Você está na página 1de 5

Centro Universitário Jorge Amado AVA2

Discente: Lorena da Silva Mariano (2180114970)


Disciplina: Direito do Terceiro Setor

Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil - MROSC

A Lei Federal n. 13.019/2014 ficou conhecida como Marco Regulatório


das Organizações da Sociedade Civil - MROSC, e foi regulamentada pelo
Decreto Federal nº 8.726/2016, onde trouxe algumas inovações à referida Lei.
Com o advento da Lei n. 13.019/2014 trouxe novas regras no tocante à
celebração de novas modalidades de parcerias, entre o Poder Público e as
Organizações da Sociedade Civil ou conhecida como OSC. Em se tratando
sobre o conceito do MROSC, o ENAP (2019) confirma que, “é também o nome
dado à agenda de compromissos que a elaborou e que se constituiu como uma
agenda política mais ampla, que se estende a um conjunto de estratégias para
o aperfeiçoamento do ambiente jurídico e institucional relacionado às
organizações da sociedade civil e suas relações de parceria com o Estado.” A
principal motivação para o novo regime da lei das parcerias assenta no fato da
prevalência, influência e riqueza das OSCs na implementação de políticas
públicas, as quais precisam ser acompanhadas por um quadro normativo que
reconheça e valorize as OSCs para organizar trabalhos sobre os desafios da
democracia no Brasil.
Com a descentralização da gestão dos serviços públicos nos anos 90,
foi registrado a expansão de parcerias entre o poder público e o terceiro setor.
Com isso, foi promulgada as duas leis relevantes aos novos regulamentos do
estatuto da publicização, a Lei n. 9.637 promulgada em 15 de maio de 1998,
que institui o Programa Nacional de Publicidade e estabelece a personalidade
jurídica das Organizações Sociais (OS), esta Lei está sob a observância da
União, porém, os Estados, Distrito Federal e Municípios podem editar seus
próprios diplomas com vistas para a ampliação da descentralização de suas
atividades, conforme aponta Mello (2017) que, “a Lei 9.637/98 disciplinou a
transferência da gestão de serviços públicos para entidades privadas, sem fins
lucrativos, que tenham como objetivo institucional a atuação em áreas sociais,
nas quais o Estado e o setor privado agem de forma concorrente, tais como no
ensino, na pesquisa científica, no desenvolvimento tecnológico, na proteção e
preservação do meio ambiente, na cultura e na saúde.”. Enquanto a Lei n.
9.790, foi promulgada em 23 de março de 1999, que criou a Sociedade Civil de
Interesse Público Organização (OSCIP), dispõe sobre a qualificação das
organizações privadas sem fins lucrativos e firmou o termo de parceria.
O marco inicial dessa agenda ocorreu em 2010, que desenvolveu a
“Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da
Sociedade Civil”, onde os membros representavam as diferentes organizações,
coletivos, redes e movimentos sociais. A respeito desses grupos heterogêneo,
Medeiros e Machado (2017) aponta que:
[...] a heterogeneidade da sociedade civil brasileira, com a
ampla variedade de formatos, tamanhos, alcances, idades e
propósitos de suas organizações, sempre foi um desafio
considerável à construção de um marco regulatório único a
gerir as formas de contratualização das OSCs com os órgãos
públicos.

