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PARECER HOMOLOGADO

Despacho do Ministro, publicado no D.O.U. de 5/4/2022, Seção 1, Pág. 18.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

INTERESSADA: Faculdade Play Ltda. UF: SP


ASSUNTO: Recurso contra a decisão da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação
Superior (SERES) que, por meio da Portaria nº 222, de 10 de março de 2021, publicada no
Diário Oficial da União (DOU), em 12 de março de 2021, aplicou medidas cautelares em face
da Faculdade Alfa América (ALFA), com sede no município de Praia Grande, no estado de
São Paulo.
RELATOR: Aristides Cimadon
PROCESSO Nº: 23000.018739/2018-19
PARECER CNE/CES Nº: COLEGIADO: APROVADO EM:
525/2021 CES 6/10/2021

I – RELATÓRIO

Trata-se de recurso contra a decisão da Secretaria de Regulação e Supervisão da


Educação Superior (SERES) que, por meio da Portaria nº 222, de 10 de março de 2021,
publicada no Diário Oficial da União (DOU), em 12 de março de 2021, aplicou medidas
cautelares em face da Faculdade Alfa América (ALFA), com sede no município de Praia
Grande, no estado de São Paulo.
O processo inicia com uma consulta da Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais
(DPMG), Ofício nº 055/2018/DPMG/37ª Def. Cível, que solicita à SERES informações sobre
o Programa Especial de Formação Pedagógica, ofertado pela Faculdade Alfa América
(ALFA), que conferiu à Ronilda Maria do Carmo habilitação em Sociologia, equivalente à
Licenciatura Plena.
Pela informação nº 77/2018/CGLNRS/DPR/SERES/SERES-MEC, a SERES
comunica que o programa de formação de professores, nesse caso, está regulado pela
Resolução CNE/CP nº 2, de 26 de junho de 1997, com o objetivo de “suprir a falta de
professores habilitados em determinadas disciplinas e localidades, em caráter especial”,
procurando seguir a orientação presente na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, qual
seja, a de proporcionar via de acesso ao magistério aos portadores de cursos superiores
distintos de licenciatura. Tal programa regula a formação de professores destinado a
portadores de diploma de nível superior e daqueles de formação inicial.
Ao analisar o pedido de informação mencionado, o Coordenador-Geral de Legislação
e Normas de Regulação e Supervisão da Educação Superior verificou que a instituição não
possui autorização para a oferta do curso superior de Sociologia, licenciatura ou bacharelado,
bem como não possui curso de Programa Especial de Formação Pedagógica autorizado e
reconhecido, que é exigência para ofertar formação de professores a portadores de diplomas
distintos de licenciatura.
Em 29 de julho de 2018, a recorrente foi notificada para prestar esclarecimentos, por
meio do Ofício nº 56/2018/CPROC-NOTIFICAÇÕES/DISUP/SERES-MEC. A IES
respondeu, por meio do Ofício nº 8/2018, que oferece cursos superiores de licenciatura e que
houve autorização para a oferta de 3 (três) cursos: Letras, habilitação Português/lnglês e
respectivas literaturas (Portaria MEC nº 570, de 28 de fevereiro de 2005, publicada no DOU,
em 1º de março de 2005), Normal Superior, licenciatura, habilitação Magistério para

Aristides Cimadon – 8739 Documento assinado eletronicamente nos termos da legislação vigente
PROCESSO Nº: 23000.018739/2018-19

Educação Infantil e Normal Superior, licenciatura, habilitação Magistério para os Anos


Iniciais do Ensino Fundamental (Portaria MEC nº 571, de 28 de fevereiro de 2005, publicada
no DOU, em 1º de março de 2005). Esses dois últimos foram unificados e ampliados com
formação em Gestão, após a Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006, passando a ter a
designação de Pedagogia, licenciatura.
A IES faz um longo arrazoado histórico procurando mostrar a falta de professores e
entende que há legalidade na oferta do curso superior, porque segue as orientações presentes
na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Lei nº 9.394/1996, artigo 63, inciso II, que permite aos
Instituição de Educação Superior (IES) manter “programas de formação pedagógica para
portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica”.
Informa ainda que o programa foi criado e oferecido nos termos da Resolução CNE/CP nº
2/1997.
Em sua extensa explicação, quer provar que a Faculdade Alfa América (ALFA) agiu
de boa-fé, porque interpretou que, tendo em funcionamento o curso superior de Pedagogia,
licenciatura, estaria apta a ofertar o curso de Programa Especial de Formação Pedagógica na
área de Sociologia e que a aluna Ronilda Maria do Carmo apresentou a documentação legal
para ser admitida, tendo concluído o curso com aprovação. Entretanto, não foi aceita quando
aprovada no concurso público do Edital SEPLAG/SEE nº 4, de 24 de novembro de 2014,
sendo impedida de assumir o magistério estadual sob a justificativa da Secretaria de Estado da
Educação de que o certificado emitido pela Faculdade Alfa América (ALFA) não atendia à
legislação em vigor. Trata-se, segundo a recorrente, de equivocada interpretação.
Por meio do Ofício nº 440/2020/CGSOTÉCNICOS/DISUP/SERES-MEC, em 12 de
junho de 2020, a recorrente foi notificada para prestar esclarecimento sobre denúncia efetuada
pela Procuradoria da República no Município de Divinópolis, nos termos do Ofício nº
121/2019-MPF/PRM/DV, de 7 de março de 2019, considerando os indícios de irregularidades
na oferta da habilitação em Sociologia, licenciatura, do Programa Especial de Formação
Pedagógica, ministrada pela Faculdade Alfa América (ALFA).
Em 10 de julho de 2020, a recorrente solicitou acesso ao processo para melhor
compreensão da denúncia, sendo-lhe autorizado por um período de 7 (sete) dias, conforme
Despacho nº 97/2020/CGSO-TÉCNICOS/DISUP/SERES. Também constam, no processo,
procedimentos em face de denúncias da Procuradoria da República no Município de Santos
(SEI nº 2354251) e da Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais, pela qual há indícios de
oferta irregular do Programa Especial de Formação Pedagógica.
Em face das denúncias e considerando as respostas da recorrente, a SERES emitiu a
Nota Técnica nº 38/2021/CGSO-TÉCNICOS/DISUP/SERES, que teve como objeto de
apuração a representação da Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais (DPMG) e da
Procuradoria da República no Município de Divinópolis contra a Faculdade Alfa América
(ALFA), por indícios de oferta de Curso de Formação Pedagógica para graduados não
licenciados, de forma irregular, pois a IES não dispõe de curso superior de licenciatura
reconhecido na mesma área e há indícios de diplomação de estudantes cuja formação ocorreu
em desconformidade com a legislação educacional, bem como indícios de oferta de curso
superior na modalidade a distância sem ato autorizativo.
A SERES relata os fatos acima descritos, incluindo o fato que, na oferta irregular, em
19 de março de 2019, nos termos do Ofício nº 598/2019/CGLNRS/DPR/SERES/SERES-
MEC (SEI nº 1472945), foram apresentadas informações ao MPF/MG que constatou a
inexistência de credenciamento como IES do Instituto Cotemar e firmou posição de que a
ALFA, mesmo ofertando 5 (cinco) cursos de graduação, não possuía, à época, nenhum curso
de licenciatura reconhecido na área da habilitação ofertada. Em face das irregularidades, a
SERES instaurou Processo de Supervisão, com destaque dos principais pontos da análise da
referida Nota Técnica nº 38/2021, ipsis litteris, transcrita a seguir:

