Você está na página 1de 44

PROCESSO COLETIVO

ESPECIAL
Dedica-se ao controle abstrato de constitucionalidade

COMUM
Tutela dos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos

PRINCÍPIOS DO PROCESSO COLETIVO

- Acesso à justiça via legitimação extraordinária


- UNIVERSALIDADE DA JURISDIÇÃO (tutela dos conflitos de massas)
- Participação no processo (direito ao contraditório) e pelo processo (utilização
no escopo político, para influenciar nos destinos da nação e do Estado). Obs:
no processo civil tradicional a primeira forma de participação prevalece, ao
passo que no coletivo prevalece a segunda, valorizada diante da legitimidade
de sindicatos e associações.
- ECONOMIA PROCESSUAL (solução molecularizada, ao invés de atomizada
– via lide coletiva, ao invés de centenas de ações individuais).
- INTERESSE JURISDICIONAL NO CONHECIMENTO DO MÉRITO
(prevalência ainda maior da instrumentalidade das formas, já incidente no
processo coletivo comum, o que para alguns autores caracteriza novo princípio.
Ex: admissão de emenda à inicial mesmo depois do oferecimento da
contestação.
- Máxima prioridade jurisdicional da tutela coletiva em relação à individual (evita
proliferação de demandas, sentenças conflitantes e garante prevalência do
interesse coletivo).
- DISPONIBILIDADE MOTIVADA da ação coletiva não cabe desistência sem
motivo legítimo, tampouco abandono. Caso ocorram, o polo ativo deve ser
assumido pelo MP ou outro legitimado. A desistência motivada é cabível,
inclusive pelo MP. Todavia, no caso do MP o juiz pode se opor, submetendo o
ato ao órgão de controle da instituição. Para Masson, deve ser o CSMP por
analogia ao previsto no art. 9, § 4º, da LACP, embora alguns sustentem que
seria o PGJ ou PGR por analogia ao art. 28, do CPP. ATENÇÃO: a
disponibilidade da ação não significa disponibilidade do objeto, para o qual não
se admite porque o autor não é seu titular.
- NÃO TAXATIVIDADE (a LACP previa rol taxativo antes da edição do CDC,
que previu cabimento de tutela para qualquer outro interesse difuso e coletivo e
se aplica aos demais processos coletivos por fazer parte do microssistema.
Obs: para o MP, o rol não era taxativo desde a CF/88, que previu sua
legitimidade para a defesa de “outros interesses difusos e coletivos”).
- MÁXIMO BENEFÍCIO da tutela jurisdicional coletiva comum OU
TRANSPORTE OU EXTENSÃO “IN UTILIBUS” DA COISA JULGADA
coletiva (a imutabilidade dos efeitos da sentença de procedência beneficia a
vítima e seus sucessores, que podem liquidar e executar individualmente sem
necessidade de novas demandas, desde que se enquadrem na situação de
fato que motivou a ação coletiva. O objetivo é potencializar os efeitos
benéficos).
- MÁXIMA AMPLITUDE do processo coletivo OU ABSOLUTA
INSTRUMENTALIDADE DA TUTELA COLETIVA (são cabíveis todas as
espécies de ações, procedimentos e provimentos. Admite-se, por isso, ACP
executiva).
- Obrigatoriedade da execução coletiva pelo MP (no processo coletivo comum,
se o autor deixar de executar a sentença, o MP é obrigado a executar. No caso
específico da ACP, essa obrigação incide somente após o trânsito em julgado.
No caso específico da ação popular, existe a obrigação também para a
execução provisória, desde que já existe sentença de segunda instância – art.
16, LAP)
- AMPLA DIVULGAÇÃO da demanda (proposta a ação, será publicado edital a
fim de que os interessados possam intervir, bem como em outros meios de
comunicação. Intuito é concentrar a discussão e possibilitar o transporte in
utilibus da coisa julgada).

- Informação aos órgãos legitimados (qualquer pessoa pode, e o servidor


público deve, levado ao conhecimento dos órgãos legitimados a ocorrência de
fatos que possam motivá-la. Estimula o ajuizamento da ação coletiva).
- Maior coincidência entre o direito e sua realização (prioridade da tutela
específica da obrigação em detrimento de outras formas de realização do
direito).
- Integração entre LACP e CDC (integração entre os diplomas diante do artigo
21 da LACP e do artigo 90 do CDC – mesmo microssistema, inclusive para
suprimento de lacunas)

- Entende o STJ que, ajuizada ação coletiva atinente a uma macrolide geradora
de processos multitudinários, é possível a suspensão, pelo magistrado, de
ação individual existente sobre a mesma matéria discutida no feito coletivo, de
ofício e independentemente do consentimento do autor da respectiva lide
individual, a fim de aguardar o julgamento da ação coletiva.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LEI 7.347/85

- Norma predominantemente de direito processual, com exceção de dois


artigos (10 – tipifica crime de desobediência; e 13 – cria o fundo de
reconstituição dos bens lesados)

INFLUÊNCIA DAS CLASS ACTIONS – MATÉRIA JÁ CAIU NO MPMG

Class actions são as ações coletivas de países de common law,


influenciadas principalmente pelo sistema norte-americano. Há diversas
semelhanças e diferenças que costumam ser cobradas em provas:

- Pressuposto da comunhão de questões de fato ou de direito entre


os interessados (semelhante ao Brasil, que exige ligação por circunstâncias
de fato para direitos difusos, relação jurídica base para os coletivos, e origem
comum para os individuais homogêneos);
- Legitimidade ativa (há diferenças e semelhanças. Semelhança:
possibilidade de alguém defender interesses de uma coletividade,
independentemente de expressa autorização de seus componentes. Diferença:
nas class actions, qualquer integrante do grupo tem legitimidade para propor a
ação, enquanto nas ações civis brasileiras a legitimidade pertence apenas a
determinados órgãos ou entidades);
- Coisa julgada (há diferenças e semelhanças. Semelhança:
possibilidade de que alguém que não foi parte do processo seja atingido pelos
efeitos da CJ. Diferença: nas class actions, os efeitos da CJ alcançam todos do
grupo de forma pro et contra, ou seja, tanto a sentença de procedência, quanto
de improcedência. Nas ações civis brasileiras a CJ é secundum eventum litis,
ou seja, a procedência beneficia os interessados mediante transporte in
utilibus, e a improcedência via de regra não prejudica quem não foi parte .
ATENÇÃO: a amplitude da CJ das class actions trouxe um problema: como
legitimar a extensão dos efeitos negativos da CJ para quem não foi parte, sem
desrespeito ao contraditório e ampla defesa? A solução foi encontrada por
meio de dois institutos, o da representatividade adequada e o de opt-out (direito
de exclusão), tratados abaixo.
- Representatividade adequada (Regras diferentes! Considerando que
nas class actions qualquer legitimado pode atuar em defesa da coletividade,
bem como que a CJ atingirá a todos, mesmo se negativa, foi preciso garantir
que o autor tem capacidade para a atuação, ou seja, se o grupo está
adequadamente representado. Tal tarefa incumbe ao juiz – controle ope judicis.
No brasil, a legitimidade pertence apenas a certos órgãos e entidades previstos
em lei, ou seja, é ope legis, controlada pela lei, não pelo juiz. Se o autor se
enquadrar nos requisitos legais, presume-se de forma absoluta a capacidade
para representação do grupo – inclusive porque eventual CJ negativa não
prejudicará os integrantes que não atuaram no feito). ATENÇÃO. Assim, pode-
se afirmar que nosso país NÃO foi influenciado pelo modelo de
representatividade adequada das class actions estadunidenses.
- Opt-out e opt-in (Há diferenças. As class actions para defesa de
direitos individuais homogêneos têm a previsão de que o integrante do grupo
fique fora do raio de alcance do julgado se assim decidir, já que todos serão
atingidos pela CJ, mesmo se negativa, e isso pode não ser do interesse da
pessoa. A esse direito dá-se o nome de opt-out, ou “direito de sair”. Para tanto,
usa-se a denominada fair notice, uma notificação que informa sobre a
existência da ação. Caso não se oponham e usem o direito de sair
tempestivamente e de forma expressa, os integrantes serão atingidos pela CJ –
presume-se tacitamente o opt in ou “direito de entrar”, devendo o opt out ser
expresso. No Brasil, esse mecanismo opera às avessas. Isso porque enquanto
nas class actions a extensão dos efeitos da CJ é automática a partir da inércia
dos interessados, aqui ela depende de sua CONDUTA ATIVA. Caso já tenha
ingressado com ação individual, será necessário que o interessado requeira a
sua suspensão para poder ser beneficiado pela CJ da coletiva (o opt in exige
postura ativa expressa e não se presume). Por outro lado, caso se mantenha
inerte, presume-se o opt out, ou seja, que o interessado não pretende se valer
da CJ coletiva e que prefere seguir com a individual)
- Legitimação passiva (Há diferenças. Nas class actions admite-se a
legitimação passiva coletiva, ou seja, o ajuizamento de ação contra um
representante de um grupo, podendo atingir a todos que não atingiram do
processo – CJ pro et contra. No Brasil a maior parte da doutrina entende que
isso não é possível, embora haja controvérsias em relação ao Estatuto do
Torcedor e a possibilidade de ajuizamento de ação contra torcidas
organizadas, com possibilidade de atingir todos os seus membros).
- Fluid Recovery (Há semelhanças. trata-se da “reparação fluída”,
mecanismo criado pela jurisprudência americana. Assim, na execução das
class actions que condenem o réu a ressarcir o dano a centenas ou milhares
de integrantes do grupo, o resíduo eventualmente não reclamado pode ser
usado para fins diversos do ressarcitório, desde que relacionado com a
coletividade lesada. No Brasil, o art. 100, do CDC, adotou uma espécie de fluid
recovery, ao prever que nas ações coletivas envolvendo direitos individuais
homogêneos, caso decorra um ano sem habilitação de interessados em
número compatível com a gravidade do dano, qualquer legitimado à
propositura da ação poderá promover sua liquidação, caso em que o produto
da indenização reverterá ao fundo criado pelo art. 13, da LACP – reparação
será difusa, ao invés de individual.