Logo, os apelos por um novo marco legal para o setor se intensificam


com o contexto impreciso das diferentes ordens e o desejo de segurança
jurídica. No ano de 2011 foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI),
onde o Manual MROSC do Distrito Federal (2018), afirma que a finalidade do
GTI é de “avaliar, rever e propor aperfeiçoamento da legislação federal
pertinente às parcerias das OSCs com o poder público.”, este grupo era
composto por representantes dos entes do governo federal e da sociedade
civil.
O principal avanço da Lei n. 13.019/2014 foi a criação de um regime
jurídico próprio para reger as parcerias entre o Estado e as Organizações da
Sociedade Civil. Antes da Lei n. 13.019/2014, eram frequentes os casos de
criminalização das organizações e dos movimentos sociais, e por isso, se
tornou uma urgência o estabelecimento de normas claras para que pudesse se
tornar reconhecido essas especificidades das entidades privadas que não
possuem fins lucrativos, como também, antes do MROSC, era claro a
multiplicidade dos instrumentos, ausência de regulamentação do convênio
numa relação entre os Estados e OSC, já que havia uma multiplicidade de
instrumentos que eram comuns as alterações nas normas, pois, como havia
uma falta de clareza gerava entendimentos diferentes, e era a LDO que fixava
essas regras de parcerias. Com a mudança vinda após a Lei n. 13.019/2014,
conseguiu-se ampliar o atendimento para as mais diversas OSC, as normas se
tornaram claras e de fácil entendimento, e estabeleceu as novas formas de
contratualização por meios de instrumentos jurídicos, como uma nova forma de
regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as OSC.
Esses novos instrumentos jurídicos de contratualização por meio da
parceria podem acontecer na forma de termos de colaboração, termos de
fomento, e/ou em acordo de cooperação, conforme aponta no art. 2º da Lei n.
13.019/2014. O termo de colaboração é objeto da parceria de iniciativa da
administração pública e possui a função administrativa para atuar em
colaboração com a Organização da Sociedade Civil para executar as políticas
públicas em diversas áreas. Normalmente, o plano de trabalho do termo de
colaboração utiliza e destina as políticas públicas para a manutenção de
equipamentos de assistência social, como por exemplo o Sistema Único de
Assistência Social (SUAS), sendo assim, atua em casos que a política pública
já possui parâmetros consolidados. Enquanto o termo de fomento é o objeto da
parceria de iniciativa da Organização da Sociedade Civil e possui a função
administrativa de incentivar e reconhecer as ações de interesse público
desenvolvida pelas OSCs, como por exemplo, pode fomentar os projetos de
enfrentamento à violência contra a mulher. O plano de trabalho do termo de
colaboração dispõe de mínimos parâmetros ofertados pela administração
pública para que as OSC completemente sobre a atuação do Estado no que
confere as ações da sociedade civil. Já o plano de trabalho do termo de
fomento se predispõe na propositura dos termos de livre iniciativa pelas
Organizações da Sociedade Civil, que apresentam ideias para serem
desenvolvidas pautadas nas suas próprias características trazendo inovação e
criatividade. A Lei 13.019 estabeleceu um par de condições para as
organizações que operam sob sua alçada. As Organizações da Sociedade Civil
(OSCs) têm a oportunidade de formar parcerias, mas devem aderir a
determinados padrões e medidas de conformidade, ou seja, as condições que
as OSCs devem se ater para firmar parcerias com o Poder Público estão
ligadas ao cumprimento de normas internas especiais, bem como, o
estabelecimento de regras de capacidade subjetiva.
Em suma, enquanto os termos são indicados na presunção da
existência da presença de recursos financeiros, o acordo é o instrumento
utilizado quando na parceria não envolvem o recurso financeiro, portanto, em
regra geral quando se tratar de acordo de cooperação, não haverá realização
de chamamento público, exceto nos casos de doação de bens, comodato ou
que seja outro meio de recurso patrimonial compartilhado.
No que há em se falar sobre os termos, em regra, ocorre a realização do
chamamento público, qual seja o procedimento destinado a selecionar a OSC
para que possa celebrar parceria com a administração pública. O objetivo do
chamamento público é garantir a isonomia da competição entre as mais
diversas Organizações da Sociedade Civil, onde essas OSCs buscam por
recursos públicos e busca garantir a escolha da melhor proposta. O
chamamento público é o processo de escolha da Organização da Sociedade
Civil responsável pela execução do projeto ou atividade. Cada organização
proporá um projeto ou atividade através de um plano de trabalho Sociedade
civil, na forma divulgada pelo edital. Em regra, este procedimento deve ser
adotado, ou quando uma proposta Planos de trabalho da OSC, implementação
Projetos ou atividades específicas, ou iniciativas vêm do próprio governo.
Em síntese, conforme estabelece no art. 5º e 6º da Lei 13.019/2014, ela
trouxe novos princípios e diretrizes que priorizam o papel das OSCs e a
participação social, além de fortalecer o Estado e a gestão pública democrática.
Ao fazê-lo, estabeleceu novos critérios para a legitimidade das ações
administrativas.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Congresso Nacional. LEI n. 13.019, de 30 de julho de 2014. Brasília, 31 de


julho de 2014, ano 2014. Disponível
em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13019.htm. Acesso
em: 4 mai. 2023.

Escola Nacional de Administração Pública, Brasília, 2019. 52 p. Marco Regulatório das


Organizações da Sociedade Civil. Disponível em:
https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3845/1/MROSC%20-%20MARCO
%20REGULAT%C3%93RIO%20DAS%20ORGANIZA%C3%87%C3%95ES%20DA
%20SOCIEDADE%20CIVIL.pdf. Acesso em: 3 mai. 2023.

GESTÃO DE PARCERIAS DO MARCO REGULATÓRIO DAS ORGANIZAÇÕES DA


SOCIEDADE CIVIL: Lei Nacional nº 13.019/2014 e Decreto Distrital nº
37.843/2016. Governo do Distrito Federal. Brasília - DF, 2018. 203 p. Disponível
em: https://www.casacivil.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/11/Manual-MROSC-DF-
FINAL.pdf. Acesso em: 4 mai. 2023.
MEDEIROS, R. S.; MACHADO, N. F. O novo marco regulatório das organizações da
sociedade civil e uma nova agenda de pesquisa sobre as relações entre os órgãos de
controle, as organizações da sociedade civil e os gestores públicos. In: Revista de
Ciências Sociais, n. 46, jan./jun. 2017, p. 23-47. Disponível em:
https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/politicaetrabalho/article/view/32616/19351.
Acesso em: 4 mai. 2023.

Você também pode gostar