perigosa, havendo acórdãos no sentido negativo, mas
para o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, esta tese tem
prosperado, principalmente nos casos de dispensa de licitação, em que haveria
um dano in re ipsa ao erário e consequentemente deve ser ressarcido, aferindo-
se o valor do custo do serviço prestado, o valor do lucro do serviço pela empresa,
e com a diferença destes valores se chegaria no valor que deveria ser ressarcido
pela empresa.
Legitimado Passivo
O Art. 2º da Lei 8.429/92 traz um conceito interessante que diz que reputa-se
agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
Exemplo: Se uma pessoa exerce gestão de verba pública, ela pode ser condenada
por improbidade administrativa? Um dirigente de um partido político pode ser
condenado por improbidade administrativa?
Sim. São delegatários de serviços públicos, e por conta disso, recebem uma
delegação do poder público para praticarem atos extrajudiciais. Portanto, é
perfeitamente a inclusão dos notários e dos registradores como legitimados
passivos na ação de improbidade administrativa, conforme o entendimento do
professor Daniel de Assumpção Amorim Neves.
Sozinho não, conforme o Art. 2º da Lei 8.429/92. Mas o Art. 3º da Lei 8.429/92
aduz que se houver um particular que contribui para a realização do ato de
improbidade administrativa, ou de alguma forma recebe algum benefício
advindo do ato de improbidade administrativa, este particular será um
partícipe, tendo uma participação ímproba, e vai poder ser incluído no polo
passivo de uma ação de improbidade administrativa.
Exemplos:
- Uma sogra que coloca em sua conta bancária o dinheiro do genro que
surrupiou o erário.
Pode, mas nunca sozinho. Porque o particular para ser réu em uma ação de
improbidade administrativa tem de estar sempre atrelado a um agente público.
O particular não pode estar sozinho na ação de improbidade administrativa. Se
houve um particular, terá de ter a ele ligado um agente público. Neste caso,
haverá a figura de um litisconsórcio necessário passivo entre o particular e o
agente público. Para que o particular esteja no polo passivo da ação de
improbidade administrativa, há a necessidade de se ter também no polo passivo
o agente público, conforme o entendimento do STJ.
Até que o STJ, aos poucos, foi dizendo mudando esse entendimento. O primeiro
caso foi em relação a um ex-prefeito. O ex-prefeito, à época tinha praticado um
ato de improbidade administrativa. E o STJ passou a dizer que não existe
antinomia entre o Decreto Lei 201/67, que são os crimes de responsabilidade
cometidos por prefeitos e vereadores, e a Lei 8.429/92, a lei de improbidade
administrativa. Um diploma trata do julgamento político e outro diploma trata
do julgamento jurídico.
O STF já tinha declarado uma lei federal que era a Lei 10.628/2003, que criava
pela via infraconstitucional foro por prerrogativa de função na ação de
improbidade administrativa, justamente por não haver essa previsão na
Constituição, não podendo a lei infraconstitucional fazê-lo.
Mesmo assim, após esta decisão, o STJ afirmou que existe a chamada
competência implícita complementar da Constituição. Quando a Constituição
estabeleceu para os Governadores nos crimes de responsabilidade o foro por
prerrogativa de função o STJ, também estabeleceu o foro por prerrogativa de
função quanto à ação de improbidade administrativa porque é passível da
mesma sanção, que é a suspensão dos direitos políticos. Este entendimento
permaneceu por algum tempo.
Este panorama perdurou até 2013. Até que o órgão especial do STJ mudou o
entendimento, passando a entender que deve haver obediência ao entendimento
do STF, ou seja, não cabe foro por prerrogativa de função na ação de
improbidade administrativa, ou seja, não cabe foro por prerrogativa de função,
salvo nas hipóteses em que a Constituição prevê, nas ações de improbidade
administrativa.
Em 2013, com o julgado da corte especial do STJ, passou haver uma adequação.
O STF, em decisões monocráticas da Ministra Carmen Lúcia, passou a dizer que
a Reclamação 2.138/DF não tinha aquele entendimento, e passou a haver uma
consonância de entendimentos no seguinte sentido:
O agente político poderia ser atingido sim pela Lei 8.429/92, e que não teria
foro por prerrogativa de função.
O Ministro do STF não pode ser julgado por um juiz de primeiro grau, sob pena
de gera quebra da hierarquia funcional do Poder Judiciário.
Eis que surge uma tese em maio de 2015 que parte da doutrina não simpatiza e
que o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro não simpatiza, mas que
está sendo veiculada no STJ. A ação de improbidade administrativa proposta
contra agente político que tenha foro por prerrogativa de função é processada e
julgada pelo juiz de primeiro grau, limitada à imposição de penalidades
patrimoniais e vedada a aplicação das sanções de suspensão dos direitos
políticos e de perda do cargo do réu.
O STJ reconheceu o que o STF já reconhecia, que é não haver foro por
prerrogativa de função na ação de improbidade administrativa.
E a sanção de não poder contratar com o Poder Púbico? Não pode ser aplicada?
É algo estranho.
E os agentes políticos?
3) STJ, Rcl 2790/SC; Rcl 4.927/DF, Rel. Ministro Felix Fischer, Corte Especial,
Dje 29/06/2011
Por conta disso, a defesa prévia não de reveste apenas de caráter documental.
Além da petição, podem ser juntados documentos, e pode ser requerida a
designação da audiência de justificação para que se tragam testemunhas que
possam de alguma forma demonstrar a ausência de indícios mínimos para a
instauração do processo de improbidade administrativa. Se houver essa
audiência, terá de haver a intimação do Ministério Público, do autor da ação de
improbidade administrativa. O objetivo é a aferição de justa causa.
Para o STJ, prevalece o Princípio do In Dubio Pro Societate, ou seja, basta que
existam indícios mínimos de autoria e de materialidade do fato para que a
inicial seja recebida. A presença de indícios de cometimento de atos ímprobos
autoriza o recebimento fundamentado da petição inicial nos termos do Art. 17
§§7º, 8º e 9º da Lei 8.429/92, devendo prevalecer, no juízo preliminar, o
Princípio do In Dubio Pro Societate.
Para haver a rejeição, o STJ afirma que tem de haver prova hábil a evidenciar,
de plano, a inexistência de ato de improbidade, a improcedência da ação ou a
inadequação da via eleita.
Portanto, estas são as três hipóteses em que poderia haver a rejeição sumária da
petição inicial da ação de improbidade administrativa. É óbvio que existem
outras hipóteses de extinção do processo sem resolução do mérito, como por
exemplo, a ausência do documento que se alega ter havido a ilicitude. Se não for
juntado o documento, poderá haver a extinção do processo sem resolução do
mérito. Pode haver também o indeferimento da petição inicial, por exemplo, por
prescrição, conforme Art. 295, IV e Art. 1269, IV do CPC/73 - Art. 322 e Art.
487, III do NCPC.
