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FISIOTERAPIA

PEDIÁTRICA
Aula 7
PARALISIA CEREBRAL

Disfunção Neuromotora
Conceito

É o resultado de uma lesão ou mau desenvolvimento do


encéfalo imaturo, ocorrido desde a vida intra-uterina
até os primeiros anos de vida, de caráter estacionário,
levando a desordem do tônus, postura e movimento.
Causas
• Pré-natal
• TORCHS
• uso de drogas
• problemas emocionais
• Toxemia Gravídica, Diabetes
• DPP, PP, posição inadequada do cordão umbilical
• ameaça de aborto
• choque direto no abdômen da mãe
• exposição ao raio X nos primeiros meses de gravidez
• incompatibilidade entre Rh da mãe e do pai
• Pós-natal
• AVC (Falcêmico, GNDA)
• Febre prolongada e muito alta
• desidratação com perda significativa de líquidos
• Infecções cerebrais causadas por meningite ou encefalite;
• ferimento ou traumatismo na cabeça
• Falta de oxigênio por afogamento ou outras causas
• Envenenamento por gás, por chumbo (utilizado no
esmalte cerâmico, nos pesticidas agrícolas ou outros
venenos )
• Sarampo
• Traumatismo crânio-encefálico ate os três anos de idade
Anatomia Patológica
Leucomalacia periventricular Diplegia Espástica

Lesão cerebral parassagital Hemiplegia ou Quadriplegia


Isquemia Espástica

Necrose neuronal no Córtex Hemiplegia ou Quadriplegia


Cerebral Espástica

Necrose neuronal do cerebelo Ataxia


Hipoxemia Marmorização dos Núcleos da Atetose
Base

Hemorragia Hemorragia intraventricular Hemiplegia ou Quadriplegia


Espástica
Leucomalácia Periventricular - Diplegia Espástica
A leucomalácia periventricular
tem sido descrita
classicamente como uma
desordem caracterizada por
áreas multifocais de necrose,
formando cistos na matéria
branca cerebral profunda, as
quais são frequentemente
simétricas e ocorrem
adjacentes aos ventrículos
laterais.
Lesão Cerebral
Parassagital
Lesão do córtex cerebral e substância
branca subcortical com distribuição
Hemiplegia ou Quadriplegia Espástica
característica: parassagital, superomedial
das convexidades cerebrais;
Nos casos graves, a lesão pode se
estender a uma grande proporção da
convexidade cerebral lateral,
especialmente na região parieto-
occipital, a mais vulnerável região do
cérebro;
A sua patogenia está relacionada
principalmente a distúrbio de perfusão
cerebral, sendo assim considerada a
principal lesão isquêmica do RN a termo
com asfixia perinatal grave
Marmorização dos Núcleos
da Base -Atetose

• Alteração no
desenvolvimento
cerebral ao nível
dos tecidos da base
e do tronco
cerebral, podendo
ocorrer também
alterações corticais.
Expressão Motora
• Quadriplegia, Diplegia, Hemiplegia,
Dupla hemiplegia, Triplegia
• (Tetraplegia, Paraplegia e Monoplegia)
Classificaçã
Qualidade do tônus
o • Espástica, Discinética , Atáxica e Mista

Grau de severidade
• Leve, Moderado e Grave
Espástica
Hipertonia elástica (piramidal)
Dificuldade em graduar a inervação tônica recíproca
e a co-contração
Arco incompleto de movimento
Contraturas e deformidades articulares
Hipotrofia por desuso
Hiperreflexia
Persistência reflexa (RTL, RTCA, RTCS e Positivo de
Suporte)
Atraso no DNPM
Discinética
(distônico, atetósico e coreo-atetósico)
• Flutuação tônica (extrapiramidal)
• Dificuldade em graduar a inervação tônica recíproca e a co-
contração (diminuida)
• Arco completo de movimento
• Movimentos involuntários
• Contraturas e deformidades
• Hiperreflexia
• Persistência reflexa
• Atraso no DNPM
Atetósica
• Atetose Pura
• Flutuação de tônus de baixo
para normal
• Sem deformidades (pé
valgo)
• Emocionalmente instável
• Pode ser Hemi ou Quadri
- Distônica
Flutuação de tônus de baixo para
alto
Espasmos tônicos intermitentes
(amplitudes exageradas)
Atividade tônica reflexa de
pescoço
Forte assimetria
Não estão presentes as Reações
Corporais
Deformidades de quadril,
escoliose e contraturas em flexão
de quadril e joelho
https://www.youtube.com/watch
Coreoatetose