COMPETÊNCIA

É absoluta e se dá em função do local onde ocorreu o dano.


CONDIÇÕES DA AÇÃO – PECULIARIDADES DA ACP

a) Legitimidade ativa

Combinação do art. 129, III e § 1º, CF + art. 5º, caput e § 4º, da LCAP +
art. 82, caput e § 1º e art. 91, CDC.
Nosso modelo NÃO adotou uma solução publicista, uma vez que a
legitimidade não foi atribuída apenas a entes públicos, mas também a
instituições privadas. Nosso sistema é MISTO ou PLURALISTA.
ATENÇÃO: a legitimidade dos entes ocorre para propositura de ACP em
prol de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. A ausência desses
direitos pode gerar carência da ação por ilegitimidade ativa (STJ já decidiu
nesse sentido ao reconhecer que não havia legitimidade de uma associação
por não existir número de lesados com abrangência suficiente para
caracterização de um direito individual homogêneo – Resp 823.063/PR, de
14.04.12).
- A apuração da legitimidade ativa das associações e dos sindicatos
como substitutos processuais, em ações coletivas, passa pelo exame da
pertinência temática entre os fins sociais da entidade e o mérito da ação
proposta.
- A ilegitimidade ativa ou a irregularidade da representação processual
não implica a extinção do processo coletivo, competindo ao magistrado abrir
oportunidade para o ingresso de outro colegitimado no pólo ativo da demanda.

- O PROCON tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa


de direitos individuais homogêneos, com clara repercussão social, em matéria
de direito do consumidor, inclusive podendo postular reparação por dano moral
coletivo.

- Natureza jurídica:

concorrente (não é exclusiva de um determinado ente) e disjuntiva (cada


legitimado pode agir sozinho, litisconsórcio é facultativo).
- Natureza jurídica II:

Quanto a se tratar de legitimação ordinária ou extraordinária.


A doutrina não é pacífica. Em geral, entende-se que a legitimação é
extraordinária, existindo substituição processual tanto para direitos difusos e
coletivos, quanto para individuais homogêneos (ou seja, a parte na relação
processual defende direito subjetivo material de terceiros. Não há pertinência
subjetiva, porque não há identidade entre o autor da ação e o titular do direito
material).
Exceção: legitimidade das associações para defesa de seus associados.
O STF firmou o entendimento, em relação às ações coletivas ordinárias, que
se as associações agem como representantes, exigindo-se autorização
expressa dos associados (legitimação ordinária). Tese de repercussão geral: a
eficácia subjetiva da CJ formada a partir de ação coletiva de rito ordinária,
ajuizada por associação civil na defesa dos interesses dos associados, só
alcança os filiados residentes no âmbito de jurisdição do órgão julgado, que o
fossem em momento anterior ou até a data da propositura da demanda (2017).
- A tese não se aplica às ACP, cuja sentença em prol de direitos
individuais homogêneos, ainda que em ação movida por associação, tem
eficácia erga omnes. Também não se aplica ao MS coletivo, cuja eficácia da
sentença também será erga omnes. ATENÇÃO: STJ considera que é
irrelevante se a filiação do associado ocorreu antes ou depois da impetração do
MS para poder se beneficiar (REsp 1841604-RJ – 22.04.2020)
Obs: o STF considera que para MANDADO DE SEGURANÇA
COLETIVO, a legitimidade da associação é extraordinária, tendo em vista que
o art. 5º, LXX, da CF, não exige autorização dos associados.
ATENÇÃO: caso ocorra dissolução da associação que ajuizou a ACP, é
possível sua substituição por outra que possua a mesma finalidade temática
(REsp 1405697/MG – 10.09.2019)

- Representatividade adequada:
Não configura mero pressuposto processual, sendo requisito de
legitimidade ativa. Isso porque o julgado pode reputar inadequada a
representatividade do autor para a defesa do direito coletivo em juízo, por
exemplo, no caso de associações com estatuto excessivamente genérico.

- Legitimidade MP:

Qualquer interesse difuso; qualquer interesse coletivo. Em relação aos


individuais homogêneos, se forem indisponíveis existirá legitimidade. Há
controvérsias, porém, em relação aos direitos individuais homogêneos
disponíveis. Prevalece que existirá legitimidade se existir RELEVÂNCIA
SOCIAL. ATENÇÃO: a relevância social pode ser objetiva (decorrente da
própria natureza dos bens e valores) ou subjetiva (em razão da qualidade dos
sujeitos, ex; idosos, crianças, ou da repercussão massificada da demanda).
QUESTÃO: a declinação de competência de uma Justiça Estadual para
outra importa a ilegitimidade ativa, em ação proposta pelo MP do Estado
declinantes? Não. De acordo com o STJ, o MP é uma só instituição e sua
fragmentação decorre apenas de organização institucional. Assim, o
reconhecimento da incompetência do juízo não significa incompetência do MP
(REsp 1.375.540/RJ – 18.10.2016).
- A legitimidade do MP para defesa de consumidores existe ainda que
sejam decorrentes da prestação de serviço público.
- MP tem legitimidade para propor ACP com o objetivo de anular termo
de acordo de regime especial - TARE

- Defensoria Pública

Não se exige pertinência temática. Em relação ao conceito de


“necessitados” a quem a Defensoria estaria legitimada a defender, não se limita
aos carentes econômicos, mas também aos juridicamente necessitados ou
hipervulneráveis.
Sua legitimidade será ampla para direitos difusos e restrita aos
necessitados no caso de coletivos e individuais homogêneos.
- Associações