Não se exige, inicialmente, que se tenha todos estes elementos. Haverá indícios
mínimos. Mas só durante a ação poderá se aferir qual foi o efetivo prejuízo, qual
foi a efetiva lesão aos princípios da administração pública, se houve dolo nos
casos do Art. 9º e 11 da Lei 8.429/92, se houve culpa nos casos do Art. 10 da Lei
8.429/92. Tudo isso, será aferido ao longo da ação. Mas, inicialmente, bastam
indícios mínimos de autoria e materialidade do fato ímprobo. Para que haja
rejeição da petição inicial de improbidade administrativa, tem de ficar
evidenciada a improcedência da ação, a inexistência do ato de improbidade, a
inadequação da via eleita, a prescrição ou outros motivos previstos no CPC.
No processo civil tradicional, contra a decisão que recebe a petição inicial não
cabe recurso nenhum. Não cabe recurso nenhum porque está se falando de um
despacho, que é o “cite-se”. Já a decisão que indefere parcialmente a petição
inicial é uma decisão interlocutória, e o recurso cabível é o agravo de
instrumento. Já a decisão que indefere totalmente a petição inicial é uma
sentença, e o recurso cabível é a apelação.
Rito: ordinário (art. 17)? Modificação da Lei 8429/1992 (art. 17) pela MP 2225-
45/2001, que teria tornado o rito especial (Cássio Scarpinella Bueno, Emerson
Garcia, Flávio Cheim Jorge);
Instituição de uma fase de defesa prévia (STF, Pet. 3067- MG): antes do
recebimento da inicial e citação, o réu recebe um notificação para manifestar-se
em 15 dias (com possibilidade de juntada de documentos e possibilidade de
requerimento de prova testemunhal – cabimento de audiência de justificação);
para o exercício do juízo de admissibilidade da ação: aferição da justa causa:
Rejeição da inicial: recurso de apelação (art. 17, par. 8º); acolhimento da inicial:
decisão interlocutória? Obrigatoriedade de motivação (art. 93, IX, CRFB)
recurso de agravo de instrumento (art. 17, par. 10º); Matéria analisada: REsp.
1.008.568/PR;
Sim.
Em relação ao primeiro agente público não houve erro algum. O juiz recebeu a
petição inicial em razão da existência de indícios de autoria e de materialidade
do fato ímprobo.
Sim, caberia. Pois pelo Art. 966 §2º do NCPC é cabível ação rescisória não só
quando a sentenças, mas contra decisões de mérito. E não somente contra
decisões de mérito, mas também contra decisões que impeçam a reanálise da
questão. É este o caso.
AULA 8
No primeiro pedido o que se busca é imputar aquele ato caracterizado como ato
de improbidade administrativa. Um ato contrário à honestidade, contrário à
probidade.
Seria possível o magistrado na sentença aplicar uma sanção que não foi
expressamente pedida na petição inicial?
O fato é que há uma discussão gigantesca em que se percebe que o autor não fez
determinados pedidos, e isso é preocupante, porque pode haver uma ação de
improbidade administrativa ajuizada por um ente público interessado, onde por
algum motivo não há o pedido da suspensão dos direitos políticos, e o
Ministério Público como custos legis não podendo fazer pedidos, podendo
apenas opinar.
Nem sempre haverá pedidos com valoração econômica imediata, como por
exemplo, a proibição de contratar com o Poder Público. Neste caso, não se
agregará nada ao valor da causa, ou se este for o único pedido, a determinação
será estimativa, ou seja, haverá fixação do valor da causa por estimativa do
autor, em que não cabe qualquer ingerência por parte do magistrado ou do réu.
Pedido: possibilidade de tutela cautelar incidental (art. 273, par. 7º, CPC) –
declaração de improbidade do ato apontado; aplicação das sanções previstas nº
artigo 12 da Lei 8429/1992 (pedido genérico? controvérsia doutrinária);
aplicação do princípio da adstrição: REsp. 1134461/SP e Emerson Garcia.
Neste caso, surge o problema, porque quanto estas sanções dizem respeito à
natureza do fato. O fato, em si, gera essas sanções.
O Art. 17 §1º da Lei 8.429/92 tinha de existir, trabalhando a sua redação para
estabelecer os limites dessa conciliação, dessa transação na lei de improbidade
administrativa, e não vedando ou simplesmente suprimindo, de acordo com
Medida Provisória 703/15.
Para que o acordo de leniência possa ser eficaz, possa produzir os seus efeitos,
possa ser aceito, é necessário que o acordo de leniência cumpra estes resultados.
Quem defende a Medida Provisória 703/15 diz que esta situação só irá acontecer
se o acordo de leniência englobar esta ação de improbidade administrativa.
Se verifica um erro que é muito comum por parte dos legisladores, que permeou
grande parte do CPC/73 e do NCPC, que diz menção à defesa do réu
simplesmente como contestação.
Por que?
O objetivo do Art. 229 do NCPC é esse, e a realidade dos processos físicos ainda
é a realidade brasileira. Embora, a informatização processual, o processo
eletrônico venha cada vez mais ganhando espaço dentro do Tribunal de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro e de outros tribunais, mas o fato é que esta
realidade não mudará de uma hora para outra em pouco tempo.
Se lembrando das ressalvas do Art. 229 do NCPC de que esta disposição não é
cabível em processo eletrônico, porque em processo eletrônico, o advogado tem
acesso ao processo 24 horas por dia no site do tribunal. Então não há razão de
se dar prazo em dobro.
Além disso, há que se falar na Súmula 641 do STF, de que se no polo passivo
houver vários réus, mas no entanto, na sentença houver a condenação somente
de um deles, em tese, somente o condenado terá interesse recursal.
Consequentemente o prazo para este condenado recorrer não será em dobro,
mas simples, porque em tese, poderá fazer carga dos autos.
Não será possível, a esfera cognitiva da inicial será estendida. Como a esfera
cognitiva da inicial será estendida, não haverá como. Como a esfera cognitiva
vai ser estendida, ela irá trazer elementos que nada tem a ver com a perquirição
da responsabilidade subjetiva do agente público indagando a ele dolo e culpa.
Parece ser muito difícil na prática que haja o efeito material da revelia, que é a
presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor na inicial, porque a
probidade administrativa é um interesse indisponível. A probidade
administrativa é um interesse indisponível, o erário é um interesse indisponível.
Por conta disso, se aplicará o Art. 320, II do CPC/73 - Art. 345, II do NCPC,
entendendo que diante da indisponibilidade do interesse tutelado, não há que se
falar em efeito material da revelia. Emerson Garcia faz menção à esta situação
em sua obra.
3) Defesa do réu: apenas contestação (art. 17, par. 9º)? Aplicação do art. 229,
NCPC; aplicação da regras previstas no Código de Processo Civil – possibilidade
de reconvenção? A revelia e a indisponibilidade dos bens tutelados em ação de
improbidade: artigo 345, II, CPC;
Parece ser uma exceção à regra. Porque o STJ até então, sempre entendeu que a
quebra do sigilo bancário era excepcional. Ou seja, a quebra do sigilo bancário
somente poderia ser utilizada em hipóteses excepcionalíssimas, quando fosse a
única prova passível de ser utilizada para se aferir o enriquecimento ilícito do
agente público. No primeiro momento, o processo civil brasileiro, em sua regra,
admitia a quebra do sigilo bancário como medida excepcional.