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[...]
II. ANÁLISE
II.I - DOS INDÍCIOS DE MATERIALIDADE DA CONDUTA
II.I.1 - Quanto aos indícios de oferta do Programa Especial de Formação
Pedagógica de Docentes sem a habilitação devida
16. De acordo com os documentos e registros apresentados nas representações
da DPMG e do MPF/MG, comparados às alegações da ALFA apresentadas em fase
preparatória do presente Processo de Supervisão, os indícios de materialidade quanto
às irregularidades na oferta de cursos de formação pedagógica sem a habilitação
devida são patentes.
17. Inicialmente, na representação da DPMG, por exemplo, constaram os
documentos acadêmicos de Ronilda Maria do Carmo, por meio dos quais é possível
perceber que a então aluna foi habilitada em Sociologia sem que a IES tivesse cursos
reconhecidos de licenciatura nas disciplinas pretendidas, conforme prevê o art. 7º, da
Resolução CNE/CEB nº 02/1997:
Art. 7º - O programa a que se refere esta Resolução poderá ser
oferecido independentemente de autorização prévia, por universidades e por
instituições de ensino superior que ministrem cursos reconhecidos de
licenciatura nas disciplinas pretendidas, em articulação com estabelecimentos
de ensino fundamental, médio e profissional onde terá lugar o desenvolvimento
da parte prática do programa. (grifos nossos).

[...]
18. Situação semelhante ocorreu com o exemplo de Túlia Maira Lopes Costa
Cota, constante da representação do MPF/MG, que também foi habilitada na
disciplina de Sociologia, no ano de 2018, sem que a ALFA tivesse cursos
reconhecidos de licenciatura nas disciplinas pretendidas.

[...]
19. Para demonstrar os indícios das irregularidades apontadas, é importante
tecer as seguintes considerações e análises sobre a inexistência de ato autorizativo do
MEC para que a ALFA pudesse ofertar o Programa Especial de Formação
Pedagógica na habilitação de Sociologia:
19.1. no período em que ocorreram as ofertas denunciadas, entre 02/06/2015 e
14/03/2017 e entre 29/06/2015 e 30/06/2016, respectivamente, de acordo com os
documentos supracitados, a ALFA possuía cursos de licenciatura reconhecidos
apenas nas habilitações de Letras - Português e Inglês (cód. e-MEC nº 82391) - cujo
ato de reconhecimento foi publicado no DOU de 15/06/2009 (Portaria nº 779/2019), e
de Pedagogia (cód. e-MEC nº 82392) - cujo ato de renovação de reconhecimento foi
publicado no DOU de 27/12/2012 (Portaria nº 286/2012);
19.2. em relação ao curso objeto do presente Processo de Supervisão, o curso
de Complementação Pedagógica em Sociologia, a ALFA só teria sido autorizada a
ofertá-lo, na modalidade EaD, no ano de 2019, e tal curso ainda consta como se não
tivesse seu funcionamento iniciado, o que impede haver o ato de seu reconhecimento
por parte do MEC;
19.3. também cabe resgatar a existência do Processo Regulatório nº
201808065 ainda não decidido pela SERES/MEC, relativo ao pedido de autorização
do curso de Programa Especial de Formação Pedagógica para Docentes para as
Disciplinas do Currículo do Ensino Fundamental, Médio e da Educação Profissional

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em Nível Médio, que está sobrestado aguardando um posicionamento do CNE em


relação à consulta encaminhada sobre a Resolução CNE/CP nº 2, de 01/07/2015.
20. Importante ratificar que a Resolução CNE/CP nº 2/1997 estabelece que os
programas especiais de formação pedagógica de docentes para profissionais que
desejem atuar no magistério nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio
podem ser oferecidos independentemente de autorização prévia por IESs que
ministrem cursos reconhecidos de licenciatura nas disciplinas pretendidas, havendo a
necessidade de, no prazo máximo de 3 (três) anos, submeter tais programas a
processo de reconhecimento do MEC.
21. Tanto a Resolução CNE/CEB (sic) nº 02/1997, quanto as disciplinas
normativas posteriores, no caso, a Resolução CNE/CP nº 02/2015, vigente à época
da representação do MPF/ES (doc. SEI nº 0048714), e a Resolução CNE/CP nº
02/2019 – a atual legislação sobre a formação inicial de professores da educação
básica - estabelecem que o curso de segunda licenciatura só pode ser ofertado pela
IES que tenha o curso de licenciatura reconhecido na habilitação pretendida para a
respectiva formação. (Grifo nosso)
22. O art. 7º da Resolução CNE/CEB nº 02/1997 estabeleceu claramente que
(grifos nossos):
Art. 7º - O programa a que se refere esta Resolução poderá ser
oferecido independentemente de autorização prévia, por universidades e por
instituições de ensino superior que ministrem cursos reconhecidos de
licenciatura nas disciplinas pretendidas, em articulação com estabelecimentos
de ensino fundamental, médio e profissional onde terá lugar o desenvolvimento
da parte prática do programa.

23. Posteriormente, a Resolução CNE/CP nº 02, de 1º/07/2015, também


apregoou em seu art. 14, § 5º, que (grifos nossos):
§5º A oferta dos cursos de formação pedagógica para graduados
poderá ser realizada por instituições de educação superior, preferencialmente
universidades, que ofertem curso de licenciatura reconhecido e com
avaliação satisfatória realizada pelo Ministério da Educação e seus órgãos
na habilitação pretendida, sendo dispensada a emissão de novos atos
autorizativos.

24. E o parágrafo único do art. 21 da atual Resolução CNE/CP nº 02/2019


reafirma que (grifos nossos):
Parágrafo único. O curso de formação pedagógica para graduados
não licenciados poderá ser ofertado por instituição de Educação Superior
desde que ministre curso de licenciatura reconhecido e com avaliação
satisfatória pelo MEC na habilitação pretendida, sendo dispensada a emissão
de novos atos autorizativos.

25. Os termos da manifestação prévia da ALFA no presente Processo de


Supervisão demonstram que ela admitiu ter certificado no âmbito do Programa
Especial de Formação Pedagógica, na habilitação em Sociologia, por considerar
que bastaria a uma IES estar devidamente acreditada no sistema federal de ensino
para estar apta à ofertar Programas Especiais de Formação Docente e por entender
que o fato de estar autorizada a ofertar o curso de licenciatura em Pedagogia,
atenderia as exigências impostas pelo art. 7º da Resolução CNE/CEB nº 02/1997.
(Grifo nosso)

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26. Conforme se depreende do supracitado dispositivo, tais alegações da


ALFA não podem ser consideradas como conformes à regulamentação então vigente,
pois o requisito estabelecido era de que a IES fosse autorizada e ofertasse cursos
reconhecidos de licenciatura nas disciplinas pretendidas.

