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PROCESSO DE

TRABALHO EM
SAÚDE COLETIVA I

Elaboração: Corpo Docente Escola Arquimedes

Revisão: agosto/2020

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Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
ÍNDICE

1. HISTÓRIA DO SUS 03

2. OS TRÊS PRINCÍPIOS DO SUS 05

3. FISCALIZAÇÃO E CONTROLE SOCIAL DO SUS 06

4. PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS 07

5. DIREITOS DOS USUÁRIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) 08

6. GLOSSÁRIO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) 08

7. DECRETO 7.508 DE 2011 09

8. SAÚDE 10

9. AÇÕES E ENFERMAGEM 17

10. PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (PROJETO PAIDEIA – CAMPINAS) 19

11. GLOSSÁIO DE EPIDEMIOLOGIA 26

12. EPIDEMIOLOGIA 29

13. EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA 32

14. IMUNIZAÇÃO 36

15. REDE DE FRIO 38

16. REFERÊNCIAS 62

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1. HISTÓRIA DO SUS
1.1. BRASIL COLÔNIA

No modelo de exploração instaurado por Portugal em solo brasileiro, a Saúde Pública


definitivamente não era uma preocupação. Assim, cada indivíduo se
responsabilizava por si, normalmente buscando, quando preciso, o auxílio de pajés,
curandeiros ou boticários que viajavam pelo país afora. A medicina se dava,
portanto, de modo informal. Baseando-se em conhecimentos empíricos, costumes
culturais e crenças religiosas, os tratamentos iam de cantos à manipulação de ervas.
E o mais interessante é que esse padrão se estendia além dos limites de classes sociais,
já que mesmo quem podia pagar pelos melhores serviços da maior cidade brasileira
na época, o Rio de Janeiro, tinha à disposição pouquíssimos médicos.

1.2. FAMÍLIA REAL

As mudanças começaram a surgir com a chegada da família real portuguesa e de


sua corte, em 1808, quando decidiram buscar refúgio no Brasil à medida que as
tropas de Napoleão Bonaparte se aproximavam de Portugal. Acostumados com um
padrão de vida requintado e uma estrutura urbana mais organizada, os portugueses
estimularam o crescimento industrial, a criação de estradas, a abertura de bancos, a
renovação dos portos, o desenvolvimento de manifestações artísticas e a fundação
de cursos universitários. Daí surgiram as formações em Medicina, Cirurgia e Química.
A Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro e o Colégio Médico-Cirúrgico no Real Hospital
Militar de Salvador foram os pioneiros.

1.3. INDEPENDÊNCIA OU MORTE

Em 7 de setembro de 1822, Dom Pedro I declarou a independência brasileira


tornando-se imperador. Por mais que os avanços na Saúde Pública tenham sido
pequenos durante seu reinado, merece destaque a instauração da vacinação
contra a varíola em todas as crianças, a criação do Instituto Vacínico do Império, a
instauração das juntas municipais (que deveriam se responsabilizar pelas atribuições
sanitárias) e o estabelecimento da Lei da Junta Central de Higiene Pública. Vale
ressaltar que, além da varíola, as medidas buscavam controlar a disseminação da
tuberculose, da malária e da febre amarela.

1.4. REVOLTA DA VACINA

Em 15 de novembro de 1889, com o golpe militar que derruba Dom Pedro II,
instauram-se a República do Brasil. Baseando-se nos conhecimentos do Instituto
Soroterápico Federal, criado em 1900, e na necessidade de reforma urbana e
sanitária da cidade do Rio de Janeiro, o sanitarista Oswaldo Cruz iniciou uma fase de
intensas mudanças na Saúde Pública brasileira. Por meio de medidas autoritaristas e
militares, casas foram demolidas, pessoas desalojadas, mosquitos combatidos,
doentes isolados e vacinações realizadas à força, tudo em nome da Saúde Pública.
O detalhe é que a população não foi educada sobre por que motivo tudo aquilo
vinha acontecendo. O desagrado com as medidas de Oswaldo Cruz culminou em

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uma revolta, em 1904. Carlos Chagas, sucessor de Oswaldo Cruz, conseguiu equilibrar
melhor as ações, progredindo sem oposição popular.

1.5. APOSENTADORIA E PENSÃO

Apesar de todos os avanços, o sistema de saúde continuava informal e baseado em


consultas particulares, sem um sistema que previsse assistência em casos de
acidentes, remuneração nas férias ou qualquer legislação trabalhista. Foi só com a
imigração de trabalhadores europeus que a pressão para a criação de tal sistema
se fortaleceu, levando ao surgimento da Lei Elói Chaves, em 1923. Criaram-se aí as
chamadas Caixas de Aposentadoria e Pensão, que eram mantidas e geridas pelas
empresas e ofereciam serviços médicos aos funcionários e a suas famílias, além de
descontos em medicamentos, aposentadoria e pensão para herdeiros. Mas nada
aconteceu no meio rural, assim como não se levou em conta as pessoas
desempregadas.

1.6. GETÚLIO VARGAS

Com a revolução de 1930 e a tomada de poder por Getúlio Vargas, o governo


federal passou a concentrar funções e aumentar o controle. Criou-se então o
Ministério da Educação e Saúde, que, embora tenha tomado algumas medidas de
controle sanitário, acabou priorizando o sistema educacional. Na época, as Caixas
de Aposentadoria e Pensão foram substituídas pelos Institutos de Aposentadoria e
Pensões (IAPs), deixando de ser gerenciados pelas empresas e passando a ser
controlados por entidades sindicais. A constituição de 1934 garantia ainda a
assistência médica, a licença maternidade e jornadas de trabalho de 8 horas.

1.7. LEI ORGÂNICA

A Lei Orgânica da Previdência Social, que unificava os IAPs de cada sindicato em


um só regime e consolidava as leis trabalhistas, foi instaurada em 1960. Trabalhadores
rurais, empregados domésticos e funcionários públicos, no entanto, continuavam de
fora. Em 1967, após o golpe militar, criou-se o Instituto Nacional de Previdência Social
(INPS), que realmente unificou os IAPs. Como a demanda da população por serviços
de saúde ultrapassava a capacidade de oferta do governo, o déficit era coberto
pelo sistema privado por meio de repasses financeiros, proporcionando um grande
crescimento da rede privada de hospitais. Para controlar esses repasses, o INPS se
transformou no Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS) e o foco da Saúde Pública ficou limitado ao processo curativo, sem muitos
investimentos em promoção e prevenção.

1.8. TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA

Nos últimos anos da ditadura militar e até mesmo depois da queda desse regime, à
medida que a sociedade voltava a atuar no sistema político, a Saúde Pública
finalmente ganhou um olhar social pela reforma sanitarista. Na época, foram criados
o Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP), o
Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (CONASS) e o Conselho
Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS), em um movimento que,

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no fim, gerou a criação do SUS. Ao mesmo tempo, a rede privada conseguiu se
estabelecer, criando um subsistema de atenção médico-suplementar com a
formação dos diversos tipos de convênios: cooperativas médicas, medicina de
grupo, seguro-saúde, plano de administração e autogestão.

1.9. CONSTITUIÇÃO DE 1988

A constituição de 1988 chega e estabelece a saúde como um direito de todos e um


dever do Estado, formando a base para o sistema público e universal atual.
Sustentando-se no tripé de descentralização, integralidade e participação popular,
o Sistema Único de Saúde (SUS) conseguiu se estabelecer na atenção primária e nas
medidas com foco educativo, assim como em ações de promoção à saúde e de
prevenção, como campanhas de vacinação. Apesar disso, o sistema público ainda
enfrenta grandes dificuldades, sofrendo, por exemplo, com o subfinanciamento, que
impossibilita a oferta de assistência integral a toda a população e mantém o sistema
de saúde suplementar em pleno funcionamento (embora sob regras mais rigorosas
com a Lei dos Planos de Saúde, de 1998).

2. O TRÊS PRINCÍPIOS DO SUS


Os três princípios que norteiam o SUS são:

• Universalidade: a saúde é concebida como direito de todo e qualquer cidadão


e como um dever do Estado. Portanto, todo e qualquer cidadão passa a ter
direito de acesso a todos os serviços públicos de saúde e aqueles contratados
pelo poder público.
• Equidade: as diferenças individuais (econômicas e sociais) não podem apresentar
impedimentos para o consumo de bens e serviços de saúde. Todo o cidadão que
necessite de atenção à saúde deverá ter direito às ações e serviços em todos os
níveis do sistema (desde os mais simples até os mais especializados), de acordo
com a complexidade que cada caso requeira, sem privilégios e sem barreiras.
• Integralidade: o homem deve ser visto como um ser integral, portanto, as ações
de saúde não podem ser compartimentalizadas, mas sim conjugadas de
promoção, proteção e recuperação da saúde.

Quanto à organização, os serviços de saúde devem ser dispostos em uma área


geográfica delimitada, com uma população definida. As unidades devem ser
organizadas em níveis de complexidade crescente e a “porta de entrada” da
população para a rede de serviços deve ser através das unidades de nível mais
elementar, ou seja, os Centros de Saúde e as Unidades de Emergência. Os problemas
que não puderem ser resolvidos nestas unidades devem ser encaminhados aos
serviços de maior complexidade do Sistema. Esta forma de organização,
regionalizada e hierarquizada por nível de complexidade crescente, permite uma
atenção maior aos problemas de saúde de cada região, favorecendo as ações de
vigilância sanitária e epidemiológica e a educação em saúde.

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Uma outra questão da organização do sistema está na descentralização político-
administrativo, enfatizada na forma da municipalização dos serviços e ações de
saúde, que significa redistribuição de poder, competências e recursos em direção
aos municípios, para que ele exerça o seu papel de gestor, para organizar ações de
vigilância à saúde, com a participação dos profissionais de saúde, dos usuários, de
entidades e movimentos da sociedade civil, atuando no reconhecimento da
realidade que se pretende mudar e na definição de prioridades. Aos municípios deve
caber a promoção das ações de saúde diretamente voltadas aos cidadãos.

Os recursos para financiar o SUS são arrecadados através dos impostos e


contribuições destinados à Seguridade Social (saúde, previdência e assistência). Os
impostos podem ser utilizados em outras despesas do governo, não só com a
seguridade social. As contribuições para a Seguridade só podem ser gastas para esta
finalidade e são oriundas das empresas com base nos salários pagos, vendas e lucro,
dos trabalhadores que contribuem sobre os seus salários e da venda de loterias.

Os impostos que a União arrecada e divide a metade entre os Estados e os Municípios


são o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Já o
Estado arrecada o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), fica
com uma parte e envia o restante para os municípios (quanto maior o município,
maior é o valor que ele recebe). Os Municípios, por sua vez, têm os seus próprios
impostos, sendo os dois mais importantes o Imposto sobre a Propriedade Territorial
Urbana (IPTU) e o Imposto Sobre Serviços (ISS), além de outras taxas.

É importante lembrar que para o SUS funcionar adequadamente é necessário a


existência de fiscalização e controle, com participação efetiva dos usuários nas
tomadas de decisões.

3. FISCALIZAÇÃO E CONTROLE SOCIAL DO SUS


A Constituição de 1988 garante a participação da população no controle social do
SUS, através das Conferências (Municipal e Nacional) e Conselhos de Saúde (Local
Municipal e Nacional). Ambos têm composição paritária entre usuários, governo e
profissionais de saúde e prestadores de serviços.

As Conferências de Saúde têm caráter consultivo, servem para avaliar a situação de


saúde e propor diretrizes da política de saúde em cada nível de governo. Os
Conselhos de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, devem atuar na
aprovação das diretrizes e no controle da execução da política de saúde, inclusive
no aspecto econômico e financeiro.

Os Conselhos de Saúde buscam participar da discussão das políticas de saúde e ter


uma atuação independente do governo, embora façam parte da estrutura do
Estado. São órgãos colegiados do SUS, onde se manifestam, com maior ou menor
representatividade, os interesses dos diferentes segmentos sociais e que possibilitam
a negociação de propostas que pretendem direcionar os recursos para prioridades
diferentes.

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O SUS é um sistema legitimado constitucionalmente, mas que ainda está em fase de
estruturação e implementação; ele ainda não funciona como deveria por diversos
fatores: falta de conhecimento sobre seus objetivos e suas possibilidades, falta de
organização, fiscalização e controle dos recursos, falta de comprometimento dos
profissionais da área de saúde com esta nova proposta e falta de participação da
população nos Conselhos Locais de Saúde.

Por muito tempo o Brasil traçou suas políticas de saúde de acordo com interesses
políticos e econômicos. Após o Movimento Sanitário da década de 80 houve muitos
avanços e vitórias; o SUS foi legitimado e representa importante recurso que a
população tem para garantir seus interesses e melhorar as condições de vida.

4. PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS
São princípios organizativos do SUS:

• Regionalização e Hierarquização: os serviços devem ser organizados em níveis


crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica,
planejados a partir de critérios epidemiológicos e com definição e conhecimento
da população a ser atendida. A regionalização é um processo de articulação
entre os serviços que já existem, visando o comando unificado dos mesmos. Já a
hierarquização deve proceder à divisão de níveis de atenção e garantir formas
de acesso a serviços que façam parte da complexidade requerida pelo caso, nos
limites dos recursos disponíveis numa dada região.
• Descentralização e Comando Único: descentralizar é redistribuir poder e
responsabilidade entre os três níveis de governo. Com relação à saúde, a
descentralização objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o
controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. No SUS, a responsabilidade pela
saúde deve ser descentralizada até o município, ou seja, devem ser fornecidas ao
município condições gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para
exercer esta função. Para que valha o princípio da descentralização, existe a
concepção constitucional do mando único, onde cada esfera de governo é
autônoma e soberana nas suas decisões e atividades, respeitando os princípios
gerais e a participação da sociedade.
• Participação Popular: a sociedade deve participar no dia a dia do sistema. Para
isto, devem ser criados os Conselhos e as Conferências de Saúde, que visam
formular estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde

4.1. UNIÃO

A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da Saúde. O governo


federal é o principal financiador da rede pública de saúde. Historicamente, o
Ministério da Saúde aplica metade de todos os recursos gastos no país em saúde
pública em todo o Brasil, e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra
metade dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas nacionais de saúde, mas
não realiza as ações. Para a realização dos projetos, depende de seus parceiros

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(estados, municípios, ONGs, fundações, empresas, etc.). Também tem a função de
planejar, elaborar normas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS.

4.2. ESTADOS E DISTRITO FEDERAL

Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de saúde. O gestor


estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive nos municípios, e os repassados pela
União. Além de ser um dos parceiros para a aplicação de políticas nacionais de
saúde, o estado formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o
SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os gestores estaduais são
responsáveis pela organização do atendimento à saúde em seu território.

4.3. MUNICÍPIOS

São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde no âmbito do seu
território. O gestor municipal deve aplicar recursos próprios e os repassados pela
União e pelo estado. O município formula suas próprias políticas de saúde e também
é um dos parceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saúde. Ele
coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a normatização federal.
Pode estabelecer parcerias com outros municípios para garantir o atendimento
pleno de sua população, para procedimentos de complexidade que estejam acima
daqueles que pode oferecer.

5. DIREITOS DOS USUÁRIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)


A “Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde” traz informações para que você
conheça seus direitos na hora de procurar atendimento de saúde. Ela reúne os seis
princípios básicos de cidadania que asseguram ao brasileiro o ingresso digno nos
sistemas de saúde, seja ele público ou privado.

• Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de


saúde.
• Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema.
• Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de
qualquer discriminação.
• Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores
e seus direitos.
• Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento
aconteça da forma adequada.
• Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que
os princípios anteriores sejam cumpridos.

6. GLOSSÁRIO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)


• Assistência farmacêutica: é o processo de planejamento, aquisição, distribuição,
controle da qualidade e uso de medicamentos voltados para proteção e
recuperação da saúde.

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• Atenção à saúde: é tudo que envolve o cuidado com a saúde do cidadão,
incluindo atenção básica e especializada, ações e serviços de promoção,
prevenção, tratamento e reabilitação.
• Educação em saúde: processo para aumentar a capacidade das pessoas no
cuidado da saúde e no debate com os profissionais e gestores, a fim de alcançar
uma atenção à saúde de acordo com suas necessidades.
• Gestão do trabalho: é a organização das relações de trabalho baseada na
participação do trabalhador de saúde como sujeito e agente transformador do
seu ambiente.
• Gestão participativa: atuação efetiva de cidadãos, conselheiros, gestores,
profissionais e entidades civis na formulação de políticas, na avaliação e na
fiscalização de ações de saúde.
• Promoção da saúde: conjuntos de ações sanitárias integradas, inclusive com
outros setores do governo e da sociedade, que busca o desenvolvimento de
padrões saudáveis de: qualidade de vida, condições de trabalho, moradia,
alimentação, educação, atividade física, lazer entre outros.
• Regulação: é o poder exercido pelo Estado para fiscalizar e estabelecer padrões,
normas e resoluções para serviços, produtos, estabelecimentos e atividades
públicas ou privadas em prol do interesse coletivo.
• Saúde suplementar: é o sistema privado de assistência à saúde das operadoras
de planos de saúde e prestadores de serviços aos beneficiários, sob a regulação
da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
• Vigilância em Saúde: Conjunto de atividades que proporcionam conhecimento,
detecção, análise e monitoramento de doenças decorrentes, inclusive, de fatores
ambientais, com a finalidade de controlar e prevenir problemas na saúde
humana.
• Vigilância Sanitária: Ações de controle, pesquisa, registro e fiscalização de
medicamentos, cosméticos, produtos de higiene pessoal, perfumes, saneantes,
equipamentos, insumos, serviços e fatores de risco à saúde e ao meio ambiente.

