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Sandra Mara Dobjenski

XXV EXAME DA OAB


DIREITO ADMINISTRATIVO
31. A organização religiosa Tenhafé, além dos fins exclusivamente religiosos,
também se dedica a atividades de interesse público, notadamente à educação e à
socialização de crianças em situação de risco. Ela não está qualificada como
Organização Social (OS), nem como Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIP), mas pretende obter verbas da União para a promoção de projetos
incluídos no plano de Governo Federal, propostos pela própria Administração
Pública.
Sobre a pretensão da organização religiosa Tenhafé, assinale a afirmativa correta.
A Por ser uma organização religiosa, Tenhafé não poderá receber verbas da União.
B A transferência de verbas da União para a organização religiosa Tenhafé somente
poderá ser formalizada por meio de contrato administrativo, mediante a realização
de licitação na modalidade concorrência.
C Para receber verbas da União para a finalidade em apreço, a organização
religiosa Tenhafé deverá qualificar-se como OS ou OSCIP.
D Uma vez selecionada por meio de chamamento público, a organização
religiosa Tenhafé poderá obter a transferência de recursos da União por meio
de termo de colaboração.
FUNDAMENTAÇÃO: As organizações da sociedade civil podem buscar verbas
da Administração Pública para obtenção dos fins a que se destina. Neste
sentido, precisam participar do CHAMAMENTO PÚBLICO – que é um
procedimento destinado a selecionar organização da sociedade civil
para firmar parceria, no qual se garanta a observância de princípios
administrativos. (art. 2º, XII, Lei 13.019/14). Para a transferência desses
recursos, deverá ser formalizado um termo de fomento ou termo de
colaboração..
Art. 2º DA LEI 13.019/14 - Para os fins desta Lei, considera-se:
XII - chamamento público: procedimento destinado a selecionar organização
da sociedade civil para firmar parceria por meio de termo de colaboração ou de
fomento, no qual se garanta a observância dos princípios da isonomia, da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
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probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do


julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos;
VII - termo de colaboração: instrumento por meio do qual são formalizadas as
parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da
sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e
recíproco propostas pela administração pública que envolvam a transferência
de recursos financeiros;
Dos Termos de Colaboração e de Fomento
Art. 16. O termo de colaboração deve ser adotado pela administração pública
para consecução de planos de trabalho de sua iniciativa, para celebração de
parcerias com organizações da sociedade civil que envolvam a transferência
de recursos financeiros.
Parágrafo único. Os conselhos de políticas públicas poderão apresentar
propostas à administração pública para celebração de termo de colaboração
com organizações da sociedade civil.
MACETES SOBRE O TERCEIRO SETOR

Entidades do terceiro setor e modo de criação/vínculo (em regra) com a


Administração Pública:

1) Serviço social autônomo: autorização legislativa (LEI);

2) Entidade de apoio: convênio;

3) Organizações sociais: contrato de gestão;

4) Organizações da sociedade civil de interesse público: termo de parceria;

5) Organizações da sociedade civil (OSC): acordo de cooperação, termo de


colaboração, termo de fomento,
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5.1) Acordo de c00peração: eu troco a letra "o" por dois zeros... aí lembro
que nenhum dos dois transfere recursos (nem a Administração nem a OSC);

5.2) Termo de colaborAÇÃO: proposto pela AdministrAÇÃO e há


transferência de recursos.

5.3) Termo de fomento: proposto pela OSC e há transferência de recursos.


