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Aula 08 - Dermatologia em Pequenos Animais

Escabiose (sarna sarcóptica ou notoédrica nos gatos)

 A escabiose pode ser causada pelo Sarcoptes scabie (cães) ou Notoedres cati (gatos)
 Pode ser conhecida como sarna sarcóptica nos cães e notoédrica nos gatos
 Ocorre geralmente em animais jovens, mas pode acometer também animais adultos
 Esse ácaro faz escavações superficiais principalmente na epiderme dos animais e essas escavações
causam um prurido intenso no animal
 É uma característica da escabiose o prurido intenso
 É uma doença relacionada a altas densidades populacionais (abrigos, animais que tem contato com a
rua)
 É bastante contagiosa (contaminação pode ser direta ou indireta), intra e interespécies sendo uma
ZOONOSE
 Pode ocorrer em outras espécies além dos cães e gatos como coelhos, bovinos, caprinos

Sinais clínicos
Nos cães são vistos principalmente em pina (principalmente na borda da pina), região de cotovelos,
jarrete e superfícies ventrais
* são as áreas que devem ser preconizadas no raspado de pele
 Com a evolução da doença, essas lesões vão se disseminando para o resto do corpo do animal
 Hiperceratose de ponta de pina deve-se fazer diferencial com vasculite de ponta de orelha e com
picadas de insetos.
Nos gatos ocorre principalmente na região de cabeça (região cefálica), orelhas, membros torácicos e
também pode acometer a região perianal
* Mas o principal lugar é na região da cabeça
A região perianal pode ser acometida nos gatos, devido ao comportamento desses animais: os gatos
dormem enroladinhos e a região perianal dessa forma fica próximo a região da cabeça (que é a mais
acometida)
A orelha do gato pode ficar bastante espessada formando dobras
 Alopecia;
 Pápulas;
 Crostas;
 Hiperceratose (um pouco mais crônica  a pele faz esse espessamento como uma forma de proteção,
pois o ácaro faz escavações e isso é uma tentativa de evitar que o ácaro atinja camadas mais
profundas)
 Eritema;
 Escoriações (devido ao prurido)
Diagnóstico:
 Deve-se fazer uma associação do histórico, sinais clínicos e terapêutico.
- cães: reflexo otopodal: consiste em manipular a orelha do cão e ele vai fazer a mimica de querer coçar a
região. Porém não é patognomônico (não são todos os cães que fazem e alguns cães com dermatite
atópica fazem)
O reflexo otopodal não é feito em gatos
É um animal que tem contato com a rua? Seu contactante tem contato com a rua?
O diagnostico terapêutico é feito mais em cães, pois nos cães é muito difícil de achar o ácaro (nos gatos é
bem mais fácil achar os ácaros)
 Parasitológico: raspado cutâneo superficial: feito apenas nos gatos (principal forma de diagnostico nos
gatos)
Pode ser feito imprint com durex no caso do gato, que tem a mesma sensibilidade do raspado superficial
- cão (difícil) X gato (fácil) encontrar;
Regiões de escolha para se fazer o raspado: borda orelha > cotovelo > outras regiões.
Borda de orelha é o local mais fácil de encontrar o parasita
 Coproparasitológico: corresponde ao exame de fezes. Às vezes, no cão principalmente (no gato
também pode ocorrer), quando ele vai coçar a região, ele pode engolir o ácaro e esse ácaro sairá junto
com as fezes. É mais comum de encontrar nas fezes os ovos
 ELISA: teste sorológico. É feito mais em cães, pois nos cães e difícil fazer o diagnostico via raspado. Não
é barato e não é feito na rotina. Não é 100% sensível e especifico (pode dar falso negativo)