Exige-se representatividade adequada, mediante preenchimento de


3 requisitos: constituição na forma da lei, pré constituição e pertinência
temática, objetiva ou finalística.
ATENÇÃO: pode-se dizer que a legitimidade ativa para a ACP
equivale à pertinência temática (aos que precisam) + representatividade
adequada (para as associações). Faltando um requisito, faltará
LEGITIMIDADE. Assim, se não há pertinência temática, juiz deve julgar extinto
sem resolução do mérito por ausência de legitimidade. Se a associação não
estiver constituída com prazo maior do que o exigido de um ano, também. Obs:
esse requisito já foi dispensado em situações em que foi dada prevalência à
relevância da matéria – ex: questão dos alimentos sem gluten e necessidade
de informação no rótulo.
- As associações possuem legitimidade para defesa dos direitos e dos
interesses coletivos ou individuais homogêneos, independentemente de
autorização expressa dos associados (STJ – REsp 1796185/RS – 28.03.2019).
- As associações de classe atuam como representantes processuais,
sendo obrigatória a autorização individual ou assemblear dos associados. Esse
entendimento, porém, NÃO SE APLICA quando a associação estiver buscando
a tutela de INTERESSES OU DIREITOS DIFUSOS (STJ – Resp 1335681/SP –
26.02.2019).
QUESTÃO: as associações precisam de autorização específica dos
associados? SIM para ação coletiva de rito ordinário (STF, RE 573232/SC);
NÃO para a defesa dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos
(STJ - REsp 1796185/RS – 28.03.2019).

TABELA RESUMO DA LEGITIMIDADE PARA DEFESA DE DIREITOS


TRANSINDIVIDUAIS PREVISTOS EM LEIS ESPECÍFICAS

Lei Estatuto ECA Estatuto Lei Maria


7.913/89 da pessoa do Idoso da Penha
– com
proteção deficiênci
dos a
titulares
de
valores
mobiliári
os e
investido
res de
mercado
s
MP Único Sim Sim Sim Sim
legitimado (expressam
previsto ente
previsto na
lei)
Defensori Duas Sim Sim, Sim, Sim (não
a posições, discussão (discussão (discussão está previsto
por não necessitad necessitad necessitad na lei, mas
estar os) os) os) cabe
previsto interpretaçã
na lei + o extensiva)
discussão + discussão
necessita necessitado
dos s
Adm. Duas Sim Sim Sim não está
Direta posições, previsto na
por não lei, mas
estar cabe
previsto interpretaçã
na lei o extensiva
Adm. Duas Sim Sim Sim não está
Indireta posições, previsto na
por não lei, mas
estar cabe
previsto interpretaçã
na lei o extensiva
OAB Duas Depende Não Sim não está
posições, da posição (previsão previsto na
por não adotada expressa) lei, mas
estar quanto à cabe
previsto necessida interpretaçã
na lei + de ou não o extensiva
questão de
pertinênci pertinência
a temática temática
para a
OAB
Associaç Duas Sim Sim Sim Sim
ões posições,
privadas por não
estar
previsto
na lei

- INTERESSE PROCESSUAL

necessidade + adequação (segue modelos ações em geral).


Faltará interesse processual em ACP para impugnar atos judiciais típicos
por ausência de necessidade, diante da existência de recursos, incidentes
processuais e ações autônomas de impugnação. Os atos judiciais atípicos
podem ser objeto de ACP.

- CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE E ACP

A arguição de inconstitucionalidade na ACP somente pode ocorrer de


forma incidental, como causa de pedir, uma vez que os fundamentos da ação
não fazem CJ material. Assim, se evita que ocorra CJ erga omnes e usurpação
da competência do STF para o controle de constitucionalidade.

- LITISCONSÓRCIO

ACP para defesa de: Litisconsórcio e assistência


litisconsorcial de não
colegitimados no polo ativo
Interesses difusos Regra: impossíveis, porque a lei só
previu litisconsórcio para
colegitimados ou para interesses
individuais homogêneos, e haveria
tumulto processual
Exceção: possível ao cidadão, nos
casos em que também seja possível
o ajuizamento de ação popular com
idêntico objeto ou conexa
Interesses coletivos impossíveis, porque a lei só previu
litisconsórcio para colegitimados ou
para interesses individuais
homogêneos, e haveria tumulto
processual. A exceção do cidadão
não se aplica aqui, porque não
podem defender direitos coletivos
nem mesmo em ação popular
Interesses individuais Possível para os indivíduos lesados.
homogêneos Pela letra da lei, se trata de
litisconsórcio ulterior. Para Masson,
se trata de assistência litisconsorcial

- DENUNCIAÇÃO DA LIDE EM ACP


Não existe vedação, de modo que, em tese, é possível admitir. É defesa
no caso de ação baseada no fato do produto, do CDC (doutrina também aplica
para fato do serviço)

- CHAMAMENTO AO PROCESSO EM ACP

Não existe vedação, de modo que, em tese, é possível admitir.

- CONEXÃO, CONTINÊNCIA E LITISPENDÊNCIA –


ESPECIFICIDADES

- A identidade entre autores para efeito de configuração da continência é


indiferente, porque o que importa é a identidade dos titulares do direito material
defendido. Assim, exige-se apenas identidade de réus e de causa de pedir,
bem como que o objeto de uma, por ser mais amplo, contenha o da outra.
- Admite-se a conexão e a continência entre ações civis públicas e ações
populares, quando envolverem direito difuso. Também admite-se com
mandado de segurança coletivo, e com ações individuais.

- ACP EM MATÉRIA ELEITORAL

A Lei 12.034/09 incluiu na Lei das eleições o art. 105-A, prevendo que
em matéria eleitoral não são aplicáveis os procedimentos previstos na LACP.
Isso levou o TSE a não mais admitir o emprego de inquéritos civis e ACP. O
PGR instituiu o procedimento preparatório eleitoral para investigação de ilícitos
eleitorais, a ser instaurado mediante portaria. Assim como o inquérito, não é
condição de procedibilidade.
Há decisão recente do TSE admitindo – 2021.

- LIMINAR:

- A concessão de liminar contra PJ de direito público depende de


audiência do representante judicial da PJ, que deverá se manifestar em 72h
(também se aplica ao MS coletivo) – art. 2º, da Lei nº 8.437/92 –
INCONSTITUCIONAL!
- Contra a liminar cabe recurso de agravo de instrumento, recebido, em
regra, apenas no efeito devolutivo, conforme demais recursos da ACP. O
relator pode atribuir efeito suspensivo caso exista risco de dano irreparável à
parte. Se o efeito suspensivo for indeferido, não cabe MS para a obtenção
(desde que cabível, pode ser utilizado o pedido de suspensão da execução da
liminar ou “suspensão da segurança” – incidente processual. Não objetiva a
reforma da decisão como o recurso, mas sim suspender sua execução)
- O pedido de suspensão da execução tem previsão no art. 12, da LACP.
Requisitos: requerimento da PJ de direito público interessada ou do MP +
risco de grave lesão à ordem, saúde, segurança e economia pública. É
decidido pelo presidente do tribunal a quem competir o julgado do recurso. Da
decisão cabe agravo para uma das turmas, em 5 dias. ATENÇÃO: CABE
INCLUSIVE PARA SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DE SENTENÇAS (art. 4º).
As liminares com objeto idêntico poderão ser suspensas em uma única
decisão, e a decisão vigorará até o trânsito em julgado da decisão de mérito do
tribunal. Obs: a interposição do AI não impede nem condiciona o julgamento do
pedido. Não possui prazo para apresentação.

