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DIREITO AMBIENTAL

PODER DE POLÍCIA E LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Por Fernanda Evlaine


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SUMÁRIO

1. PRINCIPAIS PONTOS SOBRE LICENCIAMENTO AMBIENTAL:.................................................................................3


2. DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO....................................................................................................14
3. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA...................................................................................................................................14
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ATUALIZADO EM 25/09/2022

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

1. PRINCIPAIS PONTOS SOBRE LICENCIAMENTO AMBIENTAL:

O licenciamento ambiental é o processo administrativo complexo que tramita perante a instância


administrativa responsável pela gestão ambiental, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, e que tem
como objetivo assegurar a qualidade de vida da população por meio de um controle prévio e de um
continuado acompanhamento das atividades humanas capazes de gerar impactos sobre o meio ambiente. O
conceito legal de licenciamento ambiental está cunhado pelo inciso I do art. 2° da Lei Complementar n.
140/2011, que o define como o:

O procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de


recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental.

O Art. 10, da Lei 6.938/81 prevê ainda que:

Art. 10.  A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades


utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental. 

1.1. DISTINÇÃO ENTRE LICENCIAMENTO E LICENÇA AMBIENTAL:


A licença ambiental é uma espécie de outorga com prazo de validade concedida pela Administração
Pública para a realização das atividades humanas que possam gerar impactos sobre o meio ambiente, desde
que sejam obedecidas determinadas regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental. O conceito
legal de licença ambiental está cunhado pelo inciso II do art. 1º da Resolução n. 237/97 do CONAMA 2, que a
define como:
Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e
medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para
localizar, insta lar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental.
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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A regulamentação genérica do licenciamento no Brasil é dada pela Resolução 237/97 do CONAMA. Ela é a mais
importante que tem, inclusive para fins de provas de concursos.
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Dessa forma, o licenciamento ambiental deve ser compreendido como o processo administrativo no
decorrer ou ao final do qual a licença ambiental poderá ou não ser concedida. Cada etapa deve terminar com a
concessão da licença correspondente, de maneira que as licenças ambientais servem para formalizar que até
aquela etapa o proponente da atividade cumpriu o que foi determinado pela legislação ambiental e pela
Administração Pública.
Ao falar em licença ambiental, referimo-nos ao ato final de cada etapa do licenciamento ambiental,
que é o ato de concessão do pedido feito ao Poder Público. Não se deve confundir o licenciamento com a
licença, já que aquele é o processo administrativo por meio do qual se verificam as condições de concessão
desta, e esta é o ato administrativo que concede o direito de exercer a atividade.
OBS: Com a vigência da Lei Complementar 140/11 passou-se a utilizar um conceito mais simples do
que é licenciamento ambiental. Os dois conceitos são válidos. A diferença é que o conceito da lei complementar
é mais simplificado.

*#OUSESABER: Certo ou Errado? Em licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto


ambiental, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do
Grupo de Proteção Integral (Art. 36 da Lei 9.985/2000). Porém, ainda não existe previsão de criação de um
fundo para destinação dos recursos dessa compensação ambiental.

ERRADO. A Mpv 809, de 01 de dezembro de 2017, incluiu um Art. 14-A na Lei 11.516/07 com o seguinte teor:
Fica o Instituto Chico Mendes autorizado a selecionar instituição financeira oficial, dispensada a licitação, para
criar e administrar fundo privado a ser integralizado com recursos oriundos da compensação ambiental de que
trata o art. 36 da Lei nº 9.985, de 2000, destinados às unidades de conservação instituídas pela União”. Dessa
forma, atualmente já existe um fundo com essa finalidade, sendo que a instituição financeira oficial selecionada
será responsável pela execução, direta ou indireta, e pela gestão centralizada dos recursos de compensação
ambiental destinados às unidades de conservação instituídas pela União.

*(Atualizado em 16/03/2022) A possibilidade de complementação da legislação federal para o atendimento


de interesse regional não permite que Estado-Membro simplifique o licenciamento ambiental para atividades
de lavra garimpeira.