II.I.2 - Quanto aos indícios de oferta do Programa Especial de Formação


Pedagógica de Docentes fora de sede sem autorização
27. Outro indício de irregularidade constante dos autos diz respeito à oferta
do Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes fora de sede, em
modalidade EaD, que a ALFA não detinha à época das ofertas realizadas,
considerando que a IES só obteve seu credenciamento institucional para ofertar
cursos superiores EaD no ano 2017, por meio da Portaria nº 1109, de 13/09/2017,
conforme a seção de qualificação da presente Nota Técnica indica.
28. Tal indício de irregularidade pode ser deduzido pelos seguintes fatores:
28.1. no caso da representação da DPMG, é possível perceber que Ronilda
Maria do Carmo se graduou e também concorreu à concurso público no Estado de
Minas Gerais e seria bastante improvável que ela estaria disposta a frequentar um
curso ofertando no município de Praia Grande/SP, sede da ALFA, considerando a
existência de outras ofertas mais próximas do Estado de Minas Gerais;
28.2. no caso da representação pelo MPF/MG, há declaração de que Túlia
Maira Lopes Costa teria frequentado o curso por meio do INSTITUTO COTEMAR,
no período de 29/06/2015 a 30/06/2016, no município de Itaúna/MG. (Grifo nosso)
29. Convém destacar que a Resolução CNE/CEB (sic) nº 02/97 que amparava
a oferta de programas especiais de formação pedagógica de docentes, no período das
irregularidades denunciadas nos autos, é expressa quanto à necessidade de
credenciamento específico para a oferta de cursos EaD:
Art. 8º - A parte teórica do programa poderá ser oferecida utilizando
metodologia semipresencial, na modalidade de ensino a distância, sem
redução da carga horária prevista no artigo 4º, sendo exigido o
credenciamento prévio da instituição de ensino superior pelo Conselho
Nacional de Educação, nos termos do art. 80 da Lei 9.394, de 20 de dezembro
de 1996. (Grifos nossos).

30. Assim, considera-se que os documentos e registros apresentados são


suficientes para afirmar existirem indícios de oferta do citado Programa Especial na
modalidade EaD em desconformidade com os atos autorizativos por parte da ALFA.

II.I.3 - Quanto aos indícios de diplomação de estudantes cuja formação


tenha ocorrido em desconformidade com a legislação educacional
31. Os indícios de diplomação de estudantes cuja formação tenha ocorrido em
desconformidade com a legislação educacional são decorrência lógica dos indícios
apontados anteriormente, considerando que, com a oferta irregular do Programa
Especial de Formação Pedagógica, houve a certificação de alunos que foram alvo de
tal oferta, como já demonstrado acima, por meio da anexação dos certificados
emitidos.

II.II - DAS POSSÍVEIS INFRAÇÕES COMETIDAS


32. Pela conduta de oferta do Programa Especial de Formação Pedagógica
de Docentes sem a habilitação devida, fazendo-o equiparar-se à licenciatura, pode
ser caracterizada infração ao art. 72, I, do Decreto nº 9235/2017 e ao art. 7º da

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Resolução CNE/CEB (sic) nº 02/1997 e congêneres da Resolução CNE/CP nº 02, de


01/07/2015, e da Resolução CNE/CP nº 02/2019.
33. Pela conduta de oferta de cursos do Programa Especial de Formação
Pedagógica de Docentes fora de sede em modalidade EaD sem autorização, pode ser
caracterizada infração ao art. 72, I e II, do Decreto nº 9235/2017.
34. Pela conduta de certificação ou diplomação de estudantes cuja formação
tenha ocorrido em desconformidade com a legislação educacional, pode ser
caracterizada infração ao art. 72, VI, do Decreto nº 9235/2017. (Grifo nosso)
35. Tudo isso, considerando que:
35.1. o art. 18, §2º do Decreto nº 9.235/2017 claramente diferencia o
credenciamento de IESs para a oferta de cursos de graduação nas modalidades
presencial e EaD;
35.2. nos termos do art. 80 da Lei 9.394/1996, do art. 11 do Decreto nº
9057/2017, da Portaria Normativa nº 11/2017 e do art. 18 do Decreto nº 9.235/2017,
as IESs privadas deverão solicitar credenciamento para a oferta de cursos superiores
na modalidade EaD ao MEC antes de quaisquer ofertas dessas modalidades;
35.3. tanto a Resolução CNE/CEB (sic) nº 02/1997, a Resolução CNE/CP nº
02, de 01/07/2015, quanto a Resolução CNE/CP nº 2, de 20/12/2019 – a nova
legislação sobre a formação inicial de professores da educação básica – estabelecem
que a IES só pode ministrar curso de formação pedagógica para graduados não
licenciados e cursos de segunda licenciatura desde que ministre curso de licenciatura
reconhecido e com avaliação satisfatória pelo MEC na habilitação pretendida.

II.III - DA NECESSIDADE DE INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO


SANCIONADOR
36. O marco regulatório da educação superior prevê que, após a fase
preliminar do procedimento de supervisão, tem-se que decidir pela instauração de
procedimento saneador ou pela instauração de procedimento sancionador, nos termos
do art. 14 da Portaria nº 315/2018 e do art. 68 do Decreto nº 9.235/2017.
37. Nesse sentido, o entendimento corrente desta SERES/MEC, em suas ações
de supervisão, tem sido de que a ocorrência de irregularidades de inadequação da
oferta de cursos superiores ao marco regulatório da educação superior e aos atos
autorizativos emitidos pelo Poder Público não são passíveis de saneamento, nos
termos do previsto pelo art. 46, § 1º, da Lei 9.394/1996, e pelo art. 69 do Decreto nº
9.235/2017.
38. Repisa-se isso porque a disposição do art. 46, § 1º, da LDB, fala em
saneamento de deficiências verificadas em avaliação de qualidade de cursos e
instituições de ensino superior. Por deficiências entende-se, portanto, qualquer déficit
em relação a critérios de qualidade, consagrados nas normas educacionais,
instrumentos de avaliação e procedimentos administrativos adotados pelo MEC em
suas ações de avaliação, regulação e supervisão da educação superior.
39. Por outro lado, irregularidades dizem respeito à inadequação formal da
oferta de educação superior aos seus requisitos básicos de funcionamento, muito
especialmente a exigência legal de autorização pelo Poder Público – inclusive
renovação dos atos autorizativos de IES e cursos superiores – e a própria observância
dos termos e condições em que é emitida essa autorização.
40. Em outras palavras, é possível sanear deficiências de qualidade em cursos
cujo funcionamento seja regular, de acordo com a exigência constitucional de atos
autorizativos, e dentro do que estabelecem aqueles atos. Mas é impossível, no
entender desta CGSO/DISUP/SERES, que se saneiem irregularidades, permitindo aos