A Lei também relaciona fatores Determinantes e Condicionantes da Saúde, como:


educação, lazer, moradia, saneamento, transporte e outros. Assim, a saúde passa a
ser entendida não mais como ausência de doença, mas como uma série de fatores
que, integrados, promovem o bem-estar.

7. DECRETO 7.508 DE 2011


O Decreto 7.508 de 28 de junho de 2011 é a legislação mais nova do Sistema Único
de Saúde que regulamenta a Lei 8.080/90. Ele traz novos termos e resgatam outros já
existentes que precisam ser fortalecidos.

O decreto dispõe acerca de: região de saúde, contrato organizativo de ação


pública, portas de entrada, comissões intergestores, mapa da saúde, rede de
atenção à saúde, serviços especiais de acesso aberto, protocolo clínica e diretriz
terapêutica, Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde (RENASES), e Relação
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME).

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Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
8. SAÚDE
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a “saúde é um estado de
completos bem-estares físicos, mentais e sociais e não a mera ausência de moléstia
ou enfermidade”. Por esta definição, é difícil medir o nível de saúde da população
porque as pessoas não permanecem constantemente em completo bem-estar.
Também, porque os níveis de bem-estar dependem de inúmeras variáveis existentes
no ambiente físico, mental e social do indivíduo.

De forma errada, tenta-se definir saúde como sendo a não-doença, pois os sistemas
de saúde, em sua maioria, baseiam-se no conceito de que se obtém saúde
erradicando-se as doenças.

A saúde é a resultante da influência dos fatores sócio-econômico-culturais:


alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte,
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde.

Esses fatores podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida, que irão interferir
na saúde de individual e coletiva.

Deve-se pensar na saúde em uma escala graduada porque todos possuem algum
grau de saúde: em excelentes condições, razoavelmente bem, com alguma
perturbação e enfermos.

Portanto, a saúde é um processo dinâmico em que o homem luta contra as forças


que tendem a alterar o equilíbrio da sua saúde; o complexo processo de redução da
saúde não é provocado por fatores simples ou específicos, mas pelo resultado da
ligação contínua entre causas e efeitos.

Uma das definições de saúde atualmente aceita é aquela apresentada por Perkins:
“Saúde é um estado de relativo equilíbrio de forma e função do organismo, que
resulta de seu ajustamento dinâmico satisfatório às forças que tendem a perturbá-lo.
Não é um inter-relacionamento passivo entre a matéria orgânica e as forças que
agem sobre ela, mas uma resposta ativa do organismo no sentido do reajustamento”.

8.1. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA

A história natural da doença abrange as etapas da inter-relação entre o agente, o


hospedeiro e o meio ambiente; a partir do momento em que o estímulo patológico
é criado no meio ambiente ou em outro lugar, ocorre a resposta do homem a esse
estímulo, que resultará na sua recuperação, cronicidade da doença, invalidez ou
morte.

A história natural de qualquer processo mórbido no homem compreende os períodos


de pré-patogênese e de patogênese; através dela é possível esquematizar as
medidas preventivas.

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8.1.1. Período de Pré-Patogênese

É a fase que antecede a doença, ou seja, o período de interação entre o agente


potencial, o hospedeiro e o meio ambiente.

Considera-se:

• Agente patológico: qualquer substância ou elemento (nutritivo, físico, químico ou


biológico) cuja ausência ou presença pode desencadear ou perpetuar um
processo patológico. Sua participação no processo da doença depende de suas
características biológicas, químicas ou físicas, das reações produzidas no homem,
de suas reservas e fontes na natureza e dos veículos e condições para a
contaminação no homem;
• Hospedeiro humano: é o homem que desenvolverá ou não a doença,
dependendo da intensidade da agressão do agente e do meio ambiente, mas
também, de acordo com a idade, sexo, raça, hábitos e costumes, nível
educacional, características e reações psicobiológicas, mecanismos de defesa;
• Meio ambiente: o conjunto de todas as condições e influências externas ao
homem que interferem na sua saúde física e mental. Os fatores ambientais são os
físicos, sociais, econômicos e biológicos, tais como a geografia, clima,
saneamento, renda familiar, condições de habitação, etc.

8.1.2. Período de Patogênese

É o curso natural da doença, durante o qual o homem interage com o estímulo (uma
situação ambiental, um agente infeccioso) e apresenta como resposta inicial uma
mudança nos tecidos ou uma reação alterada; a seguir, ocorrem alguns sinais ou
sintomas que, após a ação do tempo ou da terapêutica, provocarão a sua
recuperação, cronicidade, invalidez ou morte.

A falta de informações corretas sobre o processo pré-clínico dificulta o diagnóstico


precoce da patologia, o que acarretará prejuízos à saúde do homem, devidos ao
tratamento mais prolongado e/ou agressivo, a recuperação tardia ou a instalação
de sequelas ou cronicidade.

8.2. NÍVEIS DE PREVENÇÃO

Para bloquear a evolução da patologia a prevenção exige uma providência


precoce, uma ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural da
doença.

A prevenção depende do conhecimento das inúmeras causas relacionadas com as


características do hospedeiro, do agente e do meio ambiente e da facilidade ou
dificuldade com que o fator é anulado ou interrompido.

Os níveis de aplicação das medidas preventivas na história natural da doença são:

• Período de pré-patogênese: realiza-se a prevenção primária através da


promoção da saúde e proteção específica;

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• Período de patogênese: efetua-se a prevenção secundária por meio de
diagnóstico e tratamento precoce e limitação da invalidez; a prevenção terciária
realiza-se através da reabilitação.

8.2.1. Aplicação das Medidas Preventivas no Período de Pré-Patogênese

8.2.1.1. Promoção da Saúde

As medidas preconizadas não se dirigem à determinada doença ou desordem, mas


objetivam aumentar a saúde e o bem-estar gerais.

A assistência à família e ao indivíduo não é, em si, suficiente para provocar um estado


de saúde, pois a participação na vida comunitária também é extremamente
importante na promoção da saúde individual e de grupo.

A educação e a motivação sanitária são fundamentais para se atingir esses objetivos;


outras medidas de promoção à saúde são o bom padrão de nutrição ajustado às
várias fases do desenvolvimento humano, a atenção ao desenvolvimento da
personalidade, moradia adequada, recreação e lazer, condições agradáveis de
trabalho, genética animal e vegetal, aconselhamento matrimonial, educação sexual
e exames seletivos periódicos.

8.2.1.2. Proteção Específica

É a prevenção no seu sentido convencional. Ao empregar medidas dirigidas a uma


doença ou grupo de doenças específicas, iremos interromper as causas das mesmas,
antes que atinjam o homem.

Como as diversas causas dos processos patológicos encontram-se na comunidade,


no lar e no ambiente de trabalho, combatem-se esses fatores por meios específicos
aplicáveis ao agente, ao hospedeiro e meio ambiente, tais como: imunizações
específicas, higiene pessoal, alimentação suplementar, proteção contra os riscos
ocupacionais, contra substâncias carcinogênicas e alergênicas, cloração da água,
melhoria das condições socioeconômicas deficientes e saneamento geral.

HISTÓRIA NATURAL DE QUALQUER DOENÇA NO HOMEM

Inter-relações de fatores ligados ao Agente Reação do Hospedeiro ao Estímulo


Hospedeiro e ao Meio Ambiente.
Primeiros estágios de Patogênese
Produção de estímulo
Primeiras lesões discerníveis

Estágio avançado da doença

Convalescença

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PERÍODO DE PRÉ-PATOGÊNESE PERÍODO DE PATOGÊNESE

Promoção da Proteção Diagnóstico Limitação da Reabilitação


Saúde Específica Precoce e Pronto Invalidez
Atendimento

Educação Uso de Medidas Tratamento Prestação de


Sanitária. imunizações individuais e adequado serviços
específicas. coletivas para a para hospitalares e
Bom padrão
descoberta de interromper o comunitários
de nutrição Atenção à
casos. processo para
ajustado às higiene
mórbido e reeducação
fases de pessoal. Pesquisa de
evitar futuras e
desenvolviment triagem.
Hábito de complicações treinamento,
o da
saneamento Exames seletivos. e sequelas. a fim de
personalidade.
do ambiente. possibilitar a
Objetivos: Provisão de
Atenção ao utilização
Proteção meios para
desenvolviment Curar e evitar o máxima das
contra riscos limitar a
o da processo da capacidades
ocupacionais. invalidez e
personalidade. doença. restantes.
evitar a
Uso de
Moradia Evitar a morte. Educação do
alimentos
adequada, propagação de público e
específicos.
recreação e doenças indústria, no
condições Proteção contagiosas sentido de
agradáveis de contra que
Evitar
trabalho. substâncias empreguem o
complicações e
carcinogênic reabilitado.
Aconselhament seqüelas.
as.
o matrimonial e Emprego tão
Encurtar o
educação Evitação completo
período de
sexual. contra quanto
invalidez
alérgenos. possível
Genética.
Colocação
Exames
seletiva.
seletivos
periódicos. Terapia
ocupacional
em hospitais

8.2.2. Aplicação das Medidas Preventivas no Período de Patogênese

8.2.2.1. Diagnóstico Precoce e Pronto Atendimento

Tem por objetivo evitar a propagação de doenças contagiosas, curar ou estacionar


o processo evolutivo da moléstia, evitar complicações ou sequelas e encurtar o
período de invalidez.

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A identificação do caso nos primeiros estágios da doença, quando o tratamento se
torna mais eficaz, é o princípio básico dos programas de controle dos distúrbios
nutritivos, mentais, alérgicos e de outras doenças.

Realizam-se o diagnóstico precoce e o pronto atendimento através de medidas


individuais e coletivas para a descoberta de casos, notificação compulsória das
doenças, pesquisas de triagem e exames seletivos.

8.2.2.2. Limitação da Invalidez

Devido a falhas nos níveis de prevenção anteriores, ocorre um recolhimento tardio


da moléstia; nesta fase, pretende-se prevenir ou retardar as consequências de
doenças clinicamente avançadas.

Neste nível tardio de prevenção, as medidas são principalmente terapêuticas e


voltadas para o homem: tratamento adequado para interromper o processo
mórbido, evitar futuras complicações e sequelas, provisão de meios para limitar a
incapacidade e evitar a morte.

8.2.2.3. Reabilitação

É a interrupção do processo patológico e da prevenção da incapacidade total após


a estabilização das alterações anatômicas e fisiológicas.

A reabilitação tem componentes físicos, mentais e sociais porque tem como objetivo
principal recolocar a pessoa afetada em uma posição útil na sociedade, com a
utilização máxima da sua capacidade restante.

A reabilitação abrange: a prestação de serviços hospitalares e comunitários para


reeducação e treinamento que possibilitem a utilização máxima das capacidades
restantes, a educação do público e industriais no sentido de valorizar o reabilitado,
emprego com colocação seletiva, terapia ocupacional e o uso de instituições em
alguns casos.

8.3. INTER-RELAÇÕES ENTRE SAÚDE E O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO

Muitos acreditam que desenvolvimento é sinônimo de maior produtividade e de


aumento da renda per capita.

Entretanto, isso não acontece quando o desenvolvimento ocorre


independentemente da melhoria do nível educacional, de saúde e quando utiliza
material humano desnutrido ou desvitalizado por doenças constantes e outros.

Pode-se dizer que a doença é a causa e o efeito, ao mesmo tempo, da pobreza, da


desnutrição, das más condições de habilitação e da ignorância.

Um dos diretores da Organização Pan-americana de Saúde, Abrahm Horwitz,


elaborou o Ciclo Econômico da Doença e o Ciclo Dinâmico da Saúde.

Este modelo demonstra que:

14
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
Os componentes do ciclo dinâmico da saúde são alimentação, habitação,
saneamento, educação e emprego;

A baixa produção leva a salário suficiente apenas para a subsistência gerando


nutrição deficiente, educação insuficiente e habitação inadequada. Esses fatores
facilitam a instalação de doenças;

As doenças levam à diminuição da capacidade de trabalho, o que gera diminuição


da produção de bens e serviços e aumento de investimentos no atendimento ao
doente e diminuição das ações de promoção à saúde e de prevenção de doenças.

Esses fatores favorecem a ocorrência de novas doenças.

O ciclo econômico da doença fecha-se constantemente levando o indivíduo a ser


um “doente crônico”, a comunidade a viver em risco constante e o país para um
subdesenvolvimento econômico e social.

O país que não investe em promoção e prevenção acaba gastando o dinheiro


público para remediar o que não soube prevenir.

15
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
Para quebrar esse círculo vicioso da doença é necessário um levantamento criterioso
de dados para nortear a definição de propriedades e a utilização dos recursos
escassos decorrentes do próprio subdesenvolvimento. Alguns autores acreditam que
o investimento em saúde se inicia pela alimentação correta, moradia e saneamento
adequado; outros acreditam no investimento em educação.

8.4. O DIREITO Á SAÚDE

Em 16 de dezembro de 1966, a Assembléia Geral das Nações unidas reconheceu a


saúde como sendo um direito humano.

Os direitos humanos são definidos em cada sociedade e em determinado período


histórico, pois é o resultado do conjunto de dados da realidade e dependem da
relação dos indivíduos entre si e com o governo dessa sociedade.

Dessa forma, os direitos humanos são objeto constante de lutas em que se ganha ou
se perde em cada geração.

A saúde é direito de todos e dever do Estado (artigo 196 da Constituição Federal),


mas o seu conteúdo será definido após debate com todos os membros da
comunidade política onde for vigorar. As regras deverão ser fixadas após discussão
da saúde e do direito à liberdade nos seus aspectos:

• Individual: por exemplo, a liberdade de escolher o seu médico;

• Coletivo: por exemplo, a obrigatoriedade da vacinação antipólio, em que, em


benefício de todo o grupo, o indivíduo de todo o grupo, o indivíduo poderá ter
cerceado a sua liberdade para não ser imunizado;

• De desenvolvimento socioeconômico e cultural: por exemplo, a diminuição da


verminose após instalação da rede de água e esgoto pelo governo e da
utilização de medidas preventivas individuais (educação sanitária).

Partindo do princípio segundo o qual só tem saúde quem está bem adaptado ao seu
ambiente geral, o Estado deve promover boas condições de trabalho, boas
condições de estudo, transporte, alimentação, moradia, etc. Mas é necessária
também, a responsabilidade individual pela própria saúde.

Portanto, compete ao Estado elaborar às diretrizes de saúde que serão seguidas


tanto pelos profissionais dos serviços governamentais como dos privados. Dentro das
diretrizes de saúde, consideram-se atividades mínimas para a elevação do nível de
saúde:

Educação sanitária: através dela a comunidade reconhece a sua participação na


determinação de sua situação de saúde e, consequentemente, práticas ações de
saúdes;

Assistência nutricional: refere-se tanto ao conhecimento e aproveitamento dos


alimentos quanto às condições de recebê-los (inclusive fornecidas pelo Estado
quando necessário) e produzi-los (quando houver condições para isso);

16
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
• Saneamento básico: água tratada nas residências, recolhimento e tratamento do
esgoto antes de jogá-lo no meio ambiente;

• Assistência materno-infantil: para que as crianças sejam iguais desde o


nascimento, isto é, tenham as mesmas condições de vida;

• Imunizações: para diminuir a incidência curativa para os problemas comuns,


oferecendo tratamento e medicamentos, quando necessário.

De uma forma geral, considera-se insatisfatório o nível de vida e de saúde do


brasileiro por que:

• Muitos não ganham o suficiente para a sua sobrevivência;

• O nível de escolaridade é baixo e com grande evasão escolar;

• A maioria dos municípios não tem tratamento de esgoto e a metade não tem
rede de abastecimento de água tratada;

• É alta a taxa de mortalidade infantil, de doenças preveníveis por vacinação e de


doenças provocadas pela falta de saneamento básico;

• Os programas de assistência à saúde não atendem às necessidades da


população, tanto em qualidade quanto em quantidade.

Esses dados variam de um local para outro, pois o Brasil é um país de grandes
dimensões territoriais, com contrastes não só geográficos como sociais, econômicos,
culturais e, consequentemente, de saúde. Pela análise dos dados estatísticos, a
região Sul é considerada a área de melhor nível de vida e de saúde no Brasil.