Tratamento:
 A escabiose diferentemente da demodicose responde muito bem a esses medicamentos e não é como
na demodicose que a doramectina é melhor que a ivermectina
• Ivermectina: 0,2-0,4 mg/kg VO q. 7 dias;
• Moxidectina: 0,25 mg/kg, VO q. 7 dias;
• Doramectina: 0,2mg/kg, VO q. 7 dias (G: SC dose única);
• Selamectina: q. 15 dias.;
• Fipronil spray: q. 15 dias;
• Advocate®: q. 15 dias.
 Todas essas drogas tem um efeito muito bom
 Nos cães deve-se tratar o animal por 30 dias, faz o retorno do animal, e se o animal ainda estiver
apresentando prurido, realiza-se mais duas semanas de tratamento
 Nos gatos geralmente o tratamento é acompanhado pelo raspado. Se não encontrar o acaro em um
raspado e o animal não está apresentando mais SC, pode-se interromper o tratamento (não precisa
fazer como na demodicose que necessita de 3 raspados negativos para interromper o tratamento)
 Pode usar o Bravecto em dose única
 A resposta ao tratamento de escabiose é muito eficaz
 O tratamento deve ser associado com banhos
• Banhos: peróxido de benzoíla (limpa os folículos) q. 4 dias;
 Deve entrar com corticoide porque o animal coça muito
• Prednisona: 0,5mg kg SID VO 5 dias;
 Tratar contactantes mesmo que não apresentem lesões, pois eles podem ser portadores também. O
animal pode desenvolver uma piodermite 2º e se ele apresentar deve ser tratado
 Deve-se tratar o ambiente também, devido à possibilidade de transmissão indireta
• Ambiente: 4ml amitraz + 1l água, q (a cada). 7 dias, 4 sem. O animal não deve ter contato com esse
ambiente por 24 horas
3. Otoacaríase (sarna otodécica)
→ Otodectes cynotis.
• Filhotes de gatos e cães;
 É mais comum nos gatos, mas pode ocorrer no cão também.
 Ocorrem mais em filhotes
• Gatos adultos portadores assintomáticos;
 Filhotes que ficam com adultos portadores podem se contaminar

Localização
• Eles ficam principalmente nas orelhas, causando uma secreção escura e pruginosa: exsudatoescuro,
prurido
 Nem sempre a otodécica vai levar a produção de um exsudato escuro
 Pode levar ao otohematoma de tanto o animal coçar
 Esse ácaro não fica restrito somente na região da orelha do animal: ele tem a capacidade de se
disseminar ao longo do corpo do animal, por isso o tratamento deve ser sistêmico, não basta tratar só
a orelha do animal
• Pescoço, pelve, cauda: pápulas, crostas, prurido.
 Também é uma ZOONOSE
 A otodécica fica no ouvido e ai lesionando o conduto e acaba estimulando a produção de uma maior
quantidade de cerume. O cerume tem gordura e essa gordura em contato com o oxigênio vai oxidar,
e isso é responsável pela coloração mais escura e isso também leva a um cheiro ruim
 As vezes não é possível observar o sinal clinico em si na orelha, porém há lesão atrás da orelha (na
base da orelha), que nos indica que o gato está coçando a orelha

Diagnóstico:
• Visualização direta;
 Esse ácaro é maior, então com auxilio de uma lupa é possível visualizá-lo a olho nú. Coleta-se um
pouquinho de secreção e com auxilio da lupa é possível ver os ácaros se movimentando.
 Pode colocar a secreção também em uma superfície mais escura, pois os ácaros são branquinhos
• Otoscopia;
• Microscopia
 Faz um swab da orelha e olha no microscópio

Tratamento:
 O tratamento deve ser feito de forma sistematicamente (não é apenas tópico na orelha)
* Ivermectina: 0,2-0,4 mg/kg VO q. 7 dias 4 sem.;
* Selamectina ou Advocate® ou Fipronil: q. 15 dias 2 adm.;
Obs: Se você utilizar Selamectina ou Advocate® ou Fipronil não precisa utilizar a ivermectina (usa um ou
outro)
A ivermectina é mais barata
Selamectina ou Advocate® ou Fipronil devem ser duas aplicações a cada 15 dias, mesmo se os sinais
clínicos sumirem, para se ter a cura parasitológica, não somente a cura clinica
 Deve-se usar um ceruminolitico, pois a otodécica vai estimular a produção de cerume
• Ceruminolítico SID 2-3 dias (depende da quantidade de cerume presente);
• Tratar otite (se necessário).
 Antigamente pingava-se o fipronil dentro da orelha, mas hoje em dia não é mais recomendado (não foi
fabricado pra isso)

Hipersensibilidades (reações alérgicas)

