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FORÇAS ARMADAS

1. Como estão disciplinadas na Constituição Federal de 1988


2. Questões relevantes

De início, salienta-se que a Constituição Federal de 1988 trata das Forças Armadas no
capítulo II do Título V em que aborda, principalmente, a questão da defesa do Estado e das
instituições democráticas. Além disso, conforme as atribuições privativas do presidente da república
no art. 84, XIII, e o exposto no art. 142 sobre as Forças Armadas, respectivamente, o chefe do
executivo nomeia os comandantes e detém do comando supremo dessas instituições. Com isso, o
que é tratado nesse capítulo II ressalta uma gama de especificidades dessa estrutura, as quais mais
presentes que caracterizam esse regimento são: a proibição da sindicalização e da greve (art. 142,
IV), enquanto em serviço ativo, o militar não pode estar filiado a partidos políticos (art. 142, V),
não cabe habeas corpus em relação as punições disciplinares militares (art. 142, § 2º) e sobre a
obrigatoriedade do serviço militar em termos da lei (art. 143).
Outro ponto faz saber que os três institutos das Forças Armadas (Exército, Marinha e
Aeronáutica) não mais são separados, mas sim unificados dentro do Ministério da Defesa na medida
em que, na Constituinte de 1988, houveram propostas para unificar os até então os três ministérios
desses institutos, mas os militares sempre se opuseram a essa medida até 1999 quando se unificou
nessa estrutura atual (SILVA, 2021, p. 470).
Além disso, vale notar, como exemplo ao tema central da apresentação, a incongruência (ou
não)1 da relação das Forças Armadas com as instituições democráticas, visto os variados momentos
históricos em que esse grupo específico participou ou influenciou as decisões civis no Brasil.
Ademais, como ressalta Virgílio A. da Silva (2021, p. 471), as Forças Armadas, em muitas
democracias constitucionais, tem um papel ligado apenas à defesa nacional. No entanto, no Brasil,
elas dispõem de duas mais atribuições: a garantia da lei, da ordem e do funcionamento dos poderes
constitucionais. Nesse sentido, sobre essa tratativa de fornecer auxílio na garantia da manutenção
dos poderes, exclui-se a possibilidade dessas instituições militares como um “poder moderador”,
pois nada na constituição indica determinada competência para tal. Assim, uma intervenção militar
em algum dos poderes seria até uma hipocrisia, já que não estaria garantindo o funcionamento, mas
sim golpeando-o.
Em outra análise, sobre a garantia da lei e da ordem, cabe-se diversos apontamentos, mas é
preferível se aprofundar na maneira como se utiliza de mecanismos para promover tal disposição.

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Isso, na medida em que se considera a construção do cenário político brasileiro, pode-se perceber a intervenção de qualquer uma
das instituições das Forças Armadas tanto na garantia, sobrevivência e restauração da democracia (vide o momento final do Estado
Novo em 1945 e a transição ao governo de JK em 1955) quanto na derrubada dessa prática governamental. Em outras palavras, essas
instituições valem-se mais do que pensam em determinado momento (quem está no seu comando por exemplo) e dos seus interesses
na disputa e influência do poder no território brasileiro.
Em vista disso, essa questão, na forma como está regulada (lei complementar 97/1999, decreto
3.897/2001 e o manual de diretrizes às Forças Armada feito pela portaria 186/2014), acaba por
atribuir um critério discricionário ao Presidente da República, nos momentos em que os órgãos d
segurança pública estiverem esgotados e insuficientes, para a atuação das Forças Armadas na
garantia da lei e da ordem, o que pode gerar abusos e fugir da ideia de proporcionalidade e ultima
ratio nessas questões. Além disso, o próprio acompanhamento e responsabilização dos militares
devido a essa situação foge do controle civil, o que pode apresentar um risco até mesmo as garantias
fundamentais que esse regime é obrigado a zelar (SILVA, 2021, p. 472-473).

SILVA, Virgílio Afonso da. Direito Constitucional Brasileiro. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo, 2021.

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