32. Em novembro de 2014, Josué decidiu gozar um período sabático e passou, a
partir de então, quatro anos viajando pelo mundo. Ao retornar ao Brasil, foi
surpreendido pelo fato de que um terreno de sua propriedade havia sido invadido,
em setembro de 2015, pelo Município Beta, que nele construiu uma estação de
tratamento de água e esgoto.
Em razão disso, Josué procurou você para, na qualidade de advogado(a), traçar a
orientação jurídica adequada, em consonância com o ordenamento vigente.
A Deve ser ajuizada uma ação possessória, diante do esbulho cometido pelo Poder
Público municipal.
B Não cabe qualquer providência em Juízo, considerando que a pretensão de Josué
está prescrita.
C Impõe-se que Josué aguarde que o bem venha a ser destinado pelo Município a
uma finalidade alheia ao interesse público, para que, somente então, possa pleitear
uma indenização em Juízo.
D É pertinente o ajuizamento de uma ação indenizatória, com base na
desapropriação indireta, diante da incorporação do bem ao patrimônio público
pela afetação.
.FUNDAMENTAÇÃO: O prazo prescricional aplicável à desapropriação
indireta, na hipótese em que o Poder Público tenha realizado obras no local ou
atribuído natureza de utilidade pública ou de interesse social ao imóvel, é
de 10 anos, conforme parágrafo único do art. 1.238 do CC.
Decreto-Lei 3.365/41: “Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda
Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em
nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada
procedente, resolver-se-á em perdas e danos.”
Sandra Mara Dobjenski

DL 3.365/41 de acordo com o art. 35


Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não
podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do
processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á
em perdas e danos.
DIREITO AMBIENTAL
33. Configurada a violação aos dispositivos da Lei do Sistema Nacional de Unidades
de Conservação, especificamente sobre a restauração e recuperação de
ecossistema degradado, o Estado Z promove ação civil pública em face de Josemar,
causador do dano.
Em sua defesa judicial, Josemar não nega a degradação, mas alega o direito
subjetivo de celebração de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com a
possibilidade de transacionar sobre o conteúdo das normas sobre restauração e
recuperação.
Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.
A Josemar não possui direito subjetivo à celebração do TAC, que, caso
celebrado, não pode dispor sobre o conteúdo da norma violada, mas sobre a
forma de seu cumprimento.
B O TAC não pode ser celebrado, uma vez que a ação civil pública foi proposta pelo
Estado, e não pelo Ministério Público.
C Josemar possui direito subjetivo a celebrar o TAC, sob pena de violação ao
princípio da isonomia, mas sem que haja possibilidade de flexibilizar o conteúdo das
normas violadas.
D Josemar possui direito subjetivo a celebrar o TAC nos termos pretendidos,
valendo o termo como título executivo extrajudicial, apto a extinguir a ação civil
pública por perda de objeto.
.FUNDAMENTAÇÃO: O termo de ajustamento de conduta é um acordo que o
Ministério Público celebra com o violador de determinado direito coletivo. Este
instrumento tem a finalidade de impedir a continuidade da situação de
ilegalidade, reparar o dano ao direito coletivo e evitar a ação judicial.
A celebração do TAC não é um direito subjetivo do investigado ou réu. O órgão
público tem a faculdade de propô-lo, e o investigado ou réu, da mesma forma,
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tem a faculdade de aceitá-lo. Como o ente público não pode renunciar ou


dispor dos direitos difusos ou coletivos que visa defender, ele não abrirá mão
de tais direitos no TAC, mas apenas negociará os prazos, a forma e as
condições de cumprimento das obrigações por parte do investigado ou réu.
O Estado é pessoa jurídica de direito público e, como tal, tem legitimidade para
celebrar termo de ajustamento de conduta, conforme art. 5º, § 6º, LACP.
Considerando o disposto no Art. 5º, §6º, Lei 7.347/1985 -
Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso
de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações,
que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
34. Os Municípios ABC e XYZ estabeleceram uma solução consorciada
intermunicipal para a gestão de resíduos sólidos. Nesse sentido, celebraram um
consórcio para estabelecer as obrigações e os procedimentos operacionais relativos
aos resíduos sólidos de serviços de saúde, gerados por ambos os municípios.
Sobre a validade do plano intermunicipal de resíduos sólidos, assinale a afirmativa
correta.
A Não é válido, uma vez que os resíduos de serviços de saúde não fazem parte da
Política Nacional de Resíduos Sólidos, sendo disciplinados por lei específica.
B É válido, sendo que os Municípios ABC e XYZ terão prioridade em
financiamentos de entidades federais de crédito para o manejo dos resíduos
sólidos.
C É válido, devendo o consórcio ser formalizado por meio de sociedade de propósito
específico com a forma de sociedade anônima.
D É válido, tendo como conteúdo mínimo a aplicação de 1% (um por cento) da
receita corrente líquida de cada município consorciado.
FUNDAMENTAÇÃO: Lei nº 12.305/2010
Art. 45. Os consórcios públicos constituídos, nos termos da Lei nº 11.107/2005,
com o objetivo de viabilizar a descentralização e a prestação de serviços
públicos que envolvam resíduos sólidos, têm prioridade na obtenção dos
incentivos instituídos pelo Governo Federal.
DIREITO CIVIL
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35. João, empresário individual, é titular de um estabelecimento comercial que