1. Dermatite acral por lambedura


 É uma doença crônica, diferentemente da dermatite úmida aguda
 É bastante comum de se observar na clinica
→ É uma dermatite psicogênica: o animal fica excessivamente, o tempo todo lambendo o local,
compulsivamente
• Lambedura excessiva e compulsiva da área.
Ocorre na porção distal dos membros normalmente: carpo, tarso, metacarpo/tarso;
• começa com uma pequena área de dermatite e essa lesão vai ↑ lentamente devido ao animal ficar
lambendo compulsivamente
• Comum em cães (raças grandes), muito raro em gatos
• Animais de meia idade a idosos são mais comuns
Etiologias
 Estresse ambiental é uma das principais causas
 Hipersensibilidade
 Trauma
 Corpo estranho
 Infecção
 Demodiciose
 Hipotireoidismo
 Neuropatias
 Osteopatias
 Pode correr também devido a artrite, artrose  animal está com dor e fica lambendo a região

Sinais clínicos: Lesão


 É uma lesão granulomatosa;
 Alopécica;
 Firme a palpação;
 Elevada;
 Espessada;
 Pode ser em formato de placa ou nódulo;
 Ulcerada;
 Com fibrose;
 Hiperpigmentação: a medida que a lesão vai cronificando
 Pode ocorrer infecção bact. 2º: a boca do animal é muito contaminada, então ele vai ficar só
inoculando bactérias no local lesado

Diagnóstico: é basicamente clínico;


 Lesão característica em região distal de membros
• Histopatologia;
 Pode ser feita para diferenciar principalmente de alguma neoplasia, apenas descarta neoplasias. O
diagnostico de dermatite acral por lambedura é clinico
• Cultura
 É interessante quando a suspeita for de origem infecciosa (antimicrobiograma)

Tratamento:
• Identificar e tratar causa subjacente além de tratar a lesão em si
• Antibioticoterapia (enrofloxacina é a de escolha): tem a capacidade de penetrar melhor nessas lesões
ulcerativas
 Deve-se entrar com corticoide para aliviar o prurido
• Prednisona: 0,5 mg/kg SID VO;
Usar Antidepressivos (principalmente se a causa for o estresse ambiental)
- fluoxetina: 1 mg/kg SID VO; ou (no cão)
- amitriptilina: 1-3 mg/kg BID VO.
2. DASP (dermatite alérgica a saliva da pulga)
→ Dermatite alérgica à saliva da pulga.
• Ctenocephalides felis felis tanto no cão quanto no gato
• Comum em cães e gatos;
• É uma sensibilidade que o animal adquire à proteína da saliva da pulga
• Sazonal: meses quentes e outono, que correspondem aos meses que ocorrem a > proliferação da pulga

Reação IgE especifica  o organismo vai produzir IgE especifico para ligar ao antigeno
As células de langerhans vão captar o antígeno da saliva da pulga e vão apresenta-lo para os linfócitos T na
pele. Esses linfócitos vao produzir uma resposta Th2.
Essa resposta Th2 vai gerar principalmente inerleucinas 4, 5 e 13
Nos cães principalmente interleucinas 4 e 13
Essas interleucinas recrutam linfócitos B para o local que vão produzir IgEs específicos para esses antígenos
da saliva da pulga, isso num primeiro contato. Essas IgEs vão para as superfícies dos mastócitos e ficam
aderidas lá. Num segundo contanto que o animal tiver com a pulga (outros contatos), o antígeno entrará
em contato com essas IgEs que captam o antígeno e isso estimula os mastócitos e essa estimulação faz
com que os mastócitos dregranulem e liberem histamina e com isso o animal apresenta os sinais clínicos
da alergia
Sinais clínicos nos cães:
 Os sinais clínicos vão se manifestar principalmente nas regiões Lombossacral e caudodorsal
 A medida que a lesão vai evoluindo, ela tende a evoluir cranialmente
 A medida que os sinais vão evoluindo as lesões podem ocorrer também em regiões como caudomedial
da coxa; abdome e flanco
 - alopecia (é o que mais se observa)
 - piodermite;
 - eritema (devido ao animal ficar se coçando)
 - hiperpigmentação (em um processo mais crônico)
 - escoriações;
 - liquenificação
Sinais clínicos nos gatos:
 Os sinais clínicos são observados principalmente em região de pescoço,
lombossacral, caudomedial da coxa, abdome.
 Pode ocorrer em outras regiões do corpo
 Escoriações
 Alopecia
 Crostas;
 Os principais SN que os gatos manifestam são as dermatites
eosinofílicas, que correspondem aos padrões racionais do gato.
 Toda dermatopatia no gato está presente esses padrões racionais, mas ocorre principalmente na DASP
 “dermatologista gosta de brincar que o gato é um eosinófilo ambulante”