Neste caso, também se abriu uma exceção. Até então, se dizia que a prova
colhida em persecução penal poderia ser emprestada para o processo civil,
menos em relação ao resultado de interceptação telefônica. Porque pelo Art. 5º,
XII da CRFB, a interceptação telefônica só pode ser utilizada para fins
processuais penais, mediante prévia autorização judicial. Por isso, muita gente
dizia que não cabia prova emprestada na ação de improbidade administrativa
em relação a resultado de interceptação telefônica.
Mas nada impede, que de acordo com as lições de Ada Pellegrini Grinover e de
Barbosa Moreira, que se já houve uma interceptação telefônica em processo
penal, o conteúdo da interceptação telefônica já foi objeto de contraditório pela
parte, ou seja, já é conhecida pelo réu esta interceptação telefônica, se a
intimidade e a privacidade da parte já foram quebradas, por que não poderia se
trazer esse resultado dessa interceptação telefônica da ação penal para a ação de
improbidade administrativa?
A Lei 8.429/92 não quis aplicar nem o Art. 410 do CPC/73, nem o Art. 454 do
NCPC. A Lei 8.429/92 fez menção expressa à aplicação subsidiária do CPP. Isto
significa que há uma prerrogativa de inquirição de autoridade em local, data e
hora entre o magistrado e a autoridade em um rol muito mais restrito do que o
previsto no CPC. A remissão que é feita é ao Art. 221 do CPP. Há alguns
doutrinadores que dizem que esta remissão é equivocada, devendo haver
remissão ao CPC. Mas o dispositivo da Lei 8.429/92 é expresso e literal.
Portanto, há remissão ao Art. 221 do CPP, trazendo um rol de pessoas mais
restrito que o CPC, mas assim quis o legislador, nas quais estas pessoas podem
convencionar local, data e hora para serem ouvidas.
Não só o caput, mas o Art. 221 §1º do CPP também foi aludido pelo Art. 7º §2º
da Lei 8.429/92. Isso gera a consequência da prova documentada, em que
algumas autoridades, como Presidente da República, Vice-Presidente da
República, Presidente do Senado Federal, Presidente da Câmara dos Deputados
e Presidente do STF têm a prerrogativa de fazer um depoimento por escrito. O
Ministério Público faria as perguntas por escrito, remeteria para essas
autoridades, e essas autoridades responderiam por escrito. Logo, a prova
documentada é perfeitamente passível de ser utilizada na ação de improbidade
administrativa.
Parece equivocado.
Outro problema está no Art. 383 §4º do NCPC, quando se diz que não se
admitirá contestação ou recursos na ação cautelar de produção antecipada de
provas. Por mais que se tente interpretar este parágrafo da melhor forma, ele
parece possuir um grave vício de inconstitucionalidade material.
O objetivo do Art. 383 §4º do NCPC foi fazer como que não se discuta o mérito
da prova, mas sim a produção da prova propriamente dita. Porque o mérito da
prova conforme a conclusão do laudo pericial será visto na ação principal. Se no
depoimento, a testemunha falou a verdade ou não falou, os fatos serão vistos na
ação principal. O que não pode é uma prova pericial ser feita por um perito que
não tenha expertise necessária, e a parte alega na cautelar antecipada de provas
a falta dessa expertise. O magistrado mantém a prova, alega que está correta a
prova e que o perito tem expertise para isso. A parte não irá poder recorrer?
Pela lei não poderá. Parece um equívoco.
Da mesma forma que quando a parte apresenta quesitos, e estes quesitos são
sumariamente indeferidos pelo magistrado, não se pode recorrer? Isso gera um
problema.
O Art. 383 §4º do NCPC quis estabelecer uma disposição para que ninguém
pudesse se resignar quanto ao mérito da prova. Mas haverá diversas situações
quanto à própria produção da prova que têm de ser objeto de recurso, sob pena
dessa prova ser produzida e posteriormente no processo alguém alegar a sua
nulidade. Por conta disso, o Art. 383 §4º do NCPC traz bastante polêmica,
bastante discussão.
Por conta disso, o Art. 382 e o Art. 383 do NCPC devem ser melhor
interpretados, gerando repercussão no âmbito da ação civil pública e da ação de
improbidade administrativa, porque nesta parte se utilizam do procedimento do
rito comum.
4) Fase probatória:
c) Art. 7, par.2º, Lei 8429/1 9 92 – aplicação do artigo 221, caput (prova oral –
prerrogativa de inquirição das autoridades em data, local e hora ajustados – rol
mais restrito do que o disposto no artigo 454, NCPC) e par. 1º (prova
documentada – depoimento por escrito do Presidente, Vice-Presidente da
República, Presidentes do Senado, Câmara dos Deputados e STF) do CPP;
O Art. 37 §4º da CRFB não estaria somente elencando quais seriam as sanções
cabíveis na ação de improbidade administrativa?
Será que não deveria haver uma certa proporcionalidade na análise dessas
sanções?
Mas, e quando o terceiro agiu de boa-fé? Ou seja, quando quem adquiriu esse
patrimônio não tinha a menor ideia de que o alienante era agente público e que
tinha adquirido aquele bem mediante a prática de um ato de improbidade
administrativa? Se a ação foi ajuizada posteriormente? Como o terceiro poderá
se defender?
Sim. Bem arrestado e bem sequestrado podem ser alienados. Diante disso, se
devidamente informada na matrícula do imóvel, e se já há uma certidão de ônus
reais, já se sabia que aquele bem já estava sendo sequestrado ou arrestado.
Então, nesse caso, configura-se fraude à execução e esse bem será perseguido e
utilizado para a reparação do erário, independentemente de qualquer pedido,
porque a fraude à execução estará configurada, por se tratar de matéria de
ordem pública. Nesse caso não haveria problemas, porque a fraude à execução
estaria configurada.
Mas se não houver que se falar em conhecimento ou possibilidade de
conhecimento do terceiro adquirente de boa-fé que o alienante estava sofrendo
uma ação de improbidade administrativa ou ter cometido ato de improbidade
administrativa, e a ação ser ajuizada posteriormente à realização do negócio
jurídico. A pergunta que se faz é de como o bem adquirido pelo terceiro será
atingido?
Dano Moral
A perda é da função pública. Embora, deveria ser perda de função pública, o fato
é que não é somente daquela função pública que era exercida à época do ato de
improbidade administrativa, mas da função pública que é exercida atualmente
pelo agente público ímprobo. Porque se houver a caracterização de um ato de
improbidade, o agente público não pode continuar exercendo função pública.
Havendo quem entenda que só poderia haver a perda da função pública que
exercia à época do ato ímprobo. E só haveria a perda dessa função pública, se o
agente público hoje estivesse exercendo aquela função.
Havendo quem entenda que esta sanção não pode ser estendida a todas as
funções públicas que o agente público exerça, mas somente para aquele cargo no
qual foi praticado o ato de improbidade administrativa.
Mas estes entendimentos parecem equivocados, porque se fala em perda de
função pública. E função pública engloba todos os cargos que o agente
eventualmente exerça.
O próprio STJ não tem uma posição firme. Há julgados dizendo que é possível a
cassação e há julgados dizendo que não é possível a cassação, porque a cassação
não é prevista como sanção do Art. 12 da Lei 8.429/92.