9. AÇÕES DE ENFERMAGEM
A enfermagem desempenha papel importante na saúde e na doença, porque atua
nos diferentes níveis de prevenção. Suas ações preventivas não devem ser estáticas
ou isoladas, mas formar um elo contínuo na história natural de qualquer distúrbio. Por
exemplo: para um adolescente com um membro amputado, a enfermagem pode,
durante o processo de reabilitação (prevenção terciária), orientá-lo em relação às
doenças sexualmente transmissíveis (prevenção primária).

Apesar disso, a maioria dos currículos de enfermagem está basicamente voltada ao


diagnóstico e tratamento das doenças. Os programas e serviços curativos são
importantes, mas é fundamental procurar meios para reduzir a necessidade de sua
utilização.

Para o desenvolvimento das ações primárias de enfermagem e sua integração com


os demais níveis de prevenção, é necessária uma reformulação nos programas de
formação profissional, adaptando-os a esta nova realidade.

De acordo com os níveis de prevenção, as ações de enfermagem são:

17
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
• Motivar e conduzir a comunidade para a utilização das medidas de promoção
de saúde e proteção específica;
• Divulgar os serviços de saúde e os programas desenvolvidos;
• Individualmente ou em grupos, educar para a saúde quanto aos aspectos da
saúde e doença, higiene pessoal, aleitamento materno, planejamento familiar,
nutrição, crescimento, doenças sexualmente transmissíveis, saúde mental e bucal,
saneamento;
• Participar na execução de exames de saúde periódicos;
• Participar nas imunizações de rotina, seletivas (baseadas nos riscos de exposição)
e nas campanhas;
• Participar no rastreamento dos casos de notificação compulsória e aplicar as
medidas preventivas específicas;
• Colaborar no desenvolvimento de programas para detectar precocemente os
distúrbios e doenças;
• Prestar assistência de enfermagem de acordo com as condutas terapêuticas
imediatas e de limitação de incapacidade, no recurso de saúde (hospital, pronto-
socorro, centros de saúde) ou no domicílio, através das visitas domiciliares;
• Orientar e supervisionar os cuidados ao doente ou deficiente, prestados pela
família ou realizados pelo próprio indivíduo;
• Participar no processo de reabilitação do indivíduo com algum tipo de
incapacidade.

Segundo Perkins: “Saúde é um estado de relativo equilíbrio de forma e função do


organismo, que resulta de seu ajustamento dinâmico satisfatório às forças que tentam
perturbá-lo.”

Doença é um estado que depende:

• Das características dos agentes patológicos;

• Das características dos indivíduos;

• Das respostas aos estímulos provocadores de doença, advindos do meio


ambiente ou do próprio indivíduo.

9.1. NÍVEIS DE PREVENÇÃO

A prevenção pode ser feita no período pré-patogênese, através de medidas


destinadas a desenvolver a saúde geral, sendo seus objetivos: a promoção da saúde
à proteção específica. Esse nível de proteção é chamado de prevenção primária.
No início da patogênese, deve-se fazer a prevenção secundária, por meio do
diagnóstico precoce e tratamento imediato e adequado, a fim de limitar a invalidez.
Esse nível de prevenção é chamado de secundário. Se o indivíduo já tiver com
sequelas advindas dessa doença, pode-se trabalhá-lo em outro nível de prevenção,
chamada prevenção terciária, cujo objetivo é a reabilitação.

18
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
10. PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PROJETO PAIDEIA - CAMPINAS)
10.1. POR QUE SAÚDE PAIDEIA?

O objetivo que justifica a existência do Sistema Único de Saúde é a produção de


saúde. E a saúde é um atributo das pessoas, dos sujeitos. Não há, portanto, como se
falar em saúde desconsiderando os sujeitos concretos, ainda quando a produção de
saúde dependa do contexto. A cidade, ou o ambiente, ou o território saudável,
somente podem ser assim classificados por referência a pessoas reais. A saúde das
pessoas, portanto.

Paideia é um conceito antigo, clássico, e que significa desenvolvimento integral do


ser humano. Foi criado na época em que os gregos sonhavam com cidades
democráticas. A construção destas cidades dependeria de um método novo de
governar e de viver. Para fundar um governo democrático eles se valiam da agora,
que era uma assembleia do povo: as pessoas reunidas para traçar o próprio destino:
hoje, falamos em cogestão, orçamento participativo, conselhos, etc. No entanto,
eles sabiam também que era necessário um trabalho sobre eles mesmos para que
fossem capazes de gerir a própria vida: para isto imaginaram um sistema de
formação integral dos cidadãos: uma educação para a vida: e daí a palavra
Paideia. A formação integral do ser humano: cuidar da saúde, da educação, das
relações sociais, do ambiente, de tudo. E fazê-lo respeitando as diferenças entre as
pessoas e os grupos. Paideia, o desenvolvimento integral do ser humano,
considerando tanto as necessidades da coletividade quanto dos indivíduos.

Reformular a clínica tomando não apenas a doença, mas o sujeito enfermo (o


biológico, o subjetivo e o social do processo saúde e doença), ampliar as práticas de
promoção à saúde, articular-se em equipes interdisciplinares, ampliar os espaços em
que se atende: além do consultório e da sala de procedimentos, o domicílio, a
escola, o bairro, a rua, etc. Mas, sobretudo, cuidar das pessoas, pensando-as inseridas
em redes sociais: o território, a Família, as instituições, etc.

Projeto Paideia de Saúde da Família: trabalhar com um conceito ampliado de


Família: grupo que coabita um mesmo espaço; ampliar as redes de apoio e de
solidariedade entre as equipes, às famílias e outras organizações. As pessoas, as
famílias e o contexto.

10.2. E AMPLIAÇÃO DA REDE BÁSICA DE ATENÇÃO À SAÚDE

O sucesso e a viabilidade do SUS dependem da instalação de uma rede básica


eficaz que tanto promova saúde, quanto previna riscos e cuide de doenças e da
reabilitação de pessoas com problemas crônicos.

A Atenção básica é um direito universal: todo brasileiro deveria ter livre acesso às
Equipes Locais de Saúde; a equidade seria assegurada pelo encaminhamento
discriminado aos outros níveis de assistência: o princípio da hierarquização. Em
Campinas trabalhamos com a meta de instalar uma rede de Equipes Locais de
Referência suficiente para garantir atenção básica aos 70% da população
considerados dependentes do SUS. Cadastrar e matricular a todos. Ao mesmo

19
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
tempo, contudo, estabelecer diferenças de atenção conforme o risco biológico,
subjetivo e social de cada pessoa ou de cada família.

O Ministério da Saúde tem dado ênfase ao Programa de Saúde da Família como


estratégia para a implantação de uma rede básica. Em Campinas, entretanto, já há
49 Centros de Saúde, que há anos vem cumprindo parte deste papel. Desde a
década de setenta, sob a direção pioneira de Sebastião de Moraes, há em
Campinas programas comunitários de atenção em saúde. Posteriormente,
construíram-se Centros de Saúde, contrataram-se técnicos e, com isto, ampliou-se à
capacidade de atendimento da rede. Hoje, a rede básica da cidade oferece
atenção ao adulto, à criança e à mulher, bem como conta com programas em
saúde mental e bucal. Instalou-se razoável apoio na área de diagnóstico por
imagens e laboratório. Há ampla distribuição de medicamentos.

Diagnósticos realizados indicam que ainda há falta de recursos em regiões


específicas ou em determinadas áreas de atendimento (particularmente, há
carência em relação ao adulto). No entanto, há também evidências de que o modo
com que se organizou a atenção não vem cumprindo com os objetivos da atenção
primária. Há filas, espera, sobrecarga de trabalho e dados que indicam a
incapacidade desse sistema absorver a demanda ou mesmo atender às
necessidades básicas de saúde. A maior parte da demanda ambulatorial ainda é
atendida em PSs ou PAs e não pelas Equipes Locais; há pouco trabalho de promoção
à saúde e baixa capacidade de atenção no domicílio ou na comunidade. O acesso
está burocratizado em grande parte da rede, praticando-se uma clínica com baixa
capacidade de resolver problemas de saúde. Há pouca educação em saúde e
investe-se pouco em ampliar a autonomia e capacidade de autocuidado dos
pacientes e comunidades. As Equipes Locais são multiprofissionais, mas trabalha-se
de maneira isolada, vertical, havendo grande dificuldade em se criar processo de
trabalho interdisciplinar.

Além disto, cometeu-se um sério equívoco durante os últimos anos: quase metade
dos recursos investidos na atenção primária destinaram-se a Prontos Atendimentos,
que nem fazem clínica ampliada, nem prevenção, nem cumprem plenamente com
a função de atender urgências e emergências. A mudança do modelo de atenção
implica, portanto, em inversão desta tendência. Transformar, gradualmente, os
Pronto Atendimentos existentes em Pronto Socorros e ampliar a capacidade das
Equipes Locais de atender intercorrências clínicas, de resolver problemas individuais
e coletivos de saúde, e de intervir sobre os mecanismos de produção de doenças.
Para isto se faz urgente à implementação das seguintes diretrizes:

A) Clínica ampliada e ampliação das ações de saúde coletiva no nível local: Para
aumentar a capacidade de a rede básica resolver problemas de saúde
(individuais ou coletivos) há que se proceder a uma reformulação do processo de
trabalho nestas unidades em dois sentidos:

20
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
Clínica ampliada: Considera-se que todo profissional de saúde que atende ou cuida
de pessoas realiza clínica, havendo, portanto, várias modalidades de clínica: a do
enfermeiro, do psicólogo, do médico, etc.

Clínica ampliada é a redefinição (ampliada) do “objeto, do objetivo e dos meios de


trabalho da assistência individual, familiar ou a grupos”. Considerar que o “objeto de
trabalho” da assistência à saúde é uma pessoa, ou um grupo, ou uma família, ou um
coletivo institucional, com doença ou risco de adoecer. O novo modelo de trabalho
visa superar a clínica tradicional que toma como objeto somente a doença.
Construir, portanto, um objeto ampliado para o trabalho da clínica: tomar o sujeito
enfermo ou com possibilidade de adoecer e não somente a doença. E ainda outra
ampliação: considerar não somente um paciente, mas também o grupo de sujeitos
(a família e outros coletivos, uma classe, um agrupamento institucional) como objeto
da clínica ampliada. De qualquer forma, no horizonte, não há como fugir da
evidência de que o objeto de trabalho inclui a doença, ainda quando como uma
possibilidade remota; a saúde é o objetivo, o resultado almejado.

Assim, tanto no diagnóstico quanto na terapêutica, tomar elementos orgânicos


(biológicos), subjetivos e sociais do processo saúde e doença. Isto implica em ampliar
os meios de trabalho: modificar a escuta, a entrevista, a intervenção terapêutica,
descentrando-a do uso quase que exclusivo de medicamentos ou de procedimentos
cirúrgicos. Valer-se com maior frequência de técnicas de prevenção, de educação
em saúde e de reconstrução da subjetividade. Tudo isto sem negar o espaço singular
dos vários tipos de clínica. Sem, portanto, fundi-las todas em um tipo comum. A
combinação destes elementos deverá ser variável conforme a problema em foco e
a área de atenção envolvida.

Este tipo de clínica depende da existência de vínculo continuado (relação horizontal


no tempo) entre profissionais e pacientes, famílias ou comunidades. Interação e
personalização das relações entre equipe e usuário. Não há como realizar clínica
ampliada em um PS (no PS há que se fazer clínica de urgência) ou em um PA. Neste
sentido, o importante não é completar o diagnóstico em um primeiro atendimento
quilométrico, mas ir construindo uma avaliação processual dos casos.

Ampliação do objetivo: a finalidade da assistência individual é a produção de saúde


por meio da cura ou da reabilitação, ou até mesmo de alívio do sofrimento. No
entanto, a ampliação inclui também o esforço simultâneo para aumentar o
coeficiente de autonomia e de autocuidado dos pacientes, famílias e comunidades.
Uma linha de combate à medicalização, à institucionalização e à dependência
excessiva das pessoas dos profissionais ou serviços de saúde.

Esta ampliação nunca poderá ser levada a cabo por um profissional isolado; é um
desafio concreto para a equipe interdisciplinar e será uma tarefa da Equipe Local de
Referência (Equipe de Saúde da Família) e das Equipes de Apoio.

21
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
Ampliação das ações da saúde coletiva no nível local: Sem dúvida, a própria
ampliação da clínica é um recurso poderoso para tornar realidade essa diretriz.

Entretanto, com objetivo de ampliar as ações de promoção e de prevenção sugere-


se também a organização de Núcleos de Saúde Coletiva em todas as UBS.
Funcionarão em apoio às Equipes Locais de Referência (Equipes de Saúde da
Família). Serão compostos por profissionais com formação em Saúde Pública, com
tempo reservado para este tipo de trabalho, e pelos Agentes de Saúde.

A função destes núcleos será dupla: tanto apoio às Equipes de Referência, quanto
desenvolver ações diretas sobre grupos, instituições, ambiente, etc. Faz-se necessário
uma definição mais precisa de suas atribuições, tanto levando em conta problemas
específicos da região, quanto o projeto de descentralização da Vigilância à Saúde
em curso.

B) Cadastro de saúde da população e vinculação de famílias a Equipe Local de


Referência: Realizar Cadastro Familiar conforme metodologia sugerida pelo
Programa de Saúde do Ministério, acrescida com dados de nosso interesse.
Construir cadastros domiciliares com classificação de risco familiar e individual,
bem como proceder à matrícula de famílias às Equipes Locais de Referência
(Equipes de Saúde da Família).

Este trabalho deverá ser realizado por Agentes de Saúde com apoio das equipes dos
CSs e dos Distritos. Em regiões em que estiverem se instalando novos serviços ou de
pequena cobertura assistencial, o cadastramento será realizado da forma clássica,
de domicílio em domicílio. Em Centros de Saúde que já contem com clientela regular,
o cadastramento poderá obedecer a critérios estabelecidos pela equipe local e
basear-se nos prontuários familiares existentes. Os Centros de Saúde serão
reorganizados em Equipes Locais de Referência (Equipes de Saúde da Família),
responsáveis pelo atendimento básico integral às famílias, e Equipes de Apoio
(Equipe Matricial), encarregadas de cooperar com as primeiras em áreas específicas,
como saúde mental, saúde coletiva, reabilitação, etc.

Estas equipes deverão constituir-se em Unidades de Produção, ou seja, são equipes


interdisciplinares e multiprofissionais, com objeto e objetivo de trabalho comum – um
determinado número de famílias sob responsabilidade integral -, e com poder
gerencial próprio – autonomia relativa para pensar e organizar o processo de
trabalho e projetos terapêuticos. O colegiado do Centro de Saúde será composto
pelos componentes (ou representantes) das várias equipes organizadas em cada
local. O coordenador do Centro deve trabalhar para apoiar a ação das Equipes
Locais e de Apoio, articulando-as com os outros níveis do sistema.

Em vários Centros de Saúde há organização por áreas especializadas (programas) –


saúde da criança, do adulto, da mulher, bucal, mental, etc., estas áreas poderão ser
mantidas, servindo como apoio às Equipes de Saúde da Família. Este apoio efetivar-
se-á por meio da elaboração de protocolos específicos, da sugestão de prioridades
e de projetos, bem como se encarregando de processos de educação continuada
da equipe e de usuários.

22
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
As Equipes Locais de Referência (Equipes de Saúde da Família) serão compostas por
médico de família, enfermeiro, auxiliares de enfermagem, agentes de saúde, dentista
e ACDS ou ATDS. Respeitando as características de Campinas (epidemiológicas e da
própria rede) estimula-se que médicos pediatras, gineco-obstetras e clínicos (em
meio período) integrem a Equipe Local de Saúde da Família.

Este projeto introduz dois novos profissionais na rede básica: o médico de família e o
agente comunitário de saúde. Espera-se que sirvam como anteparo a tendência
progressiva à especialização que se verifica nos serviços de saúde de todo o mundo.
Reforçar a Equipe Local com profissionais contratados e treinados para
responsabilizar-se integralmente pela atenção à saúde de pessoas e de famílias. A
própria SMS/Campinas organizará cursos de capacitação para estes profissionais,
visto que não são formados com este perfil pelo sistema tradicional de educação.

O Médico de família para Campinas terá como núcleo de competência e de


responsabilidade exercer a clínica ampliada em relação aos adultos; e como campo
de responsabilidade a atenção a intercorrências e a problemas mais frequentes em
relação à criança (apoio à puericultura, infecções respiratórias, dinâmica familiar,
etc.) e à saúde da mulher (anticoncepção, patologias ginecológicas básicas, apoio
ao pré-natal). Isto porque em todos os Centros de Saúdes ele contará com pediatras
e ginecologistas na própria equipe ou em apoio. Na eventualidade de algum
pediatra oferecer-se como médico de família, poder-se-á organizar Equipes Locais
com um ginecologista e um clínico como apoiadores.