Flutuação de tônus de baixo


para quase normal (nunca
muito hipotônico)
Espasmos móveis (dança
atetóide)
Sem deformidades
Cuidado com luxações
Podem andar aos 15 anos
aproximadamente

https://www.youtube.com/watch
?v=Vyp5VJECgaY
Atáxica
Hipotonia muscular
Alteração de equilíbrio (estático)
Tremor intencional
Dismetria
Reações exacerbadas (proteção e equilíbrio)
Reflexos primitivos fracos
Alteração na percepção espacial
Déficit de atenção
Hiporreflexia
Hipotrofia por desinteresse na ação
Atraso importante no DNPM
Deficiências associadas
• Problemas auditivos e visuais
• Defasagem nas atividades pré-fônicas
• Problemas de linguagem, aprendizagem, memória,
percepção e cognição
• Crise convulsiva
• Distúrbios emocionais
PRINCIPAIS ASPECTOS POSTURAIS E MOTORES
DOS TIPOS DE P.C. (Diplegia Espástica)
•Sentar no chão: no caso típico, a postura da criança diplégica, quando
sentada no chão, consiste em flexão do tronco, acompanhada por
extensão do pescoço – a criança senta entre as coxas mantidas em rotação
interna, de modo a formar um “W”.
•Ao tentar sentar-se com as pernas estendidas para frente, os seus MMII
entram em flexão dos joelhos e os quadris se fletem em grau insuficiente,
visto que o encurtamento da musculatura posterior força a pelve para trás.
•A flexão da metade superior do tronco permite que ela desloque seu
centro de gravidade o suficiente para frente, a ponto de conseguir
equilibrar-se; sem esta manobra, ela cairá para trás.
Sentar em W Sentar em Long sitting
PRINCIPAIS ASPECTOS POSTURAIS E
MOTORES DOS TIPOS DE P.C. (Diplegia
Espástica).
•P.O: postura típica em “tesoura”.
•Marcha: caracteriza-se
freqüentemente por um caminhar
lento e cambaleante (Bobath:
“parecem cair de uma perna para
outra”.), a passos miúdos (Shepherd,
1996). Pode ser:
• marcha em tesoura; ou
• “andar de pombo” (Bobath, 1969).
•Supino e prono: quando grave - existe uma
interferência muito grande do RTL nas duas
PRINCIPAIS posturas; e em supino, por exemplo, o padrão
ASPECTOS postural que se apresenta é opistótono.
POSTURAIS E •Locomoção: quando moderado - locomovem-
MOTORES DOS se sentado usando o RTCS. E quando leve -
engatinham também com interferência do RTCS.
TIPOS DE P.C.
(Quadriplegia •Marcha: quando leve - ficam com extensão ou
semiflexão dos MMII sem movimentos de
Espástica). joelhos. O controle de quadril é precário, com
uma constante procura do centro de gravidade.
•Transtornos dos movimentos ativos:
PRINCIPAIS dismetria e tremor intencional (não aparece
ASPECTOS em repouso). Apresenta falta de movimentos
oculares independentes da cabeça, não
POSTURAIS E podendo seguir um objeto ou usar seus olhos
para controlar os movimentos da mão
MOTORES (controle olho-mão);
DOS TIPOS •P.O: Base de suporte aumentada.
DE P.C. •Marcha
(Quadriplegia • Ataxia Cerebelar: cerebelar, ou atáxica, ou
ebriosa.
Atáxica). • Ataxia Labiríntica: vestibular (em estrela).
Deformidades no PC - Luxação de Quadril
•A luxação ou subluxação de um ou ambos os quadris,
na maioria das vezes, é devida:
•a adução excessiva de coxofemoral; e insuficiente
desenvolvimento da articulação do quadril por ter
ficado de pé tardiamente (Bobath, 1969).

