Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil - MROSC
A Lei Federal n. 13.019/2014 ficou conhecida como Marco Regulatório
das Organizações da Sociedade Civil - MROSC, e foi regulamentada pelo Decreto Federal nº 8.726/2016, onde trouxe algumas inovações à referida Lei. Com o advento da Lei n. 13.019/2014 trouxe novas regras no tocante à celebração de novas modalidades de parcerias, entre o Poder Público e as Organizações da Sociedade Civil ou conhecida como OSC. Em se tratando sobre o conceito do MROSC, o ENAP (2019) confirma que, “é também o nome dado à agenda de compromissos que a elaborou e que se constituiu como uma agenda política mais ampla, que se estende a um conjunto de estratégias para o aperfeiçoamento do ambiente jurídico e institucional relacionado às organizações da sociedade civil e suas relações de parceria com o Estado.” A principal motivação para o novo regime da lei das parcerias assenta no fato da prevalência, influência e riqueza das OSCs na implementação de políticas públicas, as quais precisam ser acompanhadas por um quadro normativo que reconheça e valorize as OSCs para organizar trabalhos sobre os desafios da democracia no Brasil. Com a descentralização da gestão dos serviços públicos nos anos 90, foi registrado a expansão de parcerias entre o poder público e o terceiro setor. Com isso, foi promulgada as duas leis relevantes aos novos regulamentos do estatuto da publicização, a Lei n. 9.637 promulgada em 15 de maio de 1998, que institui o Programa Nacional de Publicidade e estabelece a personalidade jurídica das Organizações Sociais (OS), esta Lei está sob a observância da União, porém, os Estados, Distrito Federal e Municípios podem editar seus próprios diplomas com vistas para a ampliação da descentralização de suas atividades, conforme aponta Mello (2017) que, “a Lei 9.637/98 disciplinou a transferência da gestão de serviços públicos para entidades privadas, sem fins lucrativos, que tenham como objetivo institucional a atuação em áreas sociais, nas quais o Estado e o setor privado agem de forma concorrente, tais como no ensino, na pesquisa científica, no desenvolvimento tecnológico, na proteção e preservação do meio ambiente, na cultura e na saúde.”. Enquanto a Lei n. 9.790, foi promulgada em 23 de março de 1999, que criou a Sociedade Civil de Interesse Público Organização (OSCIP), dispõe sobre a qualificação das organizações privadas sem fins lucrativos e firmou o termo de parceria. O marco inicial dessa agenda ocorreu em 2010, que desenvolveu a “Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil”, onde os membros representavam as diferentes organizações, coletivos, redes e movimentos sociais. A respeito desses grupos heterogêneo, Medeiros e Machado (2017) aponta que: [...] a heterogeneidade da sociedade civil brasileira, com a ampla variedade de formatos, tamanhos, alcances, idades e propósitos de suas organizações, sempre foi um desafio considerável à construção de um marco regulatório único a gerir as formas de contratualização das OSCs com os órgãos públicos.
Logo, os apelos por um novo marco legal para o setor se intensificam
com o contexto impreciso das diferentes ordens e o desejo de segurança jurídica. No ano de 2011 foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), onde o Manual MROSC do Distrito Federal (2018), afirma que a finalidade do GTI é de “avaliar, rever e propor aperfeiçoamento da legislação federal pertinente às parcerias das OSCs com o poder público.”, este grupo era composto por representantes dos entes do governo federal e da sociedade civil. O principal avanço da Lei n. 13.019/2014 foi a criação de um regime jurídico próprio para reger as parcerias entre o Estado e as Organizações da Sociedade Civil. Antes da Lei n. 13.019/2014, eram frequentes os casos de criminalização das organizações e dos movimentos sociais, e por isso, se tornou uma urgência o estabelecimento de normas claras para que pudesse se tornar reconhecido essas especificidades das entidades privadas que não possuem fins lucrativos, como também, antes do MROSC, era claro a multiplicidade dos instrumentos, ausência de regulamentação do convênio numa relação entre os Estados e OSC, já que havia uma multiplicidade de instrumentos que eram comuns as alterações nas normas, pois, como havia uma falta de clareza gerava entendimentos diferentes, e era a LDO que fixava essas regras de parcerias. Com a mudança vinda após a Lei n. 13.019/2014, conseguiu-se ampliar o atendimento para as mais diversas OSC, as normas se tornaram claras e de fácil entendimento, e estabeleceu as novas formas de contratualização por meios de instrumentos jurídicos, como uma nova forma de regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as OSC. Esses novos instrumentos jurídicos de contratualização por meio da parceria podem acontecer na forma de termos de colaboração, termos