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Conceito: “servem às demandas judiciais que en-

Processo coletivo é “aquele instaurado volvam, para além dos interesses me-
por ou em face de um legitimado autô- ramente individuais, aqueles referen-
nomo/, em que se postula um direito tes à preservação da harmonia e à re-
coletivo lato sensu ou se afirmar a alização dos objetivos constitucionais
existência de uma situação jurídica co- da sociedade e da comunidade” (DIDIER
letiva passiva/, com o fito de obter um JR, 2008, p. 38), como, por exemplo, dos
provimento jurisdicional que atingirá consumidores, do meio ambiente, do
uma coletividade, um grupo ou um de- patrimônio artístico, histórico e cultu-
terminado número de pessoas” ral, bem como os interesses individuais
dos necessitados e minoritários mar-
ginalizados, ou seja, os direitos coleti-
Do conceito é possível extrair 3 ele- vos lato sensu e individuais indisponí-
mentos, quais sejam: veis.

a) a legitimação para agir Trata-se, assim, de um processo de in-


teresse público, não interessando a
“estrutura subjetiva”, mas a “matéria
b) a afirmação de uma situação jurí- litigiosa” discutida. Desta feita, não se
dica coletiva: o direito coletivo lato confunde processo coletivo com litis-
sensu no polo ativo (ação coletiva consórcio multitudinário. Este está
ativa), ou dever ou estado de sujeição assentado no velho arquétipo de pro-
a este direito no polo passivo (ação co- cesso individual (de estrutura atô-
letiva passiva); mica), ainda que sejam muitos em um
dos polos, posto que defendem seus di-
reitos subjetivos individuais (o juiz
c) a extensão subjetiva da coisa jul- pode, inclusive, fragmentar tal litis-
gada. Assim, há procedimentos espe- consórcio quando dificultar o anda-
ciais (ações coletivas) previstos na le- mento do processo ou a defesa).
gislação para servir às causas coleti-
Já o processo coletivo é de estrutura
vas, tais como:
molecular, ou seja, mesmo que inte-
- Ação popular (art. 5º, LXXIII CF; Lei nº. resse a uma série de sujeitos distintos,
4.717/65); - Ação civil pública (art. 129, III identificáveis ou não, pode ser ajuizada
CF; Lei nº. 7347/85); e conduzida por uma única pessoa já
- MS coletivo (art. 5º, LXX CF); - Ação co- que veicula matéria de natureza co-
letiva para defesa dos direitos indivi- mum a todos, à coletividade.
duais homogêneos dos consumidores Justamente por servir o processo co-
(arts. 91 a 100 do CDC); letivo ao interesse público é que tem se
- Ação de improbidade administrativa experimentado uma maior politização
(Lei nº. 8429/92); da Justiça e ativismo judicial, pois “ao
Poder Judiciário foi conferida uma
- Ações de Controle de Constitucionali- nova tarefa: a de órgão colocado à dis-
dade (ADI e ADC - art. 102, I, “a” CF).
posição da sociedade como instância
organizada de solução de conflitos me-
taindividuais”.
Vê-se, resumidamente, que a ação e o
processo coletivos tem por objeto a re-
alização do interesse público, ou seja,

