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Dr.

Antônio Alves de Carvalho


OAB-GO 12.477
Dr. Bruno Melo de Carvalho
OAB-GO 58.029
Dr. Rafael Melo de Carvalho
OAB-GO 59.244

AO DOUTO JUÍZO DA ____ VARA FEDERAL CÍVEL DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DE GOIÂNIA - GOIÁS

ANA CAROLINA SILVERIO DE MORAIS REIS, brasileira, solteira,


Estudante, CPF: 038.397.941-29, Identidade: 6425305 SSP GO, com
endereço na Rua C 131 A, nº 125, Apt. 201, Jardim América,
CEP:74255-230

ARACELE SILVA CARDOSO TEIXEIRA, brasileiro, casada, estudante,


CPF: 014.369.041-88, Identidade: 4631012 SSPGO, com endereço na
Rua Cedroarana, Qd. D-3, Lt. 15, Residencial Alphaville Flamboyant,
CEP: 74884-563

DANIELLA FLAVIA AZEVEDO DE SOUSA, brasileira, solteira,


Estudante, CPF: 031.079.091-30, Identidade: 4303115 SSP GO, com
endereço na Rua S-2, nº 59, Apt. 1101, Setor Bela Vista, Q S14 L
22/23/24, Goiânia-GO, CEP: 74823-430.

GABRIELLA SILVA GARCIA TAGAWA, brasileira, Casada, Estudante,


CPF: 030.894.651-08, Identidade: 5129104 SSP GO, com endereço na
Rua Piratini, Qd. AF6, Lt. 13, Residencial Araguaia, Alphaville
Flamboyant, CEP: 74883-089

KAROLYNA MATOS SILVA, brasileira, Casada, Estudante, CPF:


115.559.606-42, Identidade: 18749729 SSP GO, com endereço na Rua
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S5, Nº 751, Setor Bela Vista, Goiânia-GO, CEP: 74823-460

LILIANE RIBEIRO DE GODOY LIMA, brasileiro, solteira, Estudante,


CPF: 024.160.961-50, Identidade: 5456403 SPTC GO, com endereço na
Avenida dos Alpes, 901, BL A, QD. 10, LT. 1/18, Vila dos Alpes, CEP:
74310010.

NICOLE DE SOUZA MELO, brasileira, solteira, Estudante, CPF:


702.137.781-90, Identidade: 4815059 DGPC GO, com endereço na Rua
A-14 Qd. 4-A, Lt. 10, Jardim Atenas em Goiânia/GO, CEP: 74885-568

WEVERTON DE JESUS MACHADO, brasileiro, casado, Estudante,


CPF: 022.427.891-63, Identidade: 4722115 DGPC-GO, com endereço na
Rua X-23, Qd. 9, Lt. 17, Jardim Olímpico, Aparecida de Goiânia/GO,
CEP: 74922-310, todos acima por intermédio de seus advogados que
esta subscrevem, vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
propor o presente

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (COM PEDIDO


DE TUTELA DE URGÊNCIA)

Contra negativa da autoridade coatora DIRETOR DA


FACULDADE ALFREDO NASSER LTDA – UNIFAN, pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ nº 03.485.228/0001-07, com endereço
localizado na Avenida Bela Vista, nº 26, Jardim das Esmeraldas,
Aparecida de Goiânia/GO, CEP: 74.905-020, endereço eletrônico
unifan@unifan.edu.br, visando proteger seu direito líquido e certo à
antecipação de formatura, que esta sendo violado pela omissão
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desarrazoada e desproporcional da autoridade coatora, conforme será


exposto

1 – DOS FATOS

Os impetrantes são acadêmicos do curso de medicina na


FACULDADE ALFREDO NASSER e estão regularmente matriculados no
12º período do curso (último semestre de internato) consonante
documentos em anexo (comprovantes de matrícula e comprovantes de
pagamentos).

As diretrizes curriculares Nacionais do Curso de Graduação


contidas na Resolução 3/2014 do Conselho Nacional de Educação do
Ministério da Educação, estabelece que o curso de medicina terá carga
horária mínima de 7.200 (sete mil e duzentas) horas, das quais 35%
(trinta e cinco por cento) corresponde ao internato, o que equivale a 2.520
(duas mil quinhentos e vinte) horas/aula.

O curso de medicina ofertado pela impetrada possui grade


curricular com o total de 8.500 h/aula, sendo 5.520 horas destinadas
aos ciclos básicos e clinico, ao passo que 2.980 (duas mil novecentos e
oitenta) horas são referentes ao internato, conforme se vê abaixo e em
Doc. Anexo (Grade curricular):
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Nos termos da matriz curricular, a grade da impetrada é


disposta de tal maneira que as atividades voltada a atenção básica e ao
serviço de Urgência e Emergência do SUS, Clínica Médica, Cirurgia,
Ginecologia-obstetrícia, pediatria, saúde coletiva e mental são
desenvolvidas quase que integralmente até o 11º período do Curso ou 3º
período do internato.

É de suma importância esclarecer que o curso contem 12


períodos divididos em semestres, cada semestre um período. Dessa forma
os quatro últimos períodos, ou seja, 9º, 10º, 11º e 12º são destinados à
pratica através do internato.

Neste diapasão, os acadêmicos ao completarem o 11º período


já terão cumprido ao menos 2.480 horas aula (duas mil, quatrocentos e
oitenta) de internato, devidamente cursadas, bem como terão atuado em
todas as áreas supracitadas.

Isso porque o 12º período possui a menor carga horária


dentre os períodos de internato, apenas (500), bem como porque as
principais áreas de atuação médica estão distribuídas entre os períodos
já cursados, que seja, o 9º, 10º e o 11º.

Como se observa pelo forte aparato probatório, os


Impetrantes cursaram com louvor 11 (onze) dos 12 (doze) períodos
do curso, o equivalente a 91% do total de horas previstas na grade
curricular da impetrada e mais de 100% (cem por cento) do mínimo
exigido pelo Ministério da Educação – MEC, mais de 7.700 (sete mil
e setecentas) horas aula referente a Grade curricular da impetrada.

Frisa-se que os impetrantes cursaram 3 (três) dos quatro


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períodos do internato, totalizando 2.480 horas (duas mil quatrocentos e


oitenta horas), o equivalente à 83% do total de horas do internato prevista
na grade curricular da impetrada e mais de 98% do mínimo exigido pelo
MEC.
Em razão da alta demanda do sistema de saúde causado pela
pandemia do COVID-19, os impetrante foram convidados a trabalhar na
linha de frente COVID, motivo pelo qual pleitearam (doc. Anexo) junto à
Impetrada a antecipação da colação de grau, tudo com base nas diretrizes
nacionais e estaduais que passaram a permitir a referida antecipação.

Em resposta aos requerimentos de antencipação de grau dos


Impetrantes, a Impetrada limitou-se apenas a dizer que não seria
suficiente apenas o cumprimento de 75% de carga horária de
internato, e que dota de autonomia diático-científica para decidir se
deve ou não realizar a colação de grau, conforme se vê (Doc. Anexo):

Desde então os impetrantes todos devidamente aprovados no


11º período, vêm enfrentando sérios problemas para ter acesso à sua
grade curricular, boletins, ou seja, a faculdade tem obstado os
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Impetrantes de terem acesso ao seu dossiê acadêmico, sobre a


justificativa de que ainda não lançaram no sistema as notas do último
período. Conforme se vê em calendedário (Doc. Anexo) disponibilizado no
próprio site da impetrada, as notas teriam que ser lançadas até o a data
limite 23/12/2020, contudo até o presente momento não foram
disponibilizadas integralmente.

No entanto, observa-se que, mesmo sem liberar as todas


notas dos alunos no sistema de acompanhamento acadêmico, a
impetrada emitiu o boleto de pagamento referente a matricula para o
ultimo semestre de internato, ou seja, o 12º período (doc. Anexo).