funciona em loja alugada em um shopping-center movimentado. No
estabelecimento, trabalham o próprio João, como gerente, sua esposa, como caixa,
e Márcia, uma funcionária contratada para atuar como vendedora.
Certo dia, Miguel, um fornecedor de produtos da loja, quando da entrega de uma
encomenda feita por João, foi recebido por Márcia e sentiu-se ofendido por
comentários preconceituosos e discriminatórios realizados pela vendedora. Assim,
Miguel ingressou com ação indenizatória por danos morais em face de João.
A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
A João não deve responder pelo dano moral, uma vez que não foi causado direta e
imediatamente por conduta sua.
B João pode responder apenas pelo dano moral, caso reste comprovada sua
culpa in vigilando em relação à conduta de Márcia.
C João pode responder apenas por parte da compensação por danos morais diante
da verificação de culpa concorrente de terceiro.
D João deve responder pelos danos causados, não lhe assistindo alegar culpa
exclusiva de terceiro.
FUNDAMENTAÇÃO: Dono de estabelecimento = responsável pelos atos de seus
funcionários.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas
mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos,
no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se
albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes,
moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a
concorrente quantia.
Sandra Mara Dobjenski

Art. 933, CC. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente,


ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados
pelos terceiros ali referidos.
Culpa in vigilando = Responsabilidade do pai pelo filho, tutor pelo tutelado,
curador por curatelado.
Culpa in eligendo = Responsabilidade do patrão por ato de seu empregado.
Culpa in custodiendo = Falta de cuidado em se guardar coisa ou animal.
36. Em 05 de dezembro de 2016, Sérgio, mediante contrato de compra e venda,
adquiriu de Fernando um computador seminovo (ano 2014) da marca Massa pelo
valor de R$ 5.000,00. O pagamento foi integralizado à vista, no mesmo dia, e foi
previsto no contrato que o bem seria entregue em até um mês, devendo Fernando
contatar Sérgio, por telefone, para que este buscasse o computador em sua casa.
No contrato, também foi prevista multa de R$ 500,00 caso o bem não fosse entregue
no prazo combinado.
Em 06 de janeiro de 2017, Sérgio, muito ansioso, ligou para Fernando perguntando
pelo computador, mas teve como resposta que o atraso na entrega se deu porque a
irmã de Fernando, Ana, que iria trazer um computador novo para ele do exterior,
tinha perdido o voo e só chegaria após uma semana. Por tal razão, Fernando ainda
dependia do computador antigo para trabalhar e não poderia entregá-lo de imediato
a Sérgio.
Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
A Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do
bem) ou a cláusula penal de R$ 500,00, não podendo ser cumulada a multa com a
obrigação principal.
B Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação
(entrega do bem) simultaneamente à multa de R$ 500,00, tendo em vista ser
cláusula penal moratória.
C Sérgio somente poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação
(entrega do bem), não a multa, pois o atraso foi por culpa de terceiro (Ana), e não de
Fernando.
D Sérgio somente poderá exigir de Fernando a cláusula penal de R$ 500,00, não a
execução específica da obrigação (entrega do bem), que depende de terceiro (Ana).
Sandra Mara Dobjenski