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cursos e instituições de ensino superior que se adequem aos requisitos legais básicos
que deveriam ter sido observados desde o início de seu funcionamento, após (e
somente após) constatação do ilícito em procedimento de supervisão.
41. Considerando os robustos indícios existentes nos autos e elevada
probabilidade da ALFA ter a oferta de cursos superiores de formação pedagógica de
docentes presencial e EaD em desconformidade com os atos autorizativos e, além
disso, a elevada probabilidade de terem emitido certificados dos programas especiais
de formação pedagógica de docentes em desconformidade com a legislação
educacional, justifica-se a instauração de procedimento sancionador com o objetivo
de prevenir maiores lesões à comunidade acadêmica e aos usuários dos serviços de
educação superior.
42. Para tanto, esta SERES/MEC está obrigada a observar as normas que
regulam o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal,
conforme estabelecidas pela Lei nº 9.784/1999 que, em seu art. 2º, dispõe que, nos
processos administrativos, serão observados, entre outros, os critérios de: atuação
conforme a lei e o Direito (inciso I); adequação entre meios e fins, vedada a
imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público (inciso VI);
interpretação da norma administrava da forma que melhor garanta o atendimento do
fim público a que se dirige (inciso XIII).
43. A instauração de processo administrativo visando a aplicação da
penalidade é, portanto, medida administrava que observa o princípio da
proporcionalidade, ao adequar as medidas restritivas adotadas à finalidade pública
objetivada, garantindo, por meio do processo administrativo regular, o exercício do
contraditório e da ampla defesa por parte da Instituição.
44. Desse feito, considerando que as tratativas que precederam a presente
análise encontram respaldo no que disposto no art. 67, do Decreto no 9.235/2017, e
que as IESs, após notificadas, ofereceram manifestação prévia e tem ciência da
instauração e do objeto do presente Processo de Supervisão, percebe-se que a fase
processual de apuração inicial se encontra superada, havendo necessidade, portanto,
de converter o presente procedimento preparatório em procedimento sancionador,
nos termos do art. 71, do Decreto nº 9.235/2017, e do art. 21, da Portaria nº
315/2018.

II.IV - DAS MEDIDAS CAUTELARES NECESSÁRIAS


45. O poder geral de cautela da Administração Pública é previsto pelo art.
45 da Lei nº 9.784/1999, nos seguintes termos: “Em caso de risco iminente, a
Administração Pública poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem
a prévia manifestação do interessado”.
46. Os requisitos para a medida cautelar administrativa sem a prévia
manifestação do interessado submetem-se a duplo condicionamento, presentes na
situação fática que se apresenta: a existência de situação de risco iminente e a
legitimidade da ação por parte da Administração Pública.
47. No presente caso, tem-se que os direitos da coletividade representada
pelos estudantes e possíveis ingressantes numa instituição de ensino superior devem
ser protegidos, assim como deve ser protegida toda a sociedade que se servirá da
formação dos egressos dos cursos superiores, preservando a composição do sistema
federal de ensino por instituições regulares que ofertem ensino de qualidade de
acordo com o marco regulatório vigente.

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48. Nesse sentido, fica demonstrado a evidente presença dos requisitos do


Periculum In Mora e do Fumus Boni Iuris, sendo o primeiro constatado por meio do
risco da potencial existência e continuidade das condutas denunciadas para o meio
acadêmico e para órgãos públicos que tem sistemas de promoção e progressão
baseados na conclusão de cursos de graduação e o segundo baseado nos evidentes
indícios existentes na representação e nas denúncias analisadas que apontam as
condutas infracionais atribuídas as IESs.
49. Desta forma, considerado o elevado risco de os indícios tornarem-se
infrações concretas, da continuidade das condutas caracterizadas e do significativo
potencial de lesão aos usuários do sistema federal de ensino e da comunidade
acadêmica, devem ser aplicadas no presente instante processual as seguintes medidas
cautelares em face da ALFA, nos termos do art. 63 do Decreto nº 9.235/2017, por até
um ano ou até o encerramento do presente Processo de Supervisão, o que ocorrer
antes:
49.1. a apresentação de documentos comprobatórios da matrícula e do
controle da expedição e do registro dos certificados emitidos em razão da oferta do
Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes;
49.2. a apresentação do convênio estabelecido com o denominado Instituto
Cotemar e outros com os quais tenha formado parceria para oferta do Programa
Especial de Formação Pedagógica de Docentes;
49.3. a suspensão da oferta de novas turmas nos cursos de formação
pedagógica para graduados não licenciados, nas modalidades presenciais e EaD, sob
quaisquer designações, até que as providências anteriormente supracitadas sejam
formalizadas e informadas pela IES, com o envio de documento comprobatório, no
âmbito do presente processo;
49.4. o sobrestamento de processos regulatórios relativos à oferta dos cursos
de formação pedagógica para graduados não licenciados que tenham sido
protocolizados pela IES ou pelas demais mantidas da mantenedora, em especial o
Processo Regulatório nº 201808065;
49.5. o impedimento de protocolização de novos processos regulatórios
relativos à oferta dos cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados
pela IES ou pelas demais mantidas da mantenedora.
50. As medidas cautelares relativas à apresentação de documentos e de
relação de processos são necessárias para que se evidencie se os indícios existentes
no presente Processo de Supervisão podem ou não configurar as possíveis infrações
apontadas na presente análise.
51. A medida de suspensão da oferta de novas turmas nos cursos de formação
pedagógica para graduados não licenciados visa dar efetividade as anteriores e só
será aplicada até que estas tenham sido cumpridas, de forma a não cercear a
liberdade de iniciativa privada.
52. As determinações quanto ao sobrestamento e impedimento de
protocolização de novos processos regulatórios, acima identificados, visam garantir
que novos atos autorizativos que garantam liberdade de funcionamento da IES só
sejam outorgados mediante garantia de que esteja fazendo uso regular dos mesmos.

III – CONCLUSÃO
53. Ante o exposto, esta Coordenação-Geral de Supervisão da Educação
Superior - CGSO/DISUP/SERES sugere à Secretaria de Regulação e Supervisão da
Educação Superior - SERES/MEC, em atenção aos referenciais de qualidade
expressos na legislação e nos instrumentos de avaliação da educação superior, e às

