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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
I – RELATÓRIO
Aristides Cimadon – 8739 Documento assinado eletronicamente nos termos da legislação vigente
PROCESSO Nº: 23000.018739/2018-19
[...]
II. ANÁLISE
II.I - DOS INDÍCIOS DE MATERIALIDADE DA CONDUTA
II.I.1 - Quanto aos indícios de oferta do Programa Especial de Formação
Pedagógica de Docentes sem a habilitação devida
16. De acordo com os documentos e registros apresentados nas representações
da DPMG e do MPF/MG, comparados às alegações da ALFA apresentadas em fase
preparatória do presente Processo de Supervisão, os indícios de materialidade quanto
às irregularidades na oferta de cursos de formação pedagógica sem a habilitação
devida são patentes.
17. Inicialmente, na representação da DPMG, por exemplo, constaram os
documentos acadêmicos de Ronilda Maria do Carmo, por meio dos quais é possível
perceber que a então aluna foi habilitada em Sociologia sem que a IES tivesse cursos
reconhecidos de licenciatura nas disciplinas pretendidas, conforme prevê o art. 7º, da
Resolução CNE/CEB nº 02/1997:
Art. 7º - O programa a que se refere esta Resolução poderá ser
oferecido independentemente de autorização prévia, por universidades e por
instituições de ensino superior que ministrem cursos reconhecidos de
licenciatura nas disciplinas pretendidas, em articulação com estabelecimentos
de ensino fundamental, médio e profissional onde terá lugar o desenvolvimento
da parte prática do programa. (grifos nossos).
[...]
18. Situação semelhante ocorreu com o exemplo de Túlia Maira Lopes Costa
Cota, constante da representação do MPF/MG, que também foi habilitada na
disciplina de Sociologia, no ano de 2018, sem que a ALFA tivesse cursos
reconhecidos de licenciatura nas disciplinas pretendidas.
[...]
19. Para demonstrar os indícios das irregularidades apontadas, é importante
tecer as seguintes considerações e análises sobre a inexistência de ato autorizativo do
MEC para que a ALFA pudesse ofertar o Programa Especial de Formação
Pedagógica na habilitação de Sociologia:
19.1. no período em que ocorreram as ofertas denunciadas, entre 02/06/2015 e
14/03/2017 e entre 29/06/2015 e 30/06/2016, respectivamente, de acordo com os
documentos supracitados, a ALFA possuía cursos de licenciatura reconhecidos
apenas nas habilitações de Letras - Português e Inglês (cód. e-MEC nº 82391) - cujo
ato de reconhecimento foi publicado no DOU de 15/06/2009 (Portaria nº 779/2019), e
de Pedagogia (cód. e-MEC nº 82392) - cujo ato de renovação de reconhecimento foi
publicado no DOU de 27/12/2012 (Portaria nº 286/2012);
19.2. em relação ao curso objeto do presente Processo de Supervisão, o curso
de Complementação Pedagógica em Sociologia, a ALFA só teria sido autorizada a
ofertá-lo, na modalidade EaD, no ano de 2019, e tal curso ainda consta como se não
tivesse seu funcionamento iniciado, o que impede haver o ato de seu reconhecimento
por parte do MEC;
19.3. também cabe resgatar a existência do Processo Regulatório nº
201808065 ainda não decidido pela SERES/MEC, relativo ao pedido de autorização
do curso de Programa Especial de Formação Pedagógica para Docentes para as
Disciplinas do Currículo do Ensino Fundamental, Médio e da Educação Profissional
cursos e instituições de ensino superior que se adequem aos requisitos legais básicos
que deveriam ter sido observados desde o início de seu funcionamento, após (e
somente após) constatação do ilícito em procedimento de supervisão.
41. Considerando os robustos indícios existentes nos autos e elevada
probabilidade da ALFA ter a oferta de cursos superiores de formação pedagógica de
docentes presencial e EaD em desconformidade com os atos autorizativos e, além
disso, a elevada probabilidade de terem emitido certificados dos programas especiais
de formação pedagógica de docentes em desconformidade com a legislação
educacional, justifica-se a instauração de procedimento sancionador com o objetivo
de prevenir maiores lesões à comunidade acadêmica e aos usuários dos serviços de
educação superior.