1 Edson Farley
Classificação do processo coletivo servindo à tutela dos interesses indi-
viduais homogêneos. Para eles, a ação
Quanto ao sujeito:
coletiva é a que tem previsão no CDC,
- Processo coletivo ATIVO: é o processo enquanto a ação civil pública seria a
coletivo por excelência, em que a cole- prevista na Lei 7.347/85. Na prática, os
tividade é autora, por meio de um legi- regimes da ação coletiva e da ação ci-
timado coletivo. Essas são as mais co- vil pública são idênticos.
muns.
✓ Ação de improbidade administrativa
- Processo coletivo PASSIVO: é aquele – O STJ e alguns autores sustentam
em que a coletividade é ré. Seria a si- que a improbidade administrativa é
tuação inusitada de a coletividade ser uma espécie de ação civil pública. Para
demandada como ré numa ação. outros autores, são ações distintas,
pois possuem legitimidade, objeto, re-
gime de coisa julgada e outros institu-
a) o art. 5º, §2º da Lei 7.347/85 (LACP)
tos diferentes.
permite o ingresso do Poder Público e
das associações como litisconsortes ✓ MS coletivo – Tem previsão na Lei
de “qualquer das partes”, o que 12.016/09.
abrange a passiva.
✓ Mandado de injunção coletivo – Existe
b) o art. 83 do CDC determina que para a discussão sobre sua criação, mas ele
a defesa dos direitos coletivos são ad- ainda não foi formalmente criado.
missíveis todas as espécies de ações
capazes a propiciar a adequada e efe-
tiva tutela, o que inclui a ação rescisó- DIFERENÇAS
ria proposta pelo réu da ação coletiva
originária, os embargos à execução co-
letiva ou o mandado de segurança im-
petrado pelo réu da ação coletiva con-
tra ato judicial.

Quanto ao objeto:
- Processo coletivo ESPECIAL: são os
processos das ações de controle abs-
trato de constitucionalidade (ADI, ADC,
ADPF).
- Processo coletivo COMUM: o processo
coletivo comum é composto por todas
as ações para a tutela dos interesses SENTENÇA E LIQUIDAÇÃO NO PRO-
e direitos metaindividuais não relacio-
CESSO COLETIVO. COISA JULGADA
nados ao controle abstrato de consti-
NAS AÇÕES COLETIVAS.
tucionalidade. São elas:
Ajuizada ação coletiva para defesa
✓ Ação popular – Tem previsão na Lei
dos direitos difusos, coletivos e indivi-
4.717/65.
duais homogêneos, pelos legitimados
✓ Ação civil pública – Tem previsão da extraordinários, cabe ao juiz proferir a
Lei 7.347/85. sentença, que poderá ser procedente
ou improcedente.
✓ Ação coletiva – Alguns autores (ex:
Mazzilli) sustentam que ação coletiva é Os efeitos da coisa julgada nas ações
algo diverso da ação civil pública, coletivas tratadas pelo CDC (Lei n.

2 Edson Farley
8.078/90), no art. 103, estão relaciona- - Se a sentença for improcedente por
dos aos interesses difusos, coletivos e insuficiência de provas, esta não pro-
individuais homogêneos, previstos no duz efeito “erga omnes” e poderá a
art. 81, § único. ação coletiva ser novamente proposta
por qualquer dos legitimados do art.
82, inclusive a própria entidade que
CDC, art. 103, a seguir transcrito: “Art. promoveu a ação anterior.
103. Nas ações coletivas de que trata
- Importante que no fundamento
este código, a sentença fará coisa jul-
da sentença conste expressamente a
gada:
insuficiência de provas.
I – ‘erga omnes’, exceto se o pedido for
- Se não constar, deve a autora
julgado improcedente por insuficiência
opor embargos de declaração para ob-
de provas, hipótese em que qualquer
ter expressamente na sentença essa
legitimado poderá intentar outra
declaração.
ação, com idêntico fundamento va-
lendo-se de nova prova, na hipótese do
inciso I do parágrafo único do art. 81;
Exemplificando:
II – ‘ultra partes’, mas limitadamente
Sentença procedente ou improcedente
ao grupo, categoria ou classe, salvo
com a análise do mérito (verificação de
improcedência por insuficiência de pro-
provas) = “efeito erga omnes” – Direito
vas, nos termos do inciso anterior,
difuso
quando se tratar da hipótese prevista
no inciso II do parágrafo único do art.
81; Sentença improcedente com provas =
III – ‘erga omnes’, apenas no caso de não admite nova ação coletiva, mas
procedência do pedido, para beneficiar admite individual – Direito coletivo
todas as vítimas e seus sucessores, na
hipótese do inciso III do parágrafo
único do art. 81”. - Sentença improcedente por insufici-
ência de provas = não produz efeito
“erga omnes” – Direito coletivo
Coisa julgada nas ações coletivas de ✓ Admite nova ação coletiva ajuizada
proteção aos direitos difusos pelo mesmo legitimado e mesma
O efeito da coisa julgada na ação cole- fundamentação
tiva de proteção a direito difuso será ✓ Sentença deve constar expressa-
“erga omnes”, isto é, valerá para to- mente a insuficiência de provas
das as pessoas se a ação for julgada ✓ Cabíveis embargos de declaração
procedente ou improcedente pela aná-
lise de mérito com provas adequada-
mente produzidas (CDC, art. 103, I e III). Coisa julgada nas ações coletivas de
proteção aos direitos coletivos
- Se a sentença for procedente, todos
os consumidores se aproveitam da - Sentença procedente ou improce-
sentença definitiva, inclusive para fa- dente com análise de mérito (análise
zer pleitos individuais. de provas) = efeitos “ultra partes”

- Se a sentença for improcedente, não


admitirá a propositura de nova ação Coisa julgada nas ações coletivas de
coletiva, mas poderão ser ajuizadas proteção aos direitos individuais ho-
ações individuais, mogêneos

3 Edson Farley
- Sentença = efeito “erga omnes” para Não caracteriza a litispendência entre
beneficiar as vítimas e sucessores ação coletiva de proteção ao direito
difuso, coletivo ou individual homogê-
- Sentença improcedente = atinge
neo com a ação individual, vez que as
aqueles que tiverem participado como
partes não são as mesmas (na ação
litisconsorte – CDC, art. 94
coletiva o autor corresponde ao legiti-
✓ Improcedência por insuficiência de mado extraordinário e na ação indivi-
provas = vedado ajuizamento de dual é um particular) e o objeto das
nova ação coletiva, mas é possível ações são distintas (na ação individual
individual. o objeto é o ressarcimento do dano,
enquanto na ação coletiva o objeto é
diverso), apesar da causa de pedir e o
Abrangência territorial da coisa jul- réu serem os mesmos.
gada na ação coletiva
A questão da amplitude da coisa jul-
gada na ação coletiva tem relação di- *É possível liquidar apenas uma delas
reta com a extensão do dano, que se
este é nacional a amplitude é nacional.
Efeitos especiais da sentença
Apesar de não induzir à litispendência
- As normas e os princípios do CDC são quando em curso ação coletiva e ação
firmes, claros e coerentes ao dizer que individual, a sentença proferida na
os efeitos “erga omnes” da coisa jul- ação coletiva gera efeitos na ação in-
gada na ação coletiva estendem-se a dividual.
todo o território nacional, gerando
conteúdo formal adequado e condi-
zente com os princípios e normas cons- Para os consumidores que propuserem
titucionais e para além dos limites de ações individuais para poderem se be-
competência territorial do órgão pro- neficiar dos efeitos da coisa julgada
lator da decisão. “ultra partes” e “erga omnes” das
ações coletivas de proteção ao direito
- É inadmissível que, consumidores
coletivo “lato sensu” e direito indivi-
paulistas não sejam violados por deci-
dual homogêneo, devem requerer a
são de Vara Cível de Comarca de ci-
suspensão da ação individual.
dade do interior da Justiça Estadual de
São Paulo, mas se permita que o - O objetivo é dar efetividade ao prin-
mesmo ato abusivo atinja consumido- cípio da economia processual, com o
res de outros Estados-membros. julgamento da ação coletiva que possa
beneficiar todos os consumidores indi-
viduais e evitar decisões conflitantes,
Litispendência da ação coletiva com a em especial a da procedência da ação
ação individual coletiva com a da improcedência da in-
Configura-se a litispendência entre dividual.
duas ações pela ocorrência do tríplice
identidade (CPC, art. 337, VI, e §§ 1º a
A contagem do prazo de 30 dias para o
3º):
requerimento de suspensão da ação
✓ das partes, individual pelo consumidor, inicia-se
✓ do objeto (pedido) e pela prova de sua ciência real e inequí-
✓ dá causa de pedir (próxima e re- voca nos autos da ação coletiva.
mota).
✓ Não basta a publicação do edital
previsto no CDC, art. 94, e/ou a

4 Edson Farley
divulgação em órgãos de comunica- - Liquidação por artigos, com prova de
ção. nexo de causalidade entre o acidente e
✓ Deve haver intimação pessoal do o dano.
consumidor.

