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JSADVOCACIA

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AO JUÍZO DO JUÍZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA


DA CAPITAL.

Exmo(a). Sr(a). Dr(a). Juiz(íza) de Direito.

ANA BEATRIZ CIPRIANI MOTTA brasileira, solteira, estudante, RG


30288322-8, CPF 106148627-36, residente e domiciliada na Rua Mário Covas Júnior, 135,
Apto 1506, Rio de Janeiro/RJ, CEP 22631-030, e-mail: anabcmotta@hotmail.com, telefone
(21) 97396-3233, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, representada por
seu procurador JANQUIEL DOS SANTOS, advogado inscrito na OAB/RS 104.298,
com escritório profissional localizado na Rua General Osório, nº 1.155, sala 405, Centro,
em Passo Fundo/RS, e-mail js@jsadvocacia.net, propor:

AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO LIMINAR

em face da UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ),


Fundação Pública de Direito Público Estadual, CNPJ 33.540.014/0001-57, localizada
na Rua São Francisco Xavier, nº 524, Pavilhão João Lyra Filho, 1º andar, bloco F, sala
1148, Maracanã, Rio de Janeiro, CEP 20550-013, telefones (21) 2334-0239, 2334-0275
e 2334-0669. Pelos fatos e fundamentos a seguir.
1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

A autora é pessoa simples, possui poucos recursos sendo que qualquer despesa
com custas processuais poderá acarretar um prejuízo em sua subsistência e de sua
família.

Possui dedicação total para os estudos, e não tem renda formal alguma, nem para
a própria subsistência, nem para pagar as custas processuais. Para apontar a situação
junta de declaração de hipossuficiência econômica e também a comprovação que não é
declarante do imposto de renda1.

Diante disso, requer seja lhe concedido os benefícios da gratuidade da justiça nos
termos dos arts. 98 e 99, § 3º do CPC.

2. DOS FATOS

Inscreveu-se a autora no Exame Vestibular Estadual 2023 promovido pela UERJ,


concorrendo uma das vagas do curso de medicina disponibilizadas em edital, com
número de inscrição 233001020-6.

A aplicação das provas foi realizada em 04/12/2022, sendo composta por 60


(sessenta) questões objetivas valendo 1,5 (um vírgula cinco) pontos cada, e uma prova
de Redação, valendo 10 (dez) pontos.

Para o preenchimento do cartão de respostas haveria de ser assinalado, como


usualmente é aplicado em provas desse tipo, de forma a cobrir totalmente o espaço
correspondente à alternativa que entendesse correta, conforme exemplo abaixo:

1
Disponível em https://solucoes.receita.fazenda.gov.br/Servicos/consrest/Atual.app/paginas/index.asp
A autora, como presta o vestibular para esta mesma instituição desde o ano de
2017, tem total conhecimento do padrão de preenchimento do cartão de respostas, em
especial no que tange a total nitidez da marcação, e processo de correção, tendo ciência
que a marcação de mais de uma letra não serão registradas.

No mesmo dia da aplicação das provas (04/12/2023) foi divulgado o gabarito


oficial. Ao fazer a conferência percebeu que tinha efetuado 57 (cinquenta e sete) acertos.
Destaca que essa quantidade de acertos é a pontuação mínima para que pudesse efetuar
a matrícula, já que os candidatos com 56 (cinquenta e seis) acertos ou menos restaram
desclassificados por não obter a pontuação necessária.

Em 19/12/2022 foi divulgada a nota de Redação e do número de acertos da prova


objetiva. Acontece que nesta divulgação consta que ela teria 54 (cinquenta e quatro)
acertos.

A justificativa para essa diferença foi apontada porque a correção de 3 (três)


questões não foram registradas por constar dupla marcação. As questões apontadas com
dupla marcação foram as de número 28, 29 e 31.

Dada a divergência quanto a conferência dos acertos das questões, em 02/01/2023


foi presencialmente na UERJ pedir acesso ao cartão de respostas, e lá foi informada que
as 3 (três) questões quais acusavam "múltipla marcação" estavam furadas. Foi então que
fez um requerimento solicitando a reanálise do cartão, além de cópias e foto/vídeo.