Dermatite eosinofilica

Quando as células langerhans de apresentam o antígeno para os linfócitos


T, aquela resposta Th2 vai produzir muito interleucina 5 principalmente (no
gato, no cão é mais a 4 e a 13); essa produção de interleucina 5 ai recrutar
muito eosinófilo lá para a pele para fagocitar o antígeno, só que esses
eosinófilos acabam fagocitando também o tecido e com isso há os padrões
das dermatites eosinofilicas (padrões reacionais de hipersensibilidade do
gato)
Padrões reacionais de hipersensibilidade do gato não é diagnostico

Dermatites eosinofílicas (Padrões reacionais de hipersensibilidade do


gato)
1- Úlcera eosinofílica: (também chamada de ulcera indolente): ocorre na região de lábio superior do gato
(próximo ao canino). Se levantar o lábio do aniaml dá para notar que é bem na direção do canino. Pode
uni ou bilateral
2- Placa eosinofílica: acontece principalmente na região de abdomen, inguinal, medial no membro
pélvico.
É a única lesão das dermatites eosinofilicas do gato que se consegue fazer o diagnostico por citologia
(nas outras é mais pela clinica)
3- Granuloma eosinofílico: possui três tipos: mentoniano (ocorre no lábio inferior); oral (pode ser em
região gengival, na língua, na porção interna da boa na junção mandíbula-maxila); linear (ocorre na
região caudal dos membros pélvicos, ao palpar parece um lápis/linha)
Essas lesões nos gatos são tratadas com corticoide prednisolona, pois o gato não metaboliza
prednisona em dose mais alta (2 a 4 mg/kg durante 5 dias). Deve-se passar alguma limpeza oral
como clorexidine.
4- • Dermatite miliar: sua manifestação são pápulas crostosas geralmente hemáticas (com sangue).
Pruriginosa.
Ocorre principalmente na região de dorso do animal, mas pode ocorrer ao longo do corpo do animal de
uma forma geral
Algumas literaturas não a classificam como dermatite eosinofilica, porem ela é uma reação
eosinofilica sim

Diagnóstico:
• Clínico:
- dermatite lombar;
- Nos gatos as dermatites eosinofilicas
- visualização de pulgas/excretas;
- resposta ao tratamento. Na maioria das vezes o diagnostico é terapeutico
Existe o teste sorológico, mas não é feito na rotina e ele é mais para o tratamento do que para o
diagnostico (faz o teste com intuito de fabricar a imunoterapia)

Tratamento:
• Nitempiram (Capstar®): VO q. 24-48h 7 dias;
 Tem ação imediata, mas não tem poder residual
• Luferunon (Program®) : VO q. 30 dias;
• Spinosad (Comfortis®): VO q. 30 dias;
• Fluralaner (Bravecto®): VO q. 3 meses;
• Fipronil + metopreno (Frontline® Plus): q. 3-4 sem;
• Selamectina (Revolution®): q. 3-4 sem…
 metopreno  não permite que seja produzida uma larva viável da pulga. Só ele tem essa ação
Pode associar o Capstar cm o Program (ideal é associar o capstar com um pour on)
 Deve-se entrar com corticoide (prurido)
• Prurido: prednisona para o cão: 0,5 mg/kg SID VO 5 dias +
Cortavance® spray: tópico SID (corticoide tópico)
• Banhos: hipoalergênicos (Episoothe®) q. 4 dias se o animal tiver piodermite não usa esse shampoo e sim
um antisséptico como a clorexidine
• Tratar piodermite 2º (se necessário); se necessário entrar com antibiótico também
• Não há cura → apenas controle (usar antiparasitário).
 Deve tratar todos os contactantes do animal
Deve-se fazer um tratamento Ambiental:
- amitraz(Butox®) q. 7 dias 4 sem.
- dliuição: 4ml + 1L água;
- borrifar áreas permanência do animal;
-sem contato por 24h c/ local;
- usar luvas, botas, máscara.
* Contratar empresa especializada!