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normas que regulam o processo administrativo na Administração Pública Federal,


com fundamento expresso nos arts. 206 e 209 da Constituição, no art. 7º, I e II, da
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, nos arts. 2º, 45 e 50 da Lei nº 9.784, de 29
de janeiro de 1999, e nos arts. 68, 72, 76 e 77 do Decreto nº 9.235, de 15 de
dezembro de 2017, a emissão de portaria determinando perante a Faculdade Alfa
América - ALFA (cód. e-MEC nº 3428), anteriormente denominada como
Faculdade Alfa, mantida pela Faculdade Alfa América Ltda. (cód. e-MEC nº 2173),
inscrita no CNPJ 05.200.519/0001-37, com sede na Avenida Presidente Kennedy, nº
4285, Central, Aviação, município de Praia Grande/SP, CEP 11702-485:
53.1. a instauração de fase sancionadora do Processo de Supervisão, nos
termos do art. 71, do Decreto nº 9.235/2017, e do art. 21, da Portaria nº 315/2018.
53.2. a aplicação das seguintes medidas cautelares, por até um ano ou até a
conclusão do presente Processo de Supervisão, nos termos do art. 63 do Decreto nº
9235/2017:
53.2.1. a apresentação de documentos comprobatórios da matrícula e do
controle da expedição e do registro dos certificados emitidos em razão da oferta do
Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes;
53.2.2. a apresentação do convênio estabelecido com o denominado Instituto
Cotemar e outros com os quais tenha formado parceria para oferta do Programa
Especial de Formação Pedagógica de Docentes;
53.2.3. a suspensão da oferta de novas turmas nos cursos de formação
pedagógica para graduados não licenciados, nas modalidades presenciais e EaD,
sob quaisquer designações, até que as providências anteriormente supracitadas
sejam formalizadas e informadas pela IES, com o envio de documento
comprobatório, no âmbito do presente processo;
53.2.4. o sobrestamento de processos regulatórios relativos à oferta dos
cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados que tenham sido
protocolizados pela IES ou pelas demais mantidas da mantenedora, em especial o
Processo Regulatório nº 201808065;
53.2.5. o impedimento de protocolização de novos processos regulatórios
relativos à oferta dos cursos de formação pedagógica para graduados não
licenciados pela IES ou pelas demais mantidas da mantenedora;
53.3. a notificação e a intimação, por meio eletrônico através de e-mail ou
pelo Sistema de Comunicação da Caixa de Mensagens do e-MEC, para a
apresentação de defesa, no prazo de 15 (quinze) dias, nos termos do parágrafo
único, do art. 71, do Decreto nº 9.235/2017; e para a apresentação de recurso no
prazo de 30 (trinta) dias, nos termos do art. 63, § 2º, do Decreto nº 9.235/2017;
(Grifos nossos)

Em consequência da Nota Técnica SERES nº 38/2021, foi publicada a Portaria SERES


nº 222/2021, que aplicou as medidas cautelares acima mencionadas, objeto do presente
recurso.

Defesa da IES frente à publicação da Portaria SERES nº 222/2021.

Por meio do Ofício nº 4/2021, a recorrente apresentou recurso dirigido à Câmara de


Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CES/CNE) que, em síntese,
argumenta o que segue:

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PROCESSO Nº: 23000.018739/2018-19

1. Inicialmente, afirma que a recorrente passou por alterações consideráveis em toda a


direção administrativa. Ressalta que há necessidade de formação de professores e que a
recorrente se valeu, para a oferta do curso superior, da Resolução CNE/CP nº 2/1997, pois, de
acordo com o texto da citada norma, interpreta-se que basta a IES ser credenciada para poder
ofertar programas especiais de formação docente;

2. A norma preleciona que a IES deve possuir “cursos reconhecidos de licenciatura


nas disciplinas pretendidas” para ofertar o referido programa especial, logo, é razoável
compreender que o fato de a IES oferecer o curso de licenciatura em Pedagogia atendia as
exigências impostas pela citada Resolução. Por outro lado, cabe salientar que o programa
contestado foi extinto com o advento da Resolução CNE/CP nº 2, de 1º de julho de 2015;

3. Afirma que é necessário garantir que os certificados emitidos pela ALFA não sejam
invalidados, pois conforme estabelecido no artigo 2º da Resolução CNE/CP nº 2/1997, há
amparo legal para sua oferta, já que a dita norma permitia que O Programa Especial de
Formação Pedagógica pode ser cursado por “portadores de diploma de nível superior, em
cursos relacionados à habilitação pretendida, que ofereçam sólida base de conhecimentos na
área de estudos ligada a essa habilitação”;

4. Nos termos do artigo 7º da Resolução CNE/CP nº 2/1997, o curso superior pode ser
oferecido “independentemente de autorização prévia, por universidades e instituições de
ensino superior que ministrem cursos reconhecidos de licenciatura nas disciplinas
pretendidas, em articulação com estabelecimento [...] da parte prática do programa” e por
IES que comprovem corpo docente qualificado e que tenham obtido autorização do MEC,
com apreciação do Conselho Nacional de Educação;

5. Sustenta que os sistemas de ensino, no âmbito de suas competências, podem


estabelecer critérios de recrutamento de pessoal docente, desde que tais critérios tenham o
objetivo de dar cumprimento ao preceito constitucional de assegurar a qualidade do ensino.
Alega que os concluintes do Programa Especial receberão certificados e registro profissional
equivalente à licenciatura plena, conforme estabelecido no artigo 10, da Resolução CNE/CP
nº 2/1997, tendo em vista que “a formação do docente em nível superior (...) será feita em
cursos regulares de licenciatura, em cursos regulares para portadores de diploma de educação
superior e, bem assim, em programas especiais de formação pedagógica estabelecidos”;

6. Insiste que o Programa Especial de Formação Pedagógica da ALFA, a partir da


publicação da Resolução CNE/CP nº 2/2015, foi extinto até que a questão fosse regularizada.
Ressalta que a instituição tem diligenciado toda a documentação necessária, bem como as
informações requeridas, estando agora no aguardo da conclusão do processo. Sublinha que a
ALFA esteve de boa-fé durante todo o processo de oferta e nunca trabalhou contra os
estudantes. Houve transferência de mantença e a nova administração fará o possível para
sanear o que for necessário dentro dos ditames legais;

7. Apresenta, no recurso, longa descrição histórica da recorrente, admitindo que a nova


mantenedora, por seu sócio administrador Rodrigo Stabile Escanhuela, foi surpreendida com
o caso em tela e que esses indícios de irregularidade não foram comunicados e, portanto, não
eram conhecidos pela nova mantenedora, mas que alterou os contratos sociais e está tomando
conhecimento das irregularidades, procurando corrigi-las e que, portanto, tudo isso deve ser
levado em consideração;

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PROCESSO Nº: 23000.018739/2018-19

8. Afirma que agiu com regularidade, porque a nova mantenedora da Faculdade Alfa
América (ALFA), para possível aquisição, verificou que a IES possuía, na área de formação
de professores, os cursos superiores de Pedagogia, licenciatura (presencial e EaD) e Letras –
Português e Inglês, licenciatura (presencial). E que, dos 3 (três) cursos superiores de
licenciatura, ofertados pela Faculdade Alfa América (ALFA), somente o curso superior de
Pedagogia, licenciatura, na modalidade a distância, não encontra-se reconhecido, mas seu
processo tramita no sistema e-MEC sob o nº 202003226. A nova mantenedora, tomando
conhecimento da legislação, reconhece as irregularidades e se coloca à disposição para
atender a todos os elementos apresentados pela Nota Técnica nº 38/2021/CGSO-
TÉCNICOS/DISUP/SERES e pela Portaria SERES nº 222/2021, bem como todas as possíveis
necessidades que se apresentem durante o processo;

9. Concorda que foram diplomados 168 (cento e sessenta e oito) alunos em Artes,
Ciências Biológicas, Filosofia, Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Química e
Sociologia. Em anexo, apresenta-se o termo de convênio com o Instituto Cotemar
(Documento juntado), cabendo frisar que o referido convênio foi firmado pelo ex-
proprietário da Faculdade Alfa América – EIRELI, antiga denominação da Faculdade Play
Ltda., mantenedora da Faculdade Alfa América (ALFA); e

10. Que a recorrente suspendeu os cursos de formação pedagógica para graduados não
licenciados, nas modalidades presenciais e EaD, e espera considerações sua proposição.