Nesta mesma data, tanto os atendentes como a autora conferiram a ata de


sala para averiguar se havia alguma anotação que o fiscal tenha recebido o cartão
de respostas furado, e não havia nenhuma anotação. Apesar de solicitar uma cópia
da ata o pedido foi negado.

Da mesma forma o cartão resposta, em que analisou com seus próprios


olhos e tanto ela como os atendentes verificaram que estava furado. Apesar de
solicitar uma cópia do cartão resposta o pedido foi negado.
Sabe-se então que o cartão de resposta está furado, e não há nenhuma
anotação na ata de sala que o fiscal tenha recebido o cartão furado.

No entanto, em 10/01/2023 foi em busca da resposta do requerimento de vistas


do cartão de respostas e ata de sala, onde novamente recebeu a resposta que a solicitação
foi negada, sendo disponibilizado apenas a cópia do cartão de forma escaneado.

Veja abaixo o recorte do cartão de respostas com a identificação das questões


com dupla marcação:

*Integra do cartão de respostas em anexo a inicial.

Acontece que da forma em que o cartão de respostas foi apresentado (escaneado)


não há como distinguir se há um furo ou dupla marcação, mas se ele for apresentado de
forma física, ou por meio de foto/vídeo, irá identificar que o cartão está furado e não
com dupla marcação.

Ainda no dia 10/01/2023, fez um novo requerimento solicitando cópia da ata de


sala, manual de diretrizes do fiscal e novamente foto/vídeo do cartão. Entende que a
distinção se há furo ou dupla marcação seja essencial para sanar a controversa, já que,
se caso tenha sido realmente furada a marcação, haverá de constar tal anotação na ata
de sala.
O fato é que a autora não rasurou o cartão de respostas, não marcou nenhuma
alternativa em duplicidade, e também não furou, embora o Departamento de Seleção
Acadêmica (DSEA) afirme que há mais de uma marcação nas 3 questões.

Acredita-se que a furação tenha ocorrido após a entrega do cartão de


respostas, pois, se de fato houvesse a dupla marcação, teria que ser registrada pelo
fiscal na ata de sala, sendo que no momento da entrega do cartão de resposta ao
fiscal não foi apontado nenhum erro, mesmo sendo feita a conferência.

Repita-se, a autora teve acesso a ata de sala onde verificou que não havia
nenhuma anotação que o fiscal tenha recebido o cartão de respostas furado.

Segue algumas considerações sobre o caso e/ou o desempenho da autora ao longo


dos últimos anos sobre essa prova de vestibular:

- Faz a prova da instituição desde 2017, e nunca cometeu erros no


preenchimento do cartão de respostas ou algo parecido;

- Faz um curso pré-vestibular muito renomado na cidade (Foco Medicina


Vestibular), exclusivo para Medicina, e, no dia da prova, estava com uma bolsa e uma
camiseta do curso;

- Sempre foi instruída quanto às possibilidades de eliminação pelos


coordenadores do curso, estando ciente de que qualquer dano no cartão resposta
desclassificaria do concurso;

- Nos últimos 6 anos, realizou centenas de simulados e provas antigas com


treinamento avançado e cronometrado, tendo vasta experiência na realização de provas;

- O vestibular de Medicina tem uma alta relação candidato/vaga e, portanto,


é muito competitivo;

- Não estava com pressa na prova, saiu da sala antes do horário limite, o que
pode ser comprovado, pois os e (três) últimos candidatos devem assinar a ata de
aplicação de prova.
- Antes de ser entregue, o cartão de respostas foi verificado repetidas vezes
pela autora e, depois, pelo fiscal, estando em perfeitas condições;

- Conforme foi informado por funcionários do Departamento de Seleção


Acadêmica (DSEA), o fiscal deve anotar na ata de sala se recebeu um cartão resposta
danificado. Os mesmos funcionários verificaram a ata de sala e não constava nenhuma
anotação;

- O diretor não concedeu autorização para fotografar ou filmar o cartão


resposta original, sendo esse o único meio de comprovar que são furos, e não duplas
marcações (no cartão escaneado não há como fazer tal distinção);

- O diretor insinuou que a autora tenha feito os furos, alegando que os fez
na tentativa de mascarar uma resposta errada. Porém, no seu caderno de questões (que
está em posse DSEA) há apenas uma marcação nas questões 28, 29 e 31.