Multa Civil
A expressão multa civil já demonstra um caráter punitivo. Não é reparatório,
porque trata-se da aplicação de uma multa, uma sanção. Se a multa tem
natureza punitiva, ela não pode ser transmitida ao sucessor. As sanções, as
penalidades não podem ultrapassar a personalidade daquele sofreu a
condenação.
Portanto, a multa civil não pode ser transmitida ao sucessor. Se a multa civil
trata de uma sanção, a sanção não pode atingir a figura do sucessor.
A princípio não. A não ser que haja responsabilização dos sócios. Por se tratar
de uma seara de responsabilização, pode-se atingir partícipes particulares. Se há
a proibição de um particular específico de contratar com o poder público,
qualquer empresa que este particular esteja integrando, em tese, também
geraria a mesma proibição para essa empresa. Trata-se de uma questão
polêmica, mas este é o entendimento do Ministério Público.
Há possibilidade de gradação desse termo máximo de proibição?
Ao observar o Art. 12 da Lei 8.429/92, se percebe que o valor da multa civil vai
depender do Art. 9, do Art. 10 e do Art. 11 da Lei 8.429/92, dependendo do caso
concreto. Assim como a suspensão dos direitos políticos. Há, portanto, uma
gradação da multa civil e da suspensão dos direitos políticos de acordo com o
tipo do ato praticado, de acordo com a caracterização do ato de acordo com o
Art. 9, Art. 10 e Art. 11 da Lei 8.429/92.
Não seria crível. Seria possível sim, haver a gradação do termo máximo de
proibição de contratação com o poder público, aplicando o Princípio da
Proporcionalidade, e consequentemente estabelecer um prazo para que essa
proibição incida.
5) Sentença cumulatividade das sanções: interpretação literal do art. 37, par. 4º,
CRFB? ; Art. 12, 8429/1992 – Lei 12.120/2009 :
REsp.951389/SC;
Crítica: Na lei de ação civil pública foi feito isso. É uma lei diversa, a ação civil
pública não tutela somente interesses difusos como a ação popular, mas
também interesses coletivos e individuais homogêneos. O procedimento é
diferente, porque a ação civil pública segue o rito comum e a ação popular tem
um rito com especialidades.
Por conta disso, gera um incômodo quando a jurisprudência usa o termo ação
civil pública de improbidade administrativa. Porque há institutos que são
aplicados na ação civil pública que são aplicados de forma diversa na ação de
improbidade administrativa.
Pela Súmula 7 do STJ, o STJ não reexamina fatos, não reexamina provas, até
porque, o recurso especial busca a reanálise de questão de direito. Essa regra
prevista na Súmula 7 do STJ não é absoluta.
Em processo civil, se sabe que nas ações indenizatórias é possível que o STJ
modifique o quantum indenizatório se verificar que o valor é irrisório ou
desproporcional, excessivo, violando o Princípio da Justa Indenização. Para se
saber se o valor da indenização está excessivo ou irrisório, o STJ tem de
reanalisar fatos e provas.
Em processo civil, também há outra exceção à Súmula 7 do STJ, que diz respeito
ao Direito de Família. Muitas vezes, para se analisar questões relativas ao
Direito de Família, tem de se reanalisar fatos e provas.
Sistema recursal: art.17, par. 10, 8429/1992; aplicação das regras previstas no
novo CPC (art. 1009 e 105, NCPC) ; A revisão da dosimetria das sanções
aplicadas em ação de improbidade administrativa implica reexame do conjunto
fático-probatório dos autos, encontrando óbice na súmula 7/STJ, salvo se da
leitura do acórdão recorrido verificar-se a desproporcionalidade entre os atos
praticados e as sanções impostas: AgRg no REsp 1452792/SC, AgRg no REsp
1500812/SE; AgRg no REsp 1372421/SP;
Neste julgado, o STJ vai além, e traz uma exceção ao efeito devolutivo. Porque
no efeito devolutivo, o tribunal só poderia se manifestar quanto às questões
trazidas no recurso.
Não. Porque violaria o Efeito Devolutivo. Mas para reduzir o valor da multa, o
tribunal pode de ofício. Para majorar o valor da multa, o tribunal não pode de
ofício.
O Art. 5º §3º da Lei 7.347/85 prevê que na desistência da ação por associação
autora, seriam publicados editais para que eventuais outros legitimados possam
assumir a titularidade no polo ativo. Caso assim, não façam, o Ministério
Público assumiria o polo ativo da ação civil pública desde que entenda que o
abandono e a desistência foram infundados. Ou seja, ainda existem claros
indícios de violação de interesses difusos coletivo, e individuais homogêneos. É
a chamada indisponibilidade temperada das ações coletivas.
Se o pedido for julgado improcedente por qualquer outro motivo, terá aptidão
de gerar coisa julgada material.
Aula 9
Ação Popular
Se a lei é a Lei 4.717/65, ou seja, uma lei que foi editada sob a égide do CPC/39,
então, logicamente, muitos dispositivos fazem alusão a nomenclaturas e
questões já superadas. A própria constituição era outra. Então, a Lei 4.717/65
deve ser interpretada de acordo com a novas diretrizes processuais e
constitucionais.
A ação popular visa anular atos lesivos não só pela lesão, mas também:
Quando aquele ato não atinge a finalidade a qual ele estava destinado, ou não
atinge a finalidade pública. Não se trata somente do desvio específico de
finalidade, mas também do desvio genérico de finalidade. Ou seja, não só pela
finalidade pela qual o ato foi praticado, mas também pela finalidade pública, de
tutelar, de zelar pelos interesses sociais.
Mas a ação popular não atinge somente ato comissivos, mas também vai atingir
atos omissivos. Por isso, não é necessário se demonstrar que já houve uma
lesão, não é necessário se demonstrar que já houve uma ilegalidade, mas que há
elementos que demonstram que aquele ato gerará uma lesão, que há indícios de
ilegalidade e que há possibilidade produção de riscos à administração pública,
que há a possibilidade de causar lesão. Por isso, é possível se aplicar a ação
popular contra omissão do poder público, conforme o entendimento do STJ.
Por exemplo, no Art. 5º §2º da Lei 4.717/65 se diz que se equipara para título de
ação popular, os atos praticados por sociedades de economia mista federais às
autarquias federais. O que não pode, conforme o Art. 109, I da CRFB e a Súmula
42 do STJ.
No Art. 5º §3º se fala no juízo universal da ação popular. Ou seja, a ação popular
cria um juízo universal relativo aqueles interesses. O STJ tem interpretado que o
juízo universal no caso diz respeito às ações populares.
1. Art. 2º da Lei 8.437/92, que embora haja uma certa controvérsia no STJ,
vem se entendendo que se aplica à ação popular a restrição do Art. 2º da
Lei 8.437/92 ainda que não se mencione expressamente seu cabimento
na ação popular. Há que observar que se a ação popular for contra ato de
ente público, não poderá haver liminar inaudita altera pars. Não cabe
liminar inaudita altera pars, porque quando há pedido de liminar, o
magistrado tem de notificar o representante do ente público, dando a ele
prazo de 72 horas para manifestação. Somente após a decorrência desse
prazo, o magistrado poderá, ou não, conceder a liminar. Na ação popular
se verifica esta restrição, embora não haja previsão expressa no Art. 2º da
Lei 8.437/92, se entende por aplicável. Embora haja uma controvérsia no
STJ, no sentido de que não é aplicável, porque não há previsão literal
quanto à ação popular, só havendo previsão para mandado de segurança
coletivo e para ação civil pública.
