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INCONTINÊNCIA URINÁRIA

BEXIGA
● Armazenar urina sem dor e sem perda
● Eliminar urina de maneira voluntária, completa, indolor e sem esforço
● Para isso, é necessário ter uma integridade, a qual envolve a sustentação anatômica e a função
neurofisiológica

CICLO MICCIONAL
● O aumento do volume urinário causa um relaxamento do músculo detrusor, gerando um aumento do tônus
uretral e dos músculos do assoalho pélvico
● O primeiro desejo miccional ocorre quando 60% da capacidade da bexiga e quando há uma plenitude vesical
ocorre o desejo intenso de haver micção
● Diminuição do tônus da uretra e dos músculos do assoalho pélvico
○ Detrusor contrai → micção acontece → reinicia novo ciclo de enchimento e esvaziamento

INERVAÇÃO
● Simpático → adrenalina e noradrenalina → receptores adrenérgicos e alfa-adrenérgicos (colo vesical e uretra
proximal)
● Parassimpático → acetilcolina → receptores muscarínicos
● Somático → receptores nicotínicos esfíncter uretral interno e externo
● Há uma sincronia entre o simpático e o parassimpático ⇔ quando um “liga”, o outro “desliga”

CONTINÊNCIA
– Pressão da uretra maior que a pressão da bexiga → pressão uretral excede a pressão intravesical
● Fatores intrínsecos:
○ Ação dos mm. estriado e liso da parede uretral
○ Ação dos vasos sanguíneos associados
● Fatores extrínsecos:
○ Ação dos mm. levantadores do ânus
○ Fáscia parietal da pelve e suas fixações nas paredes laterais da pelve a à uretra

DISTÚRBIOS DAS VIAS URINÁRIAS INFERIORES


● Problemas de armazenamento (incontinência urinária)
● Problemas com esvaziamento (hesitação e retenção)
● Problemas com a sensibilidade (urgência e dor)

INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO


– Baseado na função uretral intrínseca
● Fraqueza ou deficiência intrínseca do esfíncter
● Hipermobilidade anatômica da uretra
● “É uma condição na qual ocorre perda involuntária de urina” → É A QUEIXA DE QUALQUER PERDA
INVOLUNTÁRIA DE URINA
● Relação com valores culturais e expectativas pessoais
○ Impacto na qualidade de vida
■ 50% das nulíparas têm pequena perda ocasional, sem incômodo
■ 5-10% tem grandes perdas diárias e fazem mudanças drásticas em sua rotina
■ ⅓ das mulheres adultas perdem pelo menos 1 vez por semana, sem mudanças em sua rotina

TIPOS DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA


● Esforço (IUE) → hipermobilidade uretral ou deficiência do esfíncter (há FR e alterações bioquímicas)
○ Alterações bioquímicas ⇔ tabagismo e etilismo
○ FR: parto, gestação, sobrepeso
● Urgência → há alguns gatilhos e não dá tempo de chegar ao banheiro
● Mista → urgência + esforços
● Fístula → comunicação entre duas cavidades ocas; ocorre muito em pós-operatório
● Transbordamento → hiperdistendida e hipotônica (perda do feedback)

INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO GENUÍNA


● Incontinência pela uretra devido ao súbito aumento da pressão intra-abdominal, na ausência de espasmo do
músculo da bexiga.
● É a perda de urina que ocorre ao tossir, espirrar, caminhar, correr e pular

INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE URGÊNCIA


● É a perda de urina associada a um desejo súbito e urgente de urinar, que ocorre porque o indivíduo não
consegue chegar ao banheiro a tempo.
● A perda de urina devido a contração súbita e não inibida do músculo detrusor da bexiga.

INCONTINÊNCIA URINÁRIA MISTA


● Algumas pessoas têm os dois tipos de incontinência urinária ou têm sintomas que podem ser dos dois tipos
● Algumas vezes são necessários exames mais específico, como, por exemplo urodinâmico, que ajudam a ter
um diagnóstico preciso para escolher o melhor tratamento

INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE TRANSBORDAMENTO


● Perda de urina associada à bexiga hiperdistendida e hipotônica, na ausência de contrações do detrusor da
bexiga.
● Isso frequentemente está associado à DM, lesões medulares ou neuropatias motoras inferiores
● Também pode ser causada por edema uretral após cirurgia pélvica

DIAGNÓSTICO – ANAMNESE
● Ocorre associada a esforços? Leves, médios ou grandes esforços?
● É precedida de desejo súbito e incontrolável?
● Quais fatores pioram ou desencadeiam a perda
● Há necessidade de usar absorventes?
● Volume estimado equivale a uma colher? Um copo? Ou a gotas?
● Há quanto tempo os sintomas estão presentes?
● Já fez algum tratamento?
● Como é a ingesta hídrica?

EXAME FÍSICO
● Inspeção da genitália externa
○ Sinais de dermatite amoniacal
○ Sinais e hipoestrogenismo
○ Identificar distopias/prolapso genital (reduzir)
● Reproduzir e caracterizar a perda de urina
○ Posição ginecológica e ortostática
○ Bexiga confortavelmente cheia
○ Solicitar tosse ou manobra de Valsalva
● Descartar alterações neurológicas
● Identificar outras afecções pélvicas

PROPEDÊUTICA EM UROGINECOLOGIA
(anamnese + EF + EAS + Urocultura + resíduo pós miccional → os que utiliza-se primariamente)
Se dúvida : pad-test e/ou estudo urodinâmico
● Urina rotina e Urocultura
● Medir o resíduo pós miccional por meio de USG
○ Normal: 20-30 ml (aceitável: até 50 ml)
○ Aumentado: > 50 ml
● Pad Test (teste do absorvente): pesar o absorvente
○ Para perdas difíceis de serem quantificadas
● Diário miccional
● Estudo urodinâmico – indicações:
○ Quando é feito o teste do esforço e não identifica-se a perda +
○ Resíduo pós miccional > 150 ml +
○ Sem prolapso que ultrapasse intróito/cirurgia prévia/doença neurológica
● Ultrassom Transperineal ou Translabial → não é solicitado frequentemente
● Q-tip test (teste do cotonete) → estimular a uretra com cotonete
● Uretrocistoscopia