FUNDAMENTAÇÃO: No caso da questão estamos diante de uma CLÁUSULA


PENAL MORATÓRIA ( Art.411 ), neste caso o credor terá o arbítrio de exigir
a satisfação da pena cominada JUNTAMENTE com o desempenho da função
principal.
Mas se for o caso de uma CLÁUSULA PENAL COMPENSATÓRIA (Art. 410), no
caso de total inadimplemento da obrigação, o credor pode exigir o valor da
multa OU (alternativo) cumprimento da obrigação principal, não podendo exigir
os dois simultaneamente.
CC - Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em
segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de
exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da
obrigação principal.
IMPORTANTE: Em caso de a cláusula penal for para a situação de total
inadimplemento da obrigação, então não se poderia cumular a execução da
obrigação e a cláusula penal, mas não é o caso da questão.
Artigo. 408 CC/02 “Incorre de pleno direito o devedor na Cláusula Penal, desde
que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora."37.
37. Marcos caminhava na rua em frente ao Edifício Roma quando, da janela de um
dos apartamentos da frente do edifício, caiu uma torradeira elétrica, que o atingiu
quando passava. Marcos sofreu fratura do braço direito, que foi diretamente atingido
pelo objeto, e permaneceu seis semanas com o membro imobilizado, impossibilitado
de trabalhar, até se recuperar plenamente do acidente.
À luz do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
A O condomínio do Edifício Roma poderá vir a ser responsabilizado pelos
danos causados a Marcos, com base na teoria da causalidade alternativa.
B Marcos apenas poderá cobrar indenização por danos materiais e morais do
morador do apartamento do qual caiu o objeto, tendo que comprovar tal fato.
C Marcos não poderá cobrar nenhuma indenização a título de danos materiais pelo
acidente sofrido, pois não permaneceu com nenhuma incapacidade permanente.
D Caso Marcos consiga identificar de qual janela caiu o objeto, o respectivo morador
poderá alegar ausência de culpa ou dolo para se eximir de pagar qualquer
indenização a ele.
Sandra Mara Dobjenski

FUNDAMENTAÇÃO: Teoria da causalidade alternativa: quando qualquer de


um dos autores, dentro de um grupo ou coletividade, puder ser
responsabilizado pelo dano, a exemplo de um condomínio e de seus
condôminos, assegurado o direito de regresso.
Art. 938 CC. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano
proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
38. Jonas trabalha como caseiro da casa de praia da família Magalhães, exercendo
ainda a função de cuidador da matriarca Lena, já com 95 anos. Dez dias após o
falecimento de Lena, Jonas tem seu contrato de trabalho extinto pelos herdeiros.
Contudo, ele permanece morando na casa, apesar de não manter qualquer outra
relação jurídica com os herdeiros, que também já não frequentam mais o imóvel e
permanecem incomunicáveis.
Jonas decidiu, por sua própria conta, fazer diversas modificações na casa: alterou a
pintura, cobriu a garagem (que passou a alugar para vizinhos) e ampliou a
churrasqueira. Ele passou a dormir na suíte principal, assumiu as despesas de água,
luz, gás e telefone, e apresentou-se, perante a comunidade, como “o novo
proprietário do imóvel”.
Doze anos após o falecimento de Lena, seu filho Adauto decide retomar o imóvel,
mas Jonas se recusa a devolvê-lo.
A partir da hipótese narrada, assinale a afirmativa correta.
A Jonas não pode usucapir o bem, eis que é possuidor de má-fé.
B Adauto não tem direito à ação possessória, eis que o imóvel estava abandonado.
C Jonas não pode ser considerado possuidor, eis que é o caseiro do imóvel.
D Na hipótese indicada, a má-fé de Jonas não é um empecilho à usucapião.
FUNDAMENTAÇÃO: [Usucapião extraordinária] Art. 1.238. Aquele que, por 15
(quinze) anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel,
adquire-lhe a propriedade, INDEPENDENTEMENTE DE TÍTULO E BOA-FÉ;
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença [natureza
declaratória], a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de
Imóveis.
Usucapião extraordinária
(art. 1238 do CC)
Sandra Mara Dobjenski

