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Brazilian Journal of Development

Análise dos Métodos de Medicina Tradicional Chinesa no Tratamento do


Climatério
Analisys of Chinese Traditional Medicine Methods in the Climacteric
Treatment
DOI:10.34117/bjdv6n12-656

Recebimento dos originais: 20/11/2020


Aceitação para publicação: 28/12/2020

Maria Kamilla Cruz de Tella Sandes


Médica Veterinária, Especialista em Medicina Tradicional Chinesa
Faculdade Einstein
Endereço: Rua do Uruguay, 21 - Uruguai, Salvador - BA, 40445-040
Email: kamillasandes@gmail.com

André Afonso Marrafon


Médico Clínico Médico
Hospital Irmandade Santa Casa de Poços de Caldas
Endereço:Praça Francisco Escobar, s/n - Centro, Poços de Caldas - MG, 37701-027
email: andreafonsomarrafon@gmail.com

Saulo Francisco de Assis Gomes


Médico Residente de Cirurgia Básica
Hospital Regional de Araguaína, TO, Secretaria de Estado de Saúde
Endereço:Av. Tocantins, S/N esq. c, R. Ademar Vicente Ferreira - Centro, Araguaína - TO,
77818-550
email: drsaulogomesfa@gmail.com

Roberta Cristina Ribeiro Cruz


Nutricionista
Universidade de Franca
Endereço:Av. Dr. Armando de Sáles Oliveira, 201 - Parque Universitário, Franca - SP,
14404-600
E-mail: robertinha20@yahoo.com.br

RESUMO
O climatério é o período em que se inicia a perda da capacidade reprodutiva da mulher,
culminando no momento de envelhecimento com a baixa de hormônios, principalmente do
estrogênio, causando vários sintomas desagradáveis. Para a Medicina Tradicional Chinesa, este
momento ocorre com a queda do Yin, causando uma mudança energética. Por isso acredita-se
que o corpo e a mente da mulher precisam se preparar e se adaptar a essas mudanças. O presente
artigo demonstra, através de uma revisão bibliográfica, as principais mudanças físicas e
emocionais, e quais são os principais fitoterápicos, bem como os principais pontos de
acupuntura a serem utilizados.

Palavras-chave: Climatério, Medicina Tradicional Chinesa, Acupuntura, Fitoterapia

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p. 102386-102391 dec. 2020. ISSN 2525-8761


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ABSTRACT
The climacteric is the period when it starts the loss of women’s reproductive capacity,
culminating in the moment of aging with low hormones, mainly estrogen, causin several
unpleasant symptoms. For Chinese Traditional Medicine, this moment occurs with the fall of
Yin, causing an energy change. That is why belive women’s body and mind need to prepare
and adapt to these changes. This article demonstrates, through a literature review, the main
physical and emotional changes, and wich are the main herbal medicines, as the main
acupuncture points to be used.

Key words: climacteric, Chinese Traditional Medicine, Acupuncture, Herbal Medicine.

1 INTRODUÇÃO
A presença de tratamentos alternativo é algo tão antigo quanto a história, sendo
necessário a compreensão do todo para compreensão das partes. Uma das opções presentes é a
utilização de plantas com diversas atividades biológicas, sendo aplicadas para prevenção,
promoção e tratamento das mais diversas patológicas dentro dos chamados humores humanas.
A própolis verde é uma delas, com grande aplicação biológica, tendo suas ações estudadas ao
longo dos tempos (ALMEIDA-JUNIOR et al., 2020).
Outra prática milenar e que vem sendo difundida e muito utilizada desde a antiguidade,
é a acupuntura, no qual, reorganiza a energia vital, no qual recebe o nome de qi (chi), que circula
entre os canais do corpo. O acumulo pode afetar de forma reversível ou não, um órgão ou
víscera, levando o indivíduo ao processo de adoecimento. O acumulo ou deficiências acarretam
em quadros vistos dentro da medicina tradicional ocidental como doença e como tratamento o
estimulo com agulhas finas e longas em pontos específicos para correção (GERVINI et al.,
2020).
Frente as técnicas milenares empregadas por diversos povos, a terapia por agulhas ou
acupuntura, se mostrou efetiva para as mais diversas patológicas ocidentais, sendo alvo deste
estudo. Sendo assim, será realizado a revisão na literatura para tratamento de climatério em
mulheres através de pontos da literatura. Trata-se então, de uma revisão literária, a partir de
bases de dados e sites sobre acupunturas e acupontos para puncturas e estimulo / sedação da
energia.