4- Dermatite Atópica
“Doença cutânea inflamatória pruriginosa de evolução crônica com base genética e, portanto, não admite
cura, apenas controle”.
•↑ comum em cães (principal dermatopatia em cães) e incomum em gatos;
•Sinais clínicos aparecem em cães adultos jovens (6 meses - 3 anos).
A dermatite atopica é uma manifestação da atopia (da alergia) na pele

Raças predispostas:
• Boxer;
• Bulldog Francês;
• Golden Retriever;
Labrador;
• Lhasa Apso;
• Poodle;
• Pug;
• Schnauzer;
• Shar Pei;
• Shih Tzu;
• SRD;
• West Highland White
Etiopatogenia:
Depende da associação de fatores intrínsecos e fatores extrínsecos
• Fatores intrínsecos (do próprio animal)
 esses animais geneticamente tem alteração na barreira epidérmica  eles tem uma diminuição da
camada lipidica
- alteração barreira epidérmica: ↓ emulsão lipídica; ( a emulsão lipídica é composta principalmente por
ceramídeos, colesterol ác. Graxos)
No tratamento tenta suprir essas deficiências com os componentes da emulsão lipídica
• Fatores extrínsecos:
- irritantes primários: químicos, físicos;
- alérgenos ambientais: ácaros domésticos principalmente (dermatofagoides é o principal ácaro
domestico)
- trofoalérgenos (que são os alérgicos alimentares)
 hoje me dia não difere mais dermatite atopica e hipersensibilidade alimentar  fala-se dermatite
atopica responsiva ao alimento

Fazendo uma analogia da pele com uma parede: os tijolos são os queratinocitos (cls da pele). Envolvendo
os queratinocitos há a emulsão lipídica. Nos caes de pele integra os aeroalergenos irritantes não
conseguem penetrar a pele devido a essa emulsão lipídica. Na pele do animal atópico que há uma
deficiência dessa emulsão lipídica ficam buracos entre os queratinocitos e os aeroalergenos irritantes
conseguem penetrar na pele, causando a irritação e o prurido

A falta dessa camada lipídica propicia a perda de agua e com isso a pele resseca e isso estimula ainda mais
o prurido
Prurido (pele seca e entrada dos agentes aeroalergenos irritantes)
Reação IgE especifica  o organismo vai produzir IgE especifico para ligar ao antigeno
As células de langerhans vão captar o aeroalergenos irritantes e vão apresenta-lo para os linfócitos T na
pele. Esses linfócitos vao produzir uma resposta Th2.
Essa resposta Th2 vai gerar principalmente inerleucinas 4, 5 e 13
Nos cães principalmente interleucinas 4 e 13
Essas interleucinas recrutam linfócitos B para o local que vão produzir IgEs específicos para esses antígenos
dos aeroalergenos irritantes, isso num primeiro contato. Essas IgEs vão para as superfícies dos mastócitos e
ficam aderidas lá. Num segundo contanto que o animal tiver (outros contatos), o antígeno entrará em
contato com essas IgEs que captam o antígeno e isso estimula os mastócitos e essa estimulação faz com
que os mastócitos dregranulem e liberem histamina e com isso o animal apresenta os sinais clínicos da
alergia

Sinais clínicos
 O principal SN da dermatite atopica é o prurido

PRURIDO
 • Crônico;
 • Perene (não é sazonal  é o ano inteiro)
 • Primário; (o animal primeiro coça, e de tanto ele coçar ele faz uma lesão no local)  não existe uma
lesão para depois o animal começar a coçar
 • Intenso;
 • Responde a corticóide

Prurido em região perilabial


Orelhas
Região inguinal
Região axilar
Interdigital (plantar, palmar e dorsal)
Região periocular
 Correspondem as mesmas áreas que a malassezia coloniza: são áreas que produzem muito cero. Essas
regiões nessa doença são mais acometidas, pois são as regiões de pele mais fina do animal (regiões
mais desprotegidas)
 Com o avançar da doença ela ocorre em outros locais do corpo também
 Um sinal clinico muito comum é o cão ficar coçando a pata
 eritema;
 escoriações;
 infecções 2º; (a pele tem buracos)
 alopecia; (devido a prurido)
 hiperpigmentação;
 lignificação;
 hiperqueratose;
 otite recorrente.
 Não necessariamente precisa apresentar todos esses sinais
Onde o animal coça com a boca é normal a região ficar a amarelada e os pelos também, pois a saliva
contem ferro que com contato com oxigênio oxida e confere essa coloração
 Na dermatite por lambedura não é um lamber coçando, na dermatite atopica o animal parece que quer
arrancar a parta de tanto coçar
 Gato com dermatite atopica tem placas eosinofilicas
Diagnóstico:
•Diagnostico é Clínico → FAVROT et al. (2010):
1. Início dos sinais clínicos antes dos 3 anos de idade;
2. Cão habitante de interiores residenciais;
3. Prurido responsivo a glicocorticóide;
4. Prurido não-lesional; (a lesão surge do prurido)
5. Extremidades de membros anteriores lesadas;
6. Pinas lesadas;
7. Margens das orelhas não lesadas;
8. Região dorso-lombar não lesadas
* Se o animal apresentar 5 dessas 8 condições o animal tem dermatite atopica.
Critério 7 serve para diferenciar de escabiose (escabiose a lesão é na borda da orelha
Critério 8 serve para diferenciar de DASP