•As características biomecânicas do fêmur e do


acetábulo que favorecem a luxação de quadril no PC
são:
• a não modificação do ângulo de antetorção femural
(criança = 45º e adulto = 11º) e ângulo de inclinação
(coxa-valga – criança = 150/160º e adulto = 125º);
•e o acetábulo raso e antevertido (permanência no
plano sagital, sem migrar para o plano frontal).
Órteses
Órteses
•1) Segundo Umphred - As órteses podem atuar com
objetivo de:
•·Proteção
•Podem ser usadas bastante efetivamente para
proteger músculos, ligamentos, estruturas ósseas.
•O tratamento com órtese pode ser bastante efetivo
na proteção de músculos dolorosos de um cliente
que esteja se recuperando da síndrome Guillain-
Barré, por exemplo.
Órteses
•·Prevenção
•Prevenção de deformidade ou desenvolvimento de hábitos motores patológicos
que resultam de várias combinações de fraquezas musculares e impulsos
proprioceptivos modificados.
•Quando se permite que a criança em desenvolvimento suporte o peso sobre um
joelho hiperestendido, este logo aprende a travar o joelho para sustentar o peso.
•O padrão de travamento, junto com um complexo gastro-sóleo fraco e uma
inclinação anterior de troco como resultado de extensores de quadril fracos,
resulta em estiramento da cápsula posterior, resultando em deformidade em
recurvatum de joelho.
•Uma simples AFO (órtese de pé-tornozelo) com trava para flexão plantar pode
ser usada, para proteger a articulação e impedir (prevenir) a deformidade em
recurvatum.
Ao determinar a necessidade de
intervenção com órteses, um terapeuta
habilidoso deve determinar se ele deseja
que a órtese facilite ou iniba certos grupos
musculares, impulsos sensoriais ou
padrões posturais.
Órteses Após determinar a função desejada para a
órtese, o terapeuta, discutindo com o
fabricante de órteses, pode desenvolver
uma órtese mecanicamente acessível,
porém suficientemente efetiva que iniba
ou facilite de acordo com o desejado.
Órteses
·Inibição
• Exemplo simples inclui o modelamento de uma saliência no molde de uma AFO,
que, quando fabricada, aplique pressão profunda no tendão de Aquiles para inibir
a flexão plantar.

·Facilitação
• Pode-se acrescentar uma mola para flexão plantar para assistência em uma órtese
usada por um cliente com dorsiflexores fraco. Em cada fase de não sustentação de
peso da marcha no membro afetado, os dorsiflexores do cliente recebem um
rápido alongamento pela mola antagonista de assistência. A criança em
desenvolvimento que tem uma postura em flexão pode ter a extensão facilitada.
Isso é facilmente conseguido, prevenindo através do uso de uma trava
dorsiflexora.
Órteses
•As órteses tendem a ser denominadas de acordo com as articulações que circundam:
•OP ou FO = aplicada ao pé (por dentro ou por fora do calçado – suportes de arco,
elevadores do calcanhar);
•OTP ou AFO = aplicada no tornozelo-pé (em geral se estende até abaixo do joelho);
•OJTP ou KAFO = engloba joelho-tornozelo-pé (se estende do pé a coxa);
•OQJTP ou HKAFO = quadril-joelho-tornozelo-pé (se estende acima do quadril).
•As órteses de MMSS usadas na disfunção neurológica em geral têm o objetivo de
proporcionar força dinâmica para reduzir contraturas.

•Botox: É uma substância química injetada no músculo, com o objetivo de bloquear


a liberação da acetilcolina na placa motora; levando o músculo a um estado de
relaxamento prolongado, porém temporariamente (4-6 meses).
Órteses
O Sistema de Classificação da Função Motora Grossa -
Sistema Expandido e Revisado (GMFCS - E&R) é um sistema de
classificação de 5 níveis que descreve a função motora
International grossa de crianças e jovens com paralisia cerebral com
base em seus movimentos auto-iniciados com ênfase
de particular em sentar, caminhada e mobilidade sobre
rodas.
Classificação
da Função As distinções entre os níveis são baseadas nas
Motora Grossa habilidades funcionais, na necessidade de tecnologia
assistiva, incluindo dispositivos de mobilidade manuais
(andadores, muletas ou bengalas) ou mobilidade
sobre rodas e, em muito menor grau, qualidade de
GMFCS movimento.
Gross Motor • O foco do GMFCS - E&R é determinar qual nível
melhor representa as habilidades e limitações atuais
da criança ou jovem na função motora grossa. A
Function ênfase está no desempenho normal em casa, na
escola e na comunidade (ou seja, o que eles fazem),
Classification em vez do que eles são capazes de fazer da melhor
forma (capacidade).
System • Portanto, é importante classificar o desempenho
atual na função motora grossa e não incluir
GMFCS julgamentos sobre a qualidade do movimento ou
prognóstico de melhora.
Manual Abilities Classification System
Sistema de Classificação de Habilidades Manuais

