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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO JOSÉ


POLÍTICAS PÚBLICAS DO TERCEIRO SETOR

ALINE VENÂNCIO
ANA LUIZA COUTO PEREIRA
BEATRIZ DE SANTANA BERNANDO
BEATRIZ SILVA DE ALMEIDA
BRENDA JANAÍNA LUVIZOTTO DA MATA PEREIRA
CRISTIANE XAVIER SILVA
DAYANE THAIS BERNARDO RODRIGUES DA COSTA
FERNANDO SALUSTINO DA SILVA
GABRIELA KISTENMACKER POLICARPO
HUGO BRAGA DA LUZ
NAYARA BARROSO FERREIRA VEIGA
RAISSA CHALES DE ARAÚJO
VICTORIA VERNECK DE GOUVEA ARAUJO
WAGNER MERCES DA SILVA BARBOSA JUNIOR

TÍTULO DO TRABALHO
Conexões e Transformações: Revisitando a Lei
das OSCIPs e seu Impacto no Terceiro Setor
Brasileiro

Rio de Janeiro
2023
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SUMÁRIO

 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
 OBJETIVOS DA POLÍTICA PÚBLICA ................................................................... 3
 IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA ......................................................................... 4
 IMPACTOS POSITIVOS ......................................................................................... 4
 DESAFIOS E LIMITAÇÕES ................................................................................... 5
 RECOMENDAÇÕES DE AJUSTES ....................................................................... 6
 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 6
 REFERÊNCIA ......................................................................................................... 7
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 INTRODUÇÃO

Políticas Públicas, conforme definição de Dye (1972), podem ser compreendidas


como o que o governo escolhe fazer ou não fazer diante de um conjunto de demandas
e problemas sociais. Em um cenário de crescente necessidade de interação entre os
setores público e privado, o Terceiro Setor emerge como um elo fundamental no
atendimento a diversas necessidades sociais (SALAMON, 1994). Em resposta a essa
conjuntura, o Brasil instituiu a Lei nº 9.790/1999, mais conhecida como Lei das
OSCIPs.
Esta legislação visa estabelecer critérios para organizações da sociedade civil
interessadas em se qualificar como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIPs), facilitando parcerias e convênios com o governo. Em um país de
dimensões continentais como o Brasil, onde a heterogeneidade das demandas sociais
é marcante, tal política pública se mostra vital. Através dela, organizações sem fins
lucrativos ganham não apenas reconhecimento, mas também um marco regulatório
que define direitos, deveres e mecanismos de transparência (FERNANDES, 1994).
A relevância da Lei das OSCIPs para o Terceiro Setor e as comunidades
atendidas reside em sua capacidade de criar um ambiente propício para que
organizações sem fins lucrativos possam atuar de maneira mais eficiente e
transparente, alavancando seus recursos e competências para responder às
demandas da sociedade em colaboração com o Estado.

 OBJETIVOS DA POLÍTICA PÚBLICA

A Lei nº 9.790/1999, mais amplamente reconhecida como Lei das OSCIPs,


surgiu em um contexto brasileiro marcado pela necessidade de uma relação mais
fluida entre o Estado e as organizações do Terceiro Setor. Um dos desígnios
primordiais dessa legislação foi promover uma maior integração entre o Estado e as
organizações sem fins lucrativos, com o intuito de fomentar parcerias que
viabilizassem uma atuação mais eficaz em áreas de interesse social. O engajamento
proporcionado por essas parcerias é crucial, uma vez que, segundo dados do IPEA
(2010), as organizações do Terceiro Setor no Brasil atendem a milhões de pessoas,
muitas vezes em áreas e segmentos que o Estado não consegue alcançar
adequadamente.
Além dessa integração, a lei também teve o propósito de estabelecer critérios
rigorosos de transparência e responsabilidade para essas entidades. Estes critérios
são essenciais, dado que, conforme estudo de Leat (2007), práticas transparentes e
relações de confiança são fundamentais para que organizações sem fins lucrativos
consigam atrair financiamento, parcerias e, acima de tudo, garantir a eficácia de suas
ações junto às comunidades beneficiadas.
Desta forma, a Lei das OSCIPs não apenas beneficiou as organizações,
proporcionando um marco regulatório mais claro e facilitando parcerias, mas também
se mostrou de suma importância para as comunidades envolvidas, que passaram a
contar com serviços e ações mais estruturados e transparentes por parte do Terceiro
Setor.
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 IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA

A implementação da Lei nº 9.790/1999, conhecida como Lei das OSCIPs,


começou com uma fase intensa de planejamento. Antecedendo a aprovação da lei,
houve um extenso trabalho de pesquisa e consulta que envolveu organizações da
sociedade civil, a academia e setores governamentais. Este processo de consultação
garantia que a política refletisse as necessidades reais e os desafios enfrentados pelo
Terceiro Setor (LANDIM, 1997).
Com a lei promulgada, os órgãos responsáveis pela sua execução,
principalmente o Ministério da Justiça, por meio do Departamento de Justiça,
Classificação, Títulos e Qualificação, tinham a incumbência de estabelecer os critérios
de certificação para as organizações que desejassem se tornar OSCIPs. Ao mesmo
tempo, outros ministérios e órgãos federais foram orientados a adaptar seus
mecanismos de parceria e financiamento para se alinhar aos novos parâmetros
estabelecidos pela lei (BRASIL, 1999).
Os recursos para a implementação dessa política não se restringiram apenas a
aspectos financeiros, mas também à formação e capacitação de pessoal. Foram
desenvolvidas oficinas, seminários e cursos para que os servidores públicos e líderes
das OSCs pudessem entender os novos procedimentos e responsabilidades
estabelecidos (SILVA, 2005).
O monitoramento da política passou a ser uma etapa contínua e essencial. Para
isso, foram instituídas exigências regulares de prestação de contas por parte das
OSCIPs, garantindo que estivessem em conformidade com os requisitos da
legislação. Além disso, o Ministério da Justiça passou a realizar auditorias e inspeções
periódicas para certificar que as organizações mantinham sua adesão aos padrões e
compromissos firmados (FALCONER, 1999).
Em resumo, a implementação da Lei das OSCIPs envolveu uma combinação de
planejamento meticuloso, coordenação interagencial, alocação de recursos e
mecanismos robustos de monitoramento, garantindo que a política pública alcançasse
seu objetivo de fortalecer o Terceiro Setor no Brasil.

 IMPACTOS POSITIVOS

A implementação da Lei nº 9.790/1999, conhecida como Lei das OSCIPs, trouxe


consigo uma série de impactos positivos para o Terceiro Setor e as comunidades
atendidas por estas organizações no Brasil. Dentre as contribuições mais notáveis,
destaca-se o aumento da transparência e da confiança nas relações entre o Terceiro
Setor e o governo. De acordo com o estudo de Falconer (1999), a legislação
proporcionou às organizações sem fins lucrativos critérios claros de transparência e
responsabilidade, facilitando a captação de recursos e garantindo maior confiabilidade
por parte dos financiadores e do público em geral.
Outro impacto relevante é a otimização das parcerias público-privadas. A lei
permitiu que organizações qualificadas como OSCIPs celebrassem Termos de
Parceria com o Poder Público, agilizando processos e permitindo uma execução de
projetos mais eficiente e focada nas necessidades das comunidades beneficiadas
(BRASIL, 1999).
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Além disso, conforme observado por Silva (2005), as OSCIPs passaram a ter
acesso a um leque mais amplo de fontes de financiamento, seja por meio de isenções
fiscais ou pela possibilidade de realizar acordos diretamente com órgãos
governamentais. Esse fato ampliou a capacidade de atuação destas entidades,
permitindo que desenvolvessem projetos de maior alcance e impacto nas
comunidades atendidas.
Em termos práticos, muitas organizações que obtiveram a qualificação como
OSCIP puderam expandir seus programas, a exemplo de projetos de educação para
jovens em situação de vulnerabilidade ou programas de geração de renda para
famílias de baixa renda. Estas ações geraram impactos diretos na melhoria da
qualidade de vida e na promoção da inclusão social em diversas regiões do país.
Em conclusão, a Lei das OSCIPs se mostrou fundamental para reforçar a
importância e o papel do Terceiro Setor no Brasil, promovendo uma série de
benefícios tanto para as organizações quanto para as comunidades por elas
assistidas.