Os Agentes de Saúde serão preparados e contratados como profissionais técnicos


em Saúde Pública (não como auxiliares de enfermagem), ampliando a capacidade
das UBS agirem na comunidade e nos domicílios. Sua qualificação não será avaliada
apenas por saberes clássicos ao modelo médico, mas pela capacidade de
interação e de proteção às pessoas, famílias e comunidade. A crítica extremada de
alguns técnicos à função nuclear do Agente, no fundo, é uma reação contra a
socialização de saberes e de práticas sanitárias. Os Agentes serão capacitados para
a educação Paideia: contribuir para que o paciente e familiar se apropriem de
conhecimentos e de práticas que lhes foram progressivamente retirados pelo poder
das corporações e pelo discurso técnico. Além disto, espera-se que eles apoiem o
desenvolvimento integral das pessoas e comunidades, mobilizando o potencial
destes agrupamentos, bem como estimulando o trabalho intersetorial.

Eles trabalharão ligados às Equipes de Referência e sob a supervisão do Núcleo de


Saúde Coletiva. O seu papel é o de expandir a capacidade de ação dos Centros de
Saúde: acompanhando o dia a dia das famílias e pessoas que necessitem de apoio;
realizando visitas em função de eventos sentinela, mortalidade materna,
nascimentos, tratamento supervisionado, etc. Os agentes de saúde serão um recurso
para ampliar a autonomia e capacidade de autocuidado de pacientes e das
famílias; bem como para abrir o Centro de Saúde para demandas e necessidades
emergentes na comunidade. O Agente de Saúde participará da construção de
agendas para as Equipes, por exemplo.

23
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
Trabalhar-se-á com dois modelos básicos de Equipe Local de Referência:

• Clássica: composta por médico de família e enfermeiro, 1 dentista 36 horas ou 2


dentistas de 20 horas, 2 ACD + 1 THD (onde houver), auxiliares de enfermagem e
agentes de saúde (em turno completo) – com cobertura de 700 famílias ou 3500
pessoas.
• Ampliada: médico generalista e enfermeiro (em turno completo), pediatra e
gineco-obstetra (ambos meio período), 1 dentista 36 horas ou 2 dentistas 20 horas,
2 ACD + 1 THD (onde houver), auxiliares de enfermagem e agentes de saúde –
com cobertura de 1400 famílias ou 7000 pessoas. Nota: para fim de cálculo, cada
Equipe de família Ampliada corresponde a 02 das clássicas.

Para 04 ou 05 Equipes de Saúde da Família haverá apoio matricial da Equipe Local


de Saúde Mental, do núcleo de Saúde Coletiva, e de profissionais da Reabilitação.

C) Acolhimento e Responsabilização: São conceitos amplos e que exigem mudança


de postura em todo o sistema de saúde, no sentido de receber os casos e de
responsabilizar-se de modo integral por eles. Acolher é receber bem, ouvir a
demanda, buscar formas de compreendê-la e solidarizar-se com ela. Desenvolver
maneiras adequadas de receber os distintos modos com que a população busca
ajuda nos serviços de saúde, respeitando o momento existencial de cada um sem
abrir mão de colocar limites necessários.

Além desta concepção ampliada e que deve orientar a gestão de todo o SUS, o
tomaremos também em sentido restrito: no de garantir Acesso, qualificando a
recepção nos Centros de Saúde. Assim:

• A recepção nas UBS deverá ser técnica e não administrativa, permitindo a


avaliação clínica dos casos durante todo o horário de funcionamento do serviço.
A ordem de chegada não deve ser o principal critério para o atendimento de
casos, mas a sua gravidade ou o sofrimento do paciente.
• Tarefas do Acolhimento em relação ao Acesso: avaliar o risco e necessidades de
saúde caso a caso; resolver os casos conforme complexidade e capacidade do
técnico em serviço; encaminhar os examinados conforme gravidade e
disponibilidade para atendimento na própria UBS, ou Pronto Socorro ou Serviço
de Referência, responsabilizando-se pelo sucesso do encaminhamento;
cadastramento de pacientes ainda não matriculados e que pertençam à região
da cobertura da UBS; desenvolver ações preventivas e de educação em saúde
(Tb, prevenção Ca, Vacinas, etc.).
• Portas de Entrada: as UBS devem funcionar com várias Portas de entrada: todo
paciente com retorno para qualquer atividade deve se dirigir direto para o setor
sem passar pelo Acolhimento. O Acolhimento será porta de entrada para casos
novos e para intercorrências (Imprevistos). As Equipes de Referência serão
responsáveis pelo atendimento de suas próprias intercorrências, apoiando-se
eventualmente na Equipe de Acolhimento.
• Agendamento: somente haverá agenda futura para indicações terapêuticas
(retorno), ninguém deve ser agendado sem avaliação de risco. Há que se

24
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
terminar com a prática de abrir agendamento em alguns dias do mês sem
avaliação prévia dos casos.
• Funcionamento: O local para funcionamento de um Acolhimento de casos
imprevistos deverá respeitar a privacidade (balcão não serve). O profissional deve
valer-se de protocolos para avaliação do risco à criança, mulher e adulto em
geral. O pessoal designado para o Acolhimento deverá passar por capacitação
e contar com apoio do tipo educação continuada. Poderão trabalhar no
Acolhimento, auxiliares de enfermagem, enfermeiros, médicos, assistentes sociais,
etc., contando sempre com pelo menos um médico na retaguarda de maneira
a solicitar-se a imediata avaliação conjunta do caso.

D) Sistema de cogestão: A gestão participativa é um instrumento poderoso para


construir eficácia e eficiência, bem como uma diretriz ética- política fundamental.
A gestão é um modo de racionalizar os meios para atingir um fim (função
administrativa clássica), mas é também uma forma de democratizar o poder
(controlar o estado e o governo, ou os excessos dos distintos corporativismos), bem
como de motivar e de educar os trabalhadores.

Consideramos que o SUS tem três objetivos básicos: a produção de saúde; a


realização profissional e pessoal de seus trabalhadores; e a sua própria reprodução
enquanto política democrática e sistema solidário. A gestão participativa reconhece
que não há combinação ideal pré-fixada destes distintos interesses, e que é no
exercício da cogestão que se irão construindo contratos e compromissos entre os
sujeitos envolvidos com o sistema.

Operamos com a idéia de um sistema de cogoverno: conselhos locais de saúde -


coordenação, equipe e usuários compartilhando o poder; colegiados de gestão – o
poder centrado na equipe interdisciplinar e não nas corporações; dispositivos
variados – oficinas, reuniões por categoria profissional, sala de espera, assembleia
com usuários, etc.; e, finalmente, gestão cotidiana democrática – com análise de
temas e tomada de decisão envolvendo os interessados. Cada um destes Espaços
Coletivos deve ser considerado deliberativo e tomar decisões no seu âmbito de
governo e em conformidade aos contratos e diretrizes definidas.

As equipes dos Distritos e dos Departamentos da SMS passarão a funcionar como


Apoiadores Institucionais, somando-se ao esforço das Equipes Locais e de segmentos
de usuários para mudança de modelo e dos processos de trabalho.

Todos os Centros de Saúde devem montar ou, em caso de existência, reforçar os


Conselhos Locais de Saúde e os Colegiados de Gestão. Sugerimos que se reservem
pelo menos duas horas a cada quinze dias para reunião dos Colegiados (Equipes).

E) Capacitação: Com apoio das Universidades, dos Polos de Capacitação de Saúde


da Família, a SMS deverá desencadear um amplo e progressivo processo de
educação continuada tomando como foco a Equipe de Referência e de Apoio,
objetivando ampliar a clínica e modificar o processo de trabalho nas UBS. O
modelo pedagógico adotado será construtivo, com concentração e dispersão,

25
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
possibilitando discussão de casos e de elementos teóricos e assegurando a
circulação de informação e de outras experiências entre os profissionais.

Parte do curso será comum para toda a Equipe de referência e outra específica
conforme o núcleo profissional. O conteúdo básico do Curso será: Política de Saúde
e o SUS; Clínica Ampliada e Promoção à Saúde; Gestão participativa e o trabalho
em equipe; O trabalho com famílias; Temas saúde/doença prevalentes:
dependência química, violência, hipertensão, diabetes, etc.

(Programa Paideia - As Diretrizes da Secretaria Municipal de Saúde)

11. GLOSSÁRIO DE EPIDEMIOLOGIA


11.1. EPIDEMIOLOGIA DO BRASIL – SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA

AGENTE ETIOLÓGICO: Organismo capaz de produzir uma doença em um hospedeiro


susceptível.

AGENTE INFECCIOSO: Organismo vivo capaz de produzir uma doença infecciosa em


um hospedeiro susceptível.

AGRAVO: Dano causado a um organismo ou a uma função orgânica por um agente


infeccioso ou outro agente causal.

ÁREA ENDÊMICA: aqui considerada como área geográfica reconhecidamente de


transmissão para uma determinada doença.

ÁREA DE FOCO: área de transmissão para uma determinada doença, porém de


localização bem definida, limitada a uma localidade ou pequeno número destas,
em um município.

CADEIA DE TRANSMISSÃO (EPIDEMIOLÓGICA): é a caracterização dos mecanismos


de transmissão de um agente infeccioso, envolvendo os suscetíveis, os agentes
patogênicos e os reservatórios.

COBERTURA VACINAL: indicador que expressa à proporção da população-alvo que


foi vacinada, medindo a capacidade de alcance das metas estabelecidas
conforme a estratégia de vacinação.

CONTAMINAÇÃO: ato ou momento em que uma pessoa ou um objeto se converte


em veículo mecânico de disseminação de um determinado agente patogênico.

CONTATO: pessoa ou animal que teve contato com pessoa ou animal infectado, ou
com ambiente contaminado, criando a oportunidade de adquirir o agente
etiológico.

DOENÇA TRANSMISSÍVEL: doença causada por um agente infeccioso específico, ou


pela toxina por ele produzida, por meio da transmissão desse agente, ou de seu

26
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
produto, tóxico a partir de uma pessoa ou animal infectado, ou ainda, de um
reservatório para um hospedeiro suscetível, seja direta ou indiretamente
intermediada por vetor ou ambiente.

DOENÇAS QUARENTENÁRIAS: doença de grande transmissibilidade em geral grave,


que requerem notificação internacional imediata à Organização Mundial de Saúde,
isolamento rigoroso de casos clínicos e quarentena dos comunicantes, além de
outras medidas de profilaxia, com o intuito de evitar a sua introdução em regiões até
então indenes. Entre as doenças quarentenárias, encontram-se a cólera, febre
amarela e tifo exantemático.

DOSE DE REFORÇO: quantidade de antígeno que se administra com a fim de manter


ou reavivar a resistência conferida pela imunização.

ENDEMIA: é a presença contínua de uma enfermidade ou de um agente infeccioso


em uma zona geográfica determinada;

EPIDEMIA: é a manifestação, em uma coletividade ou região, de um corpo de casos


de alguma enfermidade que excede claramente a incidência prevista.

FÔMITES: objetivos de uso pessoal do caso clínico ou portador, que podem estar
contaminados e transmitir agentes infecciosos e cujo controle é feito por meio da
desinfecção.

FONTE DE INFECÇÃO: pessoa, animal, objeto ou substância a partir da qual o agente


é transmitido para o hospedeiro.

HOSPEDEIRO: organismo simples ou complexo, incluindo o homem, que é capaz de


ser infectado por um agente específico.

IMUNIDADE: resistência usualmente associada à presença de anticorpos que têm o


efeito de inibir microrganismos específicos ou suas toxinas responsáveis por doenças
infecciosas particulares.

INCIDÊNCIA: número de casos novos de uma doença ocorridos em uma população


particular durante um período específico de tempo.

INFECÇÃO: penetração, alojamento e, em geral, multiplicação de um agente


etiológico animado no organismo de um hospedeiro, produzindo-lhe danos, com ou
sem aparecimento de sintomas clinicamente reconhecíveis.

INFECÇÃO HOSPITALAR: infecção que se desenvolve em um paciente hospitalizado,


ou atendido em outro serviço de assistência, que não padecia nem estava
incubando a doença no momento da hospitalização.

LATÊNCIA: período, na evolução clínica de uma doença parasitária, no qual os


sintomas desaparecem apesar de estar o hospedeiro ainda infectado e de já ter
sofrido o ataque primário, ou uma ou várias recaídas.

27
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
MORBIDADE: é como se apresenta o comportamento de uma doença ou de um
agravo à saúde em uma população exposta. Sendo calculada pelos coeficientes de
incidência e prevalência.

PANDEMIA: epidemia de uma doença que afeta pessoas em muitos países e


continentes.

PATOGENICIDADE: capacidade de um agente biológico causar doença em um


hospedeiro suscetível.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO: intervalo entre a exposição efetiva do hospedeiro


suscetível a um agente biológico e o início dos sinais e sintomas clínicos da doença
nesse hospedeiro.

PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: intervalo de tempo durante o qual uma pessoa ou


animal infectado elimina um agente biológico para o meio ambiente ou para o
organismo de um vetor hematófago, possível, portanto, a sua transmissão a outro
hospedeiro.

PORTADOR: pessoa ou animal que não apresenta sintomas clinicamente


reconhecíveis de uma determinada doença transmissível ao ser examinado, mas que
está albergando o agente etiológico respectivo.

PREVALÊNCIA: número de casos clínicos ou de portadores existentes em um


determinado momento, em uma comunidade, dando uma ideia estática da
ocorrência do fenômeno.

QUARENTENA: isolamento de indivíduos ou animais sadios pelo período máximo de


incubação da doença, contado a partir da data do último contato com um caso
clínico ou portador, ou da data em que esse comunicante sadio abandonou o local
em que se encontrava a fonte de infecção.

RESERVATÓRIO DE AGENTES INFECCIOSOS (FONTE PRIMÁRIA DE INFECÇÃO): qualquer


ser humano, animal, artrópode, planta, solo, matéria ou uma combinação deles, no
qual normalmente vive e se multiplica um agente infeccioso, que depende desse
meio para sua sobrevivência, reproduzindo-se de modo tal que pode ser transmitido
a um hospedeiro suscetível.

RESISTÊNCIA: conjunto de mecanismos específicos e inespecíficos do organismo que


servem de defesa contra a invasão ou multiplicação de agentes infecciosos, ou
contra os efeitos nocivos de seus produtos tóxicos.

SURTO: epidemia de proporções reduzidas, atingindo uma pequena comunidade


humana. Muitos restringem o termo para o caso de instituições fechadas, outros o
usam como sinônimo de epidemia.

SUSCETÍVEL: qualquer pessoa ou animal que supostamente não possui resistência


suficiente contra um determinado agente patogênico, que a proteja da
enfermidade caso venha a entrar em contato com o agente.

28
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
TRANSMISSÃO: transferência de um agente etiológico animado de uma fonte
primária de infecção para um novo hospedeiro. A transmissão pode ocorrer de forma
direta ou indireta.

TRANSMISSÃO DIRETA (CONTÁGIO): transferência do agente etiológico, sem a


interferência de veículos.

TRANSMISSÃO INDIRETA: transferência do agente etiológico por meio de veículos


animados ou inanimados. A fim de que a transmissão indireta possa ocorrer, torna-se
essencial que: a) os germes sejam capazes de sobreviver fora do organismo, durante
certo tempo; b) haja veículo que o leve de um lugar a outro.

VACINA: preparação contendo microrganismos vivos ou mortos ou suas frações,


possuidora de propriedades antigênicas. As empregadas para induzir em um
indivíduo a imunidade ativa e específica contra um microrganismo.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA (I): é, conforme o Art. 2° da Lei n° 6 259, de 30 de


outubro de 1975, "o conjunto de informações, investigações e levantamentos
necessários à programação e à avaliação de medidas de controle de doenças e
situações de agravos à saúde".

ZOONOSES: infecção ou doença infecciosa transmissível, sob condições naturais, de


homens a animais e vice-versa.

12. EPIDEMIOLOGIA
12.1. CONCEITO E IMPORTÂNCIA

Define-se Epidemiologia como ramo da ciência destinado a estudar “tudo sobre a


população”, do grego – epi (sobre) + demos (população).

O objetivo epidemiológico situa-se no organismo social, isto é, descrever os agravos


que ocorrem com a população, apontar as causas e orientar as indicações dos
meios de controle.

A Epidemiologia originou-se no século passado, quando John Snow (1854)


comprovou que a transmissão de cólera acontecia pela água e dejetos
contaminados de doentes e portadores, e não pela transmissão miasmática, teoria
de contágio da época.

Hoje a Epidemiologia abrange um aspecto muito maior.

Atua no estudo da distribuição da morbidade e mortalidade, determina testes de


eficácia e inocuidade de vacinas, testa a toxicidade de produtos, desenvolve a
vigilância epidemiológica, verifica fatores ambientais e socioeconômicos que
integram com as doenças transmissíveis e não transmissíveis, servindo de apoio para
a saúde pública, no sentido de facilitar a implementação de medidas profiláticas.