Considerações finais e pedidos

1. Conforme apresentado no decorrer do texto, os atuais mantenedores


desconheciam a oferta de formação pedagógica para graduados não licenciados. Desta
forma, acionará judicialmente os antigos mantenedores no intuito de que respondam pelos
atos cometidos;

2. A IES se compromete a ser solidária com os alunos que tenham realizado os


referidos cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados, em eventuais
processos judiciais com requerimentos indenizatórios, para isso lançará mão da Cláusula 2ª do
Contrato de Cessão de Cotas e Negócios Afins, que reza:

[...]
Clausula 2ª – A presente cessão é feita livre e desembaraçada de quaisquer
ônus, sendo que todos os passivos, obrigações fiscais, sociais e trabalhistas, existentes
até a data, são de responsabilidade única e exclusiva do CEDENTE (...)

3. A Faculdade Alfa América (ALFA), por meio de sua nova gestão, solicita que a
SERES emita ato excepcional que reconheça a validade dos certificados dos alunos que
realizaram os cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados, visto que
ingressaram de boa-fé naqueles cursos e os certificados emitidos não possuem qualquer
validade; e

4. A Faculdade Alfa América (ALFA) afirma que verificou somente supostas


irregularidades nos cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados, deste
modo entende que a supervisão, as medidas cautelares e o processo sancionador devem ser
aplicadas somente na esfera dos cursos supracitados. Como a realização destes cursos não
estava indicada no sistema e-MEC, nem nos documentos apresentados pelo cedente no ato da

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PROCESSO Nº: 23000.018739/2018-19

aquisição da IES, as eventuais irregularidades não foram evidenciadas.

Certa da sensibilidade e atenção da CES/CNE para os temas apresentados, pede que os


apontamentos sejam considerados e se coloca à inteira disposição para apresentar qualquer
documento complementar, caso seja necessário.
Considerando a defesa da IES, a SERES emitiu a Nota Técnica nº 77/2021/CGSO-
TÉCNICOS/DISUP/SERES, com a finalidade de análise do recurso, nos termos do artigo 63,
§ 2º, do Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017. Como de praxe, a SERES apresenta a
descrição dos fatos, nas formas já acima descritas. Apresenta-se, em síntese, manifestações
que podem ser consideradas essenciais para a decisão da CES/CNE, ipsis litteris:

[...]
II. ANÁLISE
II.I - DOS ASPECTOS FORMAIS

[...]
20. Entretanto, no Recurso (doc. SEI nº 2598296 e anexos) ora interposto pela
Faculdade Alfa América - ALFA (cód. e-MEC nº 3428), não foi comprovada a
legitimidade da assinatura corresponde ao representante legal, Sr. Rodrigo Stabile
Escanhuela, inscrito sob o CPF nº 303.294.238-19, ao se comparar a assinatura do
documento comprobatório de vínculo com a IES, constante no cadastro do sistema e-
MEC.
21. Também não foi identificada assinatura corresponde à Procuradora
Institucional, Sra. Tania Cristina Lucas Moreira, inscrita sob CPF nº 042.818.549-
59.
22. Ao contrário, o ofício SEI nº 2598296 e anexos, foi protocolado nos termos
do SEI nº 2598357, pela Sra. Patricia Helena Alves, inscrita sob o CPF nº
840.882.066-49, Procuradora Institucional das IESs: IES-26138-Faculdade
ALFAUNIPAC de Teófilo Otoni; IES-23332-Faculdade ALFA de Teófilo Otoni; IES-
23331-ALFA - Faculdade de Teófilo Otoni; IES-18692-Faculdade ALFAUNIPAC de
Guanhães; IES-18520-Faculdade ALFAUNIPAC de Araçuaí; IES-16556-Faculdade
ALFAUNIPAC de Capelinha; IES-14156-Faculdade Presidente Antônio Carlos de
Teófilo Otoni; IES-14029-Faculdade Presidente Antônio Carlos de Aimorés; IES-
3756-Faculdade ALFAUNIPAC de Almenara

II.II - DOS ASPECTOS MATERIAIS

[...]
II.II.1) Mudança de mantenedora

[...]
26. No sistema e-MEC não consta nenhum protocolo referente a aditamento de
transferência de mantença.

[...]
30. Entretanto, a IES não abriu o protocolo de Transferência de Mantença,
sob a forma de aditamento, junto ao Sistema e-MEC.
31. Conforme os artigos 35 a 38 do Decreto nº 9.235, de 2017:

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PROCESSO Nº: 23000.018739/2018-19

Art. 35. A alteração da mantença de IES será comunicada ao


Ministério da Educação, no prazo de sessenta dias, contado da data de
assinatura do instrumento jurídico que formaliza a transferência.

[...]
II.II.2) Interpretações da IES acerca do artigo 2º da Resolução 02/97
35. Considerando a alegação acerca das interpretações da IES acerca do
artigo 2º, da Resolução 02/97:
Art. 2º - O programa especial a que se refere o art. 1º é destinado a
portadores de diploma de nível superior, em cursos relacionados à habilitação
pretendida, que ofereçam sólida base de conhecimentos na área de estudos
ligada a essa habilitação.

36. Ao analisar o caso concreto, verifica-se que, em que pese a IES ressaltar
que:
O Programa Especial de Formação Pedagógica pode ser cursado por
“portadores de diploma de nível Superior; em cursos relacionados à
habilitação pretendida, que ofereçam sólida base de conhecimentos na área de
estudos ligada a essa habilitação”, conforme estabelecido no artigo 2º da
Resolução 02/97.
[...]
Noutro vértice, avulta-se que é necessário garantir que os certificados
emitidos pela ALFA não sejam desconsiderados, pois, conforme estabelecido
no artigo 2º da Resolução 02/97, não existia óbice que impeça a sua aceitação,
visto o referido Programa pode ser cursado por “portadores de diploma de
nível Superior; em cursos relacionados à habilitação pretendida, que ofereçam
sólida base de conhecimentos na área de estudos ligada a essa habilitação”.
(Fl. 03 do doc. SEI nº 2598296)

É de se sublinhar que a ALFA esteve de boa-fé durante todo o processo


de oferta e nunca trabalhou contra os estudantes. Houve transferência de
mantença e nova administração fará o possível para sanear o que for
necessário dentro dos ditames legais. (Fl. 05 do doc. SEI nº 2598296)