de fomento, e/ou em acordo de cooperação, conforme aponta no art. 2º da Lei n. 13.019/2014. O termo de colaboração é objeto da parceria de iniciativa da administração pública e possui a função administrativa para atuar em colaboração com a Organização da Sociedade Civil para executar as políticas públicas em diversas áreas. Normalmente, o plano de trabalho do termo de colaboração utiliza e destina as políticas públicas para a manutenção de equipamentos de assistência social, como por exemplo o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), sendo assim, atua em casos que a política pública já possui parâmetros consolidados. Enquanto o termo de fomento é o objeto da parceria de iniciativa da Organização da Sociedade Civil e possui a função administrativa de incentivar e reconhecer as ações de interesse público desenvolvida pelas OSCs, como por exemplo, pode fomentar os projetos de enfrentamento à violência contra a mulher. O plano de trabalho do termo de colaboração dispõe de mínimos parâmetros ofertados pela administração pública para que as OSC completemente sobre a atuação do Estado no que confere as ações da sociedade civil. Já o plano de trabalho do termo de fomento se predispõe na propositura dos termos de livre iniciativa pelas Organizações da Sociedade Civil, que apresentam ideias para serem desenvolvidas pautadas nas suas próprias características trazendo inovação e criatividade. A Lei 13.019 estabeleceu um par de condições para as organizações que operam sob sua alçada. As Organizações da Sociedade Civil (OSCs) têm a oportunidade de formar parcerias, mas devem aderir a determinados padrões e medidas de conformidade, ou seja, as condições que as OSCs devem se ater para firmar parcerias com o Poder Público estão ligadas ao cumprimento de normas internas especiais, bem como, o estabelecimento de regras de capacidade subjetiva. Em suma, enquanto os termos são indicados na presunção da existência da presença de recursos financeiros, o acordo é o instrumento utilizado quando na parceria não envolvem o recurso financeiro, portanto, em regra geral quando se tratar de acordo de cooperação, não haverá realização de chamamento público, exceto nos casos de doação de bens, comodato ou que seja outro meio de recurso patrimonial compartilhado. No que há em se falar sobre os termos, em regra, ocorre a realização do chamamento público, qual seja o procedimento destinado a selecionar a OSC para que possa celebrar parceria com a administração pública. O objetivo do chamamento público é garantir a isonomia da competição entre as mais diversas Organizações da Sociedade Civil, onde essas OSCs buscam por recursos públicos e busca garantir a escolha da melhor proposta. O chamamento público é o processo de escolha da Organização da Sociedade Civil responsável pela execução do projeto ou atividade. Cada organização proporá um projeto ou atividade através de um plano de trabalho Sociedade civil, na forma divulgada pelo edital. Em regra, este procedimento deve ser adotado, ou quando uma proposta Planos de trabalho da OSC, implementação Projetos ou atividades específicas, ou iniciativas vêm do próprio governo. Em síntese, conforme estabelece no art. 5º e 6º da Lei 13.019/2014, ela trouxe novos princípios e diretrizes que priorizam o papel das OSCs e a participação social, além de fortalecer o Estado e a gestão pública democrática. Ao fazê-lo, estabeleceu novos critérios para a legitimidade das ações administrativas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Congresso Nacional. LEI n. 13.019, de 30 de julho de 2014. Brasília, 31 de
julho de 2014, ano 2014. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13019.htm. Acesso em: 4 mai. 2023.
Escola Nacional de Administração Pública, Brasília, 2019. 52 p. Marco Regulatório das
GESTÃO DE PARCERIAS DO MARCO REGULATÓRIO DAS ORGANIZAÇÕES DA
SOCIEDADE CIVIL: Lei Nacional nº 13.019/2014 e Decreto Distrital nº 37.843/2016. Governo do Distrito Federal. Brasília - DF, 2018. 203 p. Disponível em: https://www.casacivil.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/11/Manual-MROSC-DF- FINAL.pdf. Acesso em: 4 mai. 2023. MEDEIROS, R. S.; MACHADO, N. F. O novo marco regulatório das organizações da sociedade civil e uma nova agenda de pesquisa sobre as relações entre os órgãos de controle, as organizações da sociedade civil e os gestores públicos. In: Revista de Ciências Sociais, n. 46, jan./jun. 2017, p. 23-47. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/politicaetrabalho/article/view/32616/19351. Acesso em: 4 mai. 2023.
As OSCIP (Organizações Da Sociedade Civil de Interesse Público) e A Administração Pública: Intermediação Fraudulenta de Mão-de-Obra Sob Uma Nova Roupagem Jurídica
ARTIGO - Parcerias Do Estado Com o Terc Eiro Setor - Impacto Da Lei N. 13019.14 Sob o Enfoque Da Insegurança Jurídica e Instabilidade Das Relações - GJO