42. Para tanto, esta SERES/MEC está obrigada a observar as normas que
regulam o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal,
conforme estabelecidas pela Lei nº 9.784/1999 que, em seu art. 2º, dispõe que, nos
processos administrativos, serão observados, entre outros, os critérios de: atuação
conforme a lei e o Direito (inciso I); adequação entre meios e fins, vedada a
imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público (inciso VI);
interpretação da norma administrava da forma que melhor garanta o atendimento do
fim público a que se dirige (inciso XIII).
43. A instauração de processo administrativo visando a aplicação da
penalidade é, portanto, medida administrava que observa o princípio da
proporcionalidade, ao adequar as medidas restritivas adotadas à finalidade pública
objetivada, garantindo, por meio do processo administrativo regular, o exercício do
contraditório e da ampla defesa por parte da Instituição.
44. Desse feito, considerando que as tratativas que precederam a presente
análise encontram respaldo no que disposto no art. 67, do Decreto no 9.235/2017, e
que as IESs, após notificadas, ofereceram manifestação prévia e tem ciência da
instauração e do objeto do presente Processo de Supervisão, percebe-se que a fase
processual de apuração inicial se encontra superada, havendo necessidade, portanto,
de converter o presente procedimento preparatório em procedimento sancionador,
nos termos do art. 71, do Decreto nº 9.235/2017, e do art. 21, da Portaria nº
315/2018.
III – CONCLUSÃO
53. Ante o exposto, esta Coordenação-Geral de Supervisão da Educação
Superior - CGSO/DISUP/SERES sugere à Secretaria de Regulação e Supervisão da
Educação Superior - SERES/MEC, em atenção aos referenciais de qualidade
expressos na legislação e nos instrumentos de avaliação da educação superior, e às
3. Afirma que é necessário garantir que os certificados emitidos pela ALFA não sejam
invalidados, pois conforme estabelecido no artigo 2º da Resolução CNE/CP nº 2/1997, há
amparo legal para sua oferta, já que a dita norma permitia que O Programa Especial de
Formação Pedagógica pode ser cursado por “portadores de diploma de nível superior, em
cursos relacionados à habilitação pretendida, que ofereçam sólida base de conhecimentos na
área de estudos ligada a essa habilitação”;
4. Nos termos do artigo 7º da Resolução CNE/CP nº 2/1997, o curso superior pode ser
oferecido “independentemente de autorização prévia, por universidades e instituições de
ensino superior que ministrem cursos reconhecidos de licenciatura nas disciplinas
pretendidas, em articulação com estabelecimento [...] da parte prática do programa” e por
IES que comprovem corpo docente qualificado e que tenham obtido autorização do MEC,
com apreciação do Conselho Nacional de Educação;
8. Afirma que agiu com regularidade, porque a nova mantenedora da Faculdade Alfa
América (ALFA), para possível aquisição, verificou que a IES possuía, na área de formação
de professores, os cursos superiores de Pedagogia, licenciatura (presencial e EaD) e Letras –
Português e Inglês, licenciatura (presencial). E que, dos 3 (três) cursos superiores de
licenciatura, ofertados pela Faculdade Alfa América (ALFA), somente o curso superior de
Pedagogia, licenciatura, na modalidade a distância, não encontra-se reconhecido, mas seu
processo tramita no sistema e-MEC sob o nº 202003226. A nova mantenedora, tomando
conhecimento da legislação, reconhece as irregularidades e se coloca à disposição para
atender a todos os elementos apresentados pela Nota Técnica nº 38/2021/CGSO-
TÉCNICOS/DISUP/SERES e pela Portaria SERES nº 222/2021, bem como todas as possíveis
necessidades que se apresentem durante o processo;
9. Concorda que foram diplomados 168 (cento e sessenta e oito) alunos em Artes,
Ciências Biológicas, Filosofia, Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Química e
Sociologia. Em anexo, apresenta-se o termo de convênio com o Instituto Cotemar
(Documento juntado), cabendo frisar que o referido convênio foi firmado pelo ex-
proprietário da Faculdade Alfa América – EIRELI, antiga denominação da Faculdade Play
Ltda., mantenedora da Faculdade Alfa América (ALFA); e
10. Que a recorrente suspendeu os cursos de formação pedagógica para graduados não
licenciados, nas modalidades presenciais e EaD, e espera considerações sua proposição.
[...]
Clausula 2ª – A presente cessão é feita livre e desembaraçada de quaisquer
ônus, sendo que todos os passivos, obrigações fiscais, sociais e trabalhistas, existentes
até a data, são de responsabilidade única e exclusiva do CEDENTE (...)