- COISA JULGADA NA ACP:

ATENÇÃO: DECISÃO RECENTE DO STF -


INCONSTITUCIONALIDADE ART. 16 (RE 1101937 – repercussão geral)
A eficácia das decisões proferidas em ACP coletivas NÃO deve ficar
limitada ao território da competência do órgão jurisdicional que prolatou a
decisão.
É inconstitucional o art. 16. Em se tratando de ACP de efeitos nacionais,
a competência deve observar o art. 93, II, do CDC (foro da Capital do Estado
ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional).
Ajuizadas várias ACP de âmbito nacional ou regional, firma-se a competência
pela prevenção para julgamento de todas as conexas
- NÃO É POSSÍVEL a repropositura de ação coletiva de direitos
individuais homogêneos julgada improcedente, AINDA QUE POR FALTA DE
PROVAS.

- CJ secundum eventum litis – procedência favorece e improcedência


não prejudica.
- CJ secundum eventum probationis – improcedência com exame de
provas impede nova ação coletiva, mas sem exame de provas não impede –
não se aplica aos individuais homogêneos.

SENTENÇA DIFUSOS COLETIVOS INDIVIDUAIS


STRICTO HOMOGÊNEOS
SENSU
PROCEDENTE CJ erga omnes CJ ultra partes CJ erga omnes
CJ erga omnes CJ ultra partes -
Impede nova Impede nova Impede nova
IMPROCEDENT ação coletiva ação coletiva ação coletiva
E COM EXAME Lesado pode Lesado pode Lesado pode
DE PROVAS propor ação propor ação propor ação
individual individual individual se não
participou da
coletiva
IMPROCEDENT NÃO fará CJ NÃO fará CJ IMPEDE NOVA
E POR FALTA erga omnes erga omnes AÇÃO
DE PROVAS COLETIVA
Qualquer Qualquer Lesado pode
legitimado pode legitimado pode propor ação
repropor, desde repropor, desde individual se não
que existe prova que existe prova participou da
nova nova coletiva. Logo,
NÃO se admite a
regra secundum
eventum
probationis

- REMESSA NECESSÁRIA:

STJ entende possível aplicar, por analogia, o art. 19 da lei de ação


popular, que trata do reexame necessário no caso de improcedência da
demanda (remessa necessária invertida). EXCEÇÃO: não será aplicável o
reexame no caso de ações que versem sobre direitos individuais homogêneos.

- CUSTAS JUDICIAIS E HONORÁRIOS:

- Não haverá adiantamento de custas, honorários ou quaisquer


despesas, nem condenação da associação autora em honorários
advocatícios/custas/despesas, salvo má fé – o STJ decidiu que isso só se
aplica para as ACP, ações coletivas de relações de consumo e ação cautelar
do art. 4º, da LACP. Não é possível estender, por analogia ou interpretação
extensiva, essa isenção para outros tipos de ações e incidentes, mesmo que
envolvam matéria consumerista (ex: rescisória). ATENÇÃO: STJ decidiu
recentemente que essa disposição também se aplica ao réu da ACP, não
podendo ser condenado ao pagamento de sucumbência, salvo má fé (REsp
1776913/RS – 22.04.2020).
- Não é cabível a condenação da parte vencida ao pagamento de
honorários em favor do MP na ACP, diante do princípio da simetria, salvo
comprovada má fé.
- MP não é obrigado a adiantar honorários periciais (o encargo fica para
a Fazenda a qual se ache vinculado).

- Prescrição e execução:

- No âmbito do Direito Privado, é de 5 anos o prazo prescricional para


ajuizamento da execução individual em pedido de cumprimento de sentença
proferida em Ação Civil Pública. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC)
- Na execução individual de sentença coletiva contra a Fazenda Pública,
quando já iniciada a execução coletiva, o prazo quinquenal para a propositura
do título individual, nos termos da Súmula n. 150/STF, interrompe-se com a
propositura da execução coletiva, voltando a correr, após essa data, pela
metade.
- A abrangência nacional expressamente declarada na sentença coletiva
não pode ser alterada na fase de execução, sob pena de ofensa à coisa
julgada.
- Os efeitos e a eficácia da sentença no processo coletivo não estão
circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do que
foi decidido.
- art. 16 foi declarado inconstitucional.

 É juridicamente possível o pedido de anulação da nomeação e posse de


conselheiro de tribunal de contas do município, veiculado em ACP, com
fundamento na constatação de que este não preenche os requisitos da
idoneidade moral e reputação ilibada.

HABEAS DATA – LEI Nº 9.507/97

- Habeas data é
- Ação constitucional de caráter personalíssimo,
- De natureza civil e
- Procedimento especial,
- Que visa viabilizar o conhecimento, retificação ou a anotação (ou
explicação em dado exato) de informações
- Da pessoa do impetrante,
- Constantes em bancos de dados públicos ou bancos de dados
privados de caráter público.
- Informações de terceiros: cabe MS
- Excepcionalmente, a jurisprudência relativiza posição majoritária, que
defende a natureza jurídica de ação constitucional de natureza personalíssima,
aceitando a impetração de habeas data em favor de terceiro, no que tange a
causas relativas à transmissão de direitos causa mortis. HD 147/DF.
- Requerimento será deferido ou indeferido em 48h e a decisão será
comunicada ao requerente em 24h.
- No caso de retificação, o prazo máximo para ciência ao interessado é
de 10 dias.
- A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - Da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais
de 10 dias sem decisão;
II - Da recusa em fazer-se a retificação ou anotação ou do
decurso de mais de 15 dias, sem decisão;
- Ao despachar a inicial, juiz determinará que a parte requerida preste
informações em 10 dias.
- Findo o prazo, MP será ouvido em 5 dias e autos serão conclusos.
- Do indeferimento da inicial, cabe apelação. Também da sentença que
concede ou nega o pedido.
- QUANDO A SENTENÇA CONCEDER O HABEAS DATA, O
RECURSO TERÁ EFEITO MERAMENTE DEVOLUTIVO (ou seja, desde logo
devem ser fornecidas as informações ou feita a retificação).
- Pode ser renovado se a decisão denegatória não apreciar o mérito.
- Processo tem prioridade, exceto sobre HC e MS
- São gratuitos o procedimento administrativo para acesso a informações
e retificação de dados e para anotação de justificação, bem como a ação de
habeas data.

- Competência:

I - Originariamente:

a) ao STF, contra atos do Presidente da República, das Mesas da


Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do TCU, do PGR e do próprio
STF;
b) ao STJ, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio
Tribunal;
c) aos TRF contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os
casos de competência dos tribunais federais;
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do
Estado;
f) a juiz estadual, nos demais casos

II - Em grau de recurso:

a) ao STF, quando a decisão denegatória for proferida em única


instância pelos Tribunais Superiores;
b) ao STJ, quando a decisão for proferida em única instância
pelos TRF (não se exige que seja denegatória);
c) aos TRF, quando a decisão for proferida por juiz federal;
d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios,
conforme dispuserem a respectiva Constituição e a lei que organizar a Justiça
do Distrito Federal

III - mediante recurso extraordinário ao STF, nos casos


previstos na Constituição.

- Jurisprudência:

- O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção


dos dados concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte
constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da
administração fazendária dos entes estatais.
- Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se
não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa.
- Não é cabível ação de exibição de documentos que tenha por objeto a
obtenção de informações detidas pela Administração Pública que não foram
materializadas em documentos (eletrônicos ou não), ainda que se alegue
demora na prestação dessas informações. Cabível HD (STJ. 2ª Turma. REsp
1415741-MG).
- Não existe previsão legal de reexame necessário no procedimento
do habeas data. Diferente do mandado de segurança (que prevê o reexame
necessário), no procedimento do habeas data não há essa previsão legal.
- É possível medida liminar no procedimento de habeas data,
respeitados o periculum in mora e o fumus boni iuris.
- HD não é meio idôneo para se obter vista de processo administrativo.