29
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
12.2. OBJETIVOS

A Associação Internacional de Epidemiologia define 03 objetivos principais, que são:

• Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações


humanas;
• Proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução, avaliações de
prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como estabelecer
prioridades;
• Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades;
• Analisar e classificar a história natural das doenças.

12.3. DEFINIÇÃO DOS TERMOS MAIS UTILIZADOS

Em nosso país a Epidemiologia age de maneira mais significativa no controle e


prevenção das doenças transmissíveis. Para tanto é necessária a definição de alguns
fatores que influenciam na ocorrência e distribuição destas doenças, a saber:

• Agente infeccioso ou infectante: São seres vivos capazes de parasitar o homem.


Ex.: bactérias, helmintos, protozoários, fungos, vírus, riquetsías, entre outros.
• Modo de transmissão: Estabelece-se através da porta de saída, que é à saída do
agente infeccioso para o reservatório (Ex.: sistema respiratório, sistema digestivo,
mucosas, via ocular, cutânea). Os principais mecanismos de transmissão são:
− Transmissão direta: É a passagem imediata do agente infeccioso ao hospedeiro.
Isto se dá ao cantar, falar, beijar, nas relações sexuais, contato com mucosas,
pele, membranas em superfícies contaminadas.
− Transmissão indireta: O agente infeccioso necessita de um elo para atingir o
hospedeiro. Os veículos de transmissão são os materiais, objetos contaminados,
fômites e vetores.
• Reservatório: É o local onde o agente infeccioso vive, multiplica-se e cresce. Este
local pode ser um:
− Reservatório humano: o ser humano é o próprio reservatório. Ex.: nas doenças
sexualmente transmissíveis, tuberculose pulmonar, difteria etc.
− Reservatório extra-humano: os animais se infectam, podendo infectar o homem
também. Ex.: leptospirose, tétano e raiva.
• Hospedeiro: É a pessoa ou animal que permite o parasitismo do agente infeccioso.
Algumas características são relevantes para que este parasitismo ocorra: idade,
sexo, raça, antecedentes hereditários, hábitos e costumes.
• Suscetibilidade: É o estado de qualquer pessoa ou animal que não possuí
resistência contra um determinado agente.
• Resistência: É um conjunto de mecanismos corporais que servem de defesa
contra o agente infectante. Denomina-se resistência inespecífica o conjunto de
barreiras que se opõem a qualquer agente infectante. A resistência específica ou
imunidade é associada à presença de anticorpos específicos e pode ser ativa ou
passiva.

30
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
• Portador: Também conhecido como portador são, é a pessoa ou animal que
abriga o agente infeccioso, sem apresentar sinais e sintomas da doença,
constituindo fonte potencial de infecção.
• Fonte de infecção: É o homem, animal, água, solo e alimentos, dos quais o agente
infeccioso passa imediatamente a um hospedeiro.
• Comunicante ou contato: São as pessoas ou animais que tiveram contatos com
portadores e/ou reservatórios de alguma doença e poderão contraí-la, por
estarem provavelmente infectados.
• Período de incubação: É o intervalo de tempo que decorre entre a exposição e o
aparecimento de sinais e sintomas da doença. Neste período, o infectado
constituiu, também, fonte potencial de infecção.
• Período de transmissibilidade: É o intervalo de tempo no qual o agente infeccioso
pode transferir-se para o hospedeiro suscetível, de forma direta ou indireta.
• Período prodrômico: É a fase em que os sinais e sintomas apresentados não são
característicos da doença em questão. Ex.: febre, cefaleia, dores generalizadas
pelo corpo caracterizam várias doenças, dificultando o diagnóstico.
• Período de estado: Ao contrário do período prodrômico, nesta fase os sinais e
sintomas apresentados são característicos da doença em questão. Ex.: vesícula
bulbosas da varicela, tosse paroxística da coqueluche.
• Período de convalescença: Nesta fase, acontece desaparecimento dos sinais e
sintomas e inicia-se o processo de recuperação.
• Cadeia epidemiológica: É o fluxo organizado do estudo epidemiológico das
doenças transmissíveis.

31
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
12.4. MEDIDAS E INDICADORES DE SAÚDE

Em Epidemiologia é necessário saber caracterizar uma doença, quantas vezes ela


ocorreu, se é mortal ou não, se é de algum país ou região específica, a fim de melhor
planejar e priorizar as atividades de saúde. Estes dados podem ser expressos em
coeficientes ou taxas.

13. EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA


É um método epidemiológico importante, pois explora as diversas características que
relacionam a doença e as pessoas por ela afetadas. Desta forma, temos as variáveis
referentes ao tempo, lugar e pessoa.

NOME COEFICIENTE CARACTERÍSTICAS

Incidência.............. Número de casos novos de uma doença.


Morbidade Número de casos existentes de uma
Prevalência............
doença.

Todos os óbitos de uma determinada


Geral.....................
região em um período.
Mortalidade Todos os óbitos de criança menores de 1
Infantil.................. ano, de uma região, em um período
(neonatal e infantil tardia)

Swarrop Razões de mortalidade Quanto mais alto, melhor é a qualidade


de vida.
Uemura Proporcional

Razões de mortalidade Esperança de vida


proporcional:

Globais..................

Coeficiente de mortalidade infantil

Coeficiente de mortalidade de doenças


Moraes
transmissíveis

Específicos............... Coeficiente de mortalidade em menores


de 5 anos

Recursos médicos hospitalares

Atividades sanitárias

32
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
13.1. DISTRIBUIÇÃO CRONOLÓGICA

• Variação sazonal: as distribuições das frequências das doenças ocorrem sempre


no mesmo período do ano, do mês, da semana ou do dia, daí o termo
sazonalidade, mesma estação do ano.
• Tendência: algumas doenças têm propensão a se distribuir num longo período de
tempo; nesse caso, denomina-se tendência secular ou marcha.
• Epidemia: período de incidência elevada de uma moléstia, acometendo,
simultaneamente, um grande número de pessoas de uma comunidade ou região.
• Surto epidêmico: ocorrência de uma epidemia em comunidades fechadas como
creches, colégios, quartéis, etc.
• Pandemia: é aplicada a uma epidemia que ocorre em mais de um país ou
território. Ex.: AIDS, Covid-19.
• Zoonose: doenças transmissíveis ao homem através dos animais.
• Agravo: é qualquer dano que possa agredir a saúde do homem.
• Esporádico: refere-se a uma ocorrência ocasional ou não frequente de uma
doença.

13.2. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL

A distribuição espacial pode ser agrupada em:

• Geopolíticas: comparam-se o espaço físico em países da América, países do


primeiro mundo etc.; dessa forma, obtêm-se parâmetros para a avaliação,
internacionalmente comparada, do processo saúde-doença de uma nação.
• Político-administrativa: saber como os diversos países estão organizados e
subdivididos administrativamente se faz necessário à medida que as diferentes
regiões apresentam problemas específicos em relação à saúde, facilitando a
pesquisa etiológica das doenças.
• Geográficas: o estudo na Terra na sua forma, acidentes físicos, clima, política e
intervenção humana em sua definição, monitorizam os fatores predisponentes na
inter-relação entre agentes, hospedeiros e meio ambientes.
• Fatores populacionais: as influências demográficas, culturais, religiosas e
organização social devem ser consideradas dentro deste item.
• Variação local: é o estudo dos agravos que ocorrem em domicílios, vilas, bairros,
municípios, estados, como também em creches, escolas, condomínios, etc. A
origem dos casos, entre outros fatores, poderá ser:
− Autóctone: são os casos de doenças formadas ou originadas no local onde são
encontradas.
− Importada: são os casos de doenças importadas, formadas ou originadas fora do
local onde são encontradas.

13.3. DISTRIBUIÇÃO POR CARACTERÍSTICAS PESSOAIS

As variáveis relacionadas com as pessoas são epidemiologicamente significativas na


distribuição de doenças e causas de morte, como idade, sexo, estado civil, etnia,
cultura e religião, lugar de nascimento, nível socioeconômico, nível de escolaridade,

33
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
doenças sofridas anteriormente, medicamentos consumidos e hábitos nocivos (fumo,
drogas e álcool).

13.4. EPIDEMIOLOGIA CONSTRUTIVA

É a etapa do método epidemiológico que consiste na definição do problema,


através da avaliação crítica das informações existentes (epidemiologia descritiva).
Baseia-se na aplicação das hipóteses levantadas, utilizando a investigação,
observação e avaliação da eficácia das medidas aplicadas.

13.5. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Denomina-se Vigilância Epidemiológica (V.E) o alerta permanente em relação à


frequência e distribuição das doenças e dos fatores ou condições que propiciam o
aumento do risco de transmissão ou gravidade das doenças. A V.E é um sistema de
informação, decisão e ação, para recomendar, planejar e avaliar medidas de
controle dos agravos.

Segundo o Ministério da Saúde, para que isto ocorra, é necessário que a V.E seja um
componente imprescindível dos programas de controle de doenças e suas
atividades executadas em todos os níveis de prestação de serviços (unidades
básicas, hospitais, clínicas particulares e população em geral).

13.6. AÇÕES DE ENFERMAGEM NA EPIDEMIOLOGIA

Nível de prevenção primária:

• Educação para a saúde: através de palestras, cursos, grupos, atividades em


escolas, creches, associações de bairro etc.
• Imunização: orientar a importância, observar calendário e disponibilidade para
uso (prover quantidade suficiente de imunobiológicos, álcool, refrigeração
adequada etc.).
• Controle de saúde: divulgar a necessidade de controles periódicos na
puericultura, pré-natal, odontologia, exames pré-nupciais etc.
• Assistência à comunidade: incrementar a participação popular nos itens acima.
Estimular a notificação de doenças e motivar a organização em relação a focos
potenciais de infecção na comunidade (fontes entupidas, lixo acumulado, ruas
que provocam acidentes, etc.).
• Vigilância epidemiológica.

Nível de prevenção secundária:

• Prevenção da disseminação dos agentes infecciosos, através de medidas como


precauções universais, quimioprofilaxia adequadas etc.
• Redução de focos potenciais de infecção.
• Participação no tratamento adequado de doentes.
• Prevenção de complicações e sequelas.
• Educação para a saúde junto ao doente e seus familiares.
• Vigilância epidemiológica.

34
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
Nível de prevenção terciária:

• Prestação de serviços em hospitais e na comunidade para redução de


incapacidades.
• Educação e treinamento, visando às capacidades restantes.
• Orientação da família do reabilitado, no sentido de aceitá-lo e ajudá-lo.
• Orientação do público para o emprego do reabilitado.
• Vigilância Epidemiológica.

Na vigilância epidemiológica (V.E):

• Identificar a notificação, através de esclarecimentos sobre importância e


objetivos, para médicos, funcionários, clinicas, laboratórios, hospitais, pacientes,
população em geral.
• Educação contínua e permanente dos funcionários pela V.E, a fim de melhorar a
qualidade de diagnóstico e agir prontamente com medidas preventivas. Neste
processo de educação continuada, os aspectos epidemiológicos das doenças
de notificação compulsória deverão ser ressaltados.
• A investigação epidemiológica deve prover recursos e materiais - financeiros e
humanos-, colher material para melhor elucidação do diagnóstico, preencher a
ficha epidemiológica específica com encaminhamento para instância superior,
fazer visitas domiciliares para realizar detecção de outros possíveis casos,
comunicantes e fontes de infecção, implantar medidas de controle (vacinação,
desinfecção terminal, concorrente, quimioprofilaxia, orientações específicas para
cada doença, como cuidados com a higiene pessoal, dos alimentos, destino
correto de dejetos, lixo, etc.).
• Acompanhar os casos para avaliação das medidas de controle tomadas; colocar
a população em alerta, orientando sobre sinais e sintomas da doença em
questão, implementar medidas profiláticas e notificar novos casos suspeitos.
• Atuar na monitoria e supervisão em campo prático de ensino com estudantes de
enfermagem.
• Realizar estudos e pesquisas, a fim de contribuir na profilaxia e controle das
doenças transmissíveis e outros agravos, como forma de melhorar as intervenções
de enfermagem na saúde pública.

13.7. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Definição: É o conjunto de atividades capazes de proporcionar a informação


indispensável para conhecer, detectar ou prever qualquer mudança a ocorrer nos
fatores condicionadores do processo saúde-doença, recomendar e adotar medidas
de prevenção e controle da doença.

Funções da vigilância epidemiológica:

• Coletar informações;
• Processar, analisar e interpretar as informações obtidas;
• Fazer recomendações de ações com vistas ao controle dos agravos.

35
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
13.8. NÍVEIS DE ATUAÇÃO

A atuação da Vigilância Epidemiológica em seus diversos níveis pode ser resumida


no quadro a seguir:

Nível Nacional Regional Local

Coordenação Recebimento dos Coleta de dados necessários


central; dados do nível para a informação;
local;
Diagnóstico;
Complementação
Normatização;
dos dados;
Notificação ao nível superior

F Assessoria técnica
Consolidação da
ao nível regional;
U informação; Consolidação da informação;

N
Supervisão;
Ç Colaboração da Realização de investigação
informação epidemiológica;
Õ parcialmente;
Consolidação,
E processamento e
Execução das ações imediatas
S confirmação dos
Supervisão de nível de controle;
dados
local e ordenação;
definitivamente;

Informação ao
Retroalimentação;
nível central;

Elaboração de
informes;

A principal fase da atividade epidemiológica é a coleta de dados, onde ocorre o


desencadeamento do processo. Os dados de notificação das doenças em todos os
níveis caracterizam o controle das doenças transmissíveis.

14. IMUNIZAÇÃO
14.1. REVISÃO DE IMUNIZAÇÃO

Os microrganismos ou micróbios são formas de vida microscópicas, patogênicas ou


não ao homem, e que abrangem os protozoários, cogumelos (fungos), bactérias e
vírus.

36
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
Para se implantarem no organismo humano e desenvolverem uma infecção, os
microrganismos patogênicos necessitam ultrapassar os mecanismos de defesa do ser
humano.

O homem possui um sistema de vigilância imunológica que destrói as substâncias


estranhas à sua composição, tais como os microrganismos e suas toxinas, as células
mortas etc.; essa reação entre a defesa humana (anticorpo) e substâncias estranhas
(antígeno) irão desencadear o estado de imunidade (imunização).

Essa proteção contra a reinfecção pelo mesmo agente infeccioso pode ser
permanente ou provisória e se adquire esse estado por meio de:

• Imunização ativa: é resultante da reação elaborada pelo próprio organismo


decorrente de doenças espontâneas (imunidade naturalmente adquirida) ou por
vacinoterapia (imunidade artificialmente adquirida);
• Imunidade passiva: recebem-se os anticorpos elaborados em outro organismo
através dos vasos placentários ou do colostro (imunidade naturalmente
adquirida) ou por administração de soro contendo anticorpos (imunidade
artificialmente adquirida)

14.2. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS VACINAS

14.2.1. Definição

A vacina é um produto farmacêutico que contém um ou mais antígenos, contra os


quais a vacina é dirigida e, dessa forma, estimula um estado de imunidade parcial
ou total.

14.2.2. Constituição

A vacina apresenta-se na forma líquida ou liofilizada (seca) e é um produto que


contém:

• Agente imunizante: as bactérias, vírus ou toxinas sofrem ação dos agentes físico-
químicos e transformam-se em produtos inócuos, mas mantêm a capacidade de
estimular a produção de anticorpos. Pode ser anatoxina ou toxoide, organismo
vivo atenuado, morto ou inativado;
• Fluido: utiliza-se normalmente água destilada ou soro fisiológico;
• Preservativos e antibióticos: empregam-se pequenas quantidades desses
produtos para dificultar o crescimento de contaminantes;
• Estabilizadores: utilizam-se compostos de alumínio nas vacinas com organismos
inativados ou toxoides, com o objetivo de aumentar a resposta imunitária.

14.2.3. Número de antígenos

As vacinas são classificadas de acordo com a quantidade de tipos de


microrganismos que contêm. Elas podem ser:

• Polivalentes: quando são preparadas com diferentes tipos do mesmo


microrganismo. Exemplo: Sabin (trivalente, preparada com os tipos 1,2 e 3 de vírus
da poliomielite);

37
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
• Simples: contêm um único tipo de microrganismo ou de seu produto. Exemplo:
BCG;
• Mistas ou associadas: contêm mais de um tipo de microrganismo ou de seus
produtos. Exemplo: tríplice bacteriana (imunizada contra o tétano, difteria e
coqueluche).

14.2.4. Requisitos Básicos de uma Vacina

A vacina, para ser considerada de boa qualidade, deve atender aos seguintes
preceitos:

• Inocuidade: não ser prejudicial ao ser humano e possuir o mínimo de efeitos


indesejáveis;
• Pureza: não deve conter substâncias estranhas ou contaminação bacteriana;
• Esterilidade: não deve haver presença de outros microrganismos;
• Potência: ser capaz de estimular a formação de anticorpos em quantidade
suficiente para garantir um bom nível de proteção.

