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Nas ações civis públicas ambientais nas quais se busca a condenação em razão de
degradação ambiental, é cabível a inversão do ônus da prova, em razão da aplicação do princípio da
precaução. Nesse sentido, é o teor da Súmula nº 618 do STJ, segundo a qual “A inversão do ônus da
prova aplica-se às ações de degradação ambiental”.
Na prática, isso significa que “O autor precisará provar apenas que existe um nexo de
causalidade provável entre a atividade exercida e a degradação ambiental. Sendo isso provado, fica
transferido para a concessionária o encargo (ônus) de provar que sua conduta não ensejou riscos ou
danos para o meio ambiente” (STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1311669/SC, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 03/12/2018). Ou seja, “Aquele que cria ou assume o risco de danos
ambientais tem o dever de reparar os danos causados e, em tal contexto, transfere-se a ele todo o
encargo de provar que sua conduta não foi lesiva” (STJ. 1ª Turma. REsp 1.049.822/RS, Rel. Min.
Francisco Falcão, julgado em 23/04/2009).
1 https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=399976
Natureza jurídica da ação de improbidade administrativa antes e depois da Lei nº
14.230/2021.
Entretanto, com o advento da Lei nº 14.230/2021, foi acrescentado o art. 17-D na Lei nº
8.249/92, que assim prevê “A ação por improbidade administrativa é repressiva, de caráter
sancionatório, destinada à aplicação de sanções de caráter pessoal previstas nesta Lei, e não
constitui ação civil, vedado seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas públicas e
para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos,
coletivos e individuais homogêneos”
Por outro lado, após as modificações introduzidas pela Lei nº 14.230/21, Fredie Didier Jr.
propôs então a reconstrução do sistema tradicional de categorias classificatórias, de modo a alocar a
ação de improbidade fora do conceito de processo coletivo.
Hermes Zaneti Jr., de seu turno, entende ainda ser possível o enquadrar a ação de
improbidade como espécie de ação coletiva, pois é destinada ao combate à corrupção, tutelando a
moralidade e probidade administrativa, direitos coletivos em sentido amplo3.
3 https://www.migalhas.com.br/coluna/elas-no-processo/361202/breves-anotacoes-processuais-sobre-a-lei-14-230-21
Caso concreto: Uma criança possui plagiocefalia posicional e necessita de uma órtese que foi
indicada pelo médico. Entretanto, este tratamento não se encontra no rol da ANS, tampouco
no contrato de adesão. Seria possível pleitear a concessão da mencionada órtese judicialmente,
caso haja a negativa do plano de saúde?
Isso porque, a Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/1998) confere à ANS a competência
legal para eleger cobertura mínima obrigatória como referência às operadoras (art. 10, § 4º).
Conforme voto do Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, “A higidez do sistema de saúde
suplementar depende da segurança jurídica, da boa-fé e de relevantes trocas de informação entre
todos os atores envolvidos no setor. A adoção de um rol exemplificativo sem estudos e adaptações
normativas que devem advir das funções legislativa e executiva do Estado pode causar disfunções
aptas a erodir a própria prestação do serviço assistencial”.
*** No caso específico, julgado em 2020, o TJSP destacou que “não obstante as alegações da ré de
que o tratamento não consta do rol de cobertura da ANS, no contrato celebrado não há qualquer
cláusula contratual de exclusão de cobertura para a doença que atingiu a menor apelada. E, sendo
inegável a submissão do ajuste às normas do Código de Defesa do Consumidor, as cláusulas
contratuais devem ser interpretadas de forma mais benéfica ao consumidor. Além disso, consta do
documento de fls. 26/29 o pedido do médico que assiste a autora menor para a utilização da órtese,
demonstrando a necessidade para melhora na vida da paciente, não podendo a empresa prestadora
de serviços de assistência médica interferir na indicação médica”. Além disso, o referido E. Tribunal
deu provimento à apelação da autora, para condenar o plano de saude em indenização por danos
morais (Apelação Cível nº 1042380-09.2019.8.26.0114) .