2 DESENVOLVIMENTO
O climatério, para a Medicina Ocidental, é o período em que a mulher inicia a perda
da capacidade reprodutiva. Faz parte do processo de envelhecimento que culminará na
menopausa, que é considerado após doze meses consecutivos sem menstruação (LUCA, 2008).

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Longhi relata que a queda hormonal causa alterações tais como: menstruais:
sangramento desregular do útero; neurogênicas: fogacho, insônia, calafrios, sudorese,
palpitação, cefaleia, tonturas e parestesias; psicogênicas: depressão, ansiedade, irritabilidade,
com a diminuição do estrogênio a síntese de serotonina diminui, resultando em sintomas como
insônia, sono entrecortado, irritabilidade, ansiedade, alteração de humor e depressão;
metabólicas: osteoporose, aterosclerose, alteração do metabolismo lipídico; urogenitais:
vulvovaginite atrófica, prurido vulvar, síndrome uretral (disúria e noctúria sem infecção por
microrganismo) e incontinência urinária de esforço; sexual: diminuição de libido, sangramento
pós coital e corrimento vaginal; tegumentar: diminuição da produção de colágeno e consequente
afilamento e secura da pele. (LONGUI, 2017).
Em um estudo realizado com 420 mulheres, as enfermidades relacionadas ao
climatério foram: hipertensão arterial 34,76%, depressão 29,76%, gastrite / colicistopatia
23,57%, tireóideopatia 13,33% e diabetes de mélitus 7,14%. Neste estudo, 100% das pacientes
utilizavam medicamentos para os ossos. Mulheres pós menopausadas fazem mais uso de
ansiolíticos e antidepressivos apontando, neste estudo, que sofrem mais com o climatério
(CASTRO, 2018).
Dados do Ministério da Saúde demonstram que a idade média para que ocorra o
climatério é de 48 anos, e destaca ainda que muitas mulheres passam por essa fase sem queixas
físicas, mas algumas sentem muitas dificuldades para atravessar este período de grande
transformação física, hormonal e mental (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). Segundo Castro,
os sintomas ocorrem pela falência ovariana e influenciam na qualidade de vida dessas mulheres
que passam por esta fase pela baixa de estrogênio (CASTRO, 2018).
Para a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), todos nós temos o equilíbrio do Yin e
do Yang. Porém no homem sente-se a predominância do Yang, que dentre outras características
marcantes, estão: dia quente, energia, psiquê. Já na mulher, a predominância é o Yin,
representado por noite, frio, substância e corpo. Sendo assim, homem e mulher apresentam-se
como opostos que se complementam. O útero é o órgão com mais representatividade do Yin,
manifesta a capacidade de gerar vida (matéria) em seu interior, escondido da luz e agitações
exteriores. (CAMPIGLIA, 2017).
Na MTC o tratamento mais utilizado é a acupuntura associada ao uso de ervas, tendo
como principal objetivo ajudar a mulher no reencontro de seu equilíbrio, não sendo capaz,
porém de suprimir todos os sintomas por acreditar na importância dos mesmos na retomada de
consciência da mulher neste novo ciclo da vida. E neste caso, a função do acupunturista se torna