3. A Faculdade Alfa América (ALFA), por meio de sua nova gestão, solicita que a
SERES emita ato excepcional que reconheça a validade dos certificados dos alunos que
realizaram os cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados, visto que
ingressaram de boa-fé naqueles cursos e os certificados emitidos não possuem qualquer
validade; e
[...]
II. ANÁLISE
II.I - DOS ASPECTOS FORMAIS
[...]
20. Entretanto, no Recurso (doc. SEI nº 2598296 e anexos) ora interposto pela
Faculdade Alfa América - ALFA (cód. e-MEC nº 3428), não foi comprovada a
legitimidade da assinatura corresponde ao representante legal, Sr. Rodrigo Stabile
Escanhuela, inscrito sob o CPF nº 303.294.238-19, ao se comparar a assinatura do
documento comprobatório de vínculo com a IES, constante no cadastro do sistema e-
MEC.
21. Também não foi identificada assinatura corresponde à Procuradora
Institucional, Sra. Tania Cristina Lucas Moreira, inscrita sob CPF nº 042.818.549-
59.
22. Ao contrário, o ofício SEI nº 2598296 e anexos, foi protocolado nos termos
do SEI nº 2598357, pela Sra. Patricia Helena Alves, inscrita sob o CPF nº
840.882.066-49, Procuradora Institucional das IESs: IES-26138-Faculdade
ALFAUNIPAC de Teófilo Otoni; IES-23332-Faculdade ALFA de Teófilo Otoni; IES-
23331-ALFA - Faculdade de Teófilo Otoni; IES-18692-Faculdade ALFAUNIPAC de
Guanhães; IES-18520-Faculdade ALFAUNIPAC de Araçuaí; IES-16556-Faculdade
ALFAUNIPAC de Capelinha; IES-14156-Faculdade Presidente Antônio Carlos de
Teófilo Otoni; IES-14029-Faculdade Presidente Antônio Carlos de Aimorés; IES-
3756-Faculdade ALFAUNIPAC de Almenara
[...]
II.II.1) Mudança de mantenedora
[...]
26. No sistema e-MEC não consta nenhum protocolo referente a aditamento de
transferência de mantença.
[...]
30. Entretanto, a IES não abriu o protocolo de Transferência de Mantença,
sob a forma de aditamento, junto ao Sistema e-MEC.
31. Conforme os artigos 35 a 38 do Decreto nº 9.235, de 2017:
[...]
II.II.2) Interpretações da IES acerca do artigo 2º da Resolução 02/97
35. Considerando a alegação acerca das interpretações da IES acerca do
artigo 2º, da Resolução 02/97:
Art. 2º - O programa especial a que se refere o art. 1º é destinado a
portadores de diploma de nível superior, em cursos relacionados à habilitação
pretendida, que ofereçam sólida base de conhecimentos na área de estudos
ligada a essa habilitação.
36. Ao analisar o caso concreto, verifica-se que, em que pese a IES ressaltar
que:
O Programa Especial de Formação Pedagógica pode ser cursado por
“portadores de diploma de nível Superior; em cursos relacionados à
habilitação pretendida, que ofereçam sólida base de conhecimentos na área de
estudos ligada a essa habilitação”, conforme estabelecido no artigo 2º da
Resolução 02/97.
[...]
Noutro vértice, avulta-se que é necessário garantir que os certificados
emitidos pela ALFA não sejam desconsiderados, pois, conforme estabelecido
no artigo 2º da Resolução 02/97, não existia óbice que impeça a sua aceitação,
visto o referido Programa pode ser cursado por “portadores de diploma de
nível Superior; em cursos relacionados à habilitação pretendida, que ofereçam
sólida base de conhecimentos na área de estudos ligada a essa habilitação”.
(Fl. 03 do doc. SEI nº 2598296)
A Faculdade Alfa América, por meio de sua nova gestão, solicita que a
Secretaria de Regulação e Supervisão do Ensino Superior (SERES) emita ato
excepcional que reconheça a validade dos certificados dos alunos que
realizaram os cursos de formação pedagógica para graduados não
licenciados, visto que ingressaram de boa-fé naqueles cursos e os certificados
emitidos não possuem qualquer validade. (Fl. 12 do doc. SEI nº 2598296)
[...]