2. Outra restrição diz respeito ao incidente de suspensão de efeito de
liminar, que também se aplica na Lei 4.717/65. Quando há uma liminar
em desfavor do Poder Público, o Poder Público, o ente federativo pode,
ao invés de ingressar com o recurso de agravo de instrumento, ele pode
buscar junto à presidência do Tribunal através de um incidente
processual de suspensão dos efeitos da liminar, buscar cessar os efeitos, a
eficácia daquela providência antecipatória de urgência, daquele
provimento antecipatório. E uma vez concedido pelo Presidente do
Tribunal, aquela suspensão só cessará, voltando a produzir os efeitos da
decisão, pelo trânsito em julgado da sentença de ação popular.
Pode se aplicar o Art. 461 e o Art. 461-A do CPC/73 – Art. 537 e Art. 538 do
NCPC?
E quando o ato for um ato praticado por um ente público, mas ato este que é
submetido à fiscalização de uma agência reguladora?
Porque tem de ser posto no polo passivo da ação popular todos aqueles que
estão diretamente relacionados ao ato impugnado. Haverá um verdadeiro
litisconsórcio passivo necessário.
E o Tribunal de Contas?
Nesse caso há uma complicação. Primeiro porque o Tribunal de Contas não tem
personalidade jurídica própria.
Logo:
Nesse caso, não. O STJ, de forma casuística, entende que o Tribunal de Contas,
nem o seu respectivo ente a ele atrelado, ou seja, Município, Estado ou União
estarão abraçados pela ação popular.
Logo, o Tribunal de Contas, nem o respectivo ente federativo figuram como polo
passivo na ação popular.
Portanto, primeiro tem de se tentar a citação pela via tradicional, que é a via
pessoal. A citação pela via editalícia será a ultima ratio, se não for possível a
intimação.
Da mesma forma, o magistrado terá de verificar se falta alguém no polo passivo.
Porque tem de estar presentes no polo passivo todos aqueles responsáveis
diretamente pelo ato impugnado. Se faltar alguém, caberá ao juiz, com o fim de
se evitar a ineficácia da sentença, intimar o autor para que emende a petição
inicial trazendo o litisconsorte necessário ausente. Se o autor trouxer o
litisconsorte necessário ausente, há o prosseguimento da ação. Mas se o autor
não trouxer o litisconsorte necessário ausente, em tese, será caso de
indeferimento da petição inicial por falta de legitimidade.
Neste caso, haverá também a preclusão lógica. Uma vez a pessoa jurídica de
direito público indo para o polo ativo, não poderá mais voltar para o polo
passivo.
A ação popular pode atingir um ato legislativo de efeito concreto, a ação popular
pode atingir um ato administrativo de órgão jurisdicional. Ato administrativo
não significa necessariamente ato do Poder Executivo, podendo haver ato
legislativo de efeito concreto. Como, por exemplo, a concessão de licença a um
Vereador de forma irregular, que é um ato legislativo de efeito concreto,
cabendo neste caso a ação popular. Um exemplo de ato administrativo
jurisdicional é a concessão de férias indevidas a algum servidor do Poder
Judiciário, também se trata de um ato impugnável por ação popular.
Por isso, que a conciliação em ação popular é até admitida, mas em relação ao
ressarcimento ao erário, em relação às obrigações de fazer ou não fazer para
reparar o meio ambiente, sendo perfeitamente possível.
Mas na prática a não publicação de editais não gera nulidade, porque não gera
prejuízo. Para gerar nulidade, tem haver a demonstração prejuízo. Não gera
prejuízo, e consequentemente não gera nulidade, porque o processo será
remetido para o Ministério Público.
O Ministério Público irá suceder na ação popular se o Ministério Público assim
entender. O Ministério Público irá suceder na ação popular se entender que a
desistência ou o abandono foi injustificado, ou seja, ainda existem elementos
que demonstram a violação de interesses difusos, por se tratar de ação popular.
Se, no entanto, o Ministério Público perceber que não há indício algum de
violação de interesses difusos, não haverá a sucessão, conforme o Princípio da
Indisponibilidade Temperada das Ações Populares.
Há uma fase de cognição em uma ação ambiental. Quem irá pagar os honorários
periciais?
O cidadão não tem dinheiro. Além disso, a Lei de Ação Popular determina a
dispensa do adiantamento de honorários. Não pode haver a transferência do
ônus ao réu. Quem irá pagar?
Essa é uma pergunta que a doutrina finge que não existe, e poucos
doutrinadores enfrentam esta pergunta. Porque é uma pergunta cuja resposta
não é difícil, mas quase impossível. Não haverá quem pague. Deverá haver
requisição de uma Universidade Federal? Verbas que seriam utilizadas para
pesquisa, ensino e extensão serão utilizadas para custear uma prova pericial do
Poder Judiciário?
O fato é que na ação popular, neste caso, por sorte, a Desembargadora Myriam
Medeiros percebeu que quem promovia a liquidação de sentença para promover
a perícia a qual foi requerida foi o Ministério Público. A Desembargadora
Myriam Medeiros aplicou o entendimento do STJ relativo às ações civis públicas
ajuizadas pelo Ministério Público, logo, quem irá pagar a perícia será o ente
público ao qual o parquet está vinculado.
É uma pergunta sem resposta. O réu não irá pagar porque não se pode inverter
o ônus da prova, nem o ônus financeiro da prova. O autor não irá pagar porque
está impedido de adiantar valores, e que se fosse o caso, não haveria como
pagar, porque uma perícia ambiental é cara.
Por isso, é que não se vê na prática que ações populares, embora a Constituição
tenha colocado o meio ambiente como objeto de tutela da ação popular, é raro
se ver uma ação popular tutelando o meio ambiente. Porque se chegará nesta
fase, e ocorrerão problemas gravíssimos a serem resolvidos.
Há autores que vão dizer que como as pretensões da ação popular são
desconstituir o ato administrativo, ressarcir o erário e obrigação de fazer ou não
fazer, uma pretensão terá natureza decadencial e outra pretensão terá natureza
prescricional.
Seja como for, o prazo de 5 anos só diz respeito à anulação do ato administrativo
lesivo, porque o ressarcimento ao erário é imprescritível, conforme o Art. 37
§5ºda CRFB.
Alegações Finais da Ação Popular
Sim. O ideal é que esteja. Mas senão, terá de se inserir se a improcedência foi
por insuficiência de provas.
Se a sentença for improcedente por qualquer outro motivo, a coisa julgada será
material.
Competência: art. 5º. Lei 4717/65 - local de consumação do ato danoso? STJ, CC
47950/RJ
Tutela de urgência: art. 5º, pa r . 4º e 14, par. 4º, 4717/65; aplicação dos arts.
