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1.

HISTÓRICO E CONCEITO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Está previsto no artigo 225 da Constituição Federal Brasileira que


“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações”1. Assim, para se dar efetividade a este direito, é incumbido
ao Poder Público “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade”2.
Desta forma, com a crescente conscientização da sociedade sobre os
possíveis impactos e danos ambientais causados pelo homem, “tornou-se cada
vez mais necessária a adoção de práticas adequadas de gerenciamento
ambiental em quaisquer atividades modificadoras do meio ambiente” 3. Os
primeiros instrumentos de avaliação de impactos ambientais ocorreram em
função de exigências feitas por órgãos financeiros internacionais, que
condicionaram a aprovação de empréstimos de financiamento de projetos
governamentais. 4
Neste contexto histórico e social, o governo brasileiro sancionou a Lei
nº 6.938 em 1981, estabelecendo a Política Nacional do Meio Ambiente e
criando o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Nesta lei, foram
abordados princípios e fundamentos para a eficaz proteção ambiental no país
e, “para proceder sua operacionalização foi instituído, dentre outros
instrumentos, o Licenciamento Ambiental”.5

Aplicado inicialmente às indústrias de transformação, o


licenciamento ambiental passou a abranger uma gama de
projetos de infraestrutura promovidos por empresas e
organismos governamentais, estendendo-se ainda às
indústrias extrativas e aos projetos de expansão urbana,

1
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
2
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
3
http://www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_arquivos/
pnc_caderno_licenciamento_ambiental_01_76.pdf p. 12
4
http://www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_arquivos/
pnc_caderno_licenciamento_ambiental_01_76.pdf p. 12
5
http://www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_arquivos/
pnc_caderno_licenciamento_ambiental_01_76.pdf p. 12
agropecuária e turismo, cuja implantação possa, efetiva ou
potencialmente, causar degradação ambiental.6

Segundo a Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997, o


Licenciamento Ambiental é um “procedimento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais”7. Essa primeira parte do conceito vê-se na prática quanto à divisão
fracionada da concessão do licenciamento por intermédio de três diferentes
espécies de Licença Ambiental, que tem sua definição no inciso II do artigo 1º
desta resolução:

Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão


ambiental competente, estabelece as condições, restrições e
medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas
pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar,
instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades
utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma,
possam causar degradação ambiental. 8

Assim, o licenciamento é concedido de forma paulatina, conforme o


decorrer do empreendimento ou da atividade e suas respectivas fases. Há,
primeiramente, uma licença prévia “na fase preliminar do planejamento de
atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de
localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais
ou federais de uso do solo” 9; concedida esta, fala-se em “Licença de Instalação
(LI), autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações
constantes do Projeto Executivo aprovado” 10
; e por último, a “Licença de
Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias, o início da
atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de
poluição, de acordo com o previsto nas Licenças Prévia e de Instalação.” 11
Essas atividades utilizadoras de recursos ambientais referidas pelo
dispositivo legal devem ainda ser “consideradas efetiva ou potencialmente

6
http://www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_arquivos/
pnc_caderno_licenciamento_ambiental_01_76.pdf p. 12
7
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html
8
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html
9
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=328
10
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=328
11
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=328
poluidoras”12 ou que, “sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental”13.

Reforçando ainda a Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei


nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as
sanções penais e administrativas lesivas ao meio ambiente, em
seu artigo 60, estabelece a obrigatoriedade do licenciamento
ambiental das atividades degradadoras da qualidade
ambiental, contendo, inclusive, as penalidades a serem
aplicadas ao infrator.14

Diante do exposto, vê-se que a Licença Ambiental é o ato resultante do


processo de licenciamento. Portanto, só se obtém uma licença ambiental após
o desenvolvimento válido e regular de uma sequência de atos administrativos
em contraditório que culminam num ato final que é a concessão ou denegação
do pedido de licença ambiental.15 Sendo que, “o licenciamento ambiental é, no
âmbito do Sisnama, o principal instrumento de controle ambiental de
empreendimentos e atividades potencialmente poluidores ou degradadores do
meio ambiente” 16.
Os Estudos de Impactos Ambientais, segundo Bolea (1984) são
“estudos realizados para identificar, prever e interpretar, assim como prevenir,
as consequências ou efeitos ambientais que determinadas ações, planos,
programas ou projetos podem causar à saúde, ao bem estar humano e ao
17
entorno” . A resolução do CONAMA nº 001/86 vinculou esse estudo ao
processo de licenciamento ambiental. “Estes estudos incluem alternativas à
ação ou projeto e pressupõem a participação do público, representando não
um instrumento de decisão em si, mas um instrumento de conhecimento a
serviço da decisão” 18.

12
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html
13
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html
14
http://www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_arquivos/
pnc_caderno_licenciamento_ambiental_01_76.pdf p.12
15
Prof. Dra. Maria Claudia da Silva Antunes de Souza
16
file:///C:/Users/Admin/Downloads/legislacao_licenciamento_boratto.pdf p.9
17
http://www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_arquivos/
pnc_caderno_licenciamento_ambiental_01_76.pdf p. 39
18
http://www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_arquivos/
pnc_caderno_licenciamento_ambiental_01_76.pdf p. 39
O EIA é um documento de natureza técnica, que tem como
finalidade avaliar os impactos ambientais gerados por
atividades e/ou empreendimentos potencialmente poluidores
ou que possam causar degradação ambiental. Deverá
contemplar a proposição de medidas mitigadoras e de controle
ambiental, garantindo assim o uso sustentável dos recursos
naturais.19

Vale ressaltar que o Estudo de Impacto Ambiental, juntamente com o


Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, constituem elementos da Avaliação de
Impacto Ambiental – AIA.20 E esta, por sua vez, está contida no processo de
licenciamento, o mais amplo dispositivo de proteção ambiental.

19
http://www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_arquivos/
pnc_caderno_licenciamento_ambiental_01_76.pdf p. 40
20
file:///C:/Users/Admin/Downloads/legislacao_licenciamento_boratto.pdf p.9

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