• O Sistema de Classificação de Habilidade Manual (MACS) é


um bom método de classificar as crianças com paralisia
cerebral que podem usar suas mãos para manipular objetos
no decorrer das atividades do dia-a-dia. A classificação é
determinada com base nas observações de uma pessoa que
conhece bem a criança. Ele leva em consideração como as
crianças usam as mãos em conjunto, e não separadamente.
Manual Abilities Classification System
Sistema de Classificação de Habilidades Manuais

•O desenvolvimento de uma escala para a função da mão é importante por


duas razões. O primeiro deles é a natureza complexa da função da mão. A
função da mão é influenciada por considerações como componentes
sensório-motores, cognição, controle postural, acuidade visual e motivação.
A escala MACS não tenta quantificar esses fatores subjacentes, mas apenas
avaliar quão bem eles funcionam juntos como um todo. Em segundo lugar, o
uso das mãos é fundamental para a independência da criança na vida diária,
na escola e durante o lazer.
1. Manuseia objetos facilmente e com sucesso; limitações nos movimentos
das mãos apenas aparentes na velocidade e precisão.

A escala 2. Manuseia objetos, mas com qualidade e / ou velocidade de realização um


tanto reduzidas; certas atividades são difíceis, mas mais podem ser feitas

MACS é independentemente.

dividida 3. Manuseia objetos com dificuldade; precisa de ajuda para preparar e / ou


modificar atividades; desempenho lento e impreciso de atividades ao

em cinco
experimentá-las de forma independente.

níveis:
4. Lida com uma seleção limitada de objetos facilmente gerenciados em
situações adaptadas; conclui partes das atividades com limitações, requer
suporte e assistência.

5. Não manuseia objetos e tem capacidade severamente limitada para


realizar até mesmo ações simples; precisa de assistência para todas as
atividades.
Objetivos de tratamento
Estabelecer a relação entre o fisioterapeuta, criança,
terapêutica e família
Estimular a organização sensorial
Manter a integridade osteo-articular e o alinhamento
biomecânico
Adequar tônus e trofismo muscular
Desenvolver a força muscular
Manter elasticidade muscular
Estimular a movimentação ativa
Inibir movimentos e atividade reflexa anormal
Facilitar a reação corporal
Otimizar o controle motor em diferentes posturas
Facilitar as transferências posturais
Estimular DNPM
Desenvolver os elementos psicomotores
Buscar a função independente nas avds
Indicar e adaptar dispositivos de assistência e órteses
Facilitar as AVDS, AVLS, AVPS
Orientar familiares quanto a medidas terapêuticas domiciliares
THERA TOGS
O TheraTogs é uma roupa terapêutica de
treinamento neuromotor, postural e
sensorial. Esse recurso é resultado da
combinação de um sistema de tronco e
membros inferiores, podendo ser
estendidos aos membros superiores.

Além disso, o sistema dispõe de tiras e


velcros especialmente desenvolvidos para
serem fixados as diversas partes corporais,
de acordo com a necessidade clínica de cada
paciente.
As Faixas Neuro Nustim aderem na pele gerando um alto
input sensorial, que melhora a resposta do paciente,
possibilitando um melhor controle corporal, gastando menos
energia e prevenindo futuras deformidades ósseas.

O corpo se adaptada a sua história de uso


(Neuroplasticidade), com a continuidade do alinhamento
postural da clínica para casa, o paciente pode ter um
progresso da reabilitação de forma mais rápida e conseguir
maiores ganhos.

Auxiliam no desenvolvimento motor dos bebês, gerando


input sensorial, além de serem macias e hipoalergênica.
São velcro adesivas, o que facilita aos cuidadores
continuarem o tratamento em casa, sempre com a orientação
do profissional.

NUSTIM
ESTEIRAS
SUSPENSÃO
FES
PSICOMOTRICIDADE
LUDOTERAPIA
Therasuit
"A excelência pode ser obtida se você se importa mais
do que os
outros julgam ser necessário;
se arrisca mais do que os outros
julgam ser seguro,
sonha mais do que os outros julgam ser prático,
e espera mais do que os outros julgam ser possível."

Vince Lombardi

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