AÇÃO CÍVIL PÚBLICA


Como intimar o consumidor?
Ação que transcende o individual, de-
- Cabe ao réu, que o mesmo na ação fendendo sempre o interesse coletivo
coletiva e na individual, requerer na
Ação Civil Pública é de natureza essen-
ação coletiva a intimação do consumi-
cialmente processual, isto é, meio pro-
dor ou sucessor que lhe está movendo
cessual adequado para defesa de inte-
a ação individual, para que, no prazo de
resses transindividuais, que são os in-
30 dias, contados da intimação, esse
teresses difusos, coletivos e individu-
consumidor ou sucessor requeiram a
ais homogêneos, interesses estes que
suspensão do processo individual.
transcendem a esfera individual e não
- A intimação do consumidor é ônus do correspondem necessariamente ao in-
réu. teresse público (do Estado).
- Requerida a suspensão pelo consumi-
dor deve o juiz deferir.
Não será cabível ação civil pública para
* Se devidamente intimado, o consumi- veicular pretensões que envolvam (Lei
dor não requerer a suspensão da ação 7.347/85, art. 1º, § único):
individual, será atingido pela prejudici-
✓ tributos,
alidade, isto é, não se beneficiará dos
✓ contribuições previdenciárias,
efeitos da sentença procedente profe-
✓ o Fundo de Garantia do Tempo de
rida na ação coletiva.
Serviço - FGTS ou
✓ outros fundos de natureza institu-
Continência cional cujos beneficiários podem ser
individualmente determinados.
A continência entre duas ações carac-
teriza-se pela ocorrência da identi-
dade de partes e das causas de pedir, Competência:
sendo que o objeto de uma, por ser
Justiça Federal e Estadual
mais amplo, abrange o da outra (CPC,
art. 56). - Local: ocorrência do dano
Não há continência entre as ações co- - Dano Regional: capital
letivas tratadas pelo CDC e as ações - Dano Nacional: Brasília
individuais, uma vez que apenas a
causa de pedir pode ser a mesma.
*Contra os atos do Poder Público, não
cabe liminar “inaudita altera partes”.
Liquidação de sentença nas ações co-
letivas Deve ser obrigatório a presença do Po-
der Público em 72 horas para justifica-
- Poderá ser promovida pelas vítimas ção prévia.
ou seus sucessores.
- Distribuição de ação individual de li-
quidação, Observações gerais:

- Regras gerais do CPC 509 a 512 - Sentença é genérica

5 Edson Farley
- Liquidação deve ser por artigos em - Em face de requerimento ou repre-
até 5 anos sentação formulada por qualquer pes-
soa ou comunicação de outro órgão do
- Recurso tem efeito suspensivo
Ministério Público, ou qualquer autori-
- Custas: isenção do autor dade, desde que forneça, por qualquer
meio legalmente permitido, informa-
ções sobre o fato e seu provável autor,
INQUÉRITO CIVIL bem como a qualificação mínima que
O inquérito civil foi criado pela Lei da permita sua identificação e localiza-
Ação Civil Pública em seu art. 8º, § 1º. ção;