14.2.5. Resposta do organismo à vacina

A eficácia da resposta do organismo à vacina dependerá da vacina (conservação,


qualidades, esquema de vacinação), como também das condições do indivíduo
(idade, estado nutricional, tratamento com imunossupressores).

Resumidamente, a dinâmica da resposta imunitária consiste em:

• Resposta primária: após a aplicação da primeira dose da vacina, o pico de


anticorpos aparece no 7º ao 14º dia, desaparecendo em algumas semanas ou
em anos;
• Resposta secundária: ou memória imunológica: no homem previamente
sensibilizado por estímulo primário, as doses seguintes da vacina produzirão uma
resposta mais acelerada e com maior produção e durabilidade dos anticorpos.

15. REDE DE FRIO


15.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

O sucesso dos programas de imunização depende, em grande parte, do sistema de


cadeia de frio, pois as vacinas são produtos termolábeis (após determinado tempo
de exposição a temperaturas inadequadas, as vacinas de deterioram). Portanto,
para que as vacinas conservem as suas propriedades imunizantes, é necessária uma
conservação adequada desde a sua produção até a sua utilização na população-
alvo. Recomenda-se armazenar as vacinas de acordo com as orientações dos
fabricantes, do Ministério ou Secretaria de Saúde.

38
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
PODEM SER
VACINA TEMPERATURA
CONGELADAS

Sabin - 20 ºC a + 8 ºC sim

Antissarampo - 20 ºC a + 8 ºC sim

Antiamarílica - 20 ºC a + 8 ºC sim

Antimeningocócica C - 20 ºC a + 8 ºC sim

Antimeningocócica B+C + 4 ºC a + 8 ºC não

BCG + 4 ºC a + 8 ºC Sim*

DPT + 4 ºC a + 8 ºC não

Dupla + 4 ºC a + 8 ºC não

TT + 4 ºC a + 8 ºC não

Antirrábica + 4 ºC a + 8 ºC não

Antitífica + 4 ºC a + 8 ºC não

* não é necessário desprezá-lo se acidentalmente ocorrer uma diminuição da


temperatura recomendada.

A cadeia de frio é um fator muito vulnerável em qualquer programa de imunização,


principalmente nos países tropicais.

15.2. ORGANIZAÇÃO E FLUXO

O fluxo do sistema da rede (cadeia) de frio abrange a estocagem, transporte e


manipulação dos agentes imunizantes em condições adequadas de refrigeração,
desde o laboratório produtor até a sua utilização na população-alvo; portanto, todo
imunobiológico deve sofrer um controle rigoroso de temperatura.

Os procedimentos, instalações e equipamentos variam de acordo com o nível


(nacional, central estadual, regional e local):

• Nível nacional: armazena todas as vacinas do Programa nacional de Imunizações


para distribuí-las à rede de saúde em todo o país. As câmaras frigoríficas são
projetadas para +4ºC ou –20ºC, de acordo com o produto a ser estocado. Os
agentes imunizantes são devidamente preparados e distribuídos em caixas
térmicas (isopor ou poliuretano) para o nível central estadual;
• Nível central estadual: armazena as vacinas distribuídas à rede de saúde do
estado. As vacinas são conservadas em câmaras frigoríficas, freezers e geladeiras
(+ 4ºC e – 20ºC). Em caixas térmicas, as vacinas são encaminhadas para o nível
regional ou diretamente para o nível local;

39
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
• Nível regional: armazena os imunobiológicos utilizados pelos serviços de saúde
constantes da sua área de abrangência. Devem dispor de geladeiras e freezers
para a conservação do produto à + 4ºC e – 20ºC. Em caixas térmicas, eles são
distribuídos às unidades de saúde pertencentes à regional;
• Nível local: armazena os imunobiológicos em geladeiras sob uma temperatura
entre + 4ºC e + 8ºC.

15.3. AMBIENTE E EQUIPAMENTOS

• Ambiente: arejado, protegido da incidência solar direta, de fácil acesso para


veículos de cargas, com espaço que permita a movimentação de pessoas e
cargas;
• Gerador elétrico de emergência: para atender a demanda de energia elétrica
interrompida nos níveis nacional e central estadual. No nível regional, deve-se
prever a sua instalação nas regiões com falta constante de energia elétrica;
• Câmara frigorífica (quarto frio, câmara fria): é projetada para estocar grandes
volumes a baixa temperatura. Normalmente, possui uma antecâmara para
auxiliar o isolamento, e suas prateleiras devem ser metálicas e com furos que
permitam a circulação de ar. O bulbo do termômetro é localizado no seu interior,
e o visor, no lado externo, para permitir uma leitura constante, sem ser preciso abrir
constantemente a porta (termômetro de leitura externa);
• Freezer (congelador): destina-se à estocagem dos imunobiológicos em
temperaturas negativas (- 20ºC). Recomenda-se o do tipo horizontal e com várias
portas pequenas na parte superior, este modelo dificulta a saída do ar “frio” e,
consequentemente, a entrada do ar “quente” é menor. Alguns freezers possuem
termômetros de leitura externa; caso contrário, coloca-se um termômetro no seu
interior e procede-se a leitura do equipamento;
• Geladeira (refrigerador): destina-se à estocagem dos imunobiológicos à
temperatura positiva (+ 4ºC a + 8ºC). Utilizam-se termômetros para leitura quando
da abertura da geladeira;
• Caixa térmica: utiliza-se isopor ou poliuretano por dificultarem a troca de calor do
meio ambiente com o seu interior. Empregada para transportar os
imunobiológicos de um local para outro, ou para guardá-los enquanto se
procede a limpeza da geladeira. Deve possuir um termômetro de leitura externa
para controle da temperatura e ter o bulbo colocado entre as vacinas;
• Transporte: as vacinas são transportadas em veículos fechados e com impresso
marcando temperatura e horário de saída e chegada.

15.3.1. Refrigerador ou Geladeira

São equipamentos destinados à estocagem de imunobiológicos em temperaturas


positivas (entre + 2ºC e + 8ºC), devendo para isso estar regulado para funcionar nesta
faixa de temperatura.

O refrigerador utilizado pelo Programa Nacional de Imunizações deve ser organizado


de acordo com as seguintes recomendações:

• Manter pacotes de gelo no evaporador (congelador);

40
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
• As vacinas devem ser colocadas nas prateleiras superiores;
• Garrafas com água e corante na prateleira inferior;
• Em caso de um defeito no equipamento ou falta de energia elétrica,
conservando-se a porta do refrigerador fechada, os imunobiológicos não sofrerão
rápida elevação de temperatura, por que:
− O evaporador (congelador) com sua carga de gelo contribuem para a elevação
lenta da temperatura, oferecendo proteção aos imunobiológicos, por um tempo
maior;
− As garrafas com água, colocadas na prateleira inferior, contribuem para lenta
elevação da temperatura interna, devido ao volume ocupado pelas garrafas
com água, que impedem a saída do ar frio e, sendo este mais denso, tende a
acumular-se na parte inferior do refrigerador.

Observação: Não devem ser usados refrigeradores duplex (evaporadores separados


do restante), tendo em vista que o equipamento não contará com o evaporador
como elemento de segurança contra as bruscas elevações de temperatura em caso
de defeito ou falta de energia elétrica.

15.3.1.1. Organização interna

O refrigerador deve ser organizado da seguinte maneira:

• No evaporador (congelador), colocar gelo reciclável ou saco plástico com gelo,


na posição vertical, ocupando todo o espaço;
• Na 1º prateleira as vacinas que podem ser congeladas (contra poliomielite,
sarampo, febre amarela) em bandejas perfuradas para permitir a circulação de
ar ou nas próprias embalagens do laboratório produtor;
• Na 2º prateleira, as vacinas que não podem ser congeladas, toxoides e hepatite
b, também em bandejas ou nas próprias embalagens do laboratório produtor;
• Na 2º prateleira, no centro, coloca-se o termômetro de máxima e mínima na
posição vertical (em pé);
• Na 3º prateleira podem-se colocar soros e caixas com vacinas bacterianas,
devendo-se ter o cuidado de permitir a circulação do ar entre as mesmas;
• Retirar as gavetas plásticas, caso existam, preenchendo toda parte inferior com
garrafas de água que contribuem para estabilizar a temperatura.

15.3.1.2. Cuidados básicos

• Fazer a leitura da temperatura diariamente, no início da jornada de trabalho e no


fim do dia;
• Usar tomada exclusiva para o refrigerador;
• Instalar o refrigerador distante de fonte de calor, bem nivelado e afastado 20 cm
da parede;
• Não permitir armazenamento de outros materiais (laboratório odontológico,
alimentos e bebidas etc.);
• Não armazenar absolutamente nada na porta;
• Certificar-se de que a porta está vedando adequadamente;
• Fazer o degelo a cada 15 dias ou quando necessário;

41
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
• Não colocar qualquer elemento na geladeira que dificulte a circulação do ar.

1ª Prateleira onde fica o termômetro posição vertical

• Temp. 2ª a 8º C

• Termômetro centralizado ou lado de fora

• Final de energia – (CPFL – transporte - preparo da caixa)

• Mínima /Máxima/Momento - (registrar mapa do controle diário)

42
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
43
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
15.4. PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (PNI)

Considera-se a vacina um método eficaz na prevenção de determinadas doenças


infecciosas.

No Brasil, o Programa Nacional de Imunização foi implantado pelo Ministério da


Saúde com dois objetivos principais:

• Assegurar um adequado grau de proteção imunitária da população contra as


seis enfermidades transmissíveis mais importantes: tuberculose, difteria, tétano,
coqueluche, poliomielite e sarampo;
• Coordenar a utilização e o suprimento dos imunobiológicos.

Algumas vacinas são de fabricação nacional e outras importadas; dependendo do


lote e do país produtor, poderão ocorrer algumas alterações nas normas pré-
estabelecidas (dose, esquema de vacinação).

Cada lote vacinal só será liberado para uso após aprovação nos testes de controle
realizados pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, do Ministério
da Saúde.

Compete às Secretarias de Saúde dos Estados a coordenação e articulação das


instituições de saúde que executam atividades de vacinação.

15.4.1. Recomendações Gerais

• Contraindicações gerais: recomenda-se não administrar vacinas de organismos


vivos atenuados nos casos de imunodeficiência congênita ou adquirida,
neoplasia maligna, em tratamento com imunodepressores e gravidez;
• Adiamento da vacina: preconiza-se adiar nos casos de tratamento recente com
imunodepressores (até 3 meses após a suspensão o seu uso) e na presença de
doenças agudas febris graves;
• Intercorrência que permitem a vacinação:
− Doenças comuns, como afecções do trato respiratório superior com tosse e/ou
coriza, diarreia leve, doenças de pele;

História pregressa e/ou diagnóstico clínico das doenças constantes do PNI:

• Desnutrição;
• Emprego de antimicrobiano;
• Vacinação contra a raiva;
• Doença neurológica estável e/ou antecedente familiar de convulsão;
• Tratamento com corticosteroides em doses baixas ou moderadas por curto
período;
• Alergia não relacionada com os componentes das vacinas;
• Baixo peso ao nascer, até 2.000 gramas;
• Internação hospitalar;
• Infecção pelo HIV;
• AIDS, com exceção do BCG.

44
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
Efeitos indesejáveis: a incidência de reações adversas à vacina varia de acordo com
as características do produto, a forma de administração e a pessoa a ser vacinada.
Consideram-se reações benignas ou esperadas a reação febril e a sensação de leve
desconforto; a complicação vacinal provoca distúrbios mais graves, com
comprometimento temporário ou permanente da função local, neurológica ou
sistêmica, podendo provocar sequelas e óbitos.

Associação de vacinas: considera-se correta a aplicação de várias em um mesmo


atendimento por ser uma conduta econômica, não comprometer a capacidade
imunogênica das vacinas e por não aumentar a incidência de efeitos indesejáveis.

15.4.2. Vacina do PNI

• BCG: a vacinação contra a tuberculose se faz por meio da inoculação do bacilo


atenuado da tuberculose. Após a aplicação, ocorre a reação vacinal ao BCG,
que consiste no aparecimento de nódulo no local da aplicação; o nódulo evolui
para úlcera, com ou sem secreção e crosta. Ao final de 6 a 10 semanas ocorre a
formação de uma pequena cicatriz. O funcionário aplicador deve ser treinado e
aferido pelo órgão competente.
• DPT: a vacinação combinada contra a difteria, coqueluche e tétano é feita
através da vacina tríplice bacteriana (DPT), que é uma associação de toxóide
diftérico e tetânico com Bordetella pertussis inativada.
• Dupla: existem 2 tipos de vacina dupla contra o tétano e a difteria:
− DT: vacina dupla tipo infantil, contendo a mesma concentração de toxóide
diftérico e tetânico que a DPT; indicada para crianças até 6 anos e 11 meses de
idade e que tenham contraindicação médica para receber a DPT;
− dT: vacina dupla tipo adulto, contendo menor quantidade de toxóide diftérico;
indicada a partir de 7 anos, para pessoas que não receberam a DPT ou DT, com
estado imunitário desconhecido, ou como reforço a cada 10 anos.
• TT: a vacina contra o tétano é aplicada com toxóide tetânico (TT) e só deverá ser
utilizada quando não houver a dT; devem-se seguir as mesmas orientações da dT
quanto ao número de doses, via e local de aplicação e conservação. Algumas
condutas devem ser observadas nas gestantes e nos ferimentos.

Nas gestantes não vacinadas pode-se aplicar a primeira dose da dT ou TT na fase


inicial da gravidez, pois não há indícios de que provoque alterações fetais; mas, para
evitar que alguma intercorrência na gravidez venha a ser atribuída indevidamente à
vacina, recomenda-se a vacinação a partir do 3º mês de gravidez, desde que esteja
assegurada a aplicação das 2 doses da vacina antes do parto. A terceira dose deve
ser aplicada 6 meses após a segunda dose, para adequada proteção da mãe e
prevenção do tétano neonatal na gestação futura;

Nas gestantes já vacinadas com uma dose, deve-se aplicar 2 doses de dT ou TT;

Nas gestantes vacinadas com 2 doses, deve-se aplicar uma dose de dT ou TT;

Nas gestantes vacinadas com 3 doses ou mais, administrar uma dose de reforço se a
última aplicação ocorreu há 5 anos ou mais;

45
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
Nos ferimentos, aplica-se a vacina se a vítima tomou 2 doses ou menos, ou se a última
dose foi há mais de 5 anos;

• Sabin: é uma vacina contra a poliomielite e que contém o poliovírus 1,2, 3 na


forma atenuada.
• Sarampo: a vacinação contra o sarampo é feita por meio da aplicação do vírus
vivo atenuado. Em alguns estados (como, por exemplo, São Paulo) o reforço é
feito por meio da aplicação da tríplice viral (MMR- que protege contra o sarampo,
rubéola e caxumba) aos 15 meses.

15.4.3. Calendário de Vacinação

No calendário de vacinação é necessário determinar o início da vacinação básica,


o intervalo entre as doses e a necessidade ou não de doses de reforço; esta
preocupação visa proporcionar uma melhor resposta imunitária, atender o quadro
epidemiológico do momento e das características socioeconômicas do país ou
região (análise da relação custo/benefício).

Considera-se:

• Vacinação básica: a quantidade de doses necessária para considerar uma


pessoa imunizada, obedecidas as demais especificações;
• Dose de reforço: quantidade de doses destinada a estabelecer e manter a
imunidade;
• Intervalo de doses: o tempo adequado entre uma dose e outra para se obter o
efeito máximo desejado.

Existe o calendário de vacinação do PNI, mas cada Secretaria de Saúde do Estado


possui autonomia para alterá-lo e determinar o esquema de vacinação no Estado
(como por exemplo, no estado de São Paulo).

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO

CRIANÇAS ATÉ SEIS ANOS DE IDADE ATUALIZADAS EM 07.02.2020

A PARTIR DO BCG 1

NASCIMENTO HEPATITE B2

2 MESES VACINA VIP3

PENTAVALENTE (DTP+Hib+HB)

ROTAVÍRUS4

PNEUMOCÓCICA 10 VALENTE

3 MESES MENINGOCÓCICA C

46
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
4 MESES VACINA VIP3

PENTAVALENTE (DTP+Hib+HB)

ROTAVÍRUS5

PNEUMOCÓCICA 10 VALENTE

5 MESES MENINGOCÓCICA C

6 MESES VACINA VIP3

PENTAVALENTE (DTP+Hib+HB)

9 MESES FEBRE AMARELA

12 MESES SARAMPO-CAXUMBA-RUBÉOLA (SCR)

PNEUMOCÓCIA 10 VALENTE

MENINGOCÓCICA C

15 MESES TETRAVIRAL (SCR+VARICELA)8

VOP6

DTP7

HEPATITE A11

4 ANOS VOP7

DTP

VARICELA (2ª dose)9

FEBRE AMARELA12

ANUALMENTE INFLUENZA10

1. Caso a vacina BCG não tenha sido administrada na maternidade, aplicar na


primeira visita ao serviço de saúde.