TRATAMENTO – IUE
● Não cirúrgico
○ Medidas gerais (peso, tosse, constipação intestinal)
○ Fisioterapia/terapia comportamental → 1ª linha
■ Treinamento dos mm. do assoalho pélvico – TMAP
■ Biofeedback
○ Pessários e dispositivos de suporte vaginal
○ Tratamento farmacológico
■ Estrogênio
■ Duloxetina → muitos efeitos colaterais; fazer por tempo curto
● Cirúrgico – indicada em casos de prolapsos grandes, quando fisioterapia não tem sucesso
○ Colpossuspensão retropúbica (cirurgia de Burch) → 2ª opção
■ Minilaparotomia / CVL convencional / CVL robótica
■ Alta taxa de sucesso (defeitos apicais)
■ Não resolve se perdas graves (defeito esfincteriano)
■ Evitar em obesas
○ Slings de uretra média (retropúbico ou transobturatório) → 1ª linha
■ Mínima dissecção/pode reoperar/frequentes complicações
○ Slings pubovaginais
○ Agentes de preenchimento (minimamente invasivo) → toxina botulínica (dura 1 ano e meio,
aproximadamente)

TAKE HOME MESSAGE – IUE


● O diagnóstico inicia-se sempre pela anamnese e pelo EF
● Na dúvida diagnóstica, deve-se utilizar pad-test e/ou estudo urodinâmico
● Não será necessária avaliação prévia pelo estudo urodinâmico se o tratamento inicial for conservador
● O estudo urodinâmico é indicado previamente a um procedimento cirúrgico em determinadas situações
● A terapia comportamental associada à fisioterapia constitui a 1ª linha de tratamento
● TMAP é a técnica fisioterápica com mais evidências científicas no seu tratamento
● O estrogênio tópico não deve ser utilizado de forma isolada no tratamento dessa afecção. É especialmente
indicado quando sintomas se iniciam com o advento do hipoestrogenismo, em associação a sintomas irritativos
● Duloxetina é uma opção de tratamento medicamentoso por curto período, especialmente indicada
quando a paciente não responde às medidas comportamentais nem à fisioterapia, bem como para
aquelas que não desejam procedimento cirúrgico. Apresenta altas taxas de abandono em razão de seus
efeitos colaterais.
● Slings de uretra média, por via retropúbica ou transobturatória, são as técnicas cirúrgicas com mais
evidências científicas e a primeira escolha
● Na ausência dos slings de uretra média, colpoficações retropúbicas e slings pubovaginais
● Entre as colpofixações retropúbicas, recomenda-se cirurgia de Burch, por apresentar mais taxas de
sucesso. Essa cirurgia deve ser evitada em pacientes obesas com prolapso genital e naquelas que apresentam
defeito esfincteriano
● O agente de preenchimento é especialmente indicado para mulheres com uretra fixa associada a defeito
esfincteriano e para aquelas sem condição cirúrgica
● A incontinência urinária de urgência (IUU) é uma sensação súbita de urgência (como no trajeto até o
banheiro ou ao se lavar as mãos), e seu tratamento pode ser feito com fisioterapia, medicamentos, modificações
do estilo de vida e neuromodulação
● A dor de origem vesical ainda é um desafio e um distúrbio mal compreendido
DOENÇAS BENIGNAS DO ÚTERO
MAIS FREQUENTES
Malformações
Leiomiomas ( mioma )
Adenomiose
Pólipos
Endometriose

MALFORMAÇÕES
Mais comuns :
Útero retrovertido : colo “inclinado para trás” → variação anatômica
Algumas pacientes referem dor : mais difícil de “esvaziar” / liberar sg
Útero unicorno : útero tem apenas um lado
Útero bicorno : dois cornos diferentes → colo uterino único
Útero didelfo/duplo : 2 colos uterinos → 2 úteros
Útero septado : Colo uterino único → septo de tecido conjuntivo e miométrio
Septos e agenesias:
Hímen imperfurado: amenorreia com caracteres sexuais 2°
Septo vaginal transverso
Síndrome de Mayer-Rokitansky: ausência do útero → amenorreia 1° com caracteres 2°
Septo vaginal longitudinal

LEIOMIOMAS

O que é :
Tumor fibroso , característica clássica é que não possui cápsula
Entrelaçamento desordenado de fibras

Quem :
Nulíparas (baixa paridade → interrompeu pouco o eixo → mais tempo em ação hormonal), negras,
hiperestrogênicas ( muito tempo sobre ação do estrogênio sem contraposição pela progesterona →
SOP, obesas ), predisposição genética sob efeito hormonal
Como :
Aumentam com o passar dos anos, regridem na pós menopausa (se crescerem há maior chance de
degeneração sarcomatosa.
Onde :
Exame clínico-ginecológico
USG (culturalmente pede-se)

→ Sistema de classificação de miomas da FIGO


Mioma submucoso → endométrio → muita cólica → hemorragia de mioma parido (há saída de muito
sangue) → RETIRE
Miométrio → subseroso

→ Diagnóstico
USG (ultrassonografia pélvica): confiável se → útero menor ou igual à 375cm3 e/ou até 4 miomas
Acessível
Revela massas bem definidas, hipoecóicas e heterogêneas
Hidrossonografia → complementar
Ressonância ( alternativa se USG não confiável )

→ O que fazer
Conservador desde que a clínica permita
Sintomática: tratar
Assintomática: conduta expectante ( não trata )
Se útero maior que 300cm3 e paciente assintomática → à critério do médico : não há consenso

→ Conduta expectante
Fazer em : paciente jovem, assintomática/oligossintomática, se há desejo de gravidez, pós
menopausa, perimenopausa, miomas pequenos/assintomáticos (não compressivos- não comprime
órgãos vizinhos), tamanho estável ou em regressão.

Tratamento clínico hormonal


-Progesterona:
Atrofia endometrial, melhora sangramento, não melhora sintomas álgicos, não se espera
redução volumétrica, escolha depende se paciente quer entrar em amenorreia ou não, SIU- LNG (
avaliar localização do mioma → expulsão )
-Orais combinados:
Sem evidência sobre aumentar mioma, utilização dependerá dos critérios de elegibilidade,
poucos trabalhos na literatura.
-Ulipristal:
Conhecida também como pílula dos 5 dias, um modulador seletivo dos receptores da
progesterona ( SPRM ), desenvolvido para ser utilizado como contracepção de emergência.
-Análogo de GnRH:
1° droga aprovada pela FDA
Melhora dos parâmetros hematimétricos pré-operatórios, modificação da via de acesso
cirúrgico (reduz volume em 40-50%), uso crônico com add-back therapy se paciente de alto risco
cirúrgico.
Mais usado: Gosserrelina (possui no SUS)

→ Tratamento clínico NÃO hormonal


AINES: algia pélvica por tamanho uterino aumentado, sangramento uterino anormal - vasoconstrição,
fase aguda/manutenção.
Diclofenaco : mais usado → durante menstruação
ANTIFIBRINOLÍTICOS: Ácido transdérmico/aminocapróico, aumenta estabilidade da cascata de
fibrina, quadro agudo/manutenção, uso por 5 a 7 dias, sem trabalhos como tratamento clínico