Tratamento → Controle:
 Não é um tratamento e sim um controle
1º fase do tratamento:
•Educar e informar tudo ao proprietário;
 Tratamento caro e para o resto da vida
•Controlar infecções 2º;
(piodermite, malasseziose, otite, ectoparasitas).
 Limpar a pele
•Tentar recuperar a função de barreira para não permitir a entrada de alérgicos irritantes na pele e evitar a
perda de agua na pele
 Usar substancias que são hidratantes, emolientes, umectantes
 Deve-se dar banhos cm shampoos hidratantes
 Apos os banhos deve-se fazer o hidratante, com o pelo ainda umido
•Allermyl®/Episoothe®/Dermogen®/VetriDerm®;
- banhos q. 4 dias.
•Humilac®/Hidrapet®/VetriDerm® (após banho);
- pelo úmido. Não enxaguar.
•Allerderm® spot on 1x/sem (entre banhos);
 Deve ser feito entre os banhos e é um composto de ácidos graxos
 Ex: se deu banho na segunda, aplica na quarta e na sexta dá outro banho
 Pode administrar ácidos graxos por VO
•Allerdog®/Megaderm® VO (ω6:ω3 – 10:1 proporção ideal para a pele).
 Todos os banhos terapêuticos em dermtologia são realizados a cada 4 dias
 Nessas doenças os banhos com shampoos são para o resto da vida do animal

2º fase do tratamento
•Exclusão dietética (Dermatite atópica responsiva a alimento)
•Controle medicamentoso.
A exclusão dietética pode ser feita de forma caseira ou comercial
• Exclusão dietética:
- caseira ou comercial
- O animal tem que comer exclusivamente essas dietas durante 8 sem;
- desafio: reintroduzir dieta anterior.
Se o animal tiver Dermatite atópica responsiva a alimento, com a exclusão dietética o animal diminui muito
o prurido, mas não tem cura. Se diminuir depois coloca o animal em desafio para ver se irá aumentar
novamente o prurido
A dieta caseira pode ser com arroz, batata, mandioca (escolhe uma) e carne (carne de coelho, peito de
pato, cordeiro)
3C : 1P C = arroz/batata/mandioca P = coelho/peixe/pato/cordeiro
Se com a dieta de exclusão o animal não diminuiu o prurido, deve-se fazer o tratamento medicamentoso
para o resto da vida do animal

•Contole medicamentoso:
- Oclacitinib (Apoquel®): 0,4-0,6 mg/kg VO BID;
 Controla o prurido tão bem, ou melhor, que os corticoides
- Ciclosporina: 5 mg/kg VO SID (↑ custo);
 deve associar com corticoide (15 dias de corticoide direto) e depois ai tirando o corticoide aos poucos e
fica com a ciclosporina
- Prednisolona: 0,5 mg/kg VO SID (48, 72, 96 h);
- Hidroxizina: 2 mg/kg VO BID;
- Hidrocortisona spray (Cortavance®): 2 dias/sem.
 Uma opção mais barata é usar doxiciclina + corticoide (na segunda semana já diminui a dose de
corticoide)

Imunoterapia
 Existe a possibilidade da imunoterapia, embora não seja muito realizada
É feita uma seleção de antígenos;
•Teste intradérmico (é o de escolha) X sorológico;
•Laboratórios: Cepav X Tecsa;
•60-75% respondem  a resposta não é tão efetiva
Tratamento curativo mais longo

5 - Otite
Inflamação do epitélio do meato auditivo
A otite pode ser:
•Externa;
•Média;
•Interna
Otite externa: é a inflamação do canal vertical e horizontal
Otite média: inflamação da bula timpânica e dos ossículos que ficam nessa região
Otite interna: inflamação da cóclea e do sistema vestibular
Porem quando se tem uma otite media, normalmente tem otite interna também (otite media/interna)
Se tiver rompimento da bula timpânica é otite media/interna. A bula tem uma capacidade de regeneração
muito rápida (21 dias). Nem sempre se a membrana da bula ao exame estiver intacta não há otite media
Pode ocorrer otite media por via sanguínea, por via tuba auditiva ou por via otite externa