 DESAFIOS E LIMITAÇÕES

Embora a Lei nº 9.790/1999, também conhecida como Lei das OSCIPs, tenha
trazido diversos avanços para o Terceiro Setor, é inegável que a sua implementação
e execução enfrentaram (e ainda enfrentam) certos desafios e limitações.
Um dos principais desafios é a burocracia inerente ao processo de certificação
como OSCIP. Apesar de a intenção da lei ser de facilitar e agilizar a relação entre
organizações sem fins lucrativos e o governo, muitas entidades relatam uma série de
entraves burocráticos que tornam a obtenção do título de OSCIP um processo moroso
(LANDIM, 1997). Essa demora pode postergar o início de projetos e programas
essenciais para a comunidade.
A questão financeira também se apresenta como uma barreira significativa.
Embora a qualificação como OSCIP abra portas para fontes de financiamento, o
acesso a recursos públicos não é garantido. Isso porque os orçamentos destinados a
parcerias com o Terceiro Setor, em muitos casos, são limitados, levando a uma
competição acirrada entre as organizações por tais fundos (FALCONER, 1999).
Outro ponto a ser destacado é a resistência por parte de alguns setores da
sociedade e, até mesmo, de dentro da própria administração pública. Há quem
argumente que o modelo OSCIP pode abrir margem para falta de transparência ou
mau uso dos recursos públicos. Essa visão, mesmo que baseada em casos isolados,
pode prejudicar a imagem e a reputação de organizações sérias e comprometidas
com o bem social (SILVA, 2005).
Finalmente, o constante desafio da capacitação e formação é sempre presente.
Para que as OSCIPs sejam eficientes e atendam às demandas da legislação, é
essencial que seus gestores e colaboradores estejam constantemente atualizados e
capacitados. A falta de programas de treinamento adequados e acessíveis pode afetar
a eficácia e o impacto dessas organizações.
Em resumo, a Lei das OSCIPs, apesar de representar um avanço significativo
para a relação entre o Terceiro Setor e o governo, apresenta desafios e limitações que
necessitam de atenção e soluções contínuas para garantir que suas potencialidades
sejam plenamente realizadas.
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 RECOMENDAÇÕES DE AJUSTES