→ Embolização das artérias uterinas


Minimamente invasivo
88% eficácia
Recuperação mais rápida e menos dor
Risco de necrose de vasos colaterais
Maior recrudescência que miomectomia
Indicado para: Miomas de até 10cm, submucosos, intramurais, com queixa de sangramento anormal
e/ou dor pélvica, paciente que não deseja operar, pac. de alto risco cirúrgico, pac. que não deseja
receber transfusão sanguínea (ex: testemunha de jeová)

→ US focado guiado por ressonância


Minimamente invasivo
Ablação térmica focal no mioma
Miomas únicos ou diâmetro < 6cm
Caro e tempo longo de sessão
Indicado para: falha no tratamento clínico, miomas prolapsados submucosos (parido), miomas de
grande volume causando dor (compressão) e infertilidade (distorção), aumento rápido de volume
uterino em perimenopausa (diagnóstico diferencial com sarcoma uterino), quadros de anemia com
repercussão clínica e/ou necessidade de hemotransfusão, pac. com sintomas que não resolverão a
curto prazo com tratamento clínico (oligúria, suboclusão intestinal)

→ Miomectomia
Tratamento cirúrgico clássico
Indicações : idade, desejo de gestação, sem prole constituída, mioma como causa de infertilidade (
grandes tamanhos ou distorção da cavidade endometrial) e submucoso prolapsado ( parido )
Técnicas : Laparotómica, histeroscópica ( mioma submucoso até 5cm), laparoscópica/robótica
Desvantagens : Risco de recorrência aumenta conforme tempo de pós operatório e risco de cicatriz
uterina

→ Histerectomia (última alternativa)


Tratamento cirúrgico clássico
última opção
Indicações: Falha no tratamento clínico, prole constituída, útero > 300cm3, desejo de operar, Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (riscos,complicações…)
Técnicas: Laparotomia, vaginal, laparoscópica (robótica)
Desvantagens: Risco de recorrência aumenta conforme tempo de pós operatório, cicatriz uterina

ADENOMIOSE

O que é:
Glândulas endometriais espalhadas pelo miométrio → “endometriose interna”

Diagnóstico histológico:
Invasão benigna do endométrio no miométrio → “endometriose externa e interna”
Glândulas e estroma endometriais ectópicos circundados por miométrio hipertrófico e hiperplásico
Útero difusamente aumentado
Quem:
20-50% das peças cirúrgicas de histerectomia
Mulheres entre 40-50 anos
Frequente associação com endometriose, pólipos e miomas

→ Sintomatologia (apresentação clínica heterogênea)


Sangramento irregular x cíclico e prolongado
Dismenorreia x dor pélvica crônica
Infertilidade (11%)

→ USG pélvica
Sinal mais específico → cistos miometriais
Aumento do volume uterino
Formato globoso
Assimetria entre paredes
Heterogeneidade difusa ou focal sem nódulos delimitados
Estrias ecogênicas subendometriais

→ Ressonância nuclear magnética


Sensibilidade maior que US, mas com especificidade semelhante
Espessura da zona juncional entre 8-12mm + espessamento focal
Espessura zona juncional > 12mm → diagnóstico de adenomiose
Variação de 5mm ou mais entre a maior e a menor espessura da zona juncional
Proporção entre zona juncional e espessura total da parede > 40%

→ Histeroscopia
Áreas de coloração acastanhadas
Pequenos orifícios na parede uterina
Áreas hipervascularizadas
Aumento importante da cavidade uterina sem a presença de miomas intramurais

→ Tratamento clínico
Expectante: pacientes jovens, assintomáticas/oligossintomáticas, se há desejo de engravidar,
perimenopausa
Hormonal: Progestágeno (oral, injetável, SIU, implante), análogo de GnRH, contraceptivos orais e
combinados
Não hormonal: antifibrinolítico, AINES

→ Tratamento cirúrgico
Histerectomia: prole constituída, sangramento uterino anormal e/ou dismenorreia não responsiva à
terapêutica conservadora.
Cirúrgico conservador: adenomiomectomia (excisão completa do adenomioma), cirurgia citorredutora
(adenomiose difusa)

PÓLIPO UTERINO

Crescimento hiperplásico FOCAIS de tecido vascular; glandular; fibromuscular e conjuntivo.


Na cavidade uterina ou endocérvice.
10-15% das mulheres sem sangramento uterino anormal têm pólipos.
20-30% das mulheres com SUA têm pólipos.
Acometem qualquer idade
Mais comum após os 30 anos
Benigna na maioria dos casos
Podem malignizar
Aumentam fluxo menstrual
Podem atrapalhar na implantação do óvulo ( dificulta engravidar ) ou causar sangramento na gestação.

→ Tratamento
EXÉRESE sempre que possível.

DOENÇAS BENIGNAS DAS MAMAS

Sinais e sintoma mais prevalentes:


- Nódulos mamários
- Mastalgia
- Fluxo papilar
- Processos inflamatórios

Nódulo
Um nódulo é um tumor presente na glândula mamária, o qual pode ser palpável ou não
Pode ser sólido ou cístico
- Cístico: redondo, ovóide, preenchido por líquidos, podendo ser simples (conteúdo homogêneo) ou complexo
(conteúdo heterogêneo) → maioria das vezes subclínicos (microcistos); oco por dentro
- Sólido: mais comum é o fibroadenoma (menos de 2 cm, lesões fibroepiteliais, consistência fibroelástica,
bordas lisas e regulares). Há também lipomas, hamartomas, esteatonecrose, ectasia ductal, papiloma
Fisiopatologia do Nódulo Mamário
- Resposta exagerada da mama aos estímulos fisiológicos após a menarca
Ou consequência da involução pós menopausa
Ductos, lóbulos, estroma → alterações fibróticas → lipossubstituição
Fibroadenoma é mais comum desde a menarca até mais ou menos 30 anos ( diminui incidência ) ,
começando a aparecer mais a incidência de cisto → câncer é a partir da 4° década de vida

Tumor de phyllodes:
- Semelhante a fibroadenoma – aspecto histológico muito parecido
- Crescimento rápido, grande volume
- Pico de incidência: 30-50 anos
- Recidivante – tendência à recorrência local