461 e 461-A, CPC; Rito: ordinário – arts. 7º e 22, 4717/65; Aplicação da Lei
8437/1992? STJ, REsp. 1001838/RJ X RMS 5621;
Resposta dos réus (art. 7, IV): prazo de 20 dias, prorrogável por determinação
judicial, não se aplicando o art. 229, NCPC (aplicável, por exemplo, em sede
recursal – STJ, REsp. 230142); Atuação do Ministério Público: art. 6º, par. 4,
4717/65 – defesa do ato impugnado?
Fase instrutória: poder de requisição – art. 7º, par. 1º e 8º, com possibilidade de
sanções administrativas para o juiz: atual interpretação;
TJ: 0025768-98.2015.8.19 . 0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO 1ª Ementa
DES. MYRIAM MEDEIROS - Julgamento: 12/06/2015 - QUARTA CAMARA
CIVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR.
LIQUIDAÇÃO PROVISÓRIA IMPULSIONADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO.
ARTIGO 475-D DO CPC (ARBITRAMENTO). DECISÃO QUE ATRIBUI AO
EXECUTADO O ÔNUS DO PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS.
INCONFORMISMO CALCADO NA NECESSIDADE DE SOBRESTAMENTO DA
LIQUIDAÇÃO ATÉ A FORMAÇÃO DA COISA JULGADA MATERIAL, BEM
COMO NO DESCABIMENTO DA TRANSFERÊNCIA DO ÔNUS FINANCEIRO
DO CUSTEIO DA PROVA
Prescrição: 5 anos (art. 21, 4717/65) – termo inicial: primeiro ato concreto lesivo
à Adm. Pública: STJ, REsp. 755059/SP;
E no âmbito extrajudicial?
Portanto, neste caso já há uma primeira discussão de até que ponto o Ministério
Público pode atuar na responsabilização em sede administrativa.
Pela Lei 12.846/13, o Ministério Público não atua na responsabilização em sede
administrativa. Mas como se trata de uma lei nova, de uma lei recente, há que
haver uma maturidade jurídica para se discutir essa questão.
A multa será de 0,1% a 20% do faturamento bruto, mas não pode ser inferior à
vantagem auferida. Se a vantagem auferida for maior do que 0,1% ou 20%, a
multa será no valor da vantagem auferida. Nem sempre é possível obter a
estimação da vantagem auferida do ato ilícito contra a administração público.
Não. Esta multa tem caráter reparatório porque há vinculação com a vantagem
auferida. Ora, se o objetivo é justamente o ressarcimento da vantagem auferida,
esta multa teria caráter reparatório, e não propriamente sancionador.
Os elencos de sanções da Lei 12.846/13, tanto o rol do Art. 5º, quanto rol do Art.
19, são elencos taxativos ou são elencos exemplificativos?
Essa é uma das grandes questões dessa lei, a proibição de licitar e contratar com
o poder público pode ser aplicada na ação de responsabilização, ou
obrigatoriamente terá de se propor uma ação de improbidade administrativa?
Se formará uma comissão, designada por quem instaurou e por mais dois
servidores estáveis, para se julgar esse pleito de responsabilização em sede
administrativa.
Este procedimento será concluído em 180 dias, podendo este prazo ser
prorrogado por igual período, desde que forma fundamentada. Ao final, serão
apresentados relatórios sobre os fatos apurados, e essa comissão sugere as
sanções a serem aplicadas, se remetendo ao órgão máximo da autoridade
instauradora do ente público determinado para que se decida e se aplique as
sanções.
O acordo de leniência muitas vezes pode não ser efetivo a ressarcir o dano ao
erário ou a promover as devidas sanções cabíveis na situação.
Quais são os requisitos previstos pelo Art. 16 da Lei 12.846/13 com a redação da
Medida Provisória 703/15?
Esses sãos os requisitos para que se celebre o acordo de leniência. Mas não
bastam os requisitos. O acordo de leniência tem de produzir resultados, sob
pena de ineficácia.
Em sede judicial, a primeira coisa que o Art. 18 da Lei 12.846/13 fez foi
estabelecer a independência entre a esfera administrativa e a esfera judicial. O
fato de haver independência não significa que tenha de haver ciência. Porque as
sanções do Art. 19 da Lei 12.846/13 a elas podem ser somadas as sanções do Art.
6º da Lei 12.846/13. Ou seja, em sede judicial, podem ser aplicadas as mesmas
sanções da seara administrativa. Por conta disso, tem de haver a notícia de
eventual existência de responsabilização administrativa, até para que não se
apliquem as mesmas sanções.
Por isso, embora as sanções sejam independentes, isso não significa que não
haja necessidade de ciência da autoridade judicante acerca da existência da
responsabilização em sede administrativa.
É diferente da ação civil pública, porque se trata de uma lei especial que quis
criar um rol específico de legitimados, assim como na ação de improbidade
administrativa. Associações não podem propor essa ação de responsabilização,
porque não tem previsão legal para isso.
A cumulação parece não ser possível. Porque no mesmo processo haveria dois
tipos de responsabilização, a subjetiva da ação de improbidade administrativa e
a objetiva da ação de responsabilização. Não parecendo ser possível esta
cumulação de ações no mesmo processo.
Poucos autores falam sobre a questão, como Eduardo Cambi e Hugo Nigro
Mazzilli. Essa conexão não é vista com bons olhos. Hugo Nigro Mazzilli não
concorda com esta conexão, porque a conexão serviria para atrasar e atrapalhar
o andamento das ações, já que elas se baseiam em responsabilizações diferentes.
O Art. 7º da Lei 8.429/92 tem essa diferença em relação ao Art. 19 §4º da Lei
12.846/13. Mas essa diferença é literal, e o tratamento que a jurisprudência dá à
cautelar de indisponibilidade do Art. 7º da Lei 8.429/92 pode ser o mesmo do
Art. 19 §4º da Lei 12.846/13.
Lei 7.913/89
De acordo com a Lei 7.913/89 só cabe ao Ministério Público ajuizar esta ação.
Tanto é que o Lionel Zaclis e o Gregório Assagra de Almeida dizem que a lei é de
1989, posterior à Lei 7.347/85, não quis estabelecer o rol do Art. 5º da Lei
7.347/85, mas sim um rol diverso. Então, estes autores sustentam que a
legitimidade para ação da Lei 7.913/89 é exclusiva do Ministério Público, seja de
ofício ou por provocação da CVM. É claro que a CVM não gosta dessa posição,
porque pela CVM, a próprio CVM que deveria ajuizar esta ação.
Por isso, autores como Hugo Nigro Mazzilli e Nelson Nery Jr sustentam que
embora a Lei 7.913/89 mencione somente o Ministério Público como
legitimado, parece possível a aplicação do Art. 5º da Lei 7.347/85,
principalmente o inciso IV, para que a CVM possa também ajuizar esta ação.
Mas parece o melhor entendimento é de que a Lei 7.913/89 quis realmente criar
um rol diferenciado com um único legitimado, no caso o Ministério Público.
O Art. 2º da Lei 7.913/89 também traz uma disposição diferente do Art. 100 do
CDC. Quando é proferida uma sentença em ação civil pública tutelando
interesse individual homogêneo, as partes têm um prazo prescricional para
executar esta sentença. Segundo o STJ, este prazo é um prazo de 5 anos. A
execução coletiva, chamada de fluid recovery do Art. 100 do CDC, que tem o
prazo de 1 ano, este prazo não é decadencial.