42. Evidencia-se que, no Termo de Convênio estabelecido entre a ALFA e a
empresa denominada Instituto COTEMAR, datado de 6 de junho de 2017 (doc. SEI nº
2598297), restam claros os indícios de diplomação de estudantes cuja formação tenha
ocorrido em desconformidade com a legislação educacional:
CLÁUSULA PRIMEIRA
- Do objeto:
O presente TERMO DE CONVÊNIO tem como objeto a convalidação
dos cursos do Programa Especial de Formação de Docentes, sendo aceitos os
alunos cursantes e concluintes da plataforma da CONVENIADA e que não
foram certificados pela primeira instituição responsável pelos alunos.
(Faculdade Ad1)
[...]
Constituem as obrigações da CONVENENTE
a) Verificar todas as informações apresentadas pela CONVENIADA e
ainda realizar a certificação dos alunos de acordo com Portaria 02/97 do
MEC;
b) Encaminhar a CONVENIADA todos os documentos referentes a
certificação dos alunos.
[...]
III – CONCLUSÃO
47. Considerando a determinação da Portaria nº 222, de 10 de março de
2021, publicada no Diário Oficial da União - DOU, de 12/03/2021 (doc. SEI nº
2544431), que instaurou o procedimento sancionador e medidas cautelares em face
da Faculdade Alfa América - ALFA (cód. e-MEC nº 3428), a qual a IES interpôs
recurso nos termos do art. 63, § 2º, do Decreto nº 9.235/2017, bem como da ausência
de argumentos ou fatos novos que justifiquem a reconsideração da decisão
recorrida, restam, portanto, infundadas as alegações apresentadas pela Faculdade,
na presente fase recursal dos presentes autos.
48. Por consequente, esta Coordenação-Geral de Supervisão da Educação
Superior - CGSO/DISUP/SERES, sugere o encaminhamento ao Conselho Nacional
de Educação - CNE do presente recurso administrativo interposto pela Faculdade
Alfa América - ALFA (cód. e-MEC nº 3428) contra determinações impostas pela
Portaria nº 222/2021, com a proposta de conhecer do recurso para, no mérito, não
provê-lo. (Grifos nossos)
Considerações do Relator
Das denúncias recebidas, resultou a Nota Técnica SERES nº 38/2021, a partir da qual
foi expedida a Portaria SERES nº 222/2021 que aplicou as medidas cautelares já descritas. A
IES recorrente, inconformada, protocolou recurso contra a decisão da Portaria supracitada por
meio do Ofício nº 7/2021, solicitando prazo para recurso definitivo, protocolado em 12 de
abril de 2021. Portanto, cabível e tempestivo.
Em sua defesa, afirma que, em janeiro de 2021, a ALFA passou por alterações
consideráveis em toda a direção administrativa decorrente de transferência de mantença e,
portanto, deve-se considerar que a nova mantenedora não pode ser penalizada por possíveis
irregularidades já transcorridas. Todavia, a recorrente entende ser conhecido o princípio da
solidariedade no Direito brasileiro, devendo ser aplicado no caso em tela.
Preliminarmente, o representante legal faz as seguintes alegações, com argumentos
igualmente apresentados à SERES (SEI nº 2598296 e anexos) e à CES/CNE, quais sejam: a)
mudança de mantenedora; b) interpretações da IES acerca do artigo 2º da Resolução CNE/CP
nº 2/1997; e c) cumprimento dos itens apontados na Portaria SERES nº 222/2021, de
formação de professores.
A recorrente repisa que a regulação para formação de professores está, de certo modo,
equivocada, realçando que o Programa Especial de Formação Pedagógica da Faculdade Alfa
América (ALFA) foi extinto a partir da publicação da Resolução CNE/CP nº 2/2015.
Portanto, há mais de 5 (cinco) anos não há programas de formação. Noutro vértice, avulta-se
que é necessário garantir que os certificados emitidos pela ALFA não sejam desconsiderados,
pois conforme está estabelecido no artigo 2º da Resolução nº 2/1997, não existia óbice
impeditivo à oferta de tais cursos por portadores de diploma de nível superior para instituições
que ofertassem cursos de licenciatura.
Note-se que o processo tem origem na Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais,
que constatou irregularidade na oferta dessa modalidade do curso, requerendo informações à
SERES sobre o Programa Especial de Formação Pedagógica, ofertado pela Faculdade Alfa
América (ALFA), que conferiu à Ronilda Maria do Carmo habilitação em Sociologia,
equivalente a Licenciatura Plena. Dessa informação, a SERES constatou, conforme Notas
Técnicas SERES nº 38/2021 e nº 77/2021, uma série de irregularidades.