Diagnóstico:
- Anamnese:
Idade, status hormonais, fatores associados ( dor, alteração cutânea .. ) uso de medicamentos ( que
estimulem produção de prolactina ), fatores de risco ..
- Exame físico das mamas :
Completo: inspeção (estática e dinâmica) e palpação ; palpação de linfonodos
Identificar e descrever características do nódulo: consistências, limites, regularidade, tamanho e localização.
- Ultrassom de mamas e axilas:
Se o nódulo for palpável, USG é melhor que mamografia
Se nódulo palpável, principalmente
→ Em mulheres com menos de 35 anos, a ultrassonografia é o método de escolha para avaliação das
lesões palpáveis.
→ A partir dos 35 anos, recomenda-se a mamografia, podendo, nos casos anteriormente indicados, ser
complementada pela ultrassonografia.
Características irão orientar na necessidade ou não de investigação histo/citopatológica
→ As pacientes com achados benignos sem indicação cirúrgica deverão permanecer em acompanhamento de
rotina na unidade de atenção primária, enquanto aquelas com achados benignos com indicação cirúrgica
(nódulos sólidos acima de 3 cm, descargas papilares profusas, abscesso subareolar recidivante) devem ser
encaminhadas para investigação em unidade de referência na atenção secundária.
Investigar por meio de: PAAF, core biopsy ou biópsia excisional
PAAF (punção aspirativa por agulha fina)
Citologia, diferencia nódulo sólido de cístico (trata o cístico)
Core biopsy ( biópsia por fragmento ) – é um procedimento ambulatorial, realizado sob anestesia local, que
retira fragmento de tecido mamário para o exame histopatológico por meio de dispositivo automático para
biópsia (pistola)
Material histopatológico
Descarta carcinoma
Planeja tratamento
Biópsia excisional (desuso)
Retira nódulo
Alteração funcional benigna da mama → AFBM

Mastalgia:
Muito frequente no menacme (60-70%)
Não subestime: possui impacto emocional / social / profissional
Cancerofobia → medo de ter câncer

Quadro clínico:
Dor associada ou não ao ingurgitamento mamário; tem relação com o ciclo menstrual?
Mais comum nos QSL
Irradiação infrequente

Etiologia:
Mal compreendida
Sempre considere componente emocional, mas não reduzir a isso
Excessiva manipulação mamária

Diagnóstico
Clínico
Anamnese
Exame físico completo das mamas + exame da parede torácica (herpes zoster ? )

Anamnese
Início da dor, duração, localização, intensidade, fatores desencadeantes, fatores associados, relação com
ciclo menstrual (fala à favor de benignidade), medicamentos em uso, breve avaliação do perfil psicológico

Exame clínico
Presença de sinais flogísticos
Nódulos e espessamento
Descarga papilar
Retração de mamilo
Presença de dor focal
Linfonodomegalia
Exame minucioso da dor torácica

Classificação
Cíclica: desbalanço entre estrógeno/progesterona, mais comum no final da fase lútea / Dopaminérgico =
prolactina = → algia mamária
Acíclica: Hipertrofia mamária, macrocistos, tromboflebite, cirurgias, mastite, trauma, medicamentos
Extramamária: referida → dor muscular, neurite intercostal, bursite escapular, refluxo gastroesofágico, herpes
zoster

Tratamento
Orientação verbal → tranquilize paciente ( não terá remédio … )
Sutiã esportivo, dieta, exercício físico, acupuntura , diuréticos, dieta sem xantinas, progestágenos, óleo de
prímula, polivitamínicos .. → não há evidência
AINES, antidepressivos, ansiolíticos → agem indiretamente ( NÃO cura mastalgia )
Bloqueio hormonal (tamoxifeno,inibidor da PRL) → único que fará se tiver mastalgia que prejudica vida da
paciente, é persistente e que não consegue-se resolver com orientação verbal

Fluxo papilar / derrame papilar / descarga papilar


Fluxo : espontâneo / fora do período gravídico puerperal
Secreção : induzida por expressão
Leite : galactorreia
Não lácteo: Telorreia

Fisiopatologia
Fatores intramamários:
Intraductais: proliferativo, infeccioso, neoplásico
Extradurais: neoplasias, infecções
Fatores intramamários:
COM hiperprolactinemia: Fármacos, lesões SNC, lesões parede torácica (ex: piercing), doenças
sistêmicas
SEM hiperprolactinemia

Diagnóstico
Anamnese + exame físico (visualizar fluxo sobre gaze branca)
Características do fluxo papilar orienta próximo passo

Caracterização
Lateralidade (uni ou bilateral)
Unilateral é indicativo de algo “pior”
Número de orifícios (único ou múltiplos)
Espontâneo ou ou provocado à expressão
Aspecto (lácteo, purulento, multicolorido, viscoso, cristalino, seroso, hemorrágico)
Fisiológico: Não espontânea, escura, multiductal
Patológico: espontâneo, unilateral, uniductal, aquoso (água de rocha) ou hemorrágico, tumoração
associada (em homem e mulher idosa)

Investigação

Abordagem
Purulento: ATB
Desconforto excessivo: cirurgia

Mastites
Processo inflamatório das mamas
Agudas: <30 dias , mastite puerperal
Crônica: > 30 dias , infecciosas x não infecciosas
Diferenciar processos infecciosos de carcinoma inflamatório
Relevante :
A abordagem inicial requer tranquilização da paciente e orientação verbal, o que resolve quase 90%
dos casos.
Em casos refratários, o tratamento passa a ser medicamentoso com bloqueio hormonal, cuja droga de
escolha é o tamoxifeno (mas os efeitos colaterais não costumam ser bem tolerados)
Nos casos de mastalgia acíclica, unilateral e localizada, geralmente se consegue identificar a causa
específica, que pode ser mamária ou extramamária, e tratar de forma pormenorizada.
Saiba diferenciar achados benignos e malignos para diagnóstico e tto adequados + tranquilizar
pacientes.
A descarga papilar com sangue, unilateral e espontânea requer avaliação histológica para exclusão de
malignidade, no entanto, os sintomas geralmente são causados por um processo benigno, como papiloma
intraductal ou a ectasia ductal.
Derrame papilar possui inúmeras etiologias.
O fundamental é saber avaliar adequadamente os casos com maior risco para câncer de mama, que
são apenas 10% dos fluxos considerados suspeitos. Nesses casos, mesmo com exames de imagem normais, a
biópsia cirúrgica é sempre necessária.

