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AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA

DE TAGUATINGA/DF

Classe: 436
Assunto(s): ESTABELECIMENTO DE ENSINO INADIMPLEMENTO,
OBRIGAÇÃO DE FAZER, DANOS MORAIS.

REQUERENTE: Juliana Guedes Ferreira Lemos, brasileira, casada,


publicitária, filiação: Francisco Alfredo Ferreira e Ângela Maria Guedes Ferreira,
portadora da Carteira de Identidade nº. 206400-1/SPP-DF, data da expedição:
06/08/2018, inscrita no CPF nº 982.613.981-53, residente e domiciliada à QND
12 CASA 31 – TAGUATINGA NORTE - DF, CEP: 72120-120, telefone(s): (61)
98215-7326, e-mail: juguedesdf@gmail.com, vem, à presença de Vossa
Excelência, propor a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS

contra a parte REQUERIDA: Anhanguera Educacional participações S.A,


inscrita no CNPJ sob o nº 04310392/000146, estabelecida na QS 01 RUA 212
- LOTES 11, 13 E 15 Nº S/N, LOTES 11, 13 E 15, ÁGUAS CLARAS - DF , CEP:
71950550, telefone(s): 6133537961, em decorrência dos fatos a seguir aduzidos:
DA COMPETÊNCIA
No que se refere ao caso em comento, a requerente encontra-se
na posição de consumidora, dado que adquire a prestação de serviço com base
no art. 3° da Lei 8.078/90 – CDC e utiliza do serviço prestado como destinatária
final, conforme o art. 2° da referida lei, possuindo todas as características de
vulnerabilidade, tais como técnica, econômica e jurídica.
Portanto, por se tratar de relação de consumo, com base no art.
3° da Lei 8.078/90 – CDC, aplica-se o art. 101, I do CDC, que autoriza a
propositura da presenta ação no foro do domicílio da autora.

DOS FATOS
A requerente é aluna matriculada no 6º semestre do curso de
Nutrição na faculdade Anhanguera (requerida) e sempre frequentou as aulas
com assiduidade e devida participação, com obtenção de boas notas, sem
nenhum histórico de reprovação.
Devido ao novo cenário que foi em 2020, as aulas, que antes eram
presenciais, foram adaptadas para o formato online, por conta da pandemia do
novo Coronavírus.
Ocorre que houve lançamentos indevidos de faltas no segundo
semestre de 2020 que causaram a reprovação (incorreta) da requerente em
quatro matérias das cinco do 6° período do curso de Nutrição.
Importante mencionar que, além do presente caso da autora, é do
conhecimento desta que outros 15 alunos também foram prejudicados com o
mesmo erro.
Conforme relatado, as aulas presenciais, devido à pandemia,
passaram a ser ministradas de forma online. Para tanto, a plataforma utilizada
era a “Microsoft TEAMS”, aplicativo de bate-papo em grupo que permite o
gerenciamento de diversas conversas em um único ambiente de controle, que,
no presente caso, funcionava convidando os alunos para ingresso na “sala”
online (chat).
Ocorre que este formato do aplicativo impede o gerenciamento de
um relatório da parte dos convidados como comprovação de presença nas aulas.
Assim, os alunos tiveram que se adaptar ao novo formato de interação.
Essa adaptação também precisou ser feita pelos professores, que
não estavam habituados. Dessa forma, é perceptível que essa nova adaptação
pode causar falhas de controle. No entanto, os alunos não podem ser
prejudicados por isso.
Nas quatro matérias as quais a requerente foi reprovada por falta
(de maneira equivocada), sua menor nota foi 8.3 (documento anexo). A autora
possui histórico de aprovação de 100%.
As aulas presenciais que passaram a ser ministradas de forma
online eram todas às quintas e sextas, das 19:30h às 22h. A requerente esteve
presente de forma online em toda as aulas.
O professor Fernando Paiva Brandini, tutor e responsável por
todas as matérias do semestre, em nenhum momento durante as aulas solicitou
uma chamada ou informou que fosse escrito os nomes no chat do aplicativo. Ou
seja, aos alunos nada foi informado pelo professor como seria confirmada e
documentada a presença nas aulas, ficando este inerte quanto a um controle de
assiduidade, até mesmo para que os alunos pudessem ter acesso. Por isso, foi
de entendimento de todos os alunos que estava tudo certo com relação às
presenças.
Pelo motivo exposto, a requerente não viu necessidade de guardar
provas de assiduidade durante todo o semestre.
Abaixo consta o nome das matérias as quais a parte foi
INDEVIDAMENTE reprovada e que necessitam de correção:
• ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL NA OBESIDADE E DOENÇAS
CARDIOVASCULARES;
• ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL NAS PATOLOGIAS DO SISTEMA
DIGESTÓRIO E ÓRGÃOS ANEXOS;
• ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL PARA GRAVEMENTE ENFERMOS;
• NUTRIÇÃO, EXERCÍCIO FÍSICO E ESTÉTICA.