A decisão de interromper a oferta dos cursos de formação pedagógica


para graduados não licenciados após a publicação da nova resolução que deu
nova regulamentação ao tema, bem como às manifestações anteriores da IES,
evidencia que a antiga gestão e proprietários tinham uma interpretação
peculiar para a legislação do tema e isso pode ter gerado a equivocada oferta
dos cursos em questão. (Fl. 11 do doc. SEI nº 2598296)

A Faculdade Alfa América, por meio de sua nova gestão, solicita que a
Secretaria de Regulação e Supervisão do Ensino Superior (SERES) emita ato
excepcional que reconheça a validade dos certificados dos alunos que
realizaram os cursos de formação pedagógica para graduados não
licenciados, visto que ingressaram de boa-fé naqueles cursos e os certificados
emitidos não possuem qualquer validade. (Fl. 12 do doc. SEI nº 2598296)

37. E em que pese a IES afirmar que:

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PROCESSO Nº: 23000.018739/2018-19

Exatamente para instruir o reconhecimento dos cursos de formação


pedagógica ofertados pela ALFA, iniciou-se a tramitação de processo no
Ministério da Educação em que a Instituição requereu o reconhecimento (no
âmbito do processo regulatório nº 201808065) e se extinguiu o Programa
Especial de Formação Pedagógica da ALFA a partir da publicação da
Resolução CNE/CP nº 2, de 01/07/2015 até que a questão fosse regularizada.
(Grifos nossos).

38. Todavia, ressalta que o Processo e-MEC nº 201808065 se refere à


autorização de curso EaD denominado como “Programa Especial de Formação
Pedagógica para Docentes para as Disciplinas do Currículo do Ensino Fundamental,
Médio e da Educação Profissional em Nível Médio”, ao contrário do que argumenta a
IES.
39. Embora em sua defesa, a ALFA tente justificar as irregularidades com
base na interpretação da Resolução CNE/CEB (sic) nº 02/1997, revogada pela
Resolução CNE/CP nº 2/2015, e da atual Resolução CNE/CP nº 02/2019, a tese
defendida pela IES não encontra respaldo na legislação educacional brasileira, uma
vez que a oferta de cursos do Programa Especial de Formação Pedagógica de
Docentes exige que a IES oferte o curso de graduação reconhecido de Licenciatura na
área pretendida pelo estudante, constituindo-se tal exigência em requisito essencial
para a oferta do Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes.
40. Portanto, no âmbito da Nota Técnica nº 38/2021/CGSO-
TÉCNICOS/DISUP/SERES (doc. SEI nº 2524608), foram reunidos elementos
materiais da oferta irregular do Programa Especial de Formação Pedagógica de
Docentes em habilitações para as quais a ALFA não possuía curso superior de
licenciatura equivalente autorizado, em descumprimento da Resolução CNE/CP nº
02/1997.

II.II.3) Cumprimento dos itens apontados na Portaria SERES nº 222/2021:

[...]
42. Evidencia-se que, no Termo de Convênio estabelecido entre a ALFA e a
empresa denominada Instituto COTEMAR, datado de 6 de junho de 2017 (doc. SEI nº
2598297), restam claros os indícios de diplomação de estudantes cuja formação tenha
ocorrido em desconformidade com a legislação educacional:
CLÁUSULA PRIMEIRA
- Do objeto:
O presente TERMO DE CONVÊNIO tem como objeto a convalidação
dos cursos do Programa Especial de Formação de Docentes, sendo aceitos os
alunos cursantes e concluintes da plataforma da CONVENIADA e que não
foram certificados pela primeira instituição responsável pelos alunos.
(Faculdade Ad1)
[...]
Constituem as obrigações da CONVENENTE
a) Verificar todas as informações apresentadas pela CONVENIADA e
ainda realizar a certificação dos alunos de acordo com Portaria 02/97 do
MEC;
b) Encaminhar a CONVENIADA todos os documentos referentes a
certificação dos alunos.

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PROCESSO Nº: 23000.018739/2018-19

Parágrafo único: a CONVENENTE não se responsabilizará pelas


informações prestadas pela CONVENIADA em relação ao curso dos alunos.

43. Foram apresentadas a relação de 168 (cento e sessenta e oito) nomes de


prováveis certificados expedidos em função do curso do Programa Especial de
Formação Pedagógica de Docentes, conforme doc. SEI nº 2598298:
Ao todo formam 168 alunos (Doc. Juntado) que realizaram os cursos,
as Complementações Pedagógicas ofertadas foram as seguintes: a) Artes; b)
Ciências Biológicas; c) Filosofia; d) Física; e) Geografia; f) História; g)
Letras; h) Matemática; i) Química; e j) Sociologia.

44. Todavia, não foram apresentados os documentos comprobatórios da


matrícula e da oferta do curso do Programa Especial de Formação Pedagógica de
Docentes, por parte da ALFA.
45. Embora a IES [...] “entende que a supervisão e medidas cautelares e
processo sancionador deve ser aplicadas só e somente na esfera desses cursos.” (Fl.
12 do doc. SEI nº 2598296), repisa-se o constante no item II.IV da Nota Técnica nº
38/2021/CGSO-TÉCNICOS/DISUP/SERES (doc. SEI nº 2524608), porquanto há a
existência de situação de risco iminente e a legitimidade da ação por parte da
Administração Pública, tem-se que os direitos da coletividade representada pelos
estudantes e possíveis ingressantes numa instituição de ensino superior devem ser
protegidos.
46. Nesse sentido, essa Coordenação-Geral considera necessária a
manutenção das medidas cautelares,

[...]
III – CONCLUSÃO
47. Considerando a determinação da Portaria nº 222, de 10 de março de
2021, publicada no Diário Oficial da União - DOU, de 12/03/2021 (doc. SEI nº
2544431), que instaurou o procedimento sancionador e medidas cautelares em face
da Faculdade Alfa América - ALFA (cód. e-MEC nº 3428), a qual a IES interpôs
recurso nos termos do art. 63, § 2º, do Decreto nº 9.235/2017, bem como da ausência
de argumentos ou fatos novos que justifiquem a reconsideração da decisão
recorrida, restam, portanto, infundadas as alegações apresentadas pela Faculdade,
na presente fase recursal dos presentes autos.
48. Por consequente, esta Coordenação-Geral de Supervisão da Educação
Superior - CGSO/DISUP/SERES, sugere o encaminhamento ao Conselho Nacional
de Educação - CNE do presente recurso administrativo interposto pela Faculdade
Alfa América - ALFA (cód. e-MEC nº 3428) contra determinações impostas pela
Portaria nº 222/2021, com a proposta de conhecer do recurso para, no mérito, não
provê-lo. (Grifos nossos)

Considerações do Relator

Das denúncias recebidas, resultou a Nota Técnica SERES nº 38/2021, a partir da qual
foi expedida a Portaria SERES nº 222/2021 que aplicou as medidas cautelares já descritas. A
IES recorrente, inconformada, protocolou recurso contra a decisão da Portaria supracitada por
meio do Ofício nº 7/2021, solicitando prazo para recurso definitivo, protocolado em 12 de
abril de 2021. Portanto, cabível e tempestivo.