Ressalta-se que, para a oferta dos cursos de formação pedagógica para graduados, a
norma vigente estabelece a exigência de que a IES tenha cursos de licenciatura reconhecidos
na mesma área pretendida pelo aluno e que estes cursos tenham avaliação satisfatória
realizada pelo Ministério da Educação (MEC) e seus órgãos. Ora, ficou evidente no processo
que a recorrente, Faculdade Alfa América (ALFA), não possui curso superior de Sociologia,
licenciatura ou bacharelado autorizado para oferta, bem como não possui curso de Programa
Especial de Formação Pedagógica autorizado e reconhecido.
Ademais, em relação ao denominado Programa Especial de Formação Pedagógica de
Docentes, a Resolução CNE/CP nº 2/1997 dispõe que:
[...]
Art. 1º A formação de docentes no nível superior para as disciplinas que
integram as quatro séries finais do ensino fundamental, o ensino médio e a educação
profissional em nível médio, será feita em cursos regulares de licenciatura, em cursos
regulares para portadores de diplomas de educação superior e, bem assim, em
programas especiais de formação pedagógica estabelecidos por esta Resolução.
[...]
Art. 2º O programa especial a que se refere o art. 1º é destinado a portadores
de diploma de nível superior, em cursos relacionados à habilitação pretendida, que
ofereçam sólida base de conhecimentos na área de estudos ligada a essa habilitação.
(Grifo nosso)
programa certificar-se dessa condição prévia, bem como verificar a compatibilidade entre a
formação do candidato e a disciplina para a qual pretende habilitar-se.
Consta, também, que o artigo 7º e seus parágrafos da Resolução citada determinam
que o referido programa especial pode ser ofertado por IES que já possuem cursos de
licenciaturas reconhecidos nas disciplinas pretendidas. O início da oferta de tal curso, nesse
caso, pode ser feito sem a prévia autorização do MEC, estando condicionado apenas ao
pedido posterior de reconhecimento do programa, o qual deve ser protocolado no prazo
máximo de 3 (três) anos após o início da oferta. Porém, não é o caso da recorrente.
O § 1º desse artigo 7º é clarividente ao determinar que as instituições que pretendam
oferecer pela primeira vez o programa especial, sem possuir curso de licenciatura reconhecido
na matéria a ser lecionada, deverão proceder à solicitação de autorização perante o MEC,
seguindo o fluxo normal dos procedimentos regulatórios. A oferta, nesse caso, só poderá ser
iniciada após a expedição do respectivo ato autorizativo. A recorrente não atendeu a referida
orientação.
Por outro lado, constatou-se a irregularidade da inexistência de credenciamento como
IES do Instituto Cotemar que firmou convênio com a recorrente ALFA, sendo que esta
ofertava 5 (cinco) cursos de graduação e não possuía, à época, nenhum curso de licenciatura
reconhecido na área da habilitação ofertada.
Ora, a recorrente franqueou, por contrato ou convênio, para entidade não educacional,
um serviço educacional ofertado por ente privado não autorizado previamente pelo Poder
Público para atuação na Educação Superior. Está aí configurada irregularidade e o curso
ofertado não terá qualquer validade de certificação quanto ao conteúdo ministrado, tendo
valor apenas de curso livre.
A legislação educacional admite a possibilidade de parceria entre IES credenciadas
com entidades não consideradas como IES, na modalidade EaD, conforme está expresso no
artigo 19 e parágrafos do Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017. Contudo, a parceria
somente é válida atividades de natureza operacional e logística, como a utilização de
infraestrutura, permanecendo as atividades de natureza acadêmica sob responsabilidade estrita
da instituição regularmente credenciada.
Portanto, não se vislumbra argumentos da recorrente que possam contrariar o que
dispôs a SERES e, nesse sentido, encaminho para decisão da CES/CNE o voto a seguir.
II – VOTO DO RELATOR
Nos termos do artigo 6º, inciso VI, do Decreto nº 9.235/2017, conheço do recurso
para, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo a decisão da Secretaria de Regulação e
Supervisão da Educação Superior (SERES), expressa na Portaria nº 222, de 10 de março de
2021, que aplicou medidas cautelares em desfavor da Faculdade Alfa América (ALFA), com
sede na Avenida Presidente Kennedy, nº 4.285, bairro Aviação, no município de Praia
Grande, no estado de São Paulo, mantida pela Faculdade Play Ltda., com sede no mesmo
município e estado.