- A instauração do inquérito civil é fun- - Por designação do Procurador-Geral


ção institucional do Ministério Público de Justiça, do Conselho Superior do Mi-
(CF, art. 129, III). nistério Público, das Câmaras de Coor-
denação e Revisão e dos demais ór-
- Precede (mas não necessariamente)
gãos superiores da Instituição, nos ca-
o ajuizamento da ação civil pública, isto
sos cabíveis
é, o inquérito civil não é pressuposto
para ajuizar a ação civil pública.
- É um procedimento administrativo, TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
meio de coleta de prova pelo Ministério O compromisso de ajustamento de
Público, de natureza inquisitiva, não conduta celebrado pelo causador do
colhida sob o crivo do contraditório, dano e o legitimado, comprometendo
por meio do qual procede a investiga- aquele a ajustar a sua conduta às exi-
ções direcionadas à colheita de ele- gências legais, visa encerrar o litígio,
mentos para a ação. evitando a ação civil pública.
- Não é propriamente transação por-
Disposições gerais que não há concessões recíprocas e o
legitimado não é o titular do direito
- Procedimento administrativo
transindividual, que pertence a toda a
- Coleta de provas categoria, classe ou grupo, e, por-
- Não precede a ACP tanto, não estaria legitimado a fazer
concessões sobre direitos que não lhe
- Não ocorre o contraditório pertencem.
- Pode ser antecedido pelo procedi-
mento preparatório
No termo de ajustamento de conduta
- Arquivamento = depende de homolo- deve constar:
gação pelo Conselho Superior do MP
As providências ou ajustamentos de
conduta de responsabilidade e de in-
Instauração cumbência do causador do dano.

A instauração do inquérito civil gera a


interrupção do prazo decadencial, até É preciso que o termo indique, com pre-
o seu encerramento (CDC, art. 26, § 2º, cisão, a obrigação a ser cumprida, que
III). deve ser certa e determinada. Exem-
plos:

O inquérito civil pode ser instaurado - Obrigação de fazer ou de não fa-


zer, como de implantar, em determi-
- De ofício.
nado prazo, filtros antipoluentes, ou a
de recolher determinado modelo de

6 Edson Farley
veículo, para promover reparos em pe- ✓ Incompetência de quem praticou o
ças defeituosas; ato;
✓ Forma não prescrita em lei;
- Obrigação de entrega de coisa ou
✓ Desvio de finalidade;
de pagamento, como a da fabricante
✓ Ilegalidade do objeto;
de um veículo defeituoso entregar aos
✓ Inexistência de motivos.
consumidores lesados um outro veí-
culo, sem nenhum defeito, ou pagar às
vítimas indenização.
Legitimidade
Legitimidade ativa: cidadão brasileiro
O prazo para o cumprimento das obri- em gozo de seus direitos políticos.
gações.
- Sujeito ativo deve ser pessoa física
individual, de nacionalidade brasileira,
no gozo de seus direitos políticos, de-
A sanção, para o descumprimento, com
monstrado com a juntada do título de
as medidas coercitivas que poderão
eleitor.
ser impostas em caso de omissão. o
- Exemplo: multa diária (“astreintes”). - Admite-se o litisconsórcio facul-
tativo ativo entre dois ou mais cida-
dãos (Lei n. 4.717/65, art. 6º, § 5º).
AÇÃO POPULAR
- No caso de desistência da ação
É o meio constitucional posto à dispo- pelo cidadão ou de inércia que possa
sição de qualquer cidadão para a de- levar à extinção do processo, serão
fesa dos interesses difusos à morali- publicados editais para que, no prazo
dade, eficiência e probidade adminis- de 90 dias, qualquer outro cidadão ou
trativa, além da tutela do meio ambi- o Ministério Público possam assumir o
ente e do patrimônio histórico e cultu- polo ativo.
ral. A ação popular é o instrumento
- Pessoa jurídica não poderá em hi-
processual para obter a invalidação de
pótese alguma figurar como autor
atos ou contratos administrativos ile-
(SSTF 365).
gais e lesivos ao patrimônio federal,
estadual ou municipal, ou ao patrimô-
nio de autarquias, entidades paraes- Legitimidade passiva: somente admite-
tatais e pessoas jurídicas subvencio- se Ação Popular contra as entidades
nadas com dinheiro público. O qualifi- abaixo (Lei n. 4.717/65, art. 6º, § 2º):
cativo popular deriva da natureza im-
pessoal do interesse defendido; trata- - Entidades públicas centralizadas e
se da defesa da coisa pública, da coisa descentralizadas;
do povo. - Sociedades mútuas de seguro, nas
quais a União represente os segurados
ausentes;
Lei n. 4.717/65, chamada de Lei da Ação
Popular (LAP), regula a ação popular e - Empresas públicas;
dispõe que a ação popular se prestava - Serviços sociais autônomos;
à anulação ou declaração de nulidade
- Instituições ou fundações para cuja
de atos lesivos ao patrimônio público
criação e custeio o tesouro público
haja concorrido ou concorra com mais
Anulam-se os atos lesivos ao patrimô- de 50% do patrimônio da receita anual;
nio que contiverem os vícios (Lei n.
4.717/65, art. 2º):