Diante de toda a situação, a autora ingressa com a presente demanda requerendo


de forma liminar que o réu apresente aos autos o cartão de respostas, apresente o caderno
de questões, e apresente também a ata de sala. Quanto ao cartão de respostas que ele
seja apresentado de forma física, ou por foto ou vídeo (coloridos), a fim de identificar
se há dupla marcação com caneta, ou então furo no local.

Ainda em sede de liminar, considerando que o número de acertos inicialmente


obtidos (57 acertos) ela estaria classificada dentro do quantitativo de vagas
disponibilizadas, que possa proceder com a matrícula e ingresso no curso, ainda que seja
da forma sub judice.

No mérito, que seja feita uma correlação entre o cartão de respostas apresentado
em conjunto com a ata de sala, para identificar que de fato não havia qualquer marcação
em duplicidade ou furos no momento de entrega do cartão de respostas e da prova. A
inversão do ônus da prova para demonstrar o ocorrido tenha sido feito em momento
posterior ao da entrega (com apresentação da ata de sala). Com a anulação das questões
em duplicidade e/ou considerada como alternativa correta aquela devidamente
preenchida que está na prova.
3. DOS FUNDAMENTOS

Um dos dogmas que detém o mais alto índice de respeito em concursos públicos
é o acesso à informação. A recusa do réu em franquear o cartão de respostas, o caderno
de questões, e a ata de sala, configura ofensa aos princípios da publicidade e acesso à
informação.

A publicidade revela um direito fundamental à informação, cujo conteúdo


consiste no dever estatal de promover amplo e livre acesso à informação como condição
necessária ao conhecimento. Em matéria como a discutida aqui nos autos, o direito do
candidato em ter acesso às informações referente a si é um direito que deriva dos
princípios da publicidade, transparência, segurança jurídica e eficiência.

Transcrevo o artigo 5º, da CR/88, que trata do direito de receber informações de


seu interesse particular, vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos


informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (...);

A publicidade, ainda, é princípio expresso da Administração Pública,


estabelecido na Constituição da República, em seu art. 37, in verbis:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:

§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na


administração pública direta e indireta, regulando especialmente:

II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a


informações sobre atos de governo, observado o disposto no art.
5º, X e XXXIII;

Por fim, trago o art. 216, parágrafo 2º, da CR/88:

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de


natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos
quais se incluem:

§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da


documentação governamental e as providências para franquear
sua consulta a quantos dela necessitem.

Nesse sentido, vejamos a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio


de Janeiro:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO ADMINISTRATIVO.
MEDIDA CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONCURSO. CARTÃO DE
RESPOSTAS DA PROVA OBJETIVA. PRINCÍPIO DA
PUBLICIDADE. DIREITO A INFORMAÇÃO. Cuida-se de
medida cautelar de exibição de documento, cuja sentença julgou
procedente o pedido e determinou que a Fundação Cesgranrio, ora
apelante, apresente o cartão de resposta da prova objetiva da
requerente relativamente ao concurso para o cargo Assistente
Administrativo I, da Liquigás Distribuidora S.A., de que tratou o
Edital nº 1/2015. Nada obstante o princípio da vinculação ao
edital, no caso concreto devem prevalecer os princípios
constitucionais que regem a Administração Pública, em especial,
os da publicidade e de informação. O recurso da ré, Fundação
Cesgranrio, não comporta provimento uma vez que se revela
correta a sentença ao julgar procedente o pedido de exibição do
documento requerido pela candidata. RECURSO CONHECIDO
e DESPROVIDO.