Conforme os documentos e prints de conversa de Whatsapp


em Anexo, a responsável da Faculdade pelo lançamento das notas se
trata de Professora RUTHYA IRINEO SOUZA (Preposta da UNIFAN),
porém como se vê nos prints em anexo, a mesma confirma que se deu os
lançamentos errados e que ainda nem se dispõe do seu tempo para
consertar o erro, pouco importando com a correção do lançamento das
respectivas notas, conforme demonstrado abaixo:
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A omissão da impetrada configura ofensa não apenas ao


interesse subjetivo dos alunos, mas ultrapassa a esfera individual,
demonstrando zero interesse na solução do caso, e chega a atingir o
interesse da saúde pública. Além disso, afronta o regime jurídico em vigor
que trata do tema, demostrado a seguir.

Ressalte-se, que o direito à antecipação da formatura é


direito líquido e certo, notadamente porque os impetrantes podem
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comprovar que preenchem os requisitos legais, eis que concluíram


os ciclos básicos e clínicos integralmente, do que se denota pelo fato
de terem sido considerados aptos a ingressarem no internato
conforme previsto no capítulo IV do Regulamento do Internato no
artigo 1º; já concluíram mais de 7.700 h de curso, ultrapassando o
parâmetro mínimo exigido pelo MEC para formação em Medicina
(7.200 h), conforme dispõe a Resolução 3/2014 do CNE; concluíram
mais de 75% da carga horária do internato e estão devidamente
matriculados no 12º e último período conforme se constata pelos
comprovantes de pagamento de matricula do 12º período (Doc.
Anexo).

Além do mais, todos os requerentes possuem CARTA DE


RECOMENDAÇÃO expedidas por médicos devidamente registrados
no Conselho Regional de Medicina (Doc. Anexo), sendo que alguns
ainda são Preceptores, professores da Faculdade Alfredo Nasser, que
acompanharam os requerentes durante o internato, onde atestaram a
capacidade técnica devida para atuarem como Médicos na linha de frente
do combate ao COVID-19.

Por todo exposto, com o único objetivo de solucionar todo o


problema que está sendo causado pela autoridade coatora, os
Impetrantes não vislumbram outra saída, senão invocar a tutela
jurisdicional do Estado para tutelar, ainda em caráter liminar, seu direito
líquido e certo à antecipação da formatura, sendo o Mandado de
Segurança cabível à espécie conforme disposto no art 1º da Lei
12.016/09.
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II – DA ILEGALIDADE DO ATO

Conforme já decidiu o TRF da 1ª Região, "a autonomia


didático-científica conferida às instituições de ensino para
estabelecer sua grade curricular não tem caráter absoluto e cede
diante dos princípios constitucionais da proporcionalidade e da
razoabilidade" (REOMS 50326820124013502, Rel.: Des. Federal Daniel
Paes Ribeiro).

A razoabilidade e proporcionalidade se impõem como


princípios jurídicos implícitos do Estado de Direito, como uma garantia
fundamental para a concretização dos valores consagrados na
Constituição. Concretizam o postulado segundo o qual o direito não se
esgota na lei.

Em regra, o Poder Judiciário não pode interferir na


autonomia universitária, atribuída pelo artigo 207 da Constituição
Federal, especialmente quando a universidade tiver à sua disposição
mais de uma forma lícita de atuar, oportunidade em que estará exercendo
legitimamente seu poder de administração, pautado na
discricionariedade.

Porém, se os atos praticados implicarem em atuação


inadequada ou desproporcional, extrapolando a razoabilidade e
proporcionalidade segundo os padrões do homem médio, tais atos
deverão ser anulados. Isso porque o controle de razoabilidade e
proporcionalidade consiste, na verdade, em um controle de
legalidade, e não em controle de mérito.

In casu, a Lei nº 14.040/2020 estabeleceu normas


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educacionais excepcionais a serem adotadas durante o estado de


calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6/2020.
Vejamos o texto legal:

“Artigo 3º, § 2º. Na hipótese de que trata o caput deste


artigo, a instituição de educação superior poderá antecipar a
conclusão dos cursos superiores de medicina, farmácia,
enfermagem, fisioterapia e odontologia, desde que o aluno,
observadas as normas a serem editadas pelo respectivo
sistema de ensino e pelos órgãos superiores da instituição,
cumpra, no mínimo:

I – 75 % (setenta e cinco por cento) da carga horária do


internato do curso de medicina; (...)”

Trata-se de dispensa da obrigatoriedade de observância à


carga horária integral do curso de medicina, a fim de que sejam atendidos
os anseios sociais. A finalidade desta norma é aumentar o efetivo de
profissionais nas unidades médicas e reduzir os impactos causados
pela COVID-19.

A crescente alarmante do vírus, denotada o surgimento de


uma “segunda onda” de disseminação e contaminação, o que fez com
que o Governo do Estado de Goiás prorrogasse por mais quatro meses o
estado de emergência em saúde pública através do DECRETO 9.653 de
10 de setembro de 2020:

“Art. 1º Fica reiterada, pelo prazo de 120 (cento e vinte) dias,


asituação de emergência na saúde pública no Estado de
Goiás, em razão da disseminação do novo coronavírus
COVID-19, de que trata o Decreto nº 9.653, de 19 de abril de
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2020. “

A crise vivenciada no contexto local, nacional e mundial não


encontra precedentes na história e desafia as autoridades públicas, a
sociedade e, especialmente, os profissionais da saúde que atuam
diuturnamente nos cuidados aos infectados pelo Vírus e
consequentemente no combate à pandemia.

Como exemplo, podemos citar a matéria veiculada pelo


G1, no dia 23 de Novembro de 2020, onde demonstrou que “situação
do Brasil se deteriorou fortemente, e que início de uma segunda onda
já é evidente em quase todos os estados do País”
(https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/11/23
/brasil-vive-inicio-de-2a-onda-de-covid-por-falta-de-testes-de-
politica-centralizada-e-de-isolamento-social-apontam-
pesquisadores.ghtml):
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Assim como se vê em notícia veiculada pela CNN Brasil,


diversos estados e municípios brasileiros já prorrogaram o estado de
calamidade pública:

https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2020/12/30/oito-estados-e-o-
distrito-federal-ja-prorrogaram-o-estado-de-calamidade-publica
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https://sagresonline.com.br/iris-rezende-prorroga-por-180-dias-estado-de-
calamidade-em-goiania/

Destaca-se que a necessidade de médicos não se restringe


aos casos de COVID-19, mas ao atendimento médico-hospitalar em geral.
Isso porque a pandemia atingiu a saúde pública como um todo, no
sentido de congestionar os procedimentos médicos, intensificar as
doenças pré-existentes das pessoas contaminadas e afastar diversos
profissionais da saúde.

Em sentido oposto à finalidade da norma, a FACULDADE


ALFREDO NASSER resolveu não adotar a antecipação de conclusão
do curso de graduação em medicina, em razão da natureza não
obrigatória da medida, conforme disposição do § 2º do 3º da Lei nº
14.040/2020, bem como pela não suficiência apenas de cumprimento de
75% de carga horária do internato.

A impetrada negou sumariamente a antecipação de


graduação do curso de medicina, em qualquer hipótese e sem qualquer
ressalva. A negativa se pauta apenas na autonomia universitária da
instituição e na suposta natureza não obrigatória da Lei nº 14.040/2020.
No entanto, a interpretação dada à aludida norma restringe direitos
e afronta o direito social à formação profissional e à saúde, bem
como à ideia geral de solidariedade, garantidos por norma de
hierarquia superior.

Restringir o direito Constitucional dos Impetrantes de


obterem a habilitação para o pleno exercício da profissão, para a qual
estão qualificados, é um ato que carece de juízo razoável e proporcional.
É manifesta a ilegalidade e não encontra qualquer amparo a resistência
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injustificada da instituição de ensino em não conferir grau antecipado,


nesse momento de pandemia, aos alunos de medicina que optaram em
atuar diretamente na saúde e no enfrentamento da pandemia.

Não se pode cogitar que o ato questionado esteja dentro


da autonomia universitária, pois este poder tem como elementos
nucleares a razoabilidade e proporcionalidade, e deve ser exercido
dentro da finalidade almejada pela lei. As disposições da Lei nº
14.040/2020 devem ser analisadas levando-se em consideração o estado
de calamidade notoriamente reconhecido, bem como a necessidade de
mais médicos atuando diretamente na saúde.

III - DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO

Existe, atualmente, instrumento legal que permite a redução


da carga horária do curso de medicina. Isso porque a Lei nº 14.040/20
dispensa da obrigatoriedade de observância à carga horária integral do
curso de medicina. Os requisitos estabelecidos pela lei são o
cumprimento de 75 % da carga horária do internato e estar regularmente
matriculado no último período do respectivo curso.

Os Impetrantes não cursam mais qualquer matéria


teórica, já ultrapassaram as horas de aulas práticas exigidas para a
antecipação da colação de grau e possuem Cartas de Recomendação
que atestem suas aptidões para o mercado de trabalho.

Nesse passo, não restam quasiquer requisitos para que os


Impetrantes integralizem o curso de medicina, salvo a conclusão do
internato obrigatório, no qual está matriculada e totaliza 75% da carga
horária.
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Vale citar a brilhante decisão do juiz federal Renato


Grizotti Júnior:

“Embora a norma preveja a 'possibilidade' de antecipação da


colação de grau, nos termos destacado pelo MPF em sua
manifestação, alegações contrárias e genéricas da instituição
de ensino relacionadas à medida, inclusive em razão da
precariedade ínsita à medida provisória, não se prestam a
justificar a negativa. Muito menos a reconhecida autonomia
didáticocientífica pode ser oposta à pretensão, pois há normas
específicas disciplinando a situação, e a interpretação que se
extrai é no sentido de que o agir das instituições não é ditado,
na espécie por puro juízo de conveniência ou oportunidade.

Com efeito, configurados os pressupostos previstos na Medida


Provisória e na Portaria MEC 383/2020, o deferimento deve
ser a regra, só se justificando a negativa se
apresentados argumentos concretos e razoáveis para
obstar a antecipação da colação, pois não se trata apenas
da tutela dos interesses específicos do acadêmico, mas
também da sociedade que precisa de profissionais para fazer
frente à pandemia em curso.

De outro lado, vê-se falacioso o argumento genérico da


Impetrada ao dizer que a atuação dos impetrantes
colocaria em risco os usuários do sistema de saúde.

Em primeiro lugar, tal afirmação causa-me espécie, pois


coloca em descrédito a própria formação acadêmica
ministrada pela Impetrada, o que, sem provas concretas nesse
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sentido, presumo-a bem realizada dentro da carga horária


exigida pelas normas que cuidam do tema.

Em segundo lugar, tal posição revela desconhecimento do


drama municipalista frente à dificuldade de realizar a atenção
básica de saúde, em razão de dificuldade de interiorização e
a fixação de profissionais médicos em regiões onde há
escassez ou ausência desses profissionais.

Portanto, a medida pleiteada neste mandamus consagra


política pública que visa permitir o atendimento médico
para pessoas que não teriam acesso por outra forma, o
que foi agravado enormemente com a pandemia em
curso que, segundo os especialistas, sequer ainda mostrou
sua face mais perversa.

Segundo dados da revista Exame, em reportagem publicada


em 14.05.2020, 199.768 profissionais de saúde estão com
suspeita da Covid-19, e ainda, 31.790 estão infectados.”

(MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL 1001322-


55.2020.4.01.3821 Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de
Muriaé-MG Renato Grizotti Júnior Juiz Federal do TRF 1).

Nesse sentido, merecem também ser citadas as decisões, do


Juiz Federal Osmar Vaz de Mello da Fonseca Júnior do Tribunal
Regional Federal da 1ª Região, sobre o mesmo tema.

O ilustre julgador abriu mão de seu entendimento pessoal


para seguir o posicionamento adotado pela instância superior, a fim de
observar o princípio da segurança jurídica e eviar desnecessárias
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interposições de recursos. Veja-se:

“Neste particular, deve-se prestigiar a estabilização das


situações jurídicas, bem como a evidente necessidade de
observância do princípio basilar da segurança jurídica
e respeito às decisões exaradas pelas Cortes Superiores.

Ante o exposto, com a ressalva do meu entendimento pessoal,


concedo a segurança para que a Impetrada assegure ao
impetrante a imediata antecipação de colação de grau
no curso de Medicina e a expedição do respectivo
Certificado de Conclusão ou documento apto ao registro
do conselho profissional.

Mandado de Segurança Cível , Autos nº 1006557-


57.2020.4.01.3803, Osmar Vaz de Mello da Fonseca Júnior
Juiz Federal.
Logo, em que pese o já manifesto entendimento deste
juízo, deve ser concedida a segurança.”

Nota-se que a instituição de ensino não pode se negar a


antecipar a colação de grau em curso de medicina sob o fundamento
de autonomia universitária, justamente porque isso corresponderia
violação à razoabilidade e proporcionalidade e deveria a
UNIVERSIDADE juntar fatos e alegações que JUSTIFIQUEM a
negativa, demonstrando os motivos que fazem não ser possível a
colação antecipada ou que possa causar um prejuízo para a
sociedade.

Portanto, em razão do estado excepcional de calamidade, e à


luz da Constituição Federal e da Lei nº 14.040/20, têm os Impetrantes
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direito de anteciparem a colação de grau em curso de medicina, desde


que tenham atingidos 75% da carga horária do internato obrigatório e
não restem pendências anteriores.

Consoante ao tema, o Minstério Público Federal emitiu


parecer favorável à antecipação da colação de grau aos alunos
matriculados no 12º período do curso, especialmente em razão do
momento de pandemia, veja:

“[...] considerando o momento atual de pandemia em que


vivemos, autorizar a participação de todos os
profissionais médicos que já tenham condição de atuar
na área é uma questão de responsabilidade social, não
apenas para atendimento à sociedade, mas também vai
ao encontro das medidas de segurança para profissionais
de saúde que estão dentro do intervalo de idade do
chamado grupo de risco [...]” (Fonte:
http://www.mpf.mp.br/rn/sala-deimprensa/noticias-
rn/pandemia-mpf-daparecerfavoravel-a-formatura-
antecipada-de-estudante-demedicina)

IV – DA NECESSIDADE DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA


MANDAMENTAL

Por todo exposto, deve ser concedida tutela provisória de


urgência inaudita altera pars, com fundamento no art. 300 e ss. Do
CPC/2015 c/c artigo 7º, III, da Lei 12.016/09, para que seja determinado
à autoridade coatora que promova a colação de grau dos impetrantes,
bem como lhes forneça certificado de conclusão de curso, diploma e
demais documentos necessários à inscrição junto ao respectivo Conselho
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Profissional, bem como ao imediato exercício profissional.

A probabilidade do direito está consubstanciado e


plenamente comprovado com as documentações apresentadas nos autos
(Matrícula no 12º Período, Conclusão dos 75% do Internato, Negativa dos
Requerimentos Administrativos, Cartas de Recomendação Expedidas por
Médicos devidamente registrados no Conselho Regional de Medicina) bem
como nos posicionamentos firmados pelos Tribunais Regionais Federais
e na legislação e normas aplicadas ao caso concreto.

Já o perigo do dano é absolutamente evidente, haja vista


que a autoridade coatora tem impedido a antecipação de colação de grau,
e os alunos já estão prestes a iniciar as aulas do próximo período letivo,
o que envolve ainda dispêndio financeiro e temporal, pois poderiam estar
atuando em favor da Saúde local e nacional na atuação do combate ao
COVID-19.

Além disso, o Poder Público tem publicado editais de


credenciamento de médicos para atender os usuários os Sistema Único
de Saúde. Entretanto, os Impetrantes não podem se candidatar nas
diversas vagas, nem mesmo atuar profissionalmente nos Municípios
do Estado de Goiás, enquanto não houver a efetiva colação de grau,
a ser conferida pela Impetrada.

É importante ressaltar que a oportunidade de ingressar no


mercado de trabalho como médico generalista, é de grande valia,
principalmente em um momento de suma importância como esse que o
Mundo está vivendo com a presença do CORONAVÍRUS – o dano para a
Nação também será irreparável, visto a perda da especialíssima
qualificação dos Impetrantes, sem emprego.
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O atual cenário na saúde pública é grave, dentre vários


fatores, inclui-se a escassez de profissionais médicos.