2. A vacina hepatite B deve ser administrada preferencialmente nas primeiras 12


horas de vida, ainda na maternidade. Caso não tenha sido administrada na
maternidade, aplicar na primeira visita ao serviço de saúde. Se a primeira visita
ocorrer após a 6ª semana de vida, administrar a vacina pentavalente (DTP-Hib-
HB).

3. Vacina inativada poliomielite.

4. A 1ª dose da vacina rotavírus deve ser aplicada aos 2 meses de idade. A idade
mínima para administração desta dose é de 1 mês e 15 dias e a idade máxima é
de três meses e 15 dias.

47
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
5. A 2ª dose da vacina rotavírus deve ser aplicada aos 4 meses de idade. A idade
mínima para administração desta dose é de 3 meses e 15 dias e a idade máxima
é de 7 meses e 29 dias.

6. Vacina oral poliomielite.

7. A vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche) só pode ser administrada em


crianças até 6 anos, 11 meses e 29 dias. A partir dos 7 anos de idade, utilizar a
vacina dupla adulto.

8. A vacina tetraviral deverá ser administrada em crianças que já receberam uma


dose de Sarampo-caxumba-rubéola.

9. A 2ª dose deve ser aplicada de 4 anos a 6 anos,11 meses e 29 dias.

10. Disponível na rede pública durante os períodos de campanha. Crianças a partir


de 6 meses.

11. Vacina disponível para crianças de até 4 anos, 11 meses e 29 dias.

12. A vacina febre amarela deve ser aplicada como reforço para aquelas crianças
que receberam a primeira dose de vacina antes de 5 anos de idade. Deve-se
respeitar o intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.

BCG – Vacina BCG (contra tuberculose)

VIP – Vacina poliomielite 1,2 e 3 (inativada)

VOP – Vacina poliomielite 1,2 e 3 (atenuada)

DTP – vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis (tríplice bacteriana)

(Fonte: Secretaria de Estado da Saúde/CVE/Divisão de Imunização)

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO

PARA CRIANÇAS (MAIORES DE 7ANOS) E ADOLESCENTES

INTERVALO
ENTRE AS VACINAS DOSE
DOSES

PRIMEIRA VISITA BCG2 DOSE ÚNICA

HEPATITE B PRIMEIRA DOSE

dT - DUPLA TIPO PRIMEIRA DOSE


ADULTO3

VIP PRIMEIRA DOSE

48
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
HPV4 PRIMEIRA DOSE

2 MESES APÓS SARAMPO,


A PRIMEIRA CAXUMBA,
PRIMEIRA DOSE
VISITA RUBÉOLA - SCR

MENIGOCÓCICA DOSE ÚNICA


ACWY5

HEPATITE B6 SEGUNDA DOSE

dT - DUPLA TIPO SEGUNDA DOSE


ADULTO3

VIP SEGUNDA DOSE

4-6 MESES SARAMPO, SEGUNDA DOSE


APÓS PRIMEIRA CAXUMBA,
VISITA RUBÉOLA - SCR

HPV7 SEGUNDA DOSE

HEPATITE B8 TERCEIRA DOSE

dT - DUPLA TIPO TERCEIRA DOSE


ADULTO3

VIP TERCEIRA DOSE

FEBRE AMARELA DOSE ÚNICA

A CADA 10 dT - DUPLA TIPO REFORÇO


ANOS POR ADULTO9
TODA A VIDA

1. Adolescência - período entre 10 e 19 anos de idade. Caso a pessoa apresente


documentação com esquema de vacinação incompleto, completar o esquema
iniciado.

2. A vacina BCG é indicada para pessoas até 15 anos de idade.

3. Caso o adolescente tenha recebido três ou mais doses das vacinas DTP, DT e dT,
aplicar uma dose de reforço, se decorridos 10 anos da última dose.

4. Vacina papilomavírus humano para meninas de 9 anos até 14 anos, 11 meses e


29 dias de idade. E meninos de 11 anos a 14 anos, 11 meses e 29 dias.

5. Vacina Meningocócica ACWY de 11 anos a 12 anos, 11 meses e 29 dias.

6. O intervalo mínimo entre a primeira e a segunda dose da vacina hepatite B é de


4 semanas.

49
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
7. O intervalo mínimo entre a primeira e a segunda dose da vacina papilomavírus
humano é de 6 meses.

8. O intervalo para a terceira dose da vacina hepatite B pode ser de dois meses
após a segunda, desde que o intervalo de tempo decorrido da primeira dose seja,
no mínimo, de quatro meses.

9. Na profilaxia do tétano após algum tipo de ferimentos, deve-se reduzir este


intervalo para 5 anos.

BCG – Vacina BCG (contra tuberculose) dT – Vacina adsorvida difteria e tétano


adulto (dupla tipo adulto) VIP – Vacina poliomielite 1,2 e 3 (inativada) HPV – Vacina
papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante)

(Fonte: Secretaria de Estado da Saúde/CVE/Divisão de Imunização)

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO

PARA ADULTOS ENTRE 20 E 59 ANOS¹

INTERVALO ENTRE VACINAS DOSE


AS DOSES

PRIMEIRA VISITA dT² - (DIFTERIA E PRIMEIRA DOSE


TÉTANO)

HEPATITE B PRIMEIRA DOSE

SARAMPO, DOSE ÚNICA


CAXUMBA, RUBÉOLA
- SCR³

2 MESES APÓS A dT SEGUNDA DOSE


PRIMEIRA VISITA
HEPATITE B⁴ SEGUNDA DOSE

FEBRE AMARELA DOSE ÚNICA

4-6 MESES APÓS dT TERCEIRA DOSE


PRIMEIRA VISITA
HEPATITE B⁵ TERCEIRA DOSE

A CADA 10 ANOS dT⁶ REFORÇO

1. Caso a pessoa apresente documentação com esquema de vacinação


incompleto, é suficiente completar o esquema já iniciado.
2. Caso o adulto tenha recebido 3 ou mais doses das vacinas DTP, DT, dT, aplicar
uma dose de reforço, se decorridos 10 anos da última dose.

50
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
3. Para pessoas de 20 a 29 anos de idade e profissionais de saúde recomenda-se
duas doses da vacina SCR, com intervalo de 4 semanas.
4. Demais adultos nascidos a partir de 1960, devem ter pelo menos uma dose.
5. A vacina também está disponível para mulheres no puerpério; caso não tenha
sido administrada no puerpério, administrá-la na primeira visita ao serviço de
saúde.
6. O intervalo mínimo entre a primeira e a segunda dose da vacina hepatite B é de
4 semanas.
7. O intervalo para a terceira dose da vacina hepatite B pode ser de 2 meses após
a segunda, desde que o intervalo de tempo decorrido da primeira dose seja, no
mínimo, de 4 meses.
8. Na profilaxia do tétano, após alguns tipos de ferimentos, deve-se reduzir este
intervalo para 5 anos. Em caso de gravidez observar calendário específico para
gestante.

(Fonte: Secretaria de Estado da Saúde/CVE/Divisão de Imunização)

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO

PARA 60 ANOS E MAIS¹

INTERVALO ENTRE AS
VACINAS DOSE
DOSES

PRIMEIRA VISITA dT² PRIMEIRA DOSE

FEBRE AMARELA³ DOSE ÚNICA

HEPATITE B PRIMEIRA DOSE

2 MESES APÓS dT SEGUNDA DOSE


PRIMEIRA VISITA
HEPATITE B⁴ SEGUNDA DOSE

4-6 MESES APÓS dT TERCEIRA DOSE


PRIMEIRA VISITA
HEPATITE B⁵ TERCEIRA DOSE

ANUALMENTE INFLUENZA ⁶ -

A CADA 10 ANOS dT ⁷ REFORÇO

1. Caso a pessoa apresente documentação com esquema de vacinação


incompleto, é suficiente completar o esquema iniciado.
2. Caso o adulto tenha recebido 3 ou mais doses das vacinas DTP, DT, dT, aplicar
uma dose de reforço, se decorridos 10 anos da última dose.

51
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
3. Avaliar o risco-benefício da vacinação levando em conta o risco da doença e
de eventos adversos nesta faixa etária ou decorrente de comorbidades.
4. O intervalo mínimo entre a primeira e a segunda dose da vacina hepatite B é de
4 semanas.
5. O intervalo para a terceira dose da vacina hepatite B pode ser de dois meses
após a segunda, desde que o intervalo de tempo decorrido da primeira dose seja,
no mínimo, de quatro meses.
6. Disponível na rede pública durante períodos de campanha.
7. Na profilaxia do tétano, após alguns tipos de ferimentos, deve-se reduzir este
intervalo para 5 anos.

Nota: Vacina Pneumocócica 23-Valente. Indicada durante as campanhas nacionais


de vacinação, para pessoas com 60 anos ou mais e indivíduos que vivem em
instituições fechadas como: casas geriátricas, hospitais, asilos, casas de repouso.
Vacina dT - vacina adsorvida difteria e tétano (dupla tipo adulto).

ESQUEMA DE VACINAÇÃO

PARA GESTANTE¹ E PUÉRPERA

INTERVALO ENTRE AS
VACINAS DOSE
DOSES

PRIMEIRA VISITA dT2 PRIMEIRA DOSE

HEPATITE B PRIMEIRA DOSE

2 MESES APÓS PRIMEIRA dT2 SEGUNDA DOSE


VISITA
HEPATITE B SEGUNDA DOSE

4-6 MESES APÓS PRIMEIRA dT2 TERCEIRA DOSE


VISITA
HEPATITE B TERCEIRA DOSE

EM QUALQUER FASE DA INFLUENZA⁶ ÚNICA


GESTAÇÃO

PUERPÉRIO INFLUENZA⁷ UMA DOSE

SARAMPO, DOSE ÚNICA


CAXUMBA,
RUBÉOLA8

52
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
VIA E LOCAL DE
VACINA APRESENTAÇÃO DOSAGEM
APRESENTAÇÃO

BCG (vacina Produto 0,1 ml ID (inserção inferior do músculo


contra a liofilizado- deltoide direito)
tuberculose ampola com
múltiplas doses
e diluente

TETRA (vacina Frasco-ampola 0,5 ml IM (*face anterolateral da


contra tétano, com múltiplas coxa, região dorsoglútea ou
difteria, doses (Hib ventroglútea)
coqueluche e liofilizado e DTP
Haemophilus líquido como
influenzae b) diluente)

DTP (vacina Frasco-ampola 0,5 ml IM (*face anterolateral da


contra tétano, com múltiplas coxa, região dorso glútea ou
difteria e doses ventroglútea)
coqueluche)

dT (vacina contra Frasco-ampola 0,5 ml IM (região deltoide, dorso


o tétano e difteria com múltiplas glúteo ou ventroglútea)
uso adulto) doses

SCR (vacina Produto 0,5 ml SC (região posterior do


contra sarampo, liofilizado- antebraço com primeira
caxumba e frasco-ampola escolha ou dorso glúteo)
rubéola) com múltiplas
doses e
diluente

** Hepatite B Frasco-ampola 0,5 ml IM (*face anterolateral da coxa


(vacina contra com múltiplas em menores de 2 anos e região
hepatite B) doses deltoide em maiores de 2 anos)

Febre amarela Produto 0,5 ml SC (região posterior do


(vacina contra liofilizado- antebraço como primeira
febre amarela) frasco-ampola escolha ou dorso glúteo)
com múltiplas
doses e
diluente

Hib (vacina Frasco-ampola 0,5ml IM (*face anterolateral da coxa


contra com múltiplas em menores de 2 anos e região
Haemophilus doses e dorso glútea ou deltoide em
influenza b) diluente maiores de 2 anos).

53
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
*** Influenza Frasco-ampola 0,5 ml IM (região deltoide ou dorso
(vacina contra com dose glúteo)
gripe) única ou
múltiplas doses

**** Pneumococo Frasco-ampola 0,5 ml IM (região deltoide)


com dose
(vacina contra
única
pneumococo)

Raiva humana Produto De IM (*face anterolateral da coxa


(vacina contra a liofilizado- acordo em menor de 2 anos e região
raiva) frasco-ampola com tipo deltoide em maiores de 2 anos)
com dose de
única de profilaxia,
vacina de pré ou
cultivo celular e pós-
diluente exposição

* Face anterolateral da coxa (FALC) = Vastolateral

** Para pessoas imunocompetentes < de 20 anos

*** Para pessoas ≤ 60 anos

**** Para pessoas ≤ 60 anos institucionalizadas

15.4.4. Arquivo de Vacinação

As vacinas administradas no cliente são anotadas em sua ficha de registro de vacina


(arquivadas na Unidade de Saúde) e na caderneta de vacinação (entregue ao
cliente ou responsável).

O arquivo é um local destinado à classificação e arquivamento das fichas de registro


de vacinação dos clientes matriculados ou não na Unidade de Saúde. Tem por
finalidade manter a organização do serviço por meio da centralização das fichas de
registro de vacinação e do controle faltoso ou em dia com a vacina.

Cada Unidade de Saúde deve manter um sistema de arquivamento que melhor se


adapte, mas recomenda-se dividir o arquivo em três tipos:

• Para os clientes com agendamento: as fichas serão classificadas de acordo com


a faixa etária (0 a 1 ano, 1 a 4 anos, 5 a 14 anos, 15 anos e mais, gestantes) e
arquivadas por dia, mês e ano de retorno; dentro do mês, respeitar a ordem
alfabética;
• Para os clientes sem agendamento (clientes com vacinação completa, óbitos,
desistências, mudanças, transferência para outra Unidade de Saúde): as fichas
serão arquivadas por ordem alfabética;

54
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
Para os clientes faltosos: as fichas serão arquivadas pelas datas de retorno não
cumprido.

15.5. CAMPANHA DE VACINAÇÃO

É uma estratégia que tem por objetivo ampliar a extensão da cobertura vacinal,
complementar o serviço de rotina ou controlar uma doença de maneira intensiva.

15.5.1- Campanha de Vacinação Contra a Poliomielite (Campólio)

A 1ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite foi realizada em 1980


para tentar melhorar a situação epidemiológica da doença no Brasil que era, em
média, de 2.300 casos/ano (no Estado de São Paulo, em torno de 300 casos).

O objetivo principal da campanha de vacinação em massa é proteger tanto a


criança vacinada com a Sabin como a coletividade.

Para que isso ocorra, preconiza-se vacinar milhões de crianças menores de 5 anos no
mesmo dia em duas etapas, com intervalo de 60 dias entre cada dose; essa
estratégia rompe a cadeia de transmissão da doença pelo seguinte mecanismo:

• O vírus vacinal (existente na vacina Sabin), após administração, se multiplica no


intestino do vacinado;
• O vírus vacinal é disseminado de forma maciça no meio ambiente através das
fezes do vacinado e irá competir com o vírus selvagem (existente na natureza e
que provoca a doença);
• Como consequência, tem-se a disseminação maciça dos vírus vacinais do
ambiente e nas pessoas, o que impedirá a circulação do vírus selvagem,
quebrando a cadeia de transmissão.

Após a Campólio de 1980, o Brasil registrou 122 casos de poliomielite, o que comprova
a sua eficácia; mas, se os recursos utilizados em um único dia fossem incorporados à
rotina de trabalho, acredita-se que o resultado seria semelhante.

Até 1985, o objetivo da Campólio era controlar a doença em níveis aceitáveis; a partir
de 1986, a proposta é erradicar a doença do Brasil através das vacinações de rotina,
busca ativa dos casos e campanhas de vacinação.

15.5.2. Campanha de Vacinação contra o Sarampo

Para impedir a disseminação do vírus do sarampo em uma comunidade, é necessário


de obter uma imunidade coletiva através da substituição de indivíduos não
imunizados por pessoas imunes.

Obtém-se esse objetivo através de uma campanha de vacinação em um ou dois


finais de semana consecutivos, na qual a estratégia adotada é a vacinação
indiscriminada, ou seja, não se leva em consideração à situação vacinal anterior, ou
antecedentes de sarampo.

55
Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
Indica-se vacinar crianças a partir de 9 meses, por ser a faixa etária de maior
incidência do sarampo. Dependendo da situação epidemiológica, pode-se alterar
a faixa etária, mas devendo-se lembrar que:

Crianças menores de 9 meses possuem anticorpos maternos que impedirão uma


resposta satisfatória à vacinação;

Em crianças femininas maior de 11 anos corre-se um risco maior de aplicação da


vacina em mulher grávida; a gravidez é, inclusive, uma contraindicação para as
demais vacinas, com exceção de toxóide tetânica.