(TJ-RJ - APL: 00028698520168190028 RIO DE JANEIRO


MACAE 1 VARA CIVEL, Relator: CEZAR AUGUSTO
RODRIGUES COSTA, Data de Julgamento: 27/06/2017,
OITAVA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 30/06/2017)

Considerando que é direito da autora em ter acesso ao cartão de respostas, o


caderno de questões, e a ata de sala, é dever do réu em franqueá-los, e em atenção aos
princípios da publicidade, acesso à informação, transparência, segurança jurídica e
eficiência, bem como a jurisprudência majoritária do Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro.
Por oportuno, se com a apresentação dos documentos exigidos, que sejam
anuladas as questões em duplicidade e garantido a pontuação para a autora e/ou haverá
de ser feita uma correlação entre as respostas apresentadas no caderno de questões em
conjunto o cartão de respostas, restar evidenciado que a dupla marcação se deu após a
entrega do cartão de respostas, que seja aplicada a atribuição da pontuação, com direito
a matrícula e ingresso no curso.

4. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Nos termos do art. 373 do CPC, o ônus da prova incumbe ao autor quando há
fato constitutivo de seu direito, ou então ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.

No presente caso, tratando-se de provas que somente o réu poderá produzir,


requer que seja procedida a inversão do ônus da prova, a fim de que ele demonstre de
forma inequívoca que o cartão de respostas foi entregue com a dupla marcação.

Há de considerar que quando o candidato procede com a entrega do caderno de


provas e cartão de respostas, o fiscal de sala tem por obrigação efetuar a conferência
sobre os documentos, e, caso exista qualquer irregularidade, que a informação seja
registrada na ata de sala.

Com a apresentação da ata de sala, ficará evidente que lá não houve qualquer
observação anotada que o fiscal tenha recebido o cartão de respostas furado, logo,
restará claro que o cartão de respostas foi entregue sem furos nos locais de marcação.

Se a ata de sala não constar qualquer observação nesse sentido, fica evidente
que o cartão de respostas foi entregue sem qualquer erro, e que a marcação os furos
tenham fido dados em momento posterior ao da entrega (feito por terceira pessoa).

É de conhecimento público e notório que a disputa pelas vagas ao curso de


medicina são as mais disputadas entre todos os cursos, em especial quando se trata de
uma Faculdade Pública de respeitável notoriedade, como o caso da ré. Sob esse
aspecto, não há de ser descartada a possibilidade que uma terceira pessoa tenha feito
tais furos no cartão de respostas, com o único intuito de prejudicar a candidata, e que
sua vaga seja ofertada à uma (ou algumas) candidata(s) com classificação
imediatamente inferior a autora.

A esse sentido, entende-se que para a resolução definitiva do mérito (quiçá da


medida liminar) seja indispensável a inversão do ônus da prova, para que o réu
apresente a ata de sala, ou aponte com precisão que a autora tenha entregue o cartão
de respostas com os furos nos locais. E caso não reste tal informação comprovada pelo
réu, que sejam anuladas as questões em duplicidade e garantido a pontuação para a
autora. Ou alternativamente que seja feito o computo da pontuação com a correlação
das alternativas assinaladas no caderno de provas, dando mais evidencia sobre as
alternativas corretas que a autora teria preenchido no cartão de respostas.

5. PEDIDO LIMINAR

A autora tem direto à vista do seu cartão de respostas, caderno de prova, e ata de
sala, inclusive para pleitear sua tutela. A negativa de vista dos documentos viola
princípios da publicidade, legalidade e entendimento da jurisprudência majoritária.

O fumus boni iuris resta presente pela negativa administrativa fornecida à autora.

Já a periculum in mora consubstancia em que, caso o embaraço não seja resolvido


de modo rápido, as matrículas já irão iniciar e consequente as aulas do curso. Sem uma
liminar favorável ficaria a autora impedida de participar ao ingresso do curso, uma vez
que com a pontuação obtida informada pelo réu, já estaria desclassificada e fora do
quantitativo de vagas disponibilizadas.

Nos termos do artigo 300 do CPC a tutela de urgência será concedida quando
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito (fumus boni iuris) e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo (periculum in mora). Já o § 2º
do art. 300 do CPC, prevê que a tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou
após justificação prévia

Pelo exposto, torna imperiosa a concessão de liminar para os seguintes pedidos:

- Que o réu franqueie o cartão de respostas (de modo físico, ou por


foto/vídeo coloridos); que franqueie o caderno de provas; que franqueie a ata de sala,
e; que franqueie o manual de diretrizes do fiscal.