CÂNCER DE MAMA
Tumores primários na mulher (2020):
(exceto pele não melanoma)
- Mama (29,7% das neoplasias)
- Colorretal (9,2%)
- Colo de útero (7,5%)

Mortalidade por câncer na mulher (2019):


1º) Mama
2º) Pulmões/traqueia/brônquios
3º) Colorretal
4º) Colo de útero

→ O estágio pré invasor é longo


Existem programas de rastreamento
Tratamento das lesões pré invasoras é eficaz

Estratégia para diminuir morbimortalidade (Rastreamento e diagnóstico precoce):


Rastreamento (efetivo, boa acurácia, economicamente viável)→ teste aplicado à população
assintomática, aparentemente saudável, sendo capaz de detectar lesões no estágio pré clínico.
Mamografia é o principal instrumento de rastreamento para CA de mama
USG é complementar à MMG e não de rotina (muitas limitações)
RNM: avaliar achados MMG e USG indeterminados (sobretudo mulheres jovens; mamas
densas); rastreamento de forma individualizada, em mulheres com alto risco para CA de mama; útil no
planejamento cirúrgico e controle terapêutico
Tomografia por emissão de pósitrons - PET (identificar lesões ocultas)
Tomossíntese (promissor, mas ainda sem evidências sobre eficácia no rastreamento)
→ MMG de rotina: mulheres entre 50 e 69 anos uma vez a cada dois anos – SUS
- Existem programas regionalizados
- Febrasgo, colégio brasileiro de radiol., masto.: mulheres entre 40 e 74 anos = anual
- Benefícios: melhor prognóstico (sobrevida), tratamento efetivo e menos mutilante, menor
morbimortalidade, melhora da qualidade de vida
→ Em todas as diretrizes a mamografia foi recomendada como a principal modalidade de rastreamento
para mulheres com risco habitual
→ Mulheres que apresentam fatores de risco para CA de mama, merecem um programa de rastreio
mais agressivo, que inclui início mais precoce, periodicidade ais curta, e uso de outras metodologias de
imagem, como a Ressonância Magnética

Diagnóstico precoce
Mulheres que apresentam fatores de risco para o CA de mama, merecem um programa de rastreio
mais agressivo.

Fatores de risco
Sexo
Idade (50% depois dos 65 anos)
Menarca antes dos 12 anos
Nuliparidade ou primeira gestação após 30 anos
Não amamentar
Menopausa tardia (>55 anos)
Hormonioterapia
Consumo moderado de álcool
Tabagismo
Sobrepeso / obesidade e/ou ganho de peso excessivo após menopausa
HF Ca em parentes de 1° grau (pai, mãe, irmãos)
- Antes da menopausa
- Número de parentes
- Parentes de sexo masuclino
Distúrbios hereditários (genes BRCA 1 e 2; síndrome de Li-Fraumeni, doença de Cowden, síndrome
da ataxia-telangiectasia e síndrome de Peutz-Jeghers)
Outros cânceres → ovário, cólon, reto
Biópsia prévia = atipia ou CA lobular ou ductal in situ

Rastreamento de mulheres com menos de 40 anos


Particular → Anual → > 40 anos
SUS → > 50 anos → bianual
O que justifica rastreamento < 40 pelo SUS ?
Mutações de BRCA 1 / BRCA 2 (> 30 anos)
Parente de 1° grau acometido ( > 30 anos ou 10 anos antes da idade de diagnóstico → não
antes dos 25 anos )
Irradiação (radioterapia) do tórax entre 10 e 30 anos ( 8 anos após tto → não antes dos 25
anos )
Mulher com síndrome de Li-Fraumeni, Cowden ou parentes de 1º grau (desde o diagnóstico
sindrômico → não antes dos 25 anos)
Mulher com histórico de lesões precursoras (hiperplasia ductal ou lobular atípica, CA invasivo
de mama ou ovário) → a partir do diagnóstico dessas lesões com finalidade de seguimento oncológico

Classificação visual associada à densidade mamária:


Laudos mamográficos

0: exame limitado - avaliação incompleta (não é possível estimar o risco) → necessidade de exames
adicionais = complementar com USG
3 → controle semestral por um período de tempo
6: lesão já com diagnóstico de câncer → tratamento oncológico

Anormalidades mamográficas:
- Microcalcificações
- Benignas
- Indeterminadas
- Suspeitas
- Tumor
- Sólido
- Cístico
- Alterações
- Densidade assimétrica
- Distorção da arquitetura
- Aparecimento de uma nova área antes não observada

Lesões mamárias com alto grau de suspeição de malignidade:


- Microcalcificações pleomórficas e agrupadas
- Nódulo irregular com margens espiculadas e distorção do parênquima mamário adjacente

Diagnóstico precoce:
Redução do estágio do câncer
Indicação de investigação
Esclarecimento
Estímulo ao auto-exame (autoconhecimento, não rastreio)
Educação da mulher e dos profissionais de saúde em relação aos sintomas
Acolher, informar

Autoexame das mamas:


Não é considerado método de rastreamento
Não reduz mortalidade pelo câncer de mama
Aumenta risco de biópsia por doença benigna
Cancerofobia
Contudo: autocuidado, autoconhecimento; 48% dos CA são diagnosticados pela paciente
Sistematizar a realização
Periodicidade fixa
Paciente percebe nódulos a partir de 2 cm x profissional de saúde habilidade a partir de 1 cm
Relatar anormalidades ou alterações ao médico

Anamnese
- Descarga papilar?
Espontânea ou não? Avaliar o aspecto; uni ou bilateral? Acometimento de 1 ou de
vários ductos
- Achado de tumor na mama (tamanho e mudança de tamanho, densidade, textura)
- Mastalgia (cíclica ou acíclica)
- Relação dos sintomas com o ciclo menstrual
- Alteração de formato, tamanho ou textura da mama
- Biópsias anteriores na mama
- História de traumatismo da mama
- HP de exposição à radiação (tratamento de câncer na infância)
- Identificar fatores de risco

Exame físico
- Inspeção
- Estática
- Dinâmica
- Palpação
Indicações de investigação
Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos
Nódulo mamário em mulheres > 30 anos que persistem além de ciclo menstrual
Nódulo de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando, em mulheres adultas de qualquer
idade
Descarga papilar sanguinolenta unilateral
Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos
Presença de linfadenopatia axilar satélite
Aumento progressivo do tamanho da mama com presença de sinais de edema (aspecto de casca de
laranja)
Retração na pele da mama
Mudança no formato do mamilo

Tipos de biópsia:
- Biópsia cirúrgica → excisional
A biópsia cirúrgica é guiada por fio metálico (estereotaxia), US ou baseados em medicina nuclear
(deslocam menos, retiram menos tecido, porém tem maior custo)
Indicações: área de difícil acesso pelas percutâneas; se hiperplasia ductal/lobular in situ com atipias
(evitar subdiagnóstico)
- Biópsia percutânea:
PAAF, vacuoassistida, fragmentos (core biopsy)
● PAAF:
○ Punção aspirativa por agulha fina → material para avaliação citológica
○ Simples, seguro, baixo custo
○ Em desuso devido aos avanços dos demais métodos
○ Dirigida pela lesão palpável ou por US (lesão não palpávek)
● Vacuoassistida:
○ Mamotomia
○ Agulha grossa
○ Custo mais elevado
○ Casos de lesões não palpáveis e não visualizadas ao US
● Fragmentos
○ Core biopsy
○ Dispositivo automático de disparo e coleta de material
○ Melhor custo
○ Lesões palpáveis ou visualizadas ao US
○ Raras complicações (hematoma, infecção local)