É inconstitucional a legislação estadual que, flexibilizando exigência legal para o desenvolvimento de atividade
potencialmente poluidora, cria modalidade mais simplificada de licenciamento ambiental. É inconstitucional lei
estadual que regulamenta aspectos da atividade garimpeira, nomeadamente, ao estabelecer conceitos a ela
relacionados, delimitar áreas para seu exercício e autorizar o uso de azougue (mercúrio) em determinadas
condições. STF. Plenário. ADI 6672/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/9/2021 (Info 1029).
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*(Atualizado em 24/07/2022). É inconstitucional a concessão automática de licença ambiental no sistema
responsável pela integração (Redesim) para o funcionamento de empresas que exerçam atividades de risco
médio nos termos da classificação estabelecida em ato do Poder Público. O licenciamento ambiental dispõe de
base constitucional e não pode ser suprimido, ainda que de forma indireta, por lei. Também não pode ser
simplificado a ponto de ser esvaziado, salvo se a norma que o excepcionar apresentar outro instrumento apto a
assegurar a proteção ao meio ambiente com igual ou maior qualidade. Nesse contexto, a simplificação do
procedimento pelo argumento da desburocratização e desenvolvimento econômico, com controle apenas
posterior, configura retrocesso inconstitucional, pois afasta os princípios da prevenção e da precaução
ambiental. A automaticidade, por sua vez, contraria norma específica sobre o licenciamento ambiental, segundo
a qual as atividades econômicas potencial ou efetivamente causadoras de impacto ambiental estão sujeitas ao
controle estatal. Não possui fundamento constitucional válido a vedação da coleta adicional, pelos órgãos
competentes, de dados que não tenham sido disponibilizados na Redesim previamente ou no ato do protocolo
do pedido de licenciamento. STF. Plenário. ADI 6808/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/4/2022 (Info
1052).

1.1.1. Peculiaridades da Licença Ambiental:


Em regra, não existe apenas uma licença ambiental, mas três, de acordo com o art. 8º da Resolução
CONAMA 237/97. Constituindo assim um sistema trifásico.

Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:

I – Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou


atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os
requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;

II – Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com


as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;

III – Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a


verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle
ambiental e condicionantes determinados para a operação.

Parágrafo único – As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo
com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade.

A primeira delas é a licença prévia (LP) que aprova um projeto reconhecendo sua viabilidade
ambiental e sua localização.

É a primeira licença que será concedida pelo órgão ambiental ao empreendedor que, a partir daí,
deverá cumprir exigências para poder conseguir a próxima licença (condicionantes). A segunda modalidade é a
licença de instalação (LI). O seu conteúdo é liberar a implantação do empreendimento. Ele pode ser construído,
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sem que possa entrar em funcionamento. Encerrada a construção e cumpridas todas as condicionantes, o
empreendedor pedirá a licença de operação (LO).

A licença ambiental necessariamente possuirá prazo de validade, que irá variar conforme a
modalidade de licença, podendo ser prorrogada de acordo com fundamentação adequada.

A licença prévia tem prazo de validade de até cinco anos (#DESPENCAEMPROVA), não podendo ter
lapso de tempo inferior ao necessário para a elaboração dos programas técnicos, ao passo que a licença de
instalação não poderá ter validade superior a seis anos. Já os prazos da licença de operação variarão entre
quatro e dez anos, a critério do órgão ambiental, sendo que a sua renovação deverá ser requerida com a
antecedência mínima de 120 dias de seu vencimento, ficando automaticamente renovada até a manifestação do
ente licenciante.3

Outra característica dessas licenças ambientais é que tais concessões pressupõem a realização de um
estudo de impacto ambiental.

Por fim, enquanto a licença administrativa se incorpora ao patrimônio jurídico do outorgado, no


Direito Ambiental não é assim, pois mesmo no prazo de validade a licença ambiental pode ser SUSPENSA,
ALTERADA ou, nos casos mais graves e em que não haja alternativa, ela pode ser CANCELADA, na hipótese de
graves e supervenientes riscos ao meio ambiente e à saúde pública. Nesse sentido, dispõe o art. 19, inciso III, da
Resolução 237 do CONAMA:

Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os


condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando
ocorrer:
I – Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.
II – Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença.
III – Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

Deve-se relembrar, mais uma vez, a inexistência do direito adquirido a poluir, razão pela qual a licença
é considerada rebus sic stantibus. Vejamos as principais hipóteses de revisibilidade da licença ambiental:
Estabelece uma espécie de sustação ou de sobrestamento de atividade até que
ocorra a adequação à legislação ambiental ou às condicionantes ambientais
Suspensão impostas pelo órgão ambiental.
A Suspensão é hipótese de retirada temporária.
A Anulação, Cassação e Revogação são hipóteses de retirada definitiva.
Ocorre nos casos de omissão ou falsa descrição de informações relevantes que
Anulação servirem para fundamentar a expedição da licença. Assim, pode-se dizer que se
trata de irregularidade na concessão da licença, que desconsiderou os preceitos
legais.
Cassação Trata-se de irregularidade posterior à concessão da licença ambiental, em razão
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#DESPENCAEMPROVA
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do pelo descumprimento das condicionantes ou da legislação ambiental
Revogação Superveniência de graves riscos para o meio ambiente e para a saúde pública.