O Ministro da Educação, Abraham Weintraub, em


entrevista ao Jornal Terça Livre TV no canal do Youtube
(https://www.youtube.com/watch?v=0Q8ZMDI56vE) que começou
às 10:47 minutos (relógio no vídeo) do dia 26 de Março de 2.020,
declarou que o Governo enfrenta uma DIFICULDADE POLÍTICA em
realizar a antecipação de grau dos alunos do 6º ano de medicina, e
orientou os alunos do curso de MEDICINA, enfermagem e farmácia
que entrem na justiça para pedirem a antecipação da colação de
grau, para que possam ajudar a combater a pandemia do coronavírus.

Excelência, neste momento de crise, não se pode olvidar que


os estudantes concluintes de Medicina podem ser fundamentais no
enfrentamento da Pandemia, não se pretende alocar os formandos em
Medicina com responsabilidade de atendimento em centro de terapia
intensiva, por exemplo, mas posicioná-los em algum local de modo que
permita o melhor aproveitamento de outros profissionais.

A urgência para contratação de novos médicos são


notícias reiteradas pela imprensa brasileira, tendo em vista a
insuficiência de profissionais para ajudar no combate ao COVID.

Desta feita, verificado o preenchimento dos requisitos


autorizadores da antecipação dos efeitos da tutela pela urgência
demonstrada nos termos do art. 300 e ss do CPC/2015 c/c artigo 7º, III
da Lei 12.016/2009, requer seja concedida a liminar ora pleiteada.
Dr. Antônio Alves de Carvalho
OAB-GO 12.477
Dr. Bruno Melo de Carvalho
OAB-GO 58.029
Dr. Rafael Melo de Carvalho
OAB-GO 59.244

V – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, presentes fumus boni iuris e o periculum


in mora, requer-se-á concessão da medida liminar initio litis e inaudita
altera parte para determinar que o Impetrado:

a) Proceda com a colação de grau imediata com a expedição


do certificado de conclusão e diploma do curso de medicina para os
Impetrantes, no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas (nos termos
da lei 14.040/2020), em razão dos motivos já expostos, sob pena de
multa diária e caso Vossa Excelência entenda, que ordene para que a
Faculdade corrija e publique corretamente todas as notas faltantes de
alguns dos requerentes.

Após a concessão da liminar, requer:

1. Seja determinada a notificação da Autoridade Coatora,


para que, no prazo legal, preste as informações que entender necessárias;

2. Seja concedido a segurança para confirmar os efeitos


da tutela provisória de urgência para determinar a autoridade
coatora que promova a formatura antecipada do Impetrante de forma
definitiva, a fim de assegurar direito líquido e certo dos impetrantes,
fornecendo todo e qualquer documento necessário para o registro junto
ao CRM, se abstendo, para tanto, de cobrar qualquer contrapartida, nos
termos do art. 32, § 4º da Portaria Normativa nº 40 do MEC;

3. Nos limites do rito mandamental, protesta provar o


alegado por todos os meios em direito admitidos, sem exceção,
ressalva ou renúncia de qualquer deles, em especial pela juntada de
documentos, expedição de ofícios e quaisquer outros que se façam
Dr. Antônio Alves de Carvalho
OAB-GO 12.477
Dr. Bruno Melo de Carvalho
OAB-GO 58.029
Dr. Rafael Melo de Carvalho
OAB-GO 59.244

necessários para conduzir à procedência dos pedidos;

4. Intimação do Ministério Público para atuar no feito a


título de fiscal do ordenamento jurídico.

Com base no artigo 292, II do CPC/2015, atribui-se à causa


o valor de R$ 100,00 (cem reais) para meros fins de custas fiscais.

Nestes Termos,
Pede Deferimento

Goiânia, 30 de Dezembro de 2020.

Bruno Melo de Carvalho


OAB/GO 58.029

Rafael Melo de Carvalho


OAB/GO 59.244

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