Estadiamento - TRATAMENTO
Principais parâmetros: linfonodo sentinela (1° linfonodo) e margens cirúrgicas
Linfonodo sentinela = estadiamento axilar
Modalidades de tratamento
- Mastectomia radical
- Mastectomia radical modificada
- Mastectomia total
- Tratamento conservador da mama com ou sem radioterapia
- Radioterapia após mastectomia
- Mastectomia com preservação da pele e do CAP
- Terapia sistêmica adjuvante
- Neoadjuvantes (quimioterapia/hormonal/anti-HER2)
- Cirurgia oncoplástica e reconstrução mamária
→ Mastectomia segmentar (margens cirúrgicas negativas) + esvaziamento axilar RT pós operatória =
mastectomia radical modificada em pacientes estágios I e II
→ Quimioterapia sistêmica adjuvante prolonga a sobrevida e é recomendada para mulheres com
chance de recidiva em 10 anos > 10%

Fatores prognósticos — diversos


- Tamanho
- Receptores hormonais
- Citometria de fluxo do DNA
- Grau histológico
- Índice de identificação do tumor
- Status dos linfonodos e nº de linfonodos acometidos são os mais importantes em pacientes
com ca de mama primário
- Invasão linfática ou vascular
- Oncogene HER-2
- Receptor do fator de crescimento epidérmico

OBSERVAÇÕES FINAIS SOBRE CA DE MAMA


● CA de mama corresponde a ⅓ dos casos de câncer em mulheres
● Há risco maior de HF positiva e uso de hormonioterapia
● Pode ser in situ (ductal in situ ou lobular in situ) ou invasivo (ductal infiltrante, lobular infiltrante)
● Rastreamento com mamografia e exame físico anuais
● Diagnóstico preferencialmente por core biopsy
● Biópsia cirúrgica se resultados questionáveis ou divergentes
● Se linfonodo sentinela negativo, a dissecção isolada deste pode substituir o esvaziamento
axilar
● Mastectomia segmentar (margens cirúrgicas negativas) + esvaziamento axilar RT pós
operatória = mastectomia radical modificada em pacientes estágios I e II
● O status dos linfonodos axilares e o número de linfonodos acometidos são os fatores
prognósticos mais importantes em pacientes com câncer de mama primário
● Quimioterapia sistêmica adjuvante prolonga a sobrevida e é recomendada para mulheres com
chance de recidiva em 10 anos > 10%

CA DE COLO DE ÚTERO

Terceiro câncer mais frequente entre brasileiras


4° causa de morte por câncer em mulher
Câncer EVITÁVEL
Seu estágio pré invasor longo → até 20 anos
Os programas de rastreamento são exequíveis → mais fácil de ser feito
Tratamento eficaz
Câncer sexualmente transmissível → associação com HPV 16 e 18 (principais) = principal fator de risco é
infecção pelo HPV de alto risco oncogênico
O preservativo não previne 100% → relações entre mulheres homoafetivas podem obter
HPV : Pode demorar anos para manifestar → mais de 10 anos
Quase 100% de quem tem CA de colo do útero tem HPV
HPV e câncer / Fatores de risco
DNA do HPV 16 e 18 foi identificado numa larga porcentagem de pacientes com câncer cervical,
estabelecendo um elo entre a infecção por esses tipos de vírus e a carcinogênese cervical uterina → infecção
pelo HPV de alto risco oncogênico ( principal fator de risco )

→ Fatores ligado ao hospedeiro


Diminui tempo de acompanhamento em caso de LSIL (intervalos menores)
Sexarca precoce → < 16 anos
Múltiplos parceiros
Paridade elevada
Raça
Condição imunológica (fumo, drogas, depressão, ansiedade, diabetes, HIV+, imunossupressão crônica –
pacientes transplantados e oncológicos)
Cofatores / condições do epitélio → o epitélio reage muito à presença de vírus a depender do organismo de
cada pessoa
Exposição intrauterina ao DES – dietilestilbestrol ( durante a gestação )
Maior chance de CA de colo, vagina e vulva – é carcinogênico
Baixa condição socioeconômica – países subdesenvolvimentos e em desenvolvimento

→ Fatores ligados ao vírus


HPV de alto risco (16/18)
Persistência da infecção (não clareamento)
70-80% regride em 18 a 24 meses sem intervenção nenhuma / sozinho → o nosso sistema
imunológico consegue superar/clarear/combater as lesões pelo HPV

Histologia

. Carcinoma de células escamosos** (JEC – junção escamocolunar) - Epidermoides (80-90%)


A JEC, por estar sempre em transformação, é o local mais comum de haver o CA
Disseminação em órgãos próximos (contiguidade), não à distância → direta
Pode ser:
Queratinizado
Não queratinizado
Verrucoso
Papilífero
Condilomatoso
Linfoepitelioma
Fase avançada → aparenta espículas

. Adenocarcinoma - 15-20%
Disseminação hematogênica → metástase à distância
Adenocarcinoma mucinoso
Tipo endocervical
Tipo intestinal → simula células do intestino
Adenocarcinoma endometrióide
Adenocarcinoma de células claras
Adenocarcinoma seroso
Adenocarcinoma mesonéfrico

. Outros:
Adenoescamoso - mais frequente
Carcinoma de células de vidro
Carcinoma adenocístico
Carcinoma basoadenóide
Carcinoma de células pequenas
Carcinoma indiferenciado

EVOLUÇÃO NATURAL DA DOENÇA – DO CLAREAMENTO À INVASÃO


Anatomia do colo
Epitélio colunar: canal endocervical
Epitélio escamoso: ectocérvice
Ponto de encontro: Junção escamocolunar (JEC)
Tem limite dinâmico → se movimenta → depende de situações hormonais
Menopausa é mais difícil a visualização

Cistos de Naboth → fisiológico = decorrentes da metaplasia da zona de transformação → a JEC é dinâmica,


mas normalmente coincide com o orifício externo do colo
Diferentes localizações da zona de
transformação e da junção escamocolunar durante a vida de uma mulher. As setas indicam a zona de
transformação ativa.