O estado de São Paulo realizou em 1992 a Campanha de Vacinação contra o


Sarampo para crianças de 9 a 11 meses e 29 dias e para a faixa etária de 11 a 14
anos completa; para as crianças de 1 a 10 anos completas, aplicou-se a tríplice viral
(contra o sarampo, rubéola e caxumba).

15.6. OUTRAS DOENÇAS PREVENÍVEIS POR VACINAÇÃO

15.6.1. Caxumba e Rubéola

A associação da antirrubéola com a vacina contra a caxumba e sarampo formam


a MMR, ou trimovax, ou tríplice viral.

É aplicada 0,5ml por via subcutânea, normalmente aos 15 meses, como substituição
ao reforço da vacina contra o sarampo, indica-se a vacina antirrubéola, em dose
única, para as mulheres não grávidas e em idade fértil, com o objetivo de prevenir a
rubéola congênita.

15.6.2. Febre Tifoide

Recomenda-se a vacina antitifica para os trabalhadores de campainhas de


saneamento, viajantes para áreas de risco e comunicantes íntimos de portador
crônico. Preconiza-se administrar 2 doses de 0,5ml (em crianças menores de 12 anos,
aplica-se 0,25ml), por via subcutânea, com intervalo de quatro semanas, e reforço a
cada três anos.

15.6.3. Hepatite por Vírus B

A OMS indica a incorporação da vacina contra a hepatite B nos programas de


imunização até 1997. Por enquanto, ela está sendo preconizada para as pessoas
com riscos de adquirir a doença: homossexuais, hemofílicos, heterossexuais com
múltiplos parceiros, usuários de drogas EV, profissionais de saúde e familiares de
portadores crônicos. A vacinação consiste na aplicação de três doses por via IM
profunda (de preferência no deltóide), com intervalo de 30 dias entre a 1ª e a 2ª dose;
a 3ª dose administra-se 6 meses após a 1ª dose.

15.6.4. Raiva

Recomenda-se a vacina antirrábica, no homem, para os casos de profilaxia pós-


exposição, pois a vacinação rotineira destina-se aos cachorros e gatos. Após
arranhaduras e/ou mordeduras por animais, indica-se:

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Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
• Vacinação: nos casos em que o animal está desaparecido ou morto, sem
possibilidade de diagnóstico laboratorial; consiste na administração diária de 1ml
de vacina subcutânea ou intramuscular, até completar 7 doses e 2 doses de
reforço (10º, e 20º dia após a 7º dose);
• Soro vacinação: nos casos em que o animal está com diagnóstico clínico e/ou
laboratorial positivo. Consistem na aplicação IM de soro antirrábico, em dose
única e em quantidade variável, de acordo com o peso, e 10 doses de vacina
(uma por dia) e 3 doses de reforço (10ª 20ª e 30ª dia após a décima dose).

Esse esquema pode sofrer algumas alterações em algumas regiões do país.

15.6.5. Febre Amarela

Indica-se a vacina antiamarílica para os moradores ou viajantes para áreas


endêmicas.

Administra-se 0,5ml por via IM e com reforço a cada 10 anos.

15.6.6. Moléstia de Hansen

O Programa de Controle da Hanseníase do Ministério da Saúde recomenda aplicar


duas doses de BCG ID, com intervalos de um ano entre as doses, para os contatos
intradomiciliares de pacientes V e D; em alguns estados, a vacinação BCG ID é
estendida a todos os contatos de hanseníase. Para evitar vacinar indivíduos doentes,
deve-se fazer uma avaliação prévia dos contatos de hanseníase.

15.6.7. Meningite

Administra-se 0,5ml da vacina B e C por via IM, em duas doses com intervalo de 2
meses, para crianças a partir de três meses de idade até a idade adulta, mas o efeito
melhor é até dois anos de idade; a vacina C é indicada a partir de dois anos de
idade e em dose única.

15.7. AÇÕES DE ENFERMAGEM

A equipe de vacinação deve estar ciente de que esta prática envolve diversos
aspectos científicos e técnico-operacionais relativos aos agentes imunizantes e à
pessoa a ser vacinada.

O descumprimento das normas do Programa de Imunizações leva a uma prática de


vacinação duvidosa, que pode reduzir o grau de proteção imunitária da população.

A enfermagem atua em todas as fases da prática de imunização, desde o seu


planejamento até a sua aplicação na população-alvo.

15.7.1. Na cadeia de frio

A. Ambiente e manutenção dos equipamentos:

• Selecionar uma sala que seja arejada, protegida da intensidade da luz solar direta
e de fácil acesso;

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Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
• Dispor de freezer e a geladeira em local arejado, sem a incidência direta dos raios
solares, longe de qualquer fonte de calor e uma distância de 10 a 20 cm da
parede, armários e teto;
• Colocar a geladeira e freezer sobre um estrado ou apoio para evitar a oxidação
devida ao contato direto com o chão úmido;
• Fechar corretamente as portas, principalmente nas situações de corte de energia
elétrica;
• Manter a tomada como fonte exclusiva de energia elétrica do equipamento, pois
a sobrecarga elétrica pode danificar ou desligar os equipamentos;
• Providenciar um estabilizador automático de voltagem para os casos contínuos
de flutuação da energia elétrica;
• Providenciar as limpezas periódicas dos equipamentos, evitando-se o acúmulo de
sujeira e de gelo (camada de gelo de mais ou menos 2 cm);
• Após o descongelamento, limpar o equipamento com pano limpo, água e sabão;
• Após a limpeza, fechar a porta, ligar o equipamento e aguardar mais ou menos
três horas (até atingir a temperatura ideal) para recolocar os imunobiológicos,
diluentes e gelo;
• Manter os equipamentos para guardar exclusivamente as vacinas;
• Evitar abrir frequentemente o equipamento, a fim de manter uma temperatura
constante;
• Checar periodicamente o funcionamento e conservação das peças, tais como o
termômetro, borracha vedadora da porta, sistema automático de alarme, ruídos
estranhos, etc.

B. Armazenamento:

• Dispor os imunobiológicos nas prateleiras da geladeira e do freezer de forma a


permitir a livre circulação de ar; recomenda-se uma distância de mais ou menos
2cm entre as caixas, e destas com as paredes do equipamento;
• Não colocar volumes ou anteparos em frente ao evaporador da câmara
frigorífica, pois isso dificulta o insuflamento do ar frio;
• Proceder ao registro da temperatura no interior do equipamento:
• Duas leituras diárias no mínimo, anotando a temperatura em folha apropriada;
• A leitura deve ser rápida quando o termômetro se situa no interior do
equipamento;
• O rodízio dos locais de instalação do termômetro possibilita verificar as
temperaturas existentes em diversos pontos; recomenda-se usar termômetro de
temperatura máxima e mínima na segunda prateleira do refrigerador;
• Não utilizar as portas para estocar os imunobiológicos e nem guardar outros
materiais, a fim de evitar troca de temperatura e deslocamento da porta;
• Colocar na geladeira:
− Pacotes de gelo, gelo reciclável ou fôrma com gelo no congelador;
− Imunobiológicos virais na primeira prateleira, os demais na segunda prateleira e
os diluentes na terceira prateleira;
− Garrafas com água e corante (para evitar o seu uso indevido) na gaveta de
legumes;

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Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
− Colocar os lotes mais antigos, com data de vencimento próximo, na frente das
prateleiras, para que o seu uso ocorra, na medida do possível, dentro do prazo de
validade;
• Comunicar à autoridade competente qualquer alteração da temperatura
recomendada, passando os seguintes dados: número do lote, data de validade,
número de doses, tempo de exposição à temperatura, temperatura da última
leitura (máxima e mínima) e a de momento, após, identificar e manter as vacinas
em temperatura adequada até o recebimento de orientações.

C. Transporte:

• Verificar qual o melhor tipo de transporte para a sua realidade: avião, carro, trem,
caminhão frigorífico, barco, etc.;
• Ao montar as caixas de transporte dos imunobiológicos, avaliar: tempo de
percurso, condições climáticas da região, tipo de veículo a ser usada no
transporte, necessidade de caixa térmicas revestida de madeira, etc.;
• Selecionar o tamanho adequado da caixa térmica a ser utilizada;
• Colocar o gelo em quantidade duas vezes maior que a quantidade de vacinas
(2/3 de gelo e 1/3 de vacina); grande quantidade de gelo poderá congelar as
vacinas e inativá-las (dependendo da vacina);
• Dispor o gelo de tal forma que circunde as vacinas;
• Evitar o contato direto da vacina com o gelo, forrando-se papel a superfície entre
o gelo e a vacina (que não pode ser congelada);
• Colocar o bulbo do termômetro dentro dos pacotes de vacinas existentes na
caixa térmica, fechá-la e vedar com fita adesiva;
• Identificar a caixa: destinatário, remetente, dia e hora, temperatura, tipo de
imunobiológicos e escrever “Cuidado frágil urgente”;
• Durante o carregamento, deixar o veículo à sombra;
• Dispor as caixas no veículo em áreas longe de fonte de calor (por exemplo,
distante do motor;)
• Orientar o condutor do veículo para:
− Manter as caixas sempre à sombra, durante o percurso;
− Manipular as caixas com cuidado para evitar quebras e que possam abri-las;
− Caso ocorra qualquer problema durante o transporte, comunicar imediatamente
o destinatário ou o remetente (de acordo com a menor distância), para que os
imunobiológicos possam ser resgatados o mais rapidamente possível, evitando-se
perdas;
• Ao receber o produto, verificar e anotar as temperaturas, hora da chegada e
data.

D. Vacina:

• Vacina: dose, tipo, reações, retorno na data agendada;


• Procurar recurso de saúde se ocorrer complicações;
• Fazer banho morno e/ou administrar antitérmico que a criança normalmente
recebe nessa intercorrência, nos casos de hipertermia;

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Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
• Fazer compressas quentes no local da aplicação da DPT, Dt ou dT (é discutível se
devemos fazer ou não compressas quentes ou frias);
• Não colocar qualquer medicamento no local da aplicação do BCG e nem cobrir
a úlcera com gaze;
• Possibilidade de aparecimento do “falso sarampo” (processo exantemático) e da
“falsa caxumba” (enfartamento das parótidas) após 5 a 12 dias de aplicação da
vacina contra o sarampo ou tríplice viral;
• Não necessidade de intervalo entre a aplicação da vacina e as refeições ou
mamadas, com exceção das crianças vacinadas com Sabin e que são
portadoras de refluxo gastresofágico moderado ou grave;
• Importância da caderneta de vacinação como documento de saúde da criança
(para matrícula em creche e escola, acompanhamento do estado vacinal, etc.);
• Necessidade de trazer a caderneta todas as vezes que comparecer à Unidade
de Saúde;
• Selecionar uma sala onde não haja incidência de luz solar direta sobre qualquer
vacina; a sala de aplicação da BCG não deve ter luz solar; mas iluminação
artificial;
• Utilizar somente os frascos fechados que estão dentro do prazo de validade e em
condições de uso;
• No preparo da BCG, deixar o pó no fundo do frasco, serrar a ampola, envolver
com o saco protetor e quebrar a ampola;
• Aspirar ao diluente específico em temperatura semelhante à da vacina;
• Para não destruir os vírus vacinais, deve-se injetar lentamente o diluente pela
parede do frasco e evitar a formação de espuma;
• Após abertura de o frasco mantê-lo em temperatura de + 4ºC a + 8ºC;
• Verificar na bula a quantidade de vacina (nº de gotas ou ml) que corresponde a
uma dose;
• Desprezar o conta-gotas contaminado na boca da criança ou nos utensílios;
• Revacinar a criança que vomitou até 30 minutos após a vacinação da Sabin;
• Escalar para a sala da BCG o funcionário treinado e aferido pelo órgão
competente;
• Agitar lentamente o frasco para homogeneizar a DPT, Dt, dT, BCG e antissarampo,
antes de aspirar na seringa;
• Trocar a agulha para aplicação das vacinas aspiradas de frascos vedados com
borracha;
• Evitar que o líquido escorra pela agulha a ser utilizada na aplicação;
• Nos frascos abertos ou reconstituídos anotar data e horário, respeitando-se os
seguintes prazos máximos de validade:
− BCG: utilizar até 8 horas, inutilizando após esse período;
− DPT, dT, DT: 7 dias;
− Sabin: 7 dias;
− Sarampo: inutilizar após 6 a 8 horas, de acordo com a orientação do fabricante;
− Tríplice viral: inutilizar após 8 horas:
• Anotar o número de doses inutilizadas;

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Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
• Encaminhar ao órgão competente ficha de investigação de complicação
vacinal nos casos de reações pós-vacinais moderadas ou graves, locais ou
sistêmicas. Em alguns estados, essas fichas são encaminhadas ao Sistema de
Investigação de Casos de Complicação Vacinal vinculado ao C.V.E.

15.7.2. No Preenchimento da caderneta e arquivamento

• Manter o arquivo organizado de acordo com as normas preestabelecidas;


• Manter um controle das fichas dos clientes faltosos, estudando a viabilidade da
convocação para a vacinação via aerograma;
• Preencher os itens da caderneta e da ficha de registro em letra legível e de forma
correta; se o cliente não souber o endereço, anotar a referência;
• Solicitar o documento do cliente para o preenchimento da ficha e caderneta;
caso contrário, anotar a lápis e passar os dados à tinta após a apresentação do
documento;
• Anotar a lápis o endereço;
• Na caderneta e ficha, carimbar no quadro correspondente da dose da vacina
aplicada; anotar a data e rubricar;
• Anotar a lápis a data do próximo retorno.

15.7.3. Na Campanha de Vacinação

Levantar a população-alvo para fornecer subsídios ao cálculo de pessoal e de


material a ser utilizado:

• Pessoal: coordenadores, supervisores, vacinadores, organizadores de fila,


anotadores e/ou triadores; atentar para não escalar número excessivo de
profissionais e de meio de transporte;
• Postos de vacinação: fixos (nas unidades de saúde) e volantes (escolas, creches,
igrejas, clubes, favelas);
• Materiais: vacinas, materiais de consumo e materiais permanentes, impressos;
• Realizar treinamento aos participantes da campanha;
• Antes do dia da vacinação, esclarecer a população através dos veículos de
comunicação em massa (TV, jornal etc.), como através da utilização de serviço
de alto-falantes, cartazes, faixas, informes técnicos etc.;
• Seguir as demais instruções sobre a seleção das salas de aplicação, e sobre
acondicionamento, conservação, transporte e aplicação das vacinas;
• Selecionar caixas térmicas de tamanho e em número adequados para as equipes
volantes;
• Dar um comprovante de vacinação para toda criança vacinada; se a criança
tiver a caderneta, anotar no espaço correspondente;
• Preencher o boletim de vacinação, repassando por via verbal essas informações
ao Comando Geral de forma periódica (normalmente no meio e final do
expediente);
• Ao final do dia, entregar impressos estatísticos apropriados ao comando ou como
for determinado pelo mesmo;

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Processo de Trabalho em Saúde Coletiva I
• Avaliar o desempenho e a eficácia da campanha através da avaliação dos
participantes e dos dados estatísticos.

16. REFERÊNCIAS
BRAGA, José Carlos de Souza & PAULA, Sérgio Góes de. Saúde e previdência –
estudos de política social. São Paulo, CEBES- HUCITEC, 1981.

COHN, Amélia & ELIAS, Paulo Eduardo. Saúde no Brasil: políticas e organizações de
serviços. São Paulo, Cortez Editora, 1996.

IYDA, Massako. Cem anos de saúde pública: a cidadania negada. São Paulo, Editora
da UNESP, 1994.

LUZ, Madel Therezinha. Notas sobre as políticas de saúde no Brasil de "transição


democrática" – anos 80. PHYSIS - Revista de Saúde Coletiva, São Paulo, v.1, n.1. 1991.

OLIVEIRA JR, Mozart. O financiamento da área social e do SUS no Brasil. In:


Planejamento e Gestão em Saúde. Cadernos de Saúde, Vol 1, Belo Horizonte,
COOPMED, 1998.

Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. História das Políticas de Saúde no Brasil.
Centro de Formação dos Trabalhadores de Saúde. Roteiro e direção: Renato Tapajós.
Tapiri Vídeo produções. 1992.

SCLIAR, Moacyr. Do mágico ao social: a trajetória da Saúde Pública, Porto Alegre,


L&PM Editores, 1987.

SILVA, Kleber Pinto. A Cidade, Uma Região, O Sistema de Saúde: para uma história
da saúde e da urbanização em Campinas - SP. Campinas: Área de Publicações
CMU/UNICAMP, 1996. (Coleção Campiniana).

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE. Projeto Paideia de Saúde da Família. Disponível


em:<http://www.saude.campinas.sp.gov.br/saude/diretrizes.htm>. Acesso em 11 de
agosto de 2020.

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE. Imunização. Disponível em:<


http://www.saude.sp.gov.br/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica-prof.-
alexandre-vranjac/areas-de-vigilancia/imunizacao/>. Acesso em: 13 de agosto de
2020.

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