Você está na página 1de 2

LILIAN LOECHLE, MAURÍCIO TAVARES, RAFAEL TOYODA

QUESTÃO 1

Entendemos que, de maneira geral, as limitações dos meios de prova do PAT passam pela
proibição dos meios de provas obtidas de forma ilícitas.

Vale destacar que o art.16, IV, do Decreto 70.235/72 exige que perícias ou diligências sejam
devidamente justificadas.

Existem limitações no que se referem ao momento de apresentação das provas, tendo em vist
que, o momento oportuno é no ato da apresentação da impugnação, conforme art. 16, II e IV, §4º,
do Decreto 70.235/72.

No que se refere ao art.373, §1 e §2º, o referido artigo prevê a possibilidade de inversão do ônus
da prova quando for excessivamente difícil para uma das partes a produção de probatória. Nesse
sentido, essa mesma noção pode ser aplicada de forma subsidiaria ao PAT, ate mesmo porque o
próprio CPC/15, em seu art. 15, assim possibilita.

No que se refere à relação ente o contraditório e busca pela verdade no processo administrativo,
entendemos que este último é alcançado justamente através do exercício do contraditório, uma
vez que é o debate processual com base nas provas que constitui verdade que será o fundamento
da decisão do julgador. O princípio da busca pela verdade material é norte pelo qual o julgador
tem o dever de investigação com ampla liberdade para apurar os fatos, trazendo ao processo
dados e documentos para além do que foi apresentado pelas partes.

Contudo, na prática, ao decidir, o julgador consolida verdade em sentido formal originado através
do exercício do contraditório sobre as provas e alegações efetivamente apresentadas no processo,
que não necessariamente espelham com exatidão os acontecimentos no mundo concreto
(verdade material).

A meta é a verdade material, mas o produto é sempre uma verdade formal. Isso fica mais evidente
quando diante de prazos de recurso e impugnações, bem como a proibição de uso de provas
ilícitas. Ainda que o contribuinte tenha razão, se deixar de impugnar a autuação, será constituída
contra ele “verdade formal’ que o aponta como devedor do tributo.

QUESTAO 2

Entendemos que o art. 24, LINDB é perfeitamente aplicável ao PAT, tendo em vista que se trata de
norma válida, vigente e eficaz, no sentido de que deve prevalecer o entendimento jurisprudencial
vigente no momento do fato. A disposição do art. 24 não pode ser aplicada de forma retroativa
para rever alterações de entendimento anteriores à sua vigência, tendo em vista que apenas lei
tributaria interpretativa é que poderia retroagir.
Sobre o art. 28, também entendemos ser perfeitamente aplicável, uma vez que reforça a
responsabilidade do agente público que responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro, podendo tal fundamento ser utilizado como
fundamento para ação de reparação por danos contra o estado.

QUESTÃO 3
Entendemos que os tribunais administrativos exercem jurisdição, ainda que as decisões proferidas
no âmbito administrativo. No nosso entender, o conceito de jurisdição representa o poder estatal
de compor e solucionar conflitos de interesses, conceito mais amplo que não se confunde com a
coisa julgada.
Os tribunais administrativos, além de realizarem a atividade de composição de conflitos de
interesses entre Fisco e Contribuinte, por vezes possui a capacidade de formar decisões
definitivas, a exemplo das decisões administrativas favoráveis ao contribuinte em processos de
natureza fiscal. Por outro lado, é importante destacar também que até mesmo as decisões
transitadas em julgado no poder judiciário podem ser alvo de revisões judiciais em alguns casos.

Em relação ao questionamento se os tribunais administrativos podem ou não realizar afastamento


de aplicação de Lei sob a alegação de ilegalidade, entendo que tal atividade não é possível, tendo
em vista que o controle de constitucionalidade é privativo do Poder Judiciário.

Por fim, quanto ao questionamento a respeito de que decisão administrativa poderia inovar,
agravando ou majorando o lançamento em razão do julgamento da defesa apresentada pelo
contribuinte, entendemos que isso não se faz possível de acordo com o nosso ordenamento. Isso
porque o princípio da proibição da reformatio in pejus também rege o processo administrativo
tributário (a exemplo do art. 64 da Lei no. 9.784/1999).

Defendemos que a vinculação dos Tribunais Administrativos aos entendimentos dos tribunais
superiores, além de filtrar as demandas que chegam ao judiciário, atendem com melhor
assertividade ao princípio da segurança jurídica, na medida em que se evita entendimentos
dissonantes da administração pública que serão alvo de posterior revisão para adequação à
jurisprudência ou súmulas do STF e STJ. Isso incluiria matéria apreciada pelo STF em julgamento
de casos repetitivos.

Você também pode gostar