- TEORIA DA ENCAMPAÇÃO:

- A teoria da encampação aplica-se ao habeas data, mutatis mutandis,


quando o impetrado é autoridade hierarquicamente superior aos responsáveis
pelas informações pessoais referentes ao impetrante e, além disso, responde
na via administrativa ao pedido de acesso aos documentos. HD 84/DF, Rel.
Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
em 27/09/2006, DJ 30/10/2006, p. 236.

- AÇÃO POPULAR (LEI Nº 4.717/65)

- Qualquer cidadão (comprovação por título de eleitor) é parte


legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência.
- Consideram-se patrimônio público para os fins referidos neste artigo,
os bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico.
- O objeto da ação popular abarca direito difusos, mas não direitos
individuais homogêneos.
- Em se tratando de instituições ou fundações, para cuja criação ou
custeio o tesouro público concorra com menos de 50% do patrimônio, ou
pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas, as consequências
patrimoniais da invalidez dos atos lesivos terão por limite a repercussão deles
sobre a contribuição dos cofres públicos.
- Cidadão pode requerer das entidades as certidões e informações
necessárias para ajuizar a ação, que deverão ser fornecidas em 15 dias, salvo
sigilo, caso em que serão requeridas judicialmente. O processo correrá em
segredo de justiça, que cessará com o trânsito em julgado.
- PJ não tem legitimidade
- São NULOS os atos lesivos nos casos de:
a) incompetência
b) vício de forma
c) ilegalidade do objeto
d) inexistência dos motivos
e) desvio de finalidade
- Vícios diversos: atos serão anuláveis
- São também NULOS:
- Admissão no serviço público com descumprimento normas
legais
- Operações financeiras em desacordo com normas
- Empreitada ou concessão sem prévia licitação, salvo
autorização para tanto, bem como edital com cláusulas que comprometam
competitividade
- Modificações ou vantagens ao contratado sem previsão em lei
ou edital
- Compra e venda, nos casos em que não se exige licitação, por
valor superior ao de mercado, ou venda por valor inferior
- Concessão de licença de importação ou exportação com
descumprimento normas legais ou com privilégios
- Redesconto com descumprimento normas legais
- Empréstimo Banco Central com descumprimento normas legais
ou bens dados em garantia com valor inferior ao da avaliação (responsáveis
pela avaliação também serão sujeitos passivos)
- Emissão com descumprimento normas legais
- Cabe suspensão liminar do ato lesivo

- Competência
- Juiz de primeiro grau
- Se for de interesse da União: JF

- Sujeitos passivos

- Pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º


- Autoridades, funcionários ou administradores
- Beneficiários diretos
Obs: STJ entende que se trata de litisconsórcio necessário (simples)

- Legitimidade pendular ou bifronte/intervenção móvel:

- A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja


objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá
atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a
juízo do respectivo representante legal ou dirigente.

- MP acompanhará a ação, cabendo- lhe apressar a produção da prova


e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-
lhe VEDADO, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou
dos seus autores.
- qualquer cidadão pode ser litisconsorte ou assistente

- Processo:

- seguirá rito comum


- prazo a ser concedido às entidades para fornecer documentos
solicitados pelo autor: de 15 a 30 dias, cabendo prorrogação pelo juiz, sob
pena de desobediência.
- MP providenciará para que as requisições sejam cumpridas no prazo
- Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários far-se-á por edital
com o prazo de 30 dias, afixado na sede do juízo e publicado 3 vezes no jornal
oficial do local em que seja ajuizada a ação. A publicação será gratuita e
deverá iniciar-se no máximo 3 dias após a entrega.
- Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado, cuja
existência ou identidade se torne conhecida no curso do processo e antes de
proferida a sentença final de primeira instância, deverá ser citada para a
integração do contraditório, com restituição do prazo para contestação e
produção de provas, salvo, quanto a beneficiário, se a citação se houver feito
por edital.
- O prazo de CONTESTAÇÃO é de 20 dias, prorrogáveis por mais 20, a
requerimento do interessado, se particularmente difícil a produção de prova
documental, e será comum a todos os interessados.
- se não houver requerimento de prova: vista às partes por 10 dias para
alegações e conclusão em 48h para sentença, que deve ser proferida em 15
dias
- O proferimento da sentença além do prazo estabelecido privará o juiz
da inclusão em lista de merecimento para promoção, durante 2 anos, e
acarretará a perda, para efeito de promoção por antiguidade, de tantos dias
quantos forem os do retardamento, salvo motivo justo, declinado nos autos e
comprovado perante o órgão disciplinar competente.
- Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância,
serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II,
ficando assegurado a QUALQUER CIDADÃO, bem como ao representante do
Ministério Público, dentro do prazo de 90 dias da última publicação feita,
promover o prosseguimento da ação.
- ATENÇÃO! MP não pode ajuizar AP, mas pode ser AUTOR
SUPERVENIENTE em caso de desistência.
- As partes só pagarão custas e preparo ao final.
- a sentença de procedência declarará a invalidade do ato e condenará
ao pagamento de perdas e danos. Incluirá SEMPRE na condenação dos réus o
pagamento das custas e demais despesas judiciais e extrajudiciais do autor,
além de honorários.
- lide manifestamente temerária: autor será condenado ao décuplo das
custas
- Caberá sequestro e penhora desde a prolação da sentença
- se ficar provada infringência de lei penal ou falta disciplinar com pena
de demissão ou rescisão de contrato de trabalho, o juiz DE OFÍCIO
determinará remessa às autoridades competentes.
- Caso decorridos 60 dias da publicação da sentença condenatória de
2a instância, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução, o
representante do Ministério Público a promoverá nos 30 dias seguintes, sob
pena de falta grave – trata-se de obrigatoriedade da execução provisória!!
- É sempre permitida às pessoas ou entidades referidas no art. 1º, ainda
que hajam contestado a ação, promover, em qualquer tempo, e no que as
beneficiar a execução da sentença contra os demais réus.
- A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível "erga omnes",
exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência
de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com
idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
- A sentença que concluir pela CARÊNCIA ou pela IMPROCEDÊNCIA
da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
depois de confirmada pelo tribunal (REEXAME NECESSÁRIO INVERTIDO;
aplicável à ação de improbidade administrativa e ACP, exceto no caso de
direitos individuais homogêneos); da que julgar a ação procedente caberá
apelação, COM EFEITO SUSPENSIVO (diferentemente do habeas data,
não produzirá efeitos desde logo).
- Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e
suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer cidadão e também o
Ministério Público.
- prazo de prescrição: 5 anos.

- Jurisprudência:

- É possível a declaração incidental de inconstitucionalidade em Ação


Popular, desde que a controvérsia constitucional não figure como pedido, mas
sim como causa de pedir, fundamento ou simples questão prejudicial,
indispensável à resolução do litígio principal, em torno da tutela do interesse
público. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1352498/DF
- Para o cabimento da Ação Popular, basta a ilegalidade do ato
administrativo por ofensa a normas específicas ou desvios dos princípios
da Administração Pública, dispensando-se a demonstração de prejuízo
material. STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 949.377/MG
- O STF não possui competência originária para processar e julgar ação
popular, ainda que ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da
República. A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer
autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do
juízo de 1º grau. STF. Plenário. Pet 5856 AgR

MANDADO DE INJUNÇÃO (LEI Nº 13.300/16)

- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma


regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania. Obs: ADO cabe para qualquer norma de eficácia
limitada.
- visa combater a síndrome da inefetividade das normas constitucionais
(assim como a ADO).
- a lei se aplica para o mandado de injunção individual e para o coletivo.
- a ausência de norma regulamentadora pode ser total ou parcial
(insuficiência das normas editadas).
- São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as
pessoas naturais ou jurídicas QUE SE AFIRMAM TITULARES dos direitos, das
liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2º e, como impetrado, o Poder,
o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora
(adota-se a teoria da asserção)
- a petição inicial deve indicar, além do órgão impetrado, a PJ que ele
integra.
- documento necessário e não fornecido pela autoridade: pode ser
determinada a exibição em 10 dias.
- prazo informações impetrado: 10 dias
- será dada ciência à PJ interessada para que, querendo, ingresse no
feito
- findo o prazo informações, MP será ouvido em 10 dias. Com ou sem
parecer, autos serão conclusos. ATENÇÃO! NO HD É OUVIDO EM 5 DIAS –
rito mais curto e célere no HD

- reconhecida a mora legislativa, será deferida a injunção para:


I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a
edição da norma regulamentadora – CORRENTE CONCRETISTA
INTERMEDIÁRIA;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos
direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as
condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a
exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.
- Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput
quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de
injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.
- A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos
até o advento da norma regulamentadora – CONCRETISTA INDIVIDUAL
- Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão,
quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade
ou da prerrogativa objeto da impetração – CONCRETISTA GERAL
- Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos
aos casos análogos por decisão monocrática do relator.
- O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a
renovação da impetração fundada em outros elementos probatórios.
- Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a
pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações
das circunstâncias de fato ou de direito.
- A norma regulamentadora superveniente produzirá EFEITOS EX
NUNC em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado,
salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável.
- Estará prejudicada a impetração se a norma regulamentadora for
editada antes da decisão, caso em que o processo será extinto sem resolução
de mérito

- Mandado de injunção coletivo: legitimidade

I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for


especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;
II - por partido político com representação no Congresso Nacional,
para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus
integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;
III - por organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano, para
assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da
totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus
estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto,
autorização especial;
IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for
especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos
direitos individuais e coletivos dos necessitados.

- a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da


coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos.
- O mandado de injunção coletivo NÃO INDUZ LITISPENDÊNCIA em
relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o
impetrante que não requerer a DESISTÊNCIA da demanda individual no prazo
de 30 dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva (não basta a
mera suspensão!) - ATENÇÃO! MI e MS exigem DESISTENCIA – porque são
ritos mais céleres. CDC exige SUSPENSÃO da ação individual (mais benéfico
ao consumidor).

MANDADO DE SEGURANÇA (LEI Nº 12.016/09)

- Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os


representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de
entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as
pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que
disser respeito a essas atribuições.
- Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial
praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de
economia mista e de concessionárias de serviço público.
- direito líquido e certo guarda relação com prova pré constituída
- O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições
idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito
originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 dias, quando notificado
judicialmente.
- em caso de urgência cabe impetração por fax e outros meios, devendo
a petição original ser apresentada em 5 dias úteis

- petição inicial deve indicar autoridade coatora e PJ que ela integra


- documento necessário que se ache em poder autoridade pública, que
se recusa a fornecer: será determinada a exibição em 10 dias
- autoridade coatora: a que praticou o ato ou da qual emanou a ordem
- poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão
denegatória não lhe houver apreciado o mérito.
- prazo manifestação autoridade coatora: 10 dias
- será dada ciência à PJ que ela integra para que, querendo, ingresse
- será determinada suspensão do ato se houver fundamento relevante e
risco de ineficácia da medida, sendo facultado exigir caução do impetrante.
- NÃO SERÁ CONCEDIDA MEDIDA LIMINAR que tenha por objeto a
compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens
provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores
públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
pagamento de qualquer natureza – DECLARADO INCONSTITUCIONAL
- Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex
officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o
impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de
promover, por mais de 3 dias úteis, os atos e as diligências que lhe
cumprirem.
- autoridades terão 48 horas da comunicação da liminar para adotar
providencias para suspensão e defesa do ato
- O ingresso de litisconsorte ativo NÃO SERÁ ADMITIDO APÓS O
DESPACHO DA PETIÇÃO INICIAL.
- findo o prazo de 10 dias de manifestação da autoridade coatora, o MP
opinará no prazo improrrogável de 10 dias. Com ou sem parecer, autos serão
conclusos ao juiz para decisão necessariamente em 30 dias.
- Concedida a segurança, a sentença estará sujeita
obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.
- estende-se a autoridade coatora o direito de recorrer
- A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser
executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão
da medida liminar.
- pagamento de vantagens: só de prestações que se vencerem no curso
da demanda. Não é substitutivo de ação de cobrança. Serão pagos via RVP ou
precatório, não folha suplementar.

- Suspensão da segurança

- Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público


interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à
saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual
couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão
fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá
agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 dias, que será levado a
julgamento na sessão seguinte à sua interposição.
- Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere
o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do
tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou
extraordinário.
- É cabível também o pedido de suspensão quando negado provimento
a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.
- a interposição do AI não impede nem condiciona o pedido de
suspensão
- O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo
liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a
urgência na concessão da medida.
- As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma
única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da
suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido
original.
- trata-se um incidente processual
- defensoria publica tem legitimidade para pedido de suspensão, com
base na teoria do diálogo das fontes
- pode envolver decisão interlocutória, sentença ou acórdão
- não analisa o mérito da decisão e não substitui o recurso próprio: só
suspende a eficácia por possibilidade de grave lesão.
- cabe sustentação oral nos casos de competência originária do tribunal
- cabe recurso ordinário se a ordem for denegada, e especial e
extraordinário nas hipóteses legais.
- tem prioridade de julgamento, salvo em relação ao HC

- MS coletivo:

- legitimidade

- partido político com representação no Congresso Nacional, na


defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade
partidária
- organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 ano, em defesa
de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou
associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas
finalidades, DISPENSADA, para tanto, AUTORIZAÇÃO ESPECIAL.
- NÃO HÁ AQUI O MP E DEFENSORIA, AO CONTRÁRIO DO MI, QUE
PREVÊ OS DOIS COMO EXTRAS
- direitos protegidos

I - COLETIVOS, assim entendidos, para efeito desta Lei, os


transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria
de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica
básica;
II - INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, assim entendidos, para efeito
desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação
específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do
impetrante.
- não cabe para difusos.

- coisa julgada:

- limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos


pelo impetrante (ultra partes).
- NÃO INDUZ LITISPENDÊNCIA para as ações individuais, mas
os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se
não requerer a DESISTÊNCIA de seu mandado de segurança no prazo de 30
dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.
- ATENÇÃO! MI e MS exigem DESISTENCIA. CDC exige
SUSPENSÃO da ação individual.

- Liminar:
- No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser
concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de
direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 horas. –
DECLARADO INCONSTITUCIONAL!

- Decadência:

- 120 dias a contar da ciência do ato impugnado


- Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de
embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários
advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de
má-fé.
- o descumprimento das decisões do MS caracteriza crime de
desobediência, além de caberem sanções adm.