O Art. 2º §1º da Lei 7.913/89 diz que se for publicada uma sentença líquida ou
liquidada sentença ilíquida, e a decisão de liquidação transitada em julgado,
serão publicados editais dando ciência do trânsito em julgado da sentença ou do
trânsito em julgado da decisão de liquidação, e será dado um prazo de 2 anos
para que haja a habilitação e a execução do dano, sob pena de decadência.
A regra é de 5 anos para prescrição. Já o Art. 2º §1º da Lei 7.913/89 traz uma
exceção que se deu um prazo de 2 anos de habilitação, sob pena de decadência.
Com a decadência, haveria o fluid recovery do Art. 100 do CDC.
c) art. 2º, par. 1º, Lei 7913 / 1989: aplicável somente para as sentenças líquidas,
suscitando, na hipótese de iliquidez, a incidência dos arts.95 e 97, CDC;
Publicação de editais: trânsito em julgado da sentença – prazo de 2 anos para
habilitação (prazo decadencial), sob pena de fluid recovery – art. 100, CDC;
A Ação Civil Pública da Lei 7.913/89 se confunde com a ação da Lei 246 da Lei
6.404/76?
O pedido da Lei 7.913/89 é mais abrangente, pois visa tutelar todos os danos
causados a todos os acionistas, diferentemente do Art. 246 da Lei 6.404/76
onde se busca a reparação do dano ao acionista autor da ação.
AULA 10
Tanto a Lei 7.853/89, que é a principal lei relativa à tutela coletiva de pessoas
portadoras de necessidades especiais. Já a Lei 13.146/15 diz respeito em sua
maior parte ao direito material, com raras inserções no campo do processo civil,
e mais raras inserções em sede de tutela coletiva.
1. Ministério Público
2. Defensoria Pública
3. União
4. Estados
5. Municípios
6. Distrito Federal
8. Autarquia
9. Empresa Pública
10. Fundação
Mas essa aplicação subsidiária é aplicada quando a lei não disciplina de forma
contrária. Será que não foi a intenção do legislador disciplinar de forma
contrária?
Não parece ser o caso. A doutrina tem entendido que, a critério do juiz, irá se
aplicar a possibilidade da dispensa do requisito do lapso temporal de um ano
entre a data do ajuizamento da ação e a data da constituição da associação, ou
seja, do seu registro no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
Em relação à legitimidade, se traz:
Instrução da Inicial
De um lado, autores como Hugo Nigro Mazzilli, que irão dizer que o Art. 4º da
Lei 7.853/89 é lei especial, e onde o Art. 4º da Lei 7.853/89 não excepcionou,
não cabe ao hermeneuta excepcionar se utilizando de outra norma. Por conta
disso, Hugo Nigro Mazzilli vai entender que na tutela de interesses individuais
homogêneos de pessoas portadoras com necessidades especiais, o Art. 4º da Lei
7.853/89 se aplica também, havendo uma coisa julgada secundum eventus
probationis nesta hipótese.
Reexame Necessário
Art. 3 par. 6º: “Em caso de desistência ou abandono da ação, qualquer dos co-
legitimados pode assumir a titularidade ativa”. Obrigatoriedade?
Art. 4º, caput: coisa julgada secundum eventus probationis; § 1º: previsão de
reexame necessário - carência ou pela improcedência da ação;
O Estatuto da Cidade traz uma ação coletiva específica que é ação de usucapião
especial coletiva urbana. Ou seja, trata-se de uma ação coletiva prevista no Art.
12, III do Estatuto da Cidade que é a ação de usucapião especial coletiva urbana.
Para se tratar de uma ação coletiva, o Art. 12, III do Estatuto da Cidade vai dizer
que é legitimado como substituto processual, a associação de moradores da
comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que
explicitamente autorizada pelos representados, detentora de gratuidade de
justiça, inclusive em sede extrajudicial, com intervenção obrigatória, em sede
judicial, do Ministério Público.
Porque a lei não exige este requisito. Logo, não será possível restringir esta
legitimidade.
A associação terá gratuidade de justiça, então ajuizará a ação sem qualquer tipo
de adiantamento de custas, de honorários e quaisquer valores. E esta gratuidade
já está estendida automaticamente à seara extrajudicial. A gratuidade justiça em
um primeiro momento se limita à seara judicial, tanto é que o Art. 98 do NCPC
trata disso. E para se possa estender a gratuidade de justiça do âmbito judicial
para o âmbito extrajudicial, haverá a necessidade de extensão expressa pelo juiz.
No Estatuto da Cidade não, a extensão da gratuidade de justiça para o âmbito
extrajudicial já é da lei, já é obrigatória, já é automática.
As terras serão divididas de forma igual em frações de terreno, a não ser que
haja um acordo entre os condôminos.
A usucapião especial coletiva urbana tem uma característica que nem se aplica
muito bem à tutela coletiva, mas vai trazer a possibilidade de a usucapião ser
conhecida em matéria de defesa. Até então, a usucapião, pelo atual CPC,
demanda um procedimento especial, que é a ação de usucapião. Em tese,
sempre se disse que a usucapião alegada em sede de defesa só geraria a
improcedência da ação de reintegração ou a ação petitória que tiver sendo
ajuizada. Para que fosse reconhecida a usucapião, teria de haver
necessariamente a alegação em ação própria de usucapião. Só que o Estatuto da
Cidade muda esse entendimento, dizendo que a usucapião pode ser reconhecida
por mera alegação em sede de defesa, servindo a sentença como título de
aquisição de propriedade para o registro imobiliário. Nesse caso, trata-se de
legitimidade ativa, não é a legitimidade passiva. Porque na legitimidade passiva,
a associação, no polo passivo, em tese, não teria legitimidade para alegar e
reconvir. A associação dentro da legitimação coletiva passiva não teria
autorização e legitimidade para tutelar esses interesses como matéria de defesa,
mas somente como matéria administrativa.
Não. Se a lei não fala, não pode ser aplicado esse requisito.
Exemplo: Se for uma entidade civil de consumidores e clientes bancários não irá
poder ajuizar uma ação relativa a um vício ou um acidente de consumo ou um
defeito de consumo, em relação, por exemplo, à uma salsicha.
Por um lado, se iria contra a mens legis, já que estas sanções estavam previstas
no Art. 108 do CDC e o Art. 108 do CDC foi vetado.
Por outro lado, há quem diga que o veto traz apenas um silêncio da lei a respeito
do assunto, consequentemente, haveria a possibilidade no compromisso de
ajustamento de conduta de fazê-lo. No Direito Civil pode se estabelecer uma
cláusula penal. Por isso, há quem entenda pela possibilidade da aplicação de
sanções, de multas na Convenção Coletiva de Consumo.
Não. A lei não quis dar à Convenção Coletiva de Consumo o status de título
executivo extrajudicial.
Em tese, a Convenção Coletiva de Consumo pode ser levada ao Poder Judiciário
para homologação?
Alguns autores, como Nelson Nery Jr, tentam dar esse caráter de título
executivo extrajudicial à Convenção Coletiva de Consumo, dizendo que é uma
espécie de compromisso de ajustamento de conduta. E o compromisso de
ajustamento de conduta, pelo Art. 5º §6º da Lei 7.347/85 é um título executivo
extrajudicial. Mas a doutrina majoritária entende de modo diverso.