Importante mencionar que antes de recorrer ao âmbito judicial, a


requerente e os outros alunos também prejudicados tentaram de todas as formas
solucionar o equívoco diretamente com a instituição (requerente), porém sem
obter sucesso.
Consta abaixo as datas em que a requerente tentou
administrativamente a solução da demanda:
03/12/2020 Foi enviado um e-mail em nome de todos os prejudicados
(anexo: “Equívoco no lançamento de faltas de 5 alunas –
URGENTE”) para o professor Fernando Paiva Brandini e para a
Coordenadora do curso de Nutrição Mara Lane Marquez
solicitando a correção das faltas.
04/12/2020 Tivemos a resposta do professor Fernando Paiva Brandini
(anexo: “RE Equívoco no lançamento de faltas de 5 alunas -
URGENTE resposta prof Fernando 04.12.20”.
Resposta do professor: “Boa noite, as presenças são lançadas
conforme lista de presença gerada pelo Microsoft Teams, que foi
gerada somente após o término das aulas teóricas e práticas. As
presenças foram conferidas para que não houvessem os erros de
lançamento.”
- Aparente que na resposta o professor nega qualquer erro que
possa ter cometido, ignorando as provas enviadas.
06/12/2020 Foi enviado para o Diretor da faculdade, Senhor Juliano Bonfim
Carregaro, um apelo extrajudicial para tentar resolver o
equívoco sem a necessidade de demanda judicial. (anexo:
“Solicitação Extrajudicial - Fabiana Garcia de Araújo erro
lançamento de faltas”.
08/12/2020 Em busca de nova tentativa de solução, foi enviado um e-mail
para o DCA da faculdade. A resposta foi que para estes casos
seria preciso tratar diretamente com o professor ou coordenador
do curso. (anexo: “Re Equívoco no lançamento de faltas de 5
alunas - URGENTE. - resposta DCA 08.12.20”.
14/12/2020 Foi enviado novo e-mail para o Diretor da faculdade, Senhor
Juliano Bonfim Carregaro, cobrando retorno, ainda sem
resposta. (anexo: “Re Solicitação Extrajudicial - Fabiana Garcia
de Araújo erro lançamento de faltas”.

Além de todos esses e-mail trocados, também foram feitos


contatos telefônicos com o professor e com todos os canais de atendimento
disponíveis. A requerente foi presencialmente na faculdade por mais de 10 vezes,
e a orientação era sempre que não tinha como resolver se não fosse a tratativa
pelos e-mails.
Era perceptível, Excelência, o descaso da própria instituição em
solucionar da melhor forma possível o equívoco que ocorreu não só com a
requerente, mas com outros aproximados 15 alunos, os quais alguns, inclusive,
já ingressaram na esfera judicial requerendo os seus direitos.
A autora, com muito custo e uma série de desgastes, conseguiu
se matricular no 7º semestre do curso de Nutrição, porém as matérias
informadas continuam como reprovadas e sendo cobradas como dependência já
no primeiro boleto do ano letivo de 2021, o que causará impedimento de concluir
o curso e se formar.
Diante dos fatos, a autora não encontrou outra forma a não ser
ajuizar a presente ação para ter seus direitos de consumidor resguardados.