A. Metaplasia ativa na zona de transformação. B. Metaplasia em


amadurecimento na zona de transformação.
NIC (Neoplasia intraepitelial cervical) – Neoplasia = novo tecido → zona atípica
Origina-se em um único foco na 2T na JEC que avança
Coilócito → é grande indicativo de HPV
Displasia cervicouterina → resultado da ação do HPV
HPV é um vírus de RNA e expõe outra sequência de aminoácidos na célula e, durante a divisão
celular, as células tornam-se diferentes/displásicas
NIC I = leve → nova nomenclatura: LSIL
NIC II = moderada → nova nomenclatura: HSIL = biópsia
NIC III = grave → nova nomenclatura: HSIL = biópsia
NIC é estudo anatomopatológico
Diagnóstico HISTOpatológico
Citopatológico: somente diagnostica se é alto ou baixo grau
Até ⅓ de acometimento → NIC 1 → displasia de baixo grau (de chance de virar CA) → LSIL
Infecção ativa pelo HPV : 70-80% de chance de clareamento (alto índice de regressão espontânea) →
conduta expectante/não tratar
Metade de acometimento → NIC 2 → Displasia de alto grau → HSIL → encaminhar para colposcopia
60% de chance de evoluir para câncer
40% de remissão espontânea
Mais da metade → NIC 3 → Displasia de alto grau → HSIL → encaminhar para colposcopia
Se não tratada, evolui para câncer invasor → 30-70% em até 20 anos e < 10% em menos de 1 ano
Invasão = lesão exofítica ou invasão profunda em tecidos adjacentes
NIC 2 e 3 = lesão de alto grau (HSIL) = colposcopia + biópsia
Células escamosas atípicas: significado indeterminado (ASC-US)
1º ASC-US: acompanhar
ASC-H = biópsia
ASG-US = biópsia

Coilócito: núcleo grande e cromatina densa → maioria do NIC 3


Diagnóstico - anamnese
Sangramento vaginal anormal
Sinusorragia - sangramento pós relação sexual
Dispareunia - dor à relação sexual → normalmente quando mais avançada
Dor pélvica → normalmente quando mais avançada
Insuficiência renal pós renal → Invasão do paramétrio (compressão de ureteres)

Diagnóstico - exame físico


Exame físico geral
Exame especular com colposcopia ( se possível )
Encaminha para PTGI → patologia do trato genital inferior
Biópsia (Se necessário)
Toque vaginal (Se necessário)
Toque retal → (Se necessário) → metástase pro reto ?

Exame especular
→ Após detecção de HSIL no preventivo
Colposcopia com biópsia :
Tumor evidente
Biopsiar (área mais provável de displasia ou vários pontos)
Sem doença macroscópica (avaliar colo e vagina)
Se não visualizar → CONIZAÇÃO (biópsia de todo canal / em forma de cone no colo do útero)

Colposcopia
Achados que sugerem invasão:
Vasos sanguíneos anormais
Contorno irregular da superfície e perda perda de epitélio superficial
Alteração da cor
A Biópsia guiada por colposcopia → melhora o diagnóstico → evita conização sem adiar tratamento

Teste de Schiller
Positivo: não cora (iodo negativo)
Negativo: cora por completo (iodo positivo)

Disseminação
Contiguidade → invasão direta
Contiguidade → implantação intraperitoneal
Hematogênica → fígado pulmão, cérebro, ossos
Linfática

Estadiamento
O CA de colo do útero é uma doença de estadiamento clínico → exame clínico + ressonância (se paciente
tiver acesso)
A FIGO restringiu a propedêutica para exame clínico e radiografia contrastada como urografia
excretora e enema baritado
Técnicas de estadiamento com exames não devem atrasar tratamento
Estágio 0 → Câncer in situ
Estágio 1 → lesões ainda estão restritas ao colo do útero
Estágio 2 → invasão da vizinhança
Estágio 3 → invasão de mais de ⅓ da vagina e indo para paramétrio, trompa, ovário
Estágio 4 → Invasão fora de órgãos adjacentes → metástase à distância

Tratamento – conforme estádio → deseja gestar? idade menor que 40 anos? ressonância com margens de
segurança
Conização ( se in situ ) → sobrevida alta
Histerectomia total ( abdominal ou vaginal ) → sobrevida alta
Histerectomia radical -abdominal- ( para retirada também de linfonodos ) → sobrevida alta
Quimiorradiação (QT + RT)
Metástase:
Exenteração pélvica + quimiorradiação
Quimiorradiação citotóxica paliativa

Pós tratamento
1° entre 8 e 12 semanas após término de tratamento radical
Exames clínicos citopatológicos seriados por 5 anos
Paciente com risco intermediário ou alto:
Trimestral ou semestral nos 2 primeiros anos
Semestral ou anual a seguir
Pacientes com baixo risco
Semestral nos 2 primeiros anos e anual até 5 anos
Sem consenso sobre seguimento com exames de imagem (RM)

Fatores prognósticos
O principal fator prognóstico é o estágio do diagnóstico
Atue em estágio pré invasor
Outros fatores : invasão angiolinfática, volume tumoral e invasão estromal (mais importantes) → estágio
O que menos importa, nesses casos, é a idade da paciente e o tipo histológico

Prevenção
Prevenção primária → antes de haver infecção pelo HPV → Evitar comportamento que favorece
desenvolvimento do câncer + vacinação
Vacinação:
Melhora estado imunológico do hospedeiro ( melhora clareamento )
Meninas e meninos em TODAS as idades podem se beneficiar com a vacinação → porém, quanto
mais jovem, mais anticorpos produz = uma pessoa que vacinou entre 9-15 anos forma quase o dobro do que
uma pessoa > 25 anos
Eficácia maior em homem e mulheres que ainda não entraram em contato com o vírus
9-14 anos, 11 meses e 29 dias: 2 doses
> ou = 15 ou < ou = 45 : 3 doses
Não há dose de reforço para HPV → imunogenicidade persistente até o momento (não revacinar)
Reduz em 62% a chance de ter NIC2 e 93% NIC3
Reduz n° de colposcopias e tratamentos excisionais.
PNI / SUS – Vacina quadrivalente (6, 11, 16 e 18)
Jovens de 9 a 14 anos (14 a 11m 29d): 2 doses
Imunossuprimidos (9-45 anos): PVHIV, QT/RT, transplantados: 3 doses → 0, 2, 6 meses
Pacientes com HSIL
2023: vacina NONAvalente (2 doses de 9 a 14 anos; 3 doses → 15 a 45 anos)

Prevenção secundária
Rastreamento - detecção precoce
*Esfregaço/papanicolau (colpocitologia oncótica ou citologia cervicouterina ou exame de prevenção)
→ citologia convencional → repetição sequencial ( para compensar baixa sensibilidade)
Testes moleculares (Genotipagem – qual HPV é?; captura híbrida; hibridização in situ, PCR em tempo
real) → alta sensibilidade; baixa especificidade

Exame citopatológico
Repetição sequencial
A cada 3 anos, após 2 normais consecutivos
LSIL: repetir em 6 a 12 meses ou testes moleculares para HPV
HSIL: colposcopia + biópsia
CA oculto ou minimamente invasor: CAF (cirurgia de alta frequência) para excisão da ZT ou conização
Biópsia guiada por colposcopia melhora o diagnóstico

Conclusões
Infecção por HPV é a causa
Programas de rastreamento são eficazes na redução da incidência → citologia/papanicolau
Vacinas também reduzem a incidência
Tipo histológico mais comum = escamoso
Estadiamento é clínico
Tratamento feito com base no estágio da doença
Estágio inicial (l a lla) pode ser tratada por cirurgia radical ou RT
O melhor tratamento para doença avançada( IIb a IV ) é QT
É um câncer evitável!