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PROCESSO Nº: 23000.018739/2018-19

Em sua defesa, afirma que, em janeiro de 2021, a ALFA passou por alterações
consideráveis em toda a direção administrativa decorrente de transferência de mantença e,
portanto, deve-se considerar que a nova mantenedora não pode ser penalizada por possíveis
irregularidades já transcorridas. Todavia, a recorrente entende ser conhecido o princípio da
solidariedade no Direito brasileiro, devendo ser aplicado no caso em tela.
Preliminarmente, o representante legal faz as seguintes alegações, com argumentos
igualmente apresentados à SERES (SEI nº 2598296 e anexos) e à CES/CNE, quais sejam: a)
mudança de mantenedora; b) interpretações da IES acerca do artigo 2º da Resolução CNE/CP
nº 2/1997; e c) cumprimento dos itens apontados na Portaria SERES nº 222/2021, de
formação de professores.
A recorrente repisa que a regulação para formação de professores está, de certo modo,
equivocada, realçando que o Programa Especial de Formação Pedagógica da Faculdade Alfa
América (ALFA) foi extinto a partir da publicação da Resolução CNE/CP nº 2/2015.
Portanto, há mais de 5 (cinco) anos não há programas de formação. Noutro vértice, avulta-se
que é necessário garantir que os certificados emitidos pela ALFA não sejam desconsiderados,
pois conforme está estabelecido no artigo 2º da Resolução nº 2/1997, não existia óbice
impeditivo à oferta de tais cursos por portadores de diploma de nível superior para instituições
que ofertassem cursos de licenciatura.
Note-se que o processo tem origem na Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais,
que constatou irregularidade na oferta dessa modalidade do curso, requerendo informações à
SERES sobre o Programa Especial de Formação Pedagógica, ofertado pela Faculdade Alfa
América (ALFA), que conferiu à Ronilda Maria do Carmo habilitação em Sociologia,
equivalente a Licenciatura Plena. Dessa informação, a SERES constatou, conforme Notas
Técnicas SERES nº 38/2021 e nº 77/2021, uma série de irregularidades.
Ressalta-se que, para a oferta dos cursos de formação pedagógica para graduados, a
norma vigente estabelece a exigência de que a IES tenha cursos de licenciatura reconhecidos
na mesma área pretendida pelo aluno e que estes cursos tenham avaliação satisfatória
realizada pelo Ministério da Educação (MEC) e seus órgãos. Ora, ficou evidente no processo
que a recorrente, Faculdade Alfa América (ALFA), não possui curso superior de Sociologia,
licenciatura ou bacharelado autorizado para oferta, bem como não possui curso de Programa
Especial de Formação Pedagógica autorizado e reconhecido.
Ademais, em relação ao denominado Programa Especial de Formação Pedagógica de
Docentes, a Resolução CNE/CP nº 2/1997 dispõe que:

[...]
Art. 1º A formação de docentes no nível superior para as disciplinas que
integram as quatro séries finais do ensino fundamental, o ensino médio e a educação
profissional em nível médio, será feita em cursos regulares de licenciatura, em cursos
regulares para portadores de diplomas de educação superior e, bem assim, em
programas especiais de formação pedagógica estabelecidos por esta Resolução.

[...]
Art. 2º O programa especial a que se refere o art. 1º é destinado a portadores
de diploma de nível superior, em cursos relacionados à habilitação pretendida, que
ofereçam sólida base de conhecimentos na área de estudos ligada a essa habilitação.
(Grifo nosso)

Portanto, para o ingresso nos cursos do programa especial é indispensável


apresentação de diploma de graduação, sendo de responsabilidade da instituição ofertante do

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programa certificar-se dessa condição prévia, bem como verificar a compatibilidade entre a
formação do candidato e a disciplina para a qual pretende habilitar-se.
Consta, também, que o artigo 7º e seus parágrafos da Resolução citada determinam
que o referido programa especial pode ser ofertado por IES que já possuem cursos de
licenciaturas reconhecidos nas disciplinas pretendidas. O início da oferta de tal curso, nesse
caso, pode ser feito sem a prévia autorização do MEC, estando condicionado apenas ao
pedido posterior de reconhecimento do programa, o qual deve ser protocolado no prazo
máximo de 3 (três) anos após o início da oferta. Porém, não é o caso da recorrente.
O § 1º desse artigo 7º é clarividente ao determinar que as instituições que pretendam
oferecer pela primeira vez o programa especial, sem possuir curso de licenciatura reconhecido
na matéria a ser lecionada, deverão proceder à solicitação de autorização perante o MEC,
seguindo o fluxo normal dos procedimentos regulatórios. A oferta, nesse caso, só poderá ser
iniciada após a expedição do respectivo ato autorizativo. A recorrente não atendeu a referida
orientação.
Por outro lado, constatou-se a irregularidade da inexistência de credenciamento como
IES do Instituto Cotemar que firmou convênio com a recorrente ALFA, sendo que esta
ofertava 5 (cinco) cursos de graduação e não possuía, à época, nenhum curso de licenciatura
reconhecido na área da habilitação ofertada.
Ora, a recorrente franqueou, por contrato ou convênio, para entidade não educacional,
um serviço educacional ofertado por ente privado não autorizado previamente pelo Poder
Público para atuação na Educação Superior. Está aí configurada irregularidade e o curso
ofertado não terá qualquer validade de certificação quanto ao conteúdo ministrado, tendo
valor apenas de curso livre.
A legislação educacional admite a possibilidade de parceria entre IES credenciadas
com entidades não consideradas como IES, na modalidade EaD, conforme está expresso no
artigo 19 e parágrafos do Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017. Contudo, a parceria
somente é válida atividades de natureza operacional e logística, como a utilização de
infraestrutura, permanecendo as atividades de natureza acadêmica sob responsabilidade estrita
da instituição regularmente credenciada.
Portanto, não se vislumbra argumentos da recorrente que possam contrariar o que
dispôs a SERES e, nesse sentido, encaminho para decisão da CES/CNE o voto a seguir.

II – VOTO DO RELATOR

Nos termos do artigo 6º, inciso VI, do Decreto nº 9.235/2017, conheço do recurso
para, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo a decisão da Secretaria de Regulação e
Supervisão da Educação Superior (SERES), expressa na Portaria nº 222, de 10 de março de
2021, que aplicou medidas cautelares em desfavor da Faculdade Alfa América (ALFA), com
sede na Avenida Presidente Kennedy, nº 4.285, bairro Aviação, no município de Praia
Grande, no estado de São Paulo, mantida pela Faculdade Play Ltda., com sede no mesmo
município e estado.

Brasília (DF), 6 de outubro de 2021.

Conselheiro Aristides Cimadon – Relator

Aristides Cimadon – 8739


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PROCESSO Nº: 23000.018739/2018-19

III – DECISÃO DA CÂMARA

A Câmara de Educação Superior aprova, por unanimidade, o voto do Relator.


Sala das Sessões, em 6 de outubro de 2021.

Conselheiro Joaquim José Soares Neto – Presidente

Conselheira Marilia Ancona Lopez – Vice-Presidente

Aristides Cimadon – 8739


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