* #ENTENDIMENTODOTCU: Constituem irregularidades graves a contratação de obras com base em projeto


básico elaborado sem a licença prévia, o início de obras sem a devida licença de instalação e o início das
operações do empreendimento sem a licença de operação (art. 7º, § 2º, inciso I, e art. 12 da Lei 8.666/1993 c/c
art. 8º, incisos I, II e III, da Resolução Conama 237/1997). TCU - Acórdão 727/2016-Plenário. Relator: ANDRÉ DE
CARVALHO.

#APROFUNDAMENTO
Licença simplificada
Como vimos, a regra no licenciamento ambiental é que cada licença ambiental seja expedida ao final
de cada etapa do processo administrativo, visto que cada tipo de licença se propõe a finalidades específicas, ou
seja, primeiro é concedida a licença prévia, depois a licença de instalação e por fim a licença de operação.
Com relação às atividades de menor porte ou de menor potencial ofensivo, o órgão ambiental poderá
estabelecer um procedimento simplificado para essas atividades independentemente da fase em que se
encontrarem, tendo em vista o §2° do art. 12 da Resolução n. 237/97 do CONAMA prever que “Poderão ser
estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de
impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente”.

#RESUMO #COLANATESTA
É concedida na fase preliminar do projeto, estabelecendo a sua
Licença Prévia – LP viabilidade ambiental e os requisitos a serem atendidos nas próximas
fases.
Possui prazo de validade de até 05 (cinco) anos.
Licença de Instalação – LI Autoriza a instalação do empreendimento ou atividade.
Possui prazo de validade de até 06 (seis) anos.
Autoriza que o empreendimento ou atividade seja finalmente colocado
Licença de Operação – LO em prática.
Possui prazo de validade que varia entre 04 (quatro) e 10 (dez) anos.
Licença Simplificada Autoriza o funcionamento de atividades e empreendimentos de pequeno
potencial de impacto ambiental em uma única etapa.

#LINKSMENTAIS
Podemos resumir as principais características da licença ambiental em:
a) Diferentes modalidades;
b) Prazos de validade diferenciados;
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c) Atividades potencialmente poluidoras pressupõem prévio Estudo de Impacto Ambiental;
d) Não incorporam o patrimônio jurídico do outorgado.

1.2. OBJETIVO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL:


O licenciamento ambiental tem como objetivo efetuar o controle das atividades efetiva e
potencialmente poluidoras, através de um conjunto de procedimentos a serem determinados pelo órgão
ambiental competente, com o intuito de defender o equilíbrio do meio ambiente equilibrado e a qualidade de
vida da coletividade.
Essa busca pelo controle ambiental se manifesta através de uma série de exigências e de
procedimentos administrativos que o Poder Público impõe, visto que existem normas e padrões de qualidade
ambiental que devem ser obedecidos.

1.3. LICENCIAMENTO AMBIENTAL MÚLTIPLO:


Ele é vedado no Brasil. O licenciamento ambiental múltiplo é aquele licenciamento realizado por mais
de uma esfera de governo. Ocorre que o licenciamento deve ser federal, estadual ou municipal, não sendo
possível que dois entes se unam para fazê-lo. Esta proibição não existe de hoje, sendo prevista inicialmente no
art. 7º da Resolução CONAMA 237/87, declarada inconstitucional por ter extrapolado o seu poder
regulamentar. Atualmente, tal proibição permanece, pois agora consta do art. 13 da Lei Complementar 140/11:
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um
único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.
§ 1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela licença
ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.
§2º A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é autorizada pelo ente
federativo licenciador.
§3º Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros serviços afins devem guardar
relação de proporcionalidade com o custo e a complexidade do serviço prestado pelo ente federativo.