7 Edson Farley
- Empresas incorporadas ao patrimô- ✓ domiciliado o autor, ou
nio da União, Distrito Federal, Estados ✓ onde houver ocorrido o ato ou fato
e Municípios; que deu origem à demanda, ou
✓ no Distrito Federal ou capital do Es-
- Pessoas jurídicas ou entidades sub-
tado.
vencionadas pelos cofres públicos.

Disposições gerais
Ilegitimidade ativa: não têm qualidade
para propor ação popular (SSTF 365): Petição inicial padrão, 319 + 320 + docs.
✓ Estrangeiros; Isenção de custas e hon. sucumbência
✓ Inalistáveis;
Prazo para contestar: 20 dias, prorro-
✓ Partidos políticos;
gáveis por + 20 dias
✓ Entidades de classe;
✓ Pessoa jurídica em geral. - Não cabe reconvenção
*Recurso tem ambos os efeitos (sus-
pensivo e devolutivo)
Competência originária (LAP, art. 5º):
✓ Justiça Federal, na Vara Federal:
ato impugnado for do interesse da MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO
União, de entidades autárquicas, A CF, art. 5º, LXIX, dispõe sobre o man-
fundações públicas ou empresas pú- dado de segurança, como mecanismo
blicas federais (CF, art. 109). de proteção de direitos líquidos e cer-
tos, não amparados por “habeas cor-
✓ Justiça Estadual, na Vara da Fa- pus” ou “habeas data”, quando o res-
zenda Pública: ato impugnado for do ponsável pela ilegalidade ou abuso de
interesse do Estado, de entidades poder for autoridade pública ou agente
autárquicas, fundações públicas ou de pessoa jurídica no exercício de atri-
empresas públicas estaduais. buições do Poder Público.

✓ Justiça Estadual, na Vara da Fa- - O mandado de segurança coletivo é


zenda Pública ou Vara Cível: ato im- instrumento de defesa dos interesses
pugnado for dos interesses do Mu- transindividuais, cujos legitimados
nicípio, e será proposta no Foro da para impetração são (legitimidade
respectiva Comarca, em Vara de Fa- ativa extraordinária) (CF, art. 5º, LXX):
zenda Pública, se houver, ou em Vara
- Partido político com representa-
Cível.
ção no Congresso Nacional;

✓ Justiça Estadual: ação proposta - Organização sindical, entidade de


contra sociedade de economia classe ou associação legalmente cons-
mista (SSTJ 42), exceto se a União tituída e em funcionamento há pelo
Federal tiver interesse (econômico e menos um ano, em defesa dos interes-
indireto), que a competência será ses de seus membros ou associados,
da Justiça Federal (Lei 9.469/97). que independe de autorização (SSTF
629).

Competência territorial das causas in-


tentadas contra a União ou contra o Legitimidade ativa:
Estado: ação popular poderá ser ajui-
zada, a escolha ao autor, nas seguin- - O Mandado de Segurança coletivo
tes seções competentes (CF, art. 109, § pode ser impetrado por:
2º; CPC, art. 52 e § único):

8 Edson Farley
- Partido Político com representação legitimados têm ciência do ato impug-
no Congresso Nacional – pelo menos um nado.
senador no Senado OU um deputado fe-
- Ultrapassado esse prazo, extin-
deral na Câmara;
gue-se o direito ao “mandamus”.
- Organização sindical – o mesmo que
Sindicatos;
No mandado de segurança coletivo, a
- Entidade de classe – representantes
liminar só poderá ser concedida após
de categorias. Ex: Coren (enfermeiros),
a audiência do representante judicial
CREA (engenheiros), etc.;
da pessoa jurídica de direito público,
- Associações – devem ter sido consti- que deverá se pronunciar no prazo de
tuídas e em funcionamento há, pelo 72 horas (Lei n. 12.016/2009, art. 22, §
menos, um ano. 2º).