- Que seja possibilitada a autora (liminarmente ou após justificação prévia)


o direito a proceder com a matrícula e ingresso no curso, com direito a participação de
todas as matérias/aulas lecionadas, ainda que da forma sub judice.

Veja que o deferimento da liminar para proceder com a matrícula e o ingresso


no curso, não traria prejuízo algum ao réu, uma vez que em eventual constatação do
indeferimento dos pedidos, a liminar simplesmente seria revogada e a autora não
poderia participar mais das aulas.

Por outro lado, em caso de eventual indeferimento da liminar, a autora corre o


sério risco de ver seu direito perecer, pois se houver procedência dos pedidos no final
da ação, ela teria perdido todo o tempo de estudos e acompanhamento da sua turma.
Certamente causaria um dano irreparável.

6. DA CLASSIFICAÇÃO

Como forma de comprovar que estaria classificada dentro do quantitativo e vagas


ofertadas (fumus boni iuris), traz abaixo as seguintes informações:

- São 57 vagas para ampla concorrência e as maiores 100 notas sempre são
para medicina, os cursinhos fazem uma listagem extraoficial;

- O corte esse ano ficará em torno de 93 (cada questão vale 1,5 e a redação
10);
- Como a nota da redação foi 8, os 57 acertos da prova objetiva garantem
93,5 (pontos).

Veja abaixo a listagem das notas (LISTÃO UERJ 2023):

Com a pontuação de 93,5 estaria aprovada.

7. DOS PEDIDOS

Diante o exposto requer:

a) O recebimento desta demanda pelo rito do juizado especial cível;

b) Que sejam concedidos os benefícios da gratuidade da justiça à autora nos


termos dos artigos 98 e 99§3º do CPC;

c) Que seja concedido o pedido liminar nos seguintes termos:

- Que o réu franqueie o cartão de respostas (de modo físico, ou por


foto/vídeo coloridos); que franqueie o caderno de provas; que franqueie a
ata de sala, e; que franqueie o manual de diretrizes do fiscal.

- Que seja possibilitada a autora (liminarmente ou após justificação prévia)


o direito a proceder com a matrícula e ingresso no curso, com direito a
participação de todas as matérias/aulas lecionadas, ainda que da forma sub
judice.

d) Que seja determinada a citação do réu para apresentar a defesa no prazo legal;

e) A autora dispensa a tentativa de conciliação por ser inviável ao caso;

f) A inversão do ônus da prova para que o réu apresente qualquer informação


que tenha recebido o cartão de respostas com dupla marcação ou furado;

g) No mérito, que sejam anuladas as questões em duplicidade e garantido a


pontuação para a autora e/ou:

g.1) alternativamente, que no mérito seja feita uma correlação entre o cartão de
respostas apresentado em conjunto com a ata de sala, para identificar que de fato
não havia qualquer marcação em duplicidade ou furos no momento de entrega do
cartão de respostas. A inversão do ônus da prova para demonstrar que o ocorrido
tenha sido feito em momento posterior ao da entrega. E então ser considerada
como alternativa correta aquela devidamente preenchida que está no caderno de
prova, corroborando com a alternativa preenchida no cartão de respostas
(desconsiderando as marcações que contém rasuras ou furos).

h) Protesta na produção de todo meio de prova necessário;

i) Sejam condenados os réus em custas processuais e honorários de


sucumbência.

Dá-se à causa o valor de alçada.

São os termos em que pede deferimento.


24 de janeiro de 2023.

JANQUIEL DOS SANTOS


OAB/RS 104.298-B

Rol de documentos anexos:

- Procuração e declaração de hipossuficiência;

- Carteira de identidade;

- Comprovante de residência;

- Edital UERJ;

- Cartão de respostas (fornecido pela banca);

- Requerimentos administrativos para ter acesso ao material;

- Resposta do requerimento administrativo;

- Memorando UERJ;

- LISTÃO UERJ 2023;

- Boletins dos simulados;

- Declaração do coordenador do cursinho.

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