- Súmulas

- Súmula 101-STF: O mandado de segurança não substitui a ação


popular.
- Súmula 248-STF: É competente, originariamente, o Supremo Tribunal
Federal, para mandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da
União.
- Súmula 330-STF: O Supremo Tribunal Federal não é competente para
conhecer de mandado de segurança contra atos dos tribunais de justiça dos
estados.
- Súmula 623-STF: Não gera por si só a competência originária do
Supremo Tribunal Federal para conhecer do mandado de segurança com base
no art. 102, I, n, da Constituição, dirigir-se o pedido contra deliberação
administrativa do tribunal de origem, da qual haja participado a maioria ou a
totalidade de seus membros.
- Súmula 624-STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer
originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais.
- Súmula 41-STJ: O Superior Tribunal de Justiça não tem competência
para processar e julgar, originariamente, mandado de segurança contra ato de
outros tribunais ou dos respectivos órgãos.
- Súmula 177-STJ: O Superior Tribunal de Justiça é incompetente para
processar e julgar, originariamente, mandado de segurança contra ato de órgão
colegiado presidido por Ministro de Estado.
- Súmula 376-STJ: Compete à turma recursal processar e julgar o
mandado de segurança contra ato de juizado especial
- Súmula 272-STF: Não se admite como ordinário recurso extraordinário
de decisão denegatória de mandado de segurança.
- Súmula 299-STF: O recurso ordinário e o extraordinário interpostos no
mesmo processo de mandado de segurança, ou de "habeas corpus", serão
julgados conjuntamente pelo Tribunal Pleno.
- Súmula 429-STF: A existência de recurso administrativo com efeito
suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão da
autoridade.
- Súmula 430-STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não
interrompe o prazo para o mandado de segurança.
- Súmula 474-STF: Não há direito líquido e certo, amparado pelo
mandado de segurança, quando se baseia em lei cujos efeitos foram anulados
por outra, declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
- Súmula 510-STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de
competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida
judicial.
- Súmula 512-STF: Não cabe condenação em honorários de advogado
na ação de mandado de segurança.
- Súmula 625-STF: Controvérsia sobre matéria de direito não impede
concessão de mandado de segurança.
- Súmula 626-STF: A suspensão da liminar em mandado de segurança,
salvo determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o
trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou,
havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde
que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da
impetração.
- Súmula 630-STF: A entidade de classe tem legitimação para o
mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas
a uma parte da respectiva categoria.
- Súmula 212-STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser
deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória.
- Súmula 213-STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada
para a declaração do direito à compensação tributária.
- Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar
a compensação tributária realizada pelo contribuinte.
- Súmula 333-STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado
em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.
- Súmula 628-STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de
segurança quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a)
existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e
a que ordenou a prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do
mérito nas informações prestadas; e c) ausência de modificação de
competência estabelecida na Constituição Federal.

- Jurisprudência:

- A indicação equivocada da autoridade coatora não implica ilegitimidade


passiva nos casos em que o equívoco é facilmente perceptível e aquela
erroneamente apontada pertence à mesma pessoa jurídica de direito público.
- O Governador do Estado é parte ilegítima para figurar como autoridade
coatora em mandado de segurança no qual se impugna a elaboração,
aplicação, anulação ou correção de testes ou questões de concurso público,
cabendo à banca examinadora, executora direta da ilegalidade atacada, figurar
no polo passivo da demanda.
- O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado de
segurança, na hipótese de exclusão do candidato do concurso público, é o ato
administrativo de efeitos concretos e não a publicação do edital, ainda que a
causa de pedir envolva questionamento de critério do edital.
- O prazo decadencial para impetração de mandado de segurança
contra ato omissivo da Administração renova-se mês a mês, por envolver
obrigação de trato sucessivo.
- Admite-se a impetração de mandado de segurança perante os
Tribunais de Justiça para o exercício do controle de competência dos
juizados especiais.
- Compete às Turmas Recursais, a teor do que dispõe a Súmula 376
do STJ, apreciar os mandados de segurança que tenham por objetivo o
controle de mérito dos atos de juizado especial (STJ. 1ª Turma. AgInt no
RMS 57.285/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 16/09/2019). Por
que a turma recursal não analisa o MS sobre competência do juizado? Porque
não faria sentido, afinal está se analisando justamente se o juizado tem ou não
competência e, portanto, se a turma recursal também tem ou não. É o TJ.
Mérito sim, a turma analisa.
- O impetrante pode desistir da ação mandamental a qualquer tempo
antes do trânsito em julgado, independentemente da anuência da autoridade
apontada como coatora.
- Ante o caráter mandamental e a natureza personalíssima da ação,
NÃO É POSSÍVEL A SUCESSÃO DE PARTES NO MANDADO DE
SEGURANÇA, ficando ressalvada aos herdeiros a possibilidade de acesso às
vias ordinárias.
- Só é cabível sucessão processual em mandado de segurança
quando o feito se encontrar já na fase de execução (STJ. 1ª Seção. PET no
MS 20.157/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/06/2019).
- A verificação da existência de direito líquido e certo, em sede de
mandado de segurança, não tem sido admitida em recurso especial, pois é
exigido o reexame de matéria fático probatória, o que é vedado em razão da
Súmula n. 7/STJ.
- A ação mandamental não constitui via adequada para o reexame das
provas produzidas em Processo Administrativo Disciplinar PAD.
- Não cabe mandado de segurança para conferir efeito suspensivo ativo
a recurso em sentido estrito interposto contra decisão que concede liberdade
provisória (também não cabe para obter efeito suspensivo no agravo em
execução – cabe ação cautelar)
- A impetração de mandado de segurança contra ato judicial é
medida excepcional, admissível somente nas hipóteses em que se
verifica de plano decisão teratológica, ilegal ou abusiva, contra a qual não
caiba recurso.
- É incabível mandado de segurança que tem como pedido autônomo a
declaração de inconstitucionalidade de norma, por se caracterizar mandado de
segurança contra lei em tese. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73
TEMA 430)
- O termo inicial do prazo de decadência para impetração de mandado
de segurança contra aplicação de penalidade disciplinar é a data da publicação
do respectivo ato no Diário Oficial.
- O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de ação
mandamental contra ato que fixa ou altera sistema remuneratório ou suprime
vantagem pecuniária de servidor público não se renova mensalmente inicia-se
com a ciência do ato impugnado.
- O prazo decadencial para impetração de mandado de segurança não
se suspende nem se interrompe com a interposição de pedido de
reconsideração na via administrativa ou de recurso administrativo desprovido
de efeito suspensivo.
- As autarquias possuem autonomia administrativa, financeira e
personalidade jurídica própria, distinta da entidade política à qual estão
vinculadas, razão pela qual seus dirigentes têm legitimidade passiva para
figurar como autoridades coatoras em ação mandamental.
- A impetração de mandado de segurança interrompe o prazo
prescricional em relação à ação de repetição do indébito tributário, de modo
que somente a partir do trânsito em julgado do mandamus se inicia a contagem
do prazo em relação à ação ordinária para a cobrança dos créditos
indevidamente recolhidos.
- A impetração de mandado de segurança interrompe a fluência do prazo
prescricional no tocante à ação ordinária, o qual somente tornará a correr após
o trânsito em julgado da decisão.
- É incabível mandado de segurança contra decisão judicial transitada
em julgado (art. 5º, III, da Lei nº 12.016/2009 e Súmula nº 268-STF). No
entanto, se a impetração do mandado de segurança for anterior ao trânsito em
julgado da decisão questionada, mesmo que venha a acontecer,
posteriormente, o mérito do MS deverá ser julgado, não podendo ser invocado
o seu não cabimento ou a perda de objeto. STJ. Corte Especial. EDcl no MS
22.157-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/03/2019 (Info 650).
- nas ações coletivas é possível a limitação do número de substituídos
em cada cumprimento de sentença, por aplicação extensiva do art. 113, § 1º,
do CPC – info 712, STJ
- a decisão de recebimento da petição inicial da ACP não pode se limitar
ao fundamento de in dubio pro societate. Devem ser tecidos comentários, ao
menos, sobre os elementos indiciários e a causa de pedir, ao mesmo tempo
que, para a rejeição, deve bem delinear a situação fático probatória que lastreia
os motivos de convicção. Essa postura é reforçada atualmente pelos arts. 489,
§ 3º e 927, do CPC.
- Em regra, é indispensável a intimação do Ministério Público para
opinar nos processos de mandado de segurança, conforme previsto no
art. 12 da Lei nº 12.016/2009. No entanto, a oitiva do Ministério Público é
desnecessária quando se tratar de controvérsia acerca da qual o tribunal
já tenha firmado jurisprudência. Assim, não há qualquer vício na ausência
de remessa dos autos ao Parquet que enseje nulidade processual se já
houver posicionamento sólido do Tribunal. Nesses casos, é legítima a
apreciação de pronto pelo relator. STF. 2ª Turma. RMS 32482/DF, rel. orig.
Min. Teori Zavaski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 21/8/2018
(Info 912).