DIAGNÓSTICO E DATAÇÃO DA GRAVIDEZ

DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ
Diagnóstico clínico
BHCG → Sangue (quali/quanti) ou urina (lab/TRG)
Ultrassom ( por visualização do saco gestacional ou por detecção de atividade cardíaca)
Diagnóstico clínico
Amenorreia
Atraso menstrual > 10 dias → se mulher com ciclo regular
Caracterização da última menstruação → veio no dia correto da menstruação ?
Alterações cutâneas pigmentares
Cloasma gravídico (máscara da gravidez)
Linha negra ( linha alba fica negra ) → posteriormente volta a cor normal
Alterações cutâneas de pilificação
Hipertricose
Sinal de Halban
Alterações mamárias
Aumento da sensibilidade álgica
Tubérculos de montgomery
Rede haller → vascularização evidente
Sinal de hunter –. “ mama esfumaçada “ (perda de nitidez no entorno do mamilo )
Hiperpigmentação dos mamilos
Alterações genitais
Sinal de Jacquemier (europeus) ou chadwick (americanos) → coloração violácea da vulva
Sinal de Kluge: coloração violácea da mucosa vaginal
Sinal de Osiander: Percepção do pulso arterial nos fundos de saco laterais e posterior da vagina ao
toque.
Sinal de goodell: amolecimento do colo cervical ( de consistência obstétrica ) - 8° semana
Sinal de puzzles: rechaço fetal (14°sem) → “flutuação fetal”
Sinal de Piskacek → assimetria temporária do útero no início da gestação
Sinal de Hegar: amolecimento e compressibilidade do istmo uterino
Sinal de Nobile-budin: corpo uterino torna-se globoso
Ausculta dos batimentos cardíacos
Estetoscópio de pinard: à partir da 17° - 20° semana
Sonar doppler: à partir da 10° - 12° semana
Sinais de presunção (acha-se/supõe-se)
Náuseas e vômitos
Polaciúria (útero crescendo diminui capacidade da bexiga)
Atraso menstrual até 14 dias
Aumento da sensibilidade álgica mamária
Cloasma gravídico
Linha nigra
Sinal de Halban
Tubérculos de montgomery
Rede de haller
Sinal de hunter
Sinais de probabilidade
atraso menstrual > 14 dias
Amolecimento do colo uterino
Sinal de hegar
Sinal de piskacek
Sinal de n
Alteração do muco
Alteração do volume
Sinais de certeza
Sinal mais precoce → sinal de puzo (rechaço fetal intrauterino )
Sinal mais tardio → percepção de movimentos fetais
Ausculta cardíaca

Diagnóstico bioquímico
Sangue (quali / quanti) → BHCG
Qualitativo : necessidade de resultado com rapidez
Mede fração beta
Urina (lab/TRG)
TRG: Teste rápido
Mede fração alfa
→ Diagnostica-se gonadotrofina coriônica humana (hCG)
Hormônio glicoproteico que tem como função manter o corpo lúteo secretando progesterona até a
formação da placenta por volta da 8° semana.
Produção: sinciciotrofoblasto , placenta
Falso positivo (subunidade - alfa) : ler outro hormônio com mesma estrutura molecular
Comum ao LH, FSH e TSH → risco de reação falso - positiva : Tumores produtores de LH,
climatério, uso de psicotrópicos → por isso a importância do exame quantitativo
Melhor (sub - beta) → menos reação cruzada com LH, grande sensibilidade na dosagem plasmática,
estimativa da idade gestacional
Gravidez bioquímica → abortamento subclínico ou logo após implantação
Pode haver interferência de hCG administrado para tto (infertilidade) ou secretados por tumor ou pela hipófise
na perimenopausa.
→ Material
Sangue → detecção mais precoce, por volta de 8 dias após fecundação, quando ocorre nidação. :
detecta beta antes do atraso menstrual / Níveis mais elevados
Urina → detecção mais tardia / níveis menores
Soro mais sensível que urina
Nas primeiras semanas a concentração de hCG no sangue costuma dobrar a cada 1,4-2 dias
Um aumento menor que 60% a cada 48h não é normal
Gravidez ectópica
Gravidez interrompida
Aumentos maiores que o esperado
Gestação múltipla
Neoplasia trofoblástica gestacional (placenta ) - gravidez molar

Ultrassonografia
Visualização de saco gestacional
Doppler - atividade cardíaca
Maneira de saber se gravidez está progredindo → dosar BHCG
Calcular idade gestacional via ultrassom
Momento mais confiável (7-12 semanas - fase de embrião) - comprimento cabeça nádega
Menor que 7 semanas : calcula por diâmetro saco gestacional
Maior que 13s : fêmur e DBP (diâmetro biparietal)

CÁLCULO DA DATA PROVÁVEL DO PARTO


Dado importante : DUM
40 semanas após DUM → DPP ( data provável do parto ) - Idade OBSTÉTRICA
Cálculo da DPP por regra de Naegele → soma 7 nos dias e subtrai 3 no mês (da DUM)

Duração da gestação
40 semanas (80% chance)
15% > 37 semanas
Menor que 37: prematuro / pré-termo
5% < 42 semanas
Maior que 42 : pós-termo
Quando passa da data provável, mas ainda dentro do termo → pós datismo

Idade OBSTÉTRICA
DUM
Útero - fita → não é medida confiável
USG
Datação gestacional via DUM conhecida
Conta-se o número de dias transcorridos após a DUM e divide-se por 7 → resultado em SEMANAS →
CONTA-SE o dia que menstruou também
Ex: DUM - 23 fevereiro / Hoje: 16/06
6+31+30+31+16 = 114
1140 / 7 = 16,28 → 16 semanas

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