DA OBRIGAÇÃO DE FAZER
Conforme relatado, a parte requerente foi INDEVIDAMENTE
reprovada por falta em quatro matérias do 6° semestre do curso de Nutrição.
Ocorre que a requerente esteve presente de forma online pelo
aplicativo ‘Teams” em todas as aulas ministradas durante o semestre, o que foi
surpreendida ao final deste com a reprovação (INDEVIDA) por falta.
A partir de então, não sendo um acontecimento exclusivo com a
requerente, uma vez que outros alunos passaram pelo mesmo infortúnio, foram
trocados e-mails com o professor e com a instituição, apresentando provas de
presença no “chat” do aplicativo durante as aulas. Entretanto, nada foi
efetivamente feito por parte da requerida, nem mesmo uma resposta coerente e
respaldada em provas.
Portanto, requer seja a requerida compelida na obrigação de fazer
para a correção do lançamento indevido de faltas nas matérias “NUTRIÇÃO,
EXERCÍCIO FÍSICO E ESTÉTICA”, “ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL PARA
GRAVEMENTE ENFERMOS”, “ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL NAS PATOLOGIAS
DO SISTEMA DIGESTÓRIO E ÓRGÃOS ANEXOS”, e “ASSISTÊNCIA
NUTRICIONAL NA OBESIDADE E DOENÇAS CARDIOVASCULARES”,
retificando a reprovação nas referidas matérias para APROVADA, e não
criando qualquer impedimento para que a autora seja matriculada no próximo
semestre.
DO DANO MORAL
É importante informar que ao longo desse tempo, a requerente
tem sofrido uma série de desgastes, chateações, frustrações e gastos com idas e
vindas à faculdade, além do desgaste psicológico diante de tal situação, atos que
não podem ser vistos como meros aborrecimentos do dia a dia.
Pelo contrário, a conduta ilícita da ré e sua falha na prestação de
seu serviço em não pontuar presença quando a autora assistiu a todas as aulas
maculou os direitos da personalidade da requerente, em especial sua integridade
psíquica e sua dignidade como consumidora dos serviços da requerida.
Frisa-se que a moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo
dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, inclusive amparada pelo
art. 5º, inc. V e X, da Carta Magna/1988.
No caso em epígrafe, verifica-se a ocorrência de condutas que se
mostraram lesivas, ao ponto de agredir o sentimento íntimo e pessoal de
dignidade da requerente, que foi INDEVIDAMENTE reprovada por falta quando
na verdade assistiu a todas as aulas online.
Deste modo, requer a indenização por danos morais decorrentes
dos fatos narrados no importe de R$ 4.000,00 (quatro mil reais).

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


O Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 6º, inciso VIII,
traz a possibilidade do pleito da inversão do ônus da prova como forma de
facilitação da defesa dos direitos do consumidor.
A aplicação do instituto da inversão do ônus da prova que
equilibra o litígio proposto. É de se notar que equiparar os litigantes na lide é
mera aplicação do princípio constitucional da isonomia. Neste viés, o
consumidor como parte reconhecidamente mais fraca, é o vulnerável na relação
de consumo, consoante o preceito ínsito no art. 4º, Ido CDC.
A parte requerente/consumidora é hipossuficiente, pois não
possui mecanismos para produzir mais provas além das anexadas, bem como
as suas alegações neste pleito são verossímeis, pois condizem com a realidade.
Nesse sentido, presente a verossimilhança das alegações da
demanda, forçoso reconhecer a necessidade da inversão do ônus da prova a fim
de equilibrar os pólos na lide, posto a hipossuficiência da parte requerente.
Assim, com fundamento acima pautado, a requerente espera a
inversão do ônus da prova, incumbindo à requerida a demonstração de todas as
provas referente ao pedido desta peça.

DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a requerente:
a) a citação da parte requerida da presente ação e sua intimação para
comparecer pessoalmente à audiência de conciliação, a ser designada no
ato da distribuição, sendo que o não comparecimento importará à pena de
revelia;
b) a inversão do ônus da prova em favor da requerente, conforme autoriza art.
6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor;
c) a procedência da presente ação para condenar a parte requerida a cumprir
a seguinte obrigação de fazer: correção do lançamento indevido de faltas
nas matérias “NUTRIÇÃO, EXERCÍCIO FÍSICO E ESTÉTICA”,
“ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL PARA GRAVEMENTE ENFERMOS”,
“ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL NAS PATOLOGIAS DO SISTEMA
DIGESTÓRIO E ÓRGÃOS ANEXOS”, e “ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL NA
OBESIDADE E DOENÇAS CARDIOVASCULARES”, retificando a reprovação
nas referidas matérias para APROVADA, e não criando qualquer
impedimento para que a autora seja matriculada no próximo semestre;
d) seja a requerida condenada ao pagamento de indenização por danos morais,
no importe de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), acrescidos de juros e correção
monetária.

Provará o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos.
Dá-se à causa o valor de R$ 4.000,0 (quatro mil reais).

BRASÍLIA/DF, de março de 2021.

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ASSINATURA DA PARTE REQUERENTE

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