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muito mais abrangente do que o tratamento com agulhas. O profissional se torna uma
companhia nesta jornada rumo ao autoconhecimento e a autoaceitação (CAMPIGLIA, 2017).
Dentre os achados na literatura é possível observar que o tratamento para o climatério
pode ser bem variado, realizado normalmente entre 8 e 13 semanas, em uma média de 8 a 16
sessões (LIMA; SILVA e FOLLETO 2013). O uso da fitoterapia é bastante recomendado. As
principais são: Soja, Alecrim-de-Angola, Trevo Vermelho, Cimicífuga Racemosa L. Nutti
(SOUZA, 2012). Ervas brasileiras: Aspargo, Peônia, Cavalinha, Cana-do-brejo, Canela,
Catuaba, Erva-doce, Artemísia, Ginseng, Gengibre, Angélica, Macela (CAMPIGLIA, 2017).
Dentre as fórmulas chinesas, algumas das mais utilizadas são: Liu Wei Di Huang Wan,
Zuo Gui Wan, Gui Lu Er Xian Jiao, Zan Yu Dan, Si Wu Tang, Ba Zhen Yi Mu Wan, Gui Pi
Tang, Jiao Ai Tang, Qing Jing San, Jia Wei Xiao Yao San, Wu Ling San e Guo Qi Yin
(CAMPIGLIA, 2017). A tabela 1 traz informações acerca das deficiências energéticas e pontos
a serem trabalhados.

Deficiências Pontos
B-23, B-18, R-3, BP-10, F-3, R-3, R-6,
Deficiência do Yin do fígado e do rim BP-6, VC-4, R-9, VG-20, E-38
R-4, VG-20, C-7, VC-15, BP-6,
Desarmonia entre coração e rim YINTANG, B-15, B-23, R-3, VC-4,
R-23, R-24, R-25
Deficiência do Yang do rim e do baço- B-20, BP-6, VC-4, B-23,
pâncreas VG-4 (com Moxa)
Deficiência de Yin e Yang do rim R-3, B-23, VC-4, VG-4, B-20
R-3, R-6, BP-6, VC-4, R-9, B-23, B-52,
Predomínio da deficiência de Yin B-24, VC-3
R-7, R-3, VC-4, VG-4 (com Moxa),
Predomínio da deficiência de Yang B-23 (com Moxa), VC-4, VC-5, VC-6
Vazio de Qi R-13, R-5, VC-5, VC-6, B-23, B-24
(Campiglia, 2017; Azevedo, 2010)

O uso da acupuntura é baseado em padrões de desarmonia, que apresentam-se por:


deficiência do Yin do fígado e do rim, desarmonia entre coração e rim, deficiência do Yang do
rim e do baço-pâncreas, deficiência de Yin e Yang do rim, predomínio da deficiência de Yin,
predomínio da deficiência de Yang e vazio de Qi (CAMPIGLIA, 2017; AZEVEDO, 2010).
Com a chegada do climatério, o Yin sofre uma acentuada queda. Por isso, fisicamente a
mulher tende a sentir calor, diminuição do sono, sudorese noturna, ao mesmo tempo que sente
a diminuição da lubrificação de mucosas, ressecamento de pele e parada da menstruação.
Psiquicamente falando, a mulher se torna mais agitada e inquieta, sendo mais suscetível a

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mudanças de humor. Observa-se depressão neste período, e isso se deve ao fato de a mulher ter
a necessidade de encontrar um novo eixo, um novo ponto de equilíbrio. Ocorre o recolhimento
de sua energia para o inconsciente, até que um novo caminho se revela de maneira ativa para
colocar sua energia no mundo. E também pela dificuldade em aceitar a sua idade cronológica e
a queda de sua vitalidade (CAMPIGLIA, 2017).
Vale ressaltar, que todo procedimento envolvendo punctura, deve-se observar as regras
de biossegurança, assim como treinamento constante e realização por profissionais habilitados
para garantia da segurança de quem aplica, assim como do paciente (JUNIOR et al., 2019;
2020).

3 CONCLUSÃO
O climatério é uma fase de grandes mudanças fisiológicas com enorme impacto
emocional na vida da mulher, porque é o sinal clássico do envelhecimento em uma sociedade
onde a juventude é tão exaltada quanto incessantemente buscada. Justamente por isso,
envelhecer pode ser uma dificuldade à ser transpassada.
A Medicina Tradicional Chinesa auxilia de maneira efetiva a atravessar este momento,
trazendo harmonia ao corpo e à mente da mulher nesta fase, ajudando a repor a energia que se
desgastou ao longo da vida, respeitando, porém, sempre a natureza humana.
Logo, a Medicina Tradicional Chinesa não recuperará a juventude perdida, mas os
tratamentos propostos serão de imensa ajuda à mulher para superar o climatério de forma mais
tranquila e serena, promovendo o reencontro consigo mesma.

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