1.4. ART. 14 DA LC 140/11:


Atenção às disposições do art. 14, e cuidado para não confundir o disposto no §3º, com a renovação
tácita do licenciamento (§4º), que será estudada no próximo tópico.

Art. 14.  Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos para tramitação dos
processos de licenciamento. 

§ 1o  As exigências de complementação oriundas da análise do empreendimento ou atividade devem


ser comunicadas pela autoridade licenciadora de uma única vez ao empreendedor, ressalvadas aquelas
decorrentes de fatos novos. 
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§ 2o  As exigências de complementação de informações, documentos ou estudos feitas pela autoridade
licenciadora suspendem o prazo de aprovação, que continua a fluir após o seu atendimento integral pelo
empreendedor. 

§ 3o  O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, não implica emissão
tácita nem autoriza a prática de ato que dela dependa ou decorra, mas instaura a competência supletiva
referida no art. 15. 

1.5. RENOVAÇÃO DO LICENCIAMENTO:


A Lei Complementar 140/11 dispõe sobre a renovação do licenciamento em seu art. 14, determinando
que ele deve ser solicitado até cento e vinte dias ANTES do vencimento. Sendo solicitado, se o órgão
responsável não se manifestar, operar-se-á a renovação tácita da licença até manifestação em contrário. Assim,
a renovação tácita ocorre quando o órgão ambiental não se manifesta no prazo sobre o requerimento de
renovação de licença.

Art. 14, § 4o  A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de 120
(cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este
automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente. 

1.6. AÇÃO SUPLETIVA DOS ENTES FEDERATIVOS:


Supletiva aqui, diz respeito à substituição. Esta atuação, na prática do licenciamento, ocorre nos casos
em que, por exemplo, determinado empreendimento deve ser licenciado pelo órgão municipal que por sua vez
não conta com estrutura ou, havendo órgão, não detém capacidade técnica para realizá-lo. Em tal caso, o
empreendimento não poderá ficar sem licenciamento. Por conta disso, o órgão estadual atuará supletivamente,
substituindo-o. Caso o próprio órgão estadual também não possa realizar a tarefa, o IBAMA assumirá
supletivamente. Isso consta do art. 15 da Lei Complementar 140/11:

Art. 15.  Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas de
licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses: 

I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito


Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação; 

II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o Estado deve
desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e 

III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no Município, a
União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos.

Determinado ente político, como apontado acima, só pode licenciar se tiver um órgão capacitado e um
conselho do meio ambiente. Apesar de afirmar-se que ambos são necessários, a lei, em todos os incisos
menciona a presença de um ou outro.

1.7. AÇÃO SUBSIDIÁRIA DOS ENTES FEDERATIVOS:


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Atuação administrativa supletiva não deve ser confundida com a ação administrativa subsidiária. Em
muitos casos os termos supletivo e subsidiário podem ser utilizados como sinônimos, mas não nessa situação. A
FCC e a VUNESP já exploraram isso diversas vezes em suas provas.
A Ação Administrativa Subsidiária vem de subsídios, quando uma entidade política colabora com a
outra, com informações, apoio logístico ou com recursos. A ação administrativa subsidiária tem que ser
solicitada e está prevista no art. 16 da LC 140/2011:

Art. 16.  A ação administrativa subsidiária dos entes federativos dar-se-á por meio de apoio técnico,
científico, administrativo ou financeiro, sem prejuízo de outras formas de cooperação. 

Parágrafo único.  A ação subsidiária deve ser solicitada pelo ente originariamente detentor da
atribuição nos termos desta Lei Complementar. 

#RESUMO

A ação supletiva é automática, não precisa ser solicitada.


Ocorre quando o ente detentor da competência de
licenciamento não conta com os requisitos estabelecidos em
Atuação Supletiva Lei.
Ação supletiva pode ser entendida como sinônimo de
SUBSTITUIÇÃO.
Necessita ser solicitada pelo ente originariamente detentor da
atribuição do licenciamento.
Ação Administrativa Subsidiária Não possui requisitos como ausência de órgão capacitado,
como na atuação supletiva.
A palavra chave aqui é APOIO e COOPERAÇÃO.

1.8. REGRAS DE COMPETÊNCIA PARA PROMOVER O LICENCIAMENTO AMBIENTAL:

No inciso XIV do art. 7º da LC 140/2011 foram listadas as competências federais, que são
desenvolvidas através do IBAMA. No art. 9º, também em seu inciso XIV, foram listadas as competências para o
licenciamento municipal. Quanto aos estados, temos uma competência residual. O que não for de competência
federal ou municipal será licenciado pelos estados. O Distrito Federal, como lhe é comum, acumula as
competências estaduais e municipais. Feita esta introdução, passemos à análise específica dos casos de
competências. É interessante sempre buscar a lógica para os casos definidores de competência, já que o rol de
critérios e de atividades é muito extenso e de difícil memorização.

#PROCURADORIAS #DEOLHONALEI #JÁCAIUEMPROVA – Art. 5º, LC 140: O ente federativo poderá


delegar, mediante convênio, a execução das ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar,
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desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações
administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.4

1.8.1. Competências do IBAMA – Federal:


Dispõe o art. 7º, inciso XIV:

XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: 

a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; 

Em outras palavras, empreendimentos realizados na zona de fronteira. Este é um critério de segurança


nacional, ligado à soberania do Estado brasileiro. Se há um empreendimento nesta área, v.g., nos limites entre
Brasil e Paraguai, o licenciamento ambiental deverá ser fornecido pelo IBAMA, por ser uma questão
internacional.

b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica


exclusiva; 

São os casos de petróleo. Questões relacionadas ao mar envolvem a soberania, colocando em jogo o
interesse e a própria segurança nacional. Sabemos que os recursos da plataforma continental são de
propriedade da União (Sabemos? Não esquece!), fator a mais para se concluir que as competências neste caso
realmente são dela. Portanto, nesse caso insere-se não somente o critério da segurança nacional, como também
o da propriedade federal.

c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;

Aqui foi adotado o critério da dominialidade dos bens públicos federais já que as terras indígenas são
bens públicos afetados ao usufruto vitalício dos índios. Até mesmo eles precisarão de licenciamento ambiental
quando forem realizar atividades que possam causar impactos ambientais.

d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas


de Proteção Ambiental (APAs);

As unidades de conservação constituem modalidade de espaço ambiental especialmente protegido.


No total, a Lei 9.985/00 prevê doze espécies de unidade de conservação. Em onze delas, a regra de competência
para o licenciamento ambiental acompanha o critério do ente instituidor, isto é, se a União criar uma unidade
de conservação, ela instituirá os licenciamentos de atividades que ali forem estabelecidas e assim
sucessivamente.
Porém, em um caso apenas o legislador não adotou este critério, sendo este justamente o da área de
proteção ambiental (APA), não se adotando para ela o critério do ente político instituidor. Se a União criar uma
dessas, não necessariamente será o IBAMA o órgão responsável pela concessão de licenciamento de atividade

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Ressalta-se mais uma vez a importância da leitura do texto da Lei.
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realizada naquele local. O critério é outro, fixado em outro artigo, analisado infra. Ela foge à regra geral, pois ela
é a unidade de conservação mais frequente no Brasil.

e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;

Aqui se adota o critério da extensão do impacto ambiental. Um empreendimento localizado em dois


ou mais estados da federação será de competência federal, já que se trata de impacto de ordem regional. É o
que ocorreu com o licenciamento das obras que vêm sendo realizadas no Rio São Francisco, envolvendo os
estados da BA e do CE.
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder
Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei
Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999;

Empreendimentos dessa natureza poderão ter seus licenciamentos dispensados conforme parte final
do dispositivo, mas, sendo este necessário, será feito pelo IBAMA.

g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material


radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações,
mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou

O critério aqui, assim como no da alínea anterior, é o da segurança nacional. A competência material
para lidar com material nuclear é da União.

h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão
Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou
empreendimento;

Este dispositivo traz uma hipótese aberta, de forma que, no futuro, poderemos ter outras
competências federais além dessas elencadas no inciso h. A comissão tripartite nacional pode propor à
Presidência da República que, através de um decreto, preveja outros casos de competência federal
considerando o porte, o potencial poluidor e a natureza da atividade ou do empreendimento.

1.8.2. Competências do Município:

Não custa lembrar que, somente aqueles municípios dotados de órgãos devidamente estruturados e
capacitados para o licenciamento, e que contem com um conselho municipal do meio ambiente (a lei fala em
“ou”) poderão realizar a atividade de licenciamento. Vamos as suas hipóteses:

XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar,
promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos
respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e
natureza da atividade; ou
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Esta primeira hipótese de competência municipal leva em consideração o critério do impacto
ambiental. São aqueles empreendimentos cujos impactos ambientais não ultrapassem as fronteiras do
município de forma que, possuindo este órgão ambiental capacitado, bem como conselho municipal do meio
ambiente, ele será competente para realizar o licenciamento, desde que haja a avaliação do conselho municipal.
Novidade trazida por esta lei foi a avaliação que deve ser feita por estes conselhos, de acordo com o critério de
porte, potencial poluidor e natureza da atividade, para declarar se o órgão é capacitado ou não para
determinado licenciamento.

b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção


Ambiental (APAs);

Aqui, deve ser feita a mesma observação que foi apontada acima para a União.

*(Atualizado em 25/09/2022) Cabe aos municípios promover o licenciamento ambiental das atividades ou
empreendimentos que possam causar impacto ambiental de âmbito local. Tese fixada: “É inconstitucional
interpretação do art. 264 da Constituição do Estado do Ceará de que decorra a supressão da competência dos
Municípios para regular e executar o licenciamento ambiental de atividades e empreendimentos de impacto
local.” STF, ADI 2142/CE, relator Min. Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 24.6.2022. Info 1.060.

1.8.3. Competências dos Estados:

Art. 8º São ações administrativas dos Estados:


XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e 9º;

1.8.4. Competências do DF:

Como sendo uma entidade federativa híbrida, contará com competências estaduais e municipais. Vide
art. 10:

Art. 10. São ações administrativas do Distrito Federal as previstas nos arts. 8º e 9º.

1.8.5. Regras de licenciamento para Áreas de Preservação Ambiental – APAS:

Essas são as unidades de conservação mais comuns espalhadas pelo território brasileiro, não se
adotando para elas o critério da entidade instituidora. Os critérios adotados para elas são alguns daqueles que
já foram vistos como se verifica no art. 12 da Lei Complementar 140/11:

Art. 12.  Para fins de licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de


recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental, e para autorização de supressão e manejo de vegetação, o critério do ente federativo
instituidor da unidade de conservação não será aplicado às Áreas de Proteção Ambiental (APAs). 
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Por exemplo, estando a APA na zona de fronteira, a competência para o seu licenciamento será do
IBAMA (art. 7º, XIV, a); já estando ela inserida no mar territorial, a competência também será do IBAMA (art. 7º,
XIV, b); sendo ainda um APA em que o grau de poluição gere apenas impacto local, neste caso, a competência
para o licenciamento será do órgão municipal, quando habilitado pelo conselho municipal (art. 9º, XIV); etc.

Pode-se perceber que essa competência é problemática, pois, imagine um empreendimento em APA
que causará impacto local e que seja localizado em mar territorial, teremos, em um só caso, misturados dois
critérios, não informando a lei qual deles prevalece, sendo este um caso passível de discussão na prática.

1.9. INTERVENÇÃO DO JUDICIÁRIO NO LICENCIAMENTO:

O Poder Judiciário pode controlar o mérito de uma licença ambiental?

De acordo com o Supremo, não poderá, o Poder Judiciário, entrar na questão da viabilidade da licença
ambiental, no seu MÉRITO. Esse caso chegou ao STF quando da discussão das obras de transposição do Rio São
Francisco:

Se não é possível considerar o projeto como inviável do ponto de vista ambiental, ausente nesta fase
processual qualquer violação de norma constitucional ou legal, potente para o deferimento da cautela
pretendida, a opção por esse projeto escapa inteiramente do âmbito desta Suprema Corte. Dizer sim ou não à
transposição não compete ao Juiz, que se limita a examinar os aspectos normativos, no caso, para proteger o
meio ambiente. 6. Agravos regimentais desprovidos. (ACO-MC-AgR 876).

2. DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
Constituição Federal Artigo nº 225
Lei nº 6.938 Artigo nº 10
Resolução 237 – CONAMA Leitura Integral
LC 140/2011 Art. 1 ao 17

3. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Esse material é uma fusão das seguintes fontes:

1. Direito Ambiental, coleção Sinopses – Talden Faria e outros – Editora Juspodivm.

2. Resumo de Direito Ambiental Esquematizado – Frederico Amado – Editora Juspodivm.

3. Coleção resumos para concursos, Direito Ambiental – Frederico Amado.


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4. Informativos esquematizados do Dizer o Direito – Márcio André Cavalcante Lopes.

5. Anotações pessoais de aulas.

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