MINISTÉRIO PÚBLICO RESOLUTIVO

Envolve formas de atuação extrajudicial.

a) Recomendação:

Regulamentada pela resolução 164/2017, do CNMP


Exposição em ato formal, de razões fáticas e jurídicas sobre determinada
questão, com objetivo de persuadir o destinatário a praticar ou deixar de
praticar determinados atos em benefício da melhoria dos serviços públicos e de
relevância pública ou interesses, direitos e bens defendidos pela instituição.
Trata-se de instrumento de prevenção de responsabilidades ou correção
de condutas. Deve ser usada sempre que cabível, anterior e
preferencialmente à ação judicial. Pode ser direcionada a qualquer PF ou PJ,
de direito público ou privado.
Pode ser expedida no bojo de um IC, procedimento preparatório ou
administrativo, de ofício ou mediante provocação. Somente se admite sem a
existência de algum procedimento prévio em caso de URGÊNCIA (deve-se
instaurar logo depois).
b) Negociação:

Regulamentada pela resolução 118/2014, do CNMP


É recomendada para as controvérsias em que o MP possa ATUAR COMO
PARTE na defesa dos direitos, em razão da condição de representante
adequado e legitimado coletivo universal

c) Mediação:

Quando muito embora NÃO POSSA ATUAR COMO PARTE, de algum modo
atua na intervenção para auxiliar na resolução da controvérsia. Ex: quando
atua como fiscal da ordem jurídica. É recomendada para os casos em que as
partes POSSUEM alguma relação prévia e envolve maior atuação direta e
voluntária das partes para obtenção de soluções.

d) Conciliação:

Quando muito embora NÃO POSSA ATUAR COMO PARTE, de algum modo
atua na intervenção para auxiliar na resolução da controvérsia. Ex: quando
atua como fiscal da ordem jurídica. É recomendada para os casos em que as
partes NÃO POSSUEM alguma relação prévia e envolve maior atuação do MP
para propor soluções.

e) Práticas restaurativas:

Mecanismos de repressão dos efeitos de uma infração, em que infrator e


vítima, e eventualmente outras pessoas dos setores públicos e privados da
comunidade afetada, participam de encontros para buscar um plano
restaurativo, com a ajuda de um facilitador, a fim de minimizar os danos e
reintegrar o infrator. Busca a harmonização social.

f) Compromisso de ajustamento de conduta:


É um acordo com eficácia de título extrajudicial. Foi previsto pela primeira vez
no ECA e depois no CDC. Foi regulamentado pela Resolução 179/2017, do
CNMP. Pode ser tomado não apenas para tutela de direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos, mas também para outros direitos cuja defesa incumba
ao MP. Somente os órgãos públicos legitimados à propositura da ACP estão
autorizados a tomar compromisso. Para execução do termo, porém, qualquer
legitimado é apto. De acordo com a Resolução do CNMP, se trata de negócio
jurídico.

- INQUÉRITO CIVIL

Os fins do IC não restringem ao aparelhamento de uma ação coletiva. Na


verdade, ele busca fornecer ao MP subsídios para que possa formar seu
convencimento sobre os fatos, identificando e empregando os melhores meios,
judiciais ou extrajudiciais, para a solução do conflito. Deve ser instaurado por
portaria.

Efeitos da instauração: possibilidade de o MP empregar meios coercitivos


(condução coercitiva, requisições, notificações, inspeções, etc); óbice à
decadência para reclamação de vícios aparentes de produto ou serviço no
CDC.
Obs: o descumprimento de notificação autoriza condução coercitiva e
eventualmente pode caracterizar crime de desobediência. Obs II: requisição
tem natureza de ordem e o descumprimento também pode caracterizar crime.
Ambas têm natureza de prerrogativas constitucionais do MP.
- o MPSP prevê a possibilidade de recurso contra a instauração do IC, assim
como o MPBA: prazo de 5 dias. No MPSP o recurso terá efeito suspensivo. No
MPBA, esse efeito poderá ser atribuído pelo Conselho Superior.

- Prazo conclusão: Resolução 23/2007 do CNMP prevê prazo de 1 ANO,


PRORROGÁVEL PELO MESMO PRAZO, QUANTAS VEZES FOREM
NECESSÁRIAS, por decisão fundamentada e dando-se ciência ao CSMP.
ATENÇÃO: Cada MP poderá prever prazo diferente, bem como limitar sua
prorrogação.
- Arquivamento: deve ser remetido no prazo de 3 dias, sob pena de falta
grave, ao controle do CSMP.

Obs: tal norma também se aplica às “peças informativas”, mas não há


consenso sobre o significado do termo. Para Masson seriam apenas os
procedimentos preparatórios de IC, não englobando as notícias de fato
arquivadas. ATENÇÃO: arquivamentos feitos pelo PGR não se submetem ao
órgão revisor (LOMPU). Todavia, os arquivamentos feitos pelos PGJ se
submetem (LONMP)
- O IC poderá ser desarquivado se, dentro de 6 MESES após o arquivamento,
surgirem novas provas ou necessidade de investigação de fato relevante
relacionado. Passado o prazo, se exige novo IC, sem prejuízo das provas já
colhidas.
- Regido pelo princípio da publicidade, em regra, salvo casos que possam
prejudicar as investigações e as hipóteses de sigilo legal.
- Natureza inquisitiva, porém de forma mitigada (ex: possibilidade de recurso
contra a instauração do IC pelo investigado; MPSP prevê direito do investigado
de ser informado sobre a instauração, etc)
- Procedimento informal (não existe sequência rigorosa de atos cuja
inobservância gere nulidade).

- PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO

Tem como finalidade formar o convencimento do MP sobre a


necessidade e possibilidade de um IC, bem como sobre sua atribuição. É
prévio ao IC. Obs: nada obsta que no bojo do PPIC sejam expedidas
recomendações e celebrado TAC. ATENÇÃO: a LOMP-SP NÃO AUTORIZA
a notificação e a condução coercitiva nos PPIC do MPSP. Deve ser
instaurado por portaria.

Prazo de conclusão: 90 DIAS, PRORROGÁVEL UMA ÚNICA VEZ, por


motivo justificável. Vencido o prazo, o membro do MP deve arquivar, ajuizar a
respectiva ACP ou converter em IC.
- NOTÍCIA DE FATO

Regulamentada pela resolução 174/2017, do CNMP. Engloba todas as


formas de conhecimento pelo MP de um fato lesivo (representação,
requerimento, notícia, etc), não importando a área/matéria.
Deve ser apreciada pelo membro do MP no prazo de 30 dias a contar do
recebimento, PRORROGÁVEL UMA VEZ, de forma fundamentada, por ATÉ
90 DIAS.
É vedada a expedição de requisições durante o prazo de apreciação da
notícia.
Pode ser indeferida (fato narrado não configura lesão ou ameaça de
lesão aos interesses tutelados pelo MP; ou notícia incompreensível) ou
arquivada (arquivamento pressupõe prévia instauração – fato já está sendo
investigado ou já foi solucionado; lesão insignificante; notícia desprovida de
elementos de prova ou informações mínimas e não houver complementação
pelo noticiante; objeto demandar atuação mais ampla e resolutiva).
Da decisão de arquivamento o noticiante pode apresentar recurso
administrativo no prazo de 10 dias. Se o órgão não reconsiderar, a notícia será
remetida em 3 dias ao órgão revisor previsto na legislação (CSMP ou CCR).
Da decisão de indeferimento, a Resolução não prevê recurso, mas Masson
entende aplicável por analogia.

Você também pode gostar