Legitimidade passiva: autoridade pú- Recursos


blica.
Contra decisão sobre pedido liminar
cabe agravo de instrumento (art. 7º, §
1º da Lei nº 12.016/09).
Disposições gerais
Contra decisão final que denega ou
Os requisitos e as finalidades man-
concede a segurança cabe apelação
dado de segurança individual e coletivo
(art. 10, §1º e art. 14 da Lei nº 12.016/09).
são os mesmos: a defesa de direito lí-
quido e certo violado por autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica
que esteja no exercício de direito pú-
MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO
blico. O mandado de injunção coletivo é um
A diferença é que, no mandado de se- remédio constitucional para garantir a
gurança individual, o interesse defen- eficácia de direitos previstos na Cons-
dido é individual, e no mandado de se- tituição que dependem de norma regu-
gurança coletivo, é transindividual, lamentadora ainda não implementada.
como interesses coletivos e individuais
homogêneos.
Procedimento
- A lei não autoriza a defesa de in-
teresses difusos, por meio do mandado - Mandado de injunção coletivo é o
de segurança coletivo. mesmo do individual.

- Petição inicial deve observar os re-


quisitos do CPC, arts. 319 e 320.
- Na sentença, se a ordem for conce-
dida, fará coisa julgada. - Recebida a inicial, será notificado o
impetrado, a quem será enviada a 2ª
- Se a ordem for denegada, não via da inicial com as cópias dos docu-
fará coisa julgada material para os mentos, para que em 10 dias preste as
substituídos. informações.

- Será ainda dada ciência do ajuiza-


Prazo decadencial para impetração: mento da ação ao órgão de represen-
120 dias, a contar da data em que os tação judicial da pessoa jurídica inte-
ressada, com a remessa de cópia da

9 Edson Farley
inicial para que, querendo, ingresse no Sentença e coisa julgada
feito.
Na sentença, acolhido o “mandamus”,
- Ministério Público, no prazo de 10 dias. será determinado prazo razoável para
que o impetrado promova a edição da
norma regulamentadora.
Legitimidade
- Serão estabelecidas as condições
Ativa: Conforme o art. 3º da Lei nº em que se dará o exercício dos direitos,
13.300/2016, são legitimados para o das liberdades ou das prerrogativas
mandado de injunção, como impetran- reclamados, ou, se for o caso, as con-
tes, as pessoas naturais ou jurídicas dições em que poderá o interessado
que se afirmam titulares dos direitos, promover ação própria visando
das liberdades ou das prerrogativas exercê-los, caso não seja suprida a
referidos no art. 2º: mora legislativa, no prazo estabelecido
para a edição da norma.
MP; Partido político com representação
no Congresso Nacional; Organização
sindical, entidade de classe ou associ-
A decisão faz coisa julgada limitada-
ação legalmente constituída e em fun-
mente às pessoas integrantes da co-
cionamento há pelo menos um ano; De-
letividade, do grupo, da classe ou da
fensoria Pública
categoria substituídos pelo impe-
trante.

Passiva: Poder, órgão ou autoridade


competente para a edição da norma
Se a ordem for denegada por insufici-
regulamentadora.
ência de provas, não haverá coisa jul-
gada material.

Características do mandado de injun-


ção coletivo

✓ objeto: como no individual, visa su-


prir a falta de norma regulamenta-
dora de um direito constitucional-
mente previsto;

✓ omissão: pode ser total ou parcial;

✓ legitimados: Ministério Público, De-


fensoria Pública, partido político
com representação no Congresso
Nacional (não precisa ser nas duas
casas), entidade de classe, organi-
zação sindical ou associação legal-
mente constituída e em funciona-
mento há pelo menos um ano;

✓ natureza jurídica: é civil, tanto no


coletivo como no individual;

✓ individual e coletivo exigem advo-


gado e não são gratuitos.

10 Edson Farley

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