Otite externa
A otite externa é a mais comum
Para que a otite externa ocorra é necessário a presença de fatores que

FATORES: Primários + Predisponentes + Perpetuantes


Fatores primários
- alérgicas (dermatite atopica)
- imunomediada
- endócrina (hipotireoidismo)
- ruptura da membrana timpânica)
- corpo estranho
- distúrbios nas Glândulas (aumento de cerúmen  seborreia primaria. Isso propicia um ambiente
nutritivo para os microrganismos)

Fatores predisponentes
- anatomia (pendulares/orelhas peludas)
- ↑ umidade (cuidado com banho)
- alteração microflora (pode ser por muita limpeza)
- trauma (limpeza)
- doença obstrutiva (pólipos em gatos  proliferação da mucosa do epitélio que obstrui)
- imunossupressão

Fatores perpetuantes
- Bactérias e fungos:
- Staphylococcus sp.
- Streptococcus sp.
- Pseudomonas sp.
- Proteus sp.
- Malassezia pachy.
- Ácaros

Sinais clínicos:
•prurido/dor (doi muito)
•meneios de cabeça;
•otohematoma;
•secreção/odor fétido;
•eritema/edema;
•úlceras;
Em quadros mais crônicos:
•hiperqueratose;
•hiperpigmentação;
•lignificação;
•estenose (entrar com corticoide, para só depois conseguir fazer tratamento tópico)
Diagnóstico:
•Clínico: anamnese + exame físico (causa subjacente);
•Otoscópico → apropriado VETERINARIO:
Avaliar ocanal vertical, o canal horizontal, a membrana timpânica
- grau de inflamação; - natureza dos debris e secreção;
- ulceração; - corpos estranhos;
- estenose; - ectoparasitas;
- proliferações; - integridade membrana timpanica.
•Citologia (SEMPRE!):
- diagnóstico e definição do tratamento;
- swab → rola na lâmina → cora Panóptico®/gram;
- cânula otoscópio (cerume) → lâmina + óleo mineral;
- microscopia.

Microscopia
Malassezia pachydermatis;
•Ácaros (Otodectes cynotis);
•Bactérias:
- cocos: Staphylococcus, Streptococcus, Enterococcus;
- bastonetes: Pseudomonas, Proteus, E. coli, Klebsiella.
•Céls. Inflamatórias (neutrófilos e eritrócitos (são anormais).
Classificados em leve, moderada e acentuada (bem subjetivo)  importante classificar para acompanhar o
tratamento
Ácaros não são fisiológicos
Bactérias e malassezia em pequena quantidade são fisiológicas

•Cultura e antibiograma:
Não é feito sempre, pois não é muito barato
- otite crônica (> 1 mês) é recomendado fazer
- presença de bastonete e neutrofilo (infecção grave!) aconselhável fazer também.
•Histopatologia
Casos pontuais como pólipos e suspeitas de neoplasias

Tratamento:
Primeiro limpa para depois tratar (simultaneamente não é indicada)
 Limpeza → SID 2-3 dias (antes tratamento):
- ceruminolíticos (acidificantes): Epiotic®, Vetriderm®,
Limp&Trat®, Clean-up®; Cerumin®…
Obs: - úlcera  não usa acididficantes (Phisio Anti-odor®/soro fisiológico 0,9%);
- dermatite atópica (Dermogen Oto®).
 Solução de tratamento → BID 21 dias (mínimo de 21 dias):
corticóide + antifúngico* + antibiótico**
* miconazol 2% (manipular)/ciclopirox ; para malassezia
** aguda: gentamicina (gram -), neomicina (gram +);
** crônica (acima de um mês): cultura e antibiograma.
 Atb. Sistêmico 7 a 10 dias → se apresentar neutrófilos:
- cefalexina, enrofloxacina, amoxicilina + clavulanato.
 Analgésico: tramadol (2-4 mg/kg BID VO 3 dias);
 AIE: prednisona (0,5 mg/kg BID VO 5 dias).
Retorno:
•15 dias → citologia (reavaliação);
•21 dias → citologia (reavaliação).
→ Identificar e tratar causa subjacente!
→ Casos crônicos (MT intacta): otite média?

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