Em relação à Lei nº 9.790/1999 e sua implementação no contexto das OSCIPs,


torna-se imperativo reavaliar e propor mudanças que alavanquem o potencial do
Terceiro Setor no Brasil. Ao analisar os desafios enfrentados, algumas
recomendações claras emergem.
Inicialmente, percebe-se a necessidade de se atuar sobre o excesso de
burocracia associado ao processo de certificação. Como observado por LANDIM
(1997), o procedimento é muitas vezes moroso, o que pode desencorajar novas
organizações a buscar a certificação ou mesmo prejudicar aquelas que aguardam
renovação. Assim, a simplificação desse processo, juntamente com a promoção de
uma maior transparência nos critérios adotados, poderia não apenas acelerar as
certificações, mas também tornar o sistema mais acessível e compreensível para
todas as partes envolvidas.
Outra dimensão que merece atenção é o financiamento das OSCIPs. Enquanto
a certificação abre portas para possíveis fontes de financiamento, a realidade é que
muitas OSCIPs ainda enfrentam desafios em acessar fundos públicos, especialmente
em um contexto de orçamentos governamentais restritos (FALCONER, 1999). Uma
recomendação seria estabelecer um fundo específico para o Terceiro Setor, com
regras claras e transparentes de acesso, garantindo que as organizações possam
planejar suas atividades de forma mais eficaz.
A imagem e percepção das OSCIPs perante a sociedade e a administração
pública também são de suma importância. Embora a maioria destas entidades esteja
profundamente comprometida com causas sociais, casos isolados de má gestão ou
falta de transparência podem prejudicar o setor como um todo (SILVA, 2005).
Portanto, um fortalecimento dos mecanismos de controle, combinado com campanhas
de sensibilização sobre a relevância do Terceiro Setor, poderia não apenas melhorar
a imagem destas entidades, mas também promover uma maior confiança no sistema.
Por último, considerando a relevância da formação e capacitação para as
OSCIPs, é essencial que existam programas de treinamento acessíveis e adequados.
Estes programas podem ser patrocinados pelo governo ou em parceria com
instituições privadas, garantindo que os líderes e colaboradores do Terceiro Setor
estejam equipados com as habilidades e conhecimentos necessários para maximizar
o impacto de suas atividades.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste relatório, aprofundamos o entendimento acerca da Lei nº


9.790/1999 e seu impacto no Terceiro Setor, em especial no que tange às
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs). Em sua essência,
essa legislação reconhece a importância e valoriza o papel desempenhado por essas
entidades, que se posicionam como elos fundamentais entre o poder público e a
sociedade, atuando em diversas áreas, desde a educação até a saúde e o
desenvolvimento comunitário.
Constatou-se que, apesar de seus inúmeros méritos e avanços, a política ainda
enfrenta desafios que podem ser superados para otimizar seus impactos. A
burocracia, a dificuldade de financiamento e a necessidade de fortalecimento da
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imagem do Terceiro Setor são pontos que, se adequadamente abordados, podem


alavancar ainda mais a efetividade das OSCIPs.
As recomendações propostas, como a simplificação dos processos de
certificação, a criação de um fundo específico e programas de capacitação, não são
apenas mudanças pontuais, mas ajustes estratégicos que visam a garantir uma
atuação mais robusta e impactante do Terceiro Setor. Em última análise, o objetivo
principal não é apenas o fortalecimento dessas organizações, mas garantir que as
comunidades beneficiadas possam desfrutar de melhorias tangíveis em suas vidas.
Assim, ao olharmos para a frente, é imperativo que o diálogo entre as partes
interessadas se intensifique. O governo, as OSCIPs e a sociedade civil têm um papel
coletivo a desempenhar na revisão e reformulação desta política. Afinal, ao
reforçarmos as bases que sustentam o Terceiro Setor, estaremos não apenas
potencializando essas organizações, mas contribuindo para a construção de uma
sociedade mais justa, inclusiva e sustentável.

 REFERÊNCIA

DYE, T. R. Understanding Public Policy. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1972.

SALAMON, L. M. The rise of the nonprofit sector. Foreign Affairs, 73(4), 109-122,
1994.

FERNANDES, R. C. Privado, porém público: o terceiro setor na América Latina. Rio


de Janeiro: Relume Dumará, 1994.

BRASIL. Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999. Diário Oficial [da] República


Federativa do Brasil, Brasília, DF, 24 mar. 1999.

IPEA. As fundações privadas e associações sem fins lucrativos no Brasil 2010.


Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2010.

LEAT, Diana. Just change: strategies for increasing philanthropic impact. A&C Black,
2007.

FALCONER, Andréa Paula. A experiência das OSCIPs no Brasil: desafios de um


novo modelo de engajamento cívico. GIFE, 1999.

SILVA, M. O. Terceiro Setor e parcerias na área social. São Paulo: FGV, 2005.

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