- Comum
- 15 anos
- Boa fé
- Justo título
- Não é necessário justo título ou boa fé
- Por posse trabalho
- Requisito material: moradia ou realização de investimentos de interesse
social ou econômico relevante
- Não é necessário justo título ou boa fé
- 10 anos
39. Mário, cego, viúvo, faleceu em 1º de junho de 2017, deixando 2 filhos: Clara,
casada com Paulo, e Júlio, solteiro. Em seu testamento público, feito de acordo com
as formalidades legais, em 02 de janeiro de 2017, Mário gravou a legítima de Clara
com cláusula de incomunicabilidade; além disso, deixou toda a sua parte disponível
para Júlio.
Sobre a situação narrada, assinale a afirmativa correta.
A O testamento é inválido, pois, como Mário é cego, deveria estar regularmente
assistido para celebrar o testamento validamente
B A cláusula de incomunicabilidade é inválida, pois Mário não declarou a justa
causa no testamento, como exigido pela legislação civil.
C A cláusula que confere a Júlio toda a parte disponível é inválida, pois Mário não
pode tratar seus filhos de forma diferente.
D O testamento é inválido, pois, como Mário é cego, a legislação apenas lhe permite
celebrar testamento cerrado.
FUNDAMENTAÇÃO: Art. 1.848: “Salvo se houver justa causa, declarada no
testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade,
impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima”.
A cláusula de incomunicabilidade impossibilita que o bem herdado ou doado a
favor de um dos cônjuges se comunique ao outro cônjuge, sem prévia
necessidade do intérprete verificar o regime de bens estabelecido no caso
concreto, pois impede que aquele ingresse no patrimônio comum do casal,
Sandra Mara Dobjenski

permanecendo no acervo do cônjuge beneficiado, a título de bem próprio ou


particular.
40. Ana, sem filhos, solteira e cujos pais são pré-mortos, tinha os dois avós paternos
e a avó materna vivos, bem como dois irmãos: Bernardo (germano) e Carmem
(unilateral). Ana falece sem testamento, deixando herança líquida no valor de R$
60.000,00 (sessenta mil reais).
De acordo com os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
A Seus três avós receberão, cada um, R$ 20.000,00 (vinte mil reais), por direito de
representação dos pais de Ana, pré-mortos.
B Seus avós paternos receberão, cada um, R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e
sua avó materna receberá R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por direito próprio.
C Bernardo receberá R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), por ser irmão germano, e
Carmem receberá R$ 20.000,00 (vinte mil reais), por ser irmã unilateral.
D Bernardo e Carmem receberão, cada um, R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por
direito próprio.
FUNDAMENTAÇÃO: É importante relembrar a ordem de vocação hereditária,
prevista no art. 1829 do CC, que vai ditar a ordem de sucessão legítima
(quando não há testamento):
1. descendentes em concorrência com o cônjuge sobrevivente ;
2. ascendentes em concorrência com o cônjuge
3. cônjuge sobrevivente
4. colaterais
In casu, como Ana não tinha descendentes nem cônjuge, partimos para a
análise dos ascendentes.
Sendo os seus pais (ascendentes de 1° grau) pré-mortos, seguimos para a
análise do próximo grau (avós). Como Ana tinha avós, estes herdarão, sendo
que cada linha (paterna/materna) herdará a metade (art. 1836, §2° do CC).
Vale lembrar que, caso Ana não tivesse avós vivos, herdariam os colaterais até
4° grau, e, como Ana tinha dois irmãos, Bernardo (germano) e Carmem
(unilateral), estes herdarão. Conforme previsto no art. 1841 do CC, Bernardo
herdaria o dobro que Carmem, portanto Bernardo herdaria 2/3 (R$ 40.000,00) e
Carmen 1/3 (R$20.000,00).
Sandra Mara Dobjenski

Código Civil - Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão


os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.
[...]
§ 2º Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da
linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna.

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