Portanto, não há sentido dizer que Convenção Coletiva de Consumo seja uma
espécie de compromisso de ajustamento de conduta, porque na verdade são
tutelas coletivas extrajudiciais diversas.
Embora, alguns doutrinadores como o professor Nelson Nery Jr, entendam que
não seja necessário, uma Convenção Coletiva de Consumo tem de estabelecer a
possibilidade da cláusula rebus sic stantibus, ou seja, de fatores da ordem
econômica mudarem a concepção daquela Convenção Coletiva de Consumo.
Parece que a Convenção Coletiva de Consumo poderia sim estabelecer prazos e
até a possibilidade de prorrogação mediante consentimento dos signatários.
Ainda que alguns vejam inconstitucionalidade nesse caso, outros entendem que
o objetivo é se preparar para a possibilidade de não filiados, que não vão estar
adstritos à Convenção Coletiva de Consumo, muito menos a outros afiliados, a
outras entidades de fornecedores, a outros sindicatos de categoria econômica.
A Convenção Coletiva de Consumo tem como objeto também a reclamação e a
composição do conflito de consumo. Parecendo possível a estipulação de
mediação extrajudicial na forma do NCPC.
De que forma?
Há dois mecanismos:
Muitas vezes, o dano foi causado por um filiado e se percebe que aquela questão
a Convenção Coletiva de Consumo tratou de forma equivocada.
O juiz, portanto, dará uma decisão com um prazo para que se resolvam as
irregularidades. Só que esta decisão não é uma sentença, porque depois o
magistrado irá extinguir o processo sem resolução do mérito se as
irregularidades forem satisfeitas. Trata-se de discricionariedade do juiz.
Dependendo das circunstâncias fáticas que possam demandar até esse prazo
para que as irregularidades sejam sanadas. Satisfeitas as exigências, o processo
será extinto sem resolução do mérito.
Diversas questões devem ser abordadas nesse caso. A primeira dela diz respeito
à legitimidade.
Será que a Defensoria Pública tem legitimidade para ajuizar apuração judicial
de irregularidades, visando a interdição da entidade?
A legitimidade será de petição fundamentada do interessado e por iniciativa do
Ministério Público. Não há menção à Defensoria Pública.
Será que alguma outra medida de urgência pode ser determinada, além do
afastamento provisório do dirigente da entidade?
Outra questão, seria quanto ao pedido. O pedido nesse caso só poderia ser a
aplicação de multa ou de advertência. O que está previsto em lei, havendo
aquela discussão de ser possível ou não a interdição da entidade. O pedido no
caso foi a interdição da entidade.
Toshio Mukai afirma que não será possível, porque a lei estabelece de forma
expressa quais são as sanções. As outras sanções deverão ser objeto de uma ação
civil pública.
Hugo Nigro Mazzilli entende que serão possíveis as aplicações das penalidades
de interdição e de afastamento definitivo do dirigente da entidade nesse
procedimento, afim de garantir a efetiva tutela desses interesses.
Será oferecido o prazo de 10 dias para a defesa. Não sendo apresentada a defesa,
se dará vista dos autos ao Ministério Público por 5 dias, para depois o
magistrado decidir em 5 dias. São prazo impróprios.
O Hugo Nigro Mazzilli diz que compromisso de cessação tem como legitimados
somente Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça e CADE, já o
compromisso de ajustamento de conduta tem como legitimado o Ministério
Público e órgãos públicos. O Hugo Nigro Mazzilli tenta determinar a
coexistência e concomitância de ambos os institutos.
Mandado de Injunção
Quando o mandado de injunção é impetrado, se diz que existe uma norma que
deveria ser editada, e por não ter sido editada gera prejuízos ao exercício de
direitos e garantias fundamentais. O mandado de injunção tem esse escopo,
tanto é, que ele não serve para retificar normas, para interpretar normas. O
mandado de injunção não é adequado para retificação de norma, para
interpretação de normas. O objetivo do mandado de injunção é identificar uma
lacuna normativa que esteja impedindo a tutela de interesses e garantias
fundamentais.
Por isso, é que por outro lado, há radicais que aplicam a Teoria da
Independência Jurisdicional. Foi uma teoria vista na década de 70 e 80, muito
pouco aplicada. Por essa teoria, o Poder Judiciário teria de editar norma geral.
Esta teoria viola a separação dos poderes.
Finalmente, se chega a duas teorias que vêm sendo adotadas pelo Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro, pelo STJ e pelo STF.
Não há violação da coisa julgada, mas sim uma cessação da eficácia da decisão.
Enquanto não havia a lei, se aplicava a decisão. Mas quando surge a lei, a
decisão perde os seus efeitos.
Por isso, que se defende de acordo com o Art. 129, II da CRFB, o Art. 127 da
CRFB, o Art. 6º da Lei Complementar 75/93, os Arts. 34, 35 e 38 da Lei
Complementar 106/2003 que o Ministério Público possui legitimidade irrestrita
no mandado de injunção.
Em tese, o mandado de injunção, verificando que isso ocorre com uma gama de
servidores, o sindicato ou associação poderia ajuizar a ação não só contra o ente
responsável pela norma que não foi editada, mas contra a autoridade que não a
aplica no caso concreto por conta dessa inércia. É o entendimento do STJ e do
STF em alguns julgados.
O mandado de injunção não serve para retificar norma, não serve para
interpretar norma, nem para obter o cumprimento de norma. O mandado de
injunção serve para declarar uma inércia legislativa e suprir essa inércia,
resolvendo aquele caso concreto, utilizando outras fontes do direito, com
eficácia inter partes. É esse o objetivo do mandado de injunção, mas não o
cumprimento de legislação em vigor.
7) Mandado de Injunção:
Aplicação:
d) Teoria mista: adotada em recentes julgados do STF (MI 562/RS): prazo para
o responsável sanar a omissão aferida e, se não sanada, autoriza ao requerente o
exercício do direito invocado (atividade integrativa), com eventual possibilidade
de liquidação na via jurisdicional ordinária;
Quais são interesses que podem ser tutelados pelo mandado de segurança
coletivo?
Para tutela o interesse difuso tem ação civil pública, ação popular, ação de
improbidade administrativa, porque o mandado de segurança coletivo também?
Diante dessa situação, a omissão da lei significa que os interesses difusos não
podem ser tutelados pelo mandado de segurança coletivo? O Art. 21 Parágrafo
Único da Lei 12.016/09 deve ser interpretado literalmente?
Por conta disso, a doutrina critica de forma contumaz o Art. 22 §1º da Lei
12.016/09.
Há autores, como Fredie Didier Jr. que vão dizer que tem de se ignorar o
dispositivo. Onde está escrito desistência se lê suspensão, pela proibição do
retrocesso.
Não parece ser a leitura mais técnica a ser feita. Porque se há uma norma
especial, ela deve prevalecer sobre a norma geral. Trata-se de uma exceção à
regra. Não havendo como deixar de aplicar a literalidade do Art. 22 §1º da Lei
12.016/09, ainda que isso afete de forma contundente a própria efetividade do
mandado de segurança coletivo.