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ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA

ELISANGELA COSTA PIRES FERREIRA

ACUPUNTURA PARA O TRATAMENTO DA


INFERTILIDADE

SÃO PAULO
2016
ELISANGELA COSTA PIRES FERREIRA

ACUPUNTURA PARA O TRATAMENTO DA


INFERTILIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós


Graduação em Acupuntura apresentado à
EBRAMEC - Escola Brasileira de Medicina
Chinesa, sob orientação do (a) Prof. Otávio
Stefanelli Neto e Co-Orientador Dr.Reginaldo
de Carvalho Silva Filho.

SÃO PAULO
2016
ELISANGELA COSTA PIRES FERREIRA

ACUPUNTURA PARA O TRATAMENTO DA


INFERTILIDADE

BANCA EXAMINADORA

___________________________________

___________________________________

___________________________________

Otávio Stefanelli Neto

Reginaldo De Carvalho Silva Filho

Elisangela Costa Pires Ferreira

São Paulo, ____ de _____________de ___


1 INTRODUÇÃO

O casamento na modernidade passou a ser baseado no amor e na liberdade de


escolha e a maternidade converteu-se, então na atividade mais invejável e doce que uma
mulher pode esperar (BORLOT e TRINDADE, 2004).
O desejo por uma criança se sustenta pelo pressuposto social de que é natural da
mulher, e isso legitima socialmente a demanda, tornando-a incontestável. Deve-se fazer,
então, o possível para atendê-la (BRAGA e AMAZONAS, 2005).
Para grande parte das mulheres, a maternidade continua sendo a meta da sua
vida, sendo assim, muitas mulheres que não conseguem gerar um filho ficam
insatisfeitas, sofrem e acabam procurando tratamento ( BORLOT e TRINDADE, 2004).
A Infertilidade é caracterizada pela não ocorrência de gestação espontânea, após período
de pelo menos um ano, com o casal apresentando atividade sexual regular sem uso de
métodos contraceptivos (MACEDO, 2002)
É estimado que cerca de 10 a 15% dos casais apresentam problemas para
conceber, os fatores masculinos ou femininos contribuem cerca de 35% das causas,
sendo o restante atribuído a fatores inexplicáveis, cerca de 15% ou a associação de
causas masculinas e femininas, cerca de 20 a 30% ( MOREIRA et al, 2006).
Na Visão Oriental as numerosas causas da Infertilidade ocorrem devido a
Síndromes de Vazio, Estagnação ou Plenitude (AUTEROCHE et al, 1987, p. 167).
Na Visão Ocidental uma das causas mais comuns da Infertilidade é a ausência de
ovulação causada pela diminuição da secreção dos hormônios hipofisários, ou por
anormalidades ovarianas que impedem a ovulação (GUYTON E HALL, 1998, p. 595).
Com o avanço tecnológico, a temática da Infertilidade tem sido bastante
abordada e as tecnologias reprodutivas estão sendo utilizadas por um grande número de
pessoas (BORLOT e TRINDADE, 2004).
Os principais tratamentos para a Infertilidade são as técnicas de reprodução
assistida (KUSSIER e COITINHO, 2008).
Outra linha de tratamento é o uso do citrato de clomifeno que consiste em
estrógenos e endógenos, e o uso de gonadotrofinas que estimulam FSH e LH, sendo
receitado por cinco dias, começando antes do ciclo menstrual (KUSSIER e COITINHO,
2008).

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Para Silva (2007), a Acupuntura para o tratamento de Infertilidade tem uma
eficácia de 75% em relação aos tratamentos convencionais.
O uso clínico da Acupuntura tem se tornado comum. Nas clínicas houve um
aumento acentuado no número de pacientes com Infertilidade indo se tratar, e algumas
clínicas de Infertilidade rotineiramente incentivam seus pacientes a realizarem
tratamento com Acupuntura, pois a resposta ao tratamento é rápida (DOMAR, 2006)
A Acupuntura, como terapia, é cada vez mais utilizada no tratamento de
problemas ginecológicos, dentre eles a menopausa, distúrbios menstruais e Infertilidade
(WHITE, 2006).
Ela influencia o ciclo menstrual melhorando o fluxo sanguíneo para o útero e
ovários e prepara o endométrio para receber o embrião (Madaschi et al, 2010).
É uma pérola brilhante na Medicina Chinesa (MC), e nos últimos anos tem se
expandido pelo mundo que está começando a ver o valor da Acupuntura, a qual os
chineses conhecem há milhares de anos (JUNYING et al, 1996, p.10).
É uma antiga Terapia Chinesa de diagnóstico e tratamento, sendo utilizada para
aliviar uma grande variedade de condições, incluindo dores durante o ciclo menstrual e
Infertilidade masculina e feminina (Victorin e Humaidan, 2006).
Atualmente, a prática existe no mundo inteiro e a procura pela técnica cresceu muito,
em virtude, principalmente, da sua simplicidade e eficácia, rapidez e busca do equilíbrio
bio-psíquico dos pacientes (VECTORE, 2005).
Sua teoria geral é baseada na premissa de que existem padrões de fluxo de
energia (Qi) através do corpo, que são essenciais para a saúde, e a desregularização
desse fluxo energético resulta na patologia. A técnica corrige os desequilíbrios do fluxo
tratando a doença (CHANG et al, 2002).
Compreende a integração mente-corpo como um círculo de interação entre os
sistemas internos e os aspectos emocionais, passível de ser concretizado através de três
tesouros, ou seja, a Essência, o Qi e a Mente (VECTORE, 2005). Chang et al (2002),
relatam que o corpo humano é formado por um sistema de doze canais que percorre
todo o nosso corpo; esses canais estão ligados aos Órgãos e Vísceras (Zang e Fu) cada
um com sua função específica, sendo composto por aproximadamente quatrocentos
pontos (Acupontos).
Na Medicina Chinesa (MC), acredita-se amplamente que cada Acuponto (pontos de
Acupuntura) tem sua função específica, sendo selecionados de acordo com a patologia
instalada (PU et al, 2010).

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Através das justificativas citadas acima foi observado à necessidade de ampliar
os estudos sobre a área, e também divulgar os vários benefícios que a Acupuntura pode
trazer, entre outros, podemos citar o tratamento para Infertilidade, visto que, após
realizarem vários tratamentos, muitas mulheres não conseguem obter o desejo de ser
mãe, e ainda é desconhecido de muitas pessoas este tipo de tratamento, por esse motivo
o desejo de realizar um trabalho científico, foi despertado, além de servir como base de
dados para futuras pesquisas.
Esta monografia teve como objetivo verificar a eficácia da Acupuntura no
tratamento da Infertilidade Feminina comparada aos métodos convencionais,
destacando-se as técnicas e tratamentos abordados, identificando-se os principais
padrões desarmônicos e os acupontos mais utilizados para eliminar a desarmonia.

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2 METODOLOGIA

Foi realizado um levantamento literário, através da base de dados dos Periódicos


Capes, Pub Med, Web Science, Med Line e das bibliotecas virtuais, Bireme, USP, BVS
Temática, Probe.

3 A ACUPUNTURA

A Acupuntura está inserida no conjunto de técnicas relativas à Medicina Chinesa


(MC), que busca compreender e tratar as doenças a partir de uma visão integradora
entre o corpo e a mente. A primeira informação sobre a técnica veio através de uma
coleção de manuscritos chineses do século XVIII a.C. – O Nei Jing (Nei Ching),
conhecido como o Tratado do Imperador Amarelo, uma figura mitológica que conversa
com os seus médicos, revelando os dogmas da medicina chinesa (VECTORE, 2005).
É um tratamento baseado na Medicina Chinesa (MC), compreendendo na sua
forma mais comum a inserção de agulhas em pontos cutâneos específicos, situados em
seis pares de canais de energia denominados canais. (JOAQUIM, 2007).
Foi o primeiro método de analgesia eficaz no tratamento da dor da história da
Medicina, esse método foi utilizado há mais de 3.000 anos na Medicina Chinesa (MC)
para o tratamento de várias doenças, surgiu a partir da observação serendíptica de que
os ferimentos à flecha nos guerreiros cicatrizavam mais rápido do que os de espada ou
porretes (VALE 2006).
No período inicial nossos antepassados curavam as enfermidades com agulhas
de pedra, na idade neolítica, além das agulhas de pedra, usavam-se também agulhas de
osso e de bambu, depois começaram a usar agulhas feitas de barro e com o
desenvolvimento social e com o surgimento das metalúrgicas apareceram agulhas de
diferentes metais, por exemplo, prata, ouro, ferro e as de hoje de aço inoxidável
(CHONGHUO, 1993, p. XXXIX).
É baseada na estimulação de determinados pontos localizados na pele com
agulha, ou fogo, com a finalidade de restaurar e manter a saúde (YAMAMURA, 2001,
p. LVI).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o uso da Acupuntura no
tratamento de vários tipos de patologias, como, por exemplo, enxaquecas, problemas

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gastrointestinais, alergias, Infertilidade e dores diversas. Além disso, vários estudos têm
demonstrado que ela apresenta uma influência profunda sobre os problemas emocionais
e mentais (VECTORE, 2005).
Ela estimula as fibras sensitivas fazendo com que ocorra a transmissão elétrica
através dos neurônios produzindo alterações no sistema nervoso central que libera
substâncias responsáveis por promover o bem estar, o relaxamento, a prevenção e o
tratamento de várias doenças, sejam elas psicológicas, biológicas ou comportamentais
(SILVA, 2007).
Esta técnica ficou altamente conhecida no Ocidente devido a sua eficiência no
tratamento de vários tipos de dores musculoesqueléticas. Porém, existem muitas outras
condições clínicas que podem ser beneficiadas com esse tipo de tratamento
(MEDEIROS, 2009).
Para Silva (2007), a Acupuntura é uma terapêutica milenar que faz a prevenção,
tratamento e cura de patologias através da inserção de agulhas em determinadas regiões
do corpo chamadas de pontos de Acupuntura.
Baseia- se na existência de acupontos (pontos de Acupuntura), distribuídos ao longo de
doze linhas imaginárias, chamadas canais (Coração( Xin.), Fígado (Gan), Baço (Pì),
Pulmão (Fèi), Estômago (Wèi), Rim (Shen), Pericárdio(Jueyin), Intestino Delgado
(Xiãocháng), Vesícula Biliar (Dan), Intestino Grosso (Dàcháng), Bexiga (Pángguãng) e
Triplo Aquecedor (Sanjiao), que percorrem o corpo no sentido vertical, formando assim
pares simétricos nas faces dorsais e ventrais do corpo, os quais, devidamente
estimulados, normalmente, por agulhas, são capazes de promover uma série de
benefícios à saúde do indivíduo (VECTORE, 2005).
Há cerca de quatrocentos Acupontos conectados com doze canais de energia
denominados Canais que estão relacionados com os Órgãos e Vísceras. Atualmente,
esta técnica envolve modos de estimulação, sedação ou harmonização através da
Acupuntura Sistêmica, a Acupressão, a Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea, a
Moxabustão, a Acupuntura Auricular e a utilização de Lasers (MADASCHI et al,
2010).
Os pontos são locais específicos do corpo localizados nos canais onde é
aplicada a Acupuntura, podendo causar certas reações nos Órgãos e Vísceras específicos
de cada Acuponto ou em outras regiões do corpo, obtendo assim resultados favoráveis
ao organismo. (CHONGHUO, 1993, p. XXXIX).
Yamamura (2001, p. LVII), a inserção da agulha de Acupuntura tem como

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finalidade promover a mobilização, a circulação e o fortalecimento das energias
humanas, e também promove a expulsão de energias perversas que prejudicam um
individuo.

3. 1 Ciclo menstrual normal na visão Ocidental

O período reprodutivo feminino normal é caracterizado por alterações rítmicas


mensais na secreção de hormônios femininos e por alterações nos órgãos sexuais, esse
padrão rítmico é denominado ciclo menstrual, sua duração é, em média, de vinte e oito
dias (GUYTON E HALL, 1998, p. 591).
Para Isbii, Nisbino e Campos (2009), o ciclo menstrual regular, ocorre devido a
variações nos níveis de hormônios ovarianos estrógeno e progesterona, que são
controlados pelos hormônios secretados da hipófise FSH e LH.
O hormônio FSH (folículo estimulante) tem um papel importante na maturação
folicular e na manutenção da produção de estrógeno (KOHEK E LATRONICO, 2001)
Para Guyton e Hall (1998, p. 591), os folículos ovarianos começam a crescer quando a
hipófise começa a secretar o FSH em grande quantidade.
O hormônio LH no meio do ciclo menstrual induz uma maior maturação
folicular e ovulação, induz a formação do corpo lúteo e estimula a síntese de
progesterona (KOHEK E LATRONICO, 2001).
Para Gyuton e Hall (1998, p. 592), o papel do LH é converter as células
granulosas em células luteínicas, após a ovulação, favorecendo o crescimento do corpo
lúteo, por isso esse hormônio é chamado de luteinizante.
O ciclo menstrual dura, em média, 28 dias, podendo ser dividido em três fases, a
folicular, ovulatória e lútea (CHAVES et al, 2002).
A fase folicular, que pode também ser chamada de fase folicular precoce ou
menstrual, é caracterizada pelo baixo nível de estrógeno e de progesterona (ISBII et al,
2009).
Inicia-se no primeiro dia da menstruação e dura entre nove e vinte e três dias
(CHAVES et al, 2002).
A primeira etapa da fase folicular consiste no aumento do próprio óvulo e no
surgimento de camadas adicionais de células da granulosa, então o folículo é
denominado folículo primário, algumas semanas antes da ovulação surgem várias

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camadas de células granulosas e de células teçais, esta combinação de células secretam
então os hormônios ovarianos, estrogênio e progesterona (GUYTON E HALL, 1998, p.
588).
Dentre vários folículos que cresceram e se desenvolveram um folículo continua
crescendo e os outros param de crescer, esse folículo é estimulado pelo hormônio
estrogênio para crescer cada vez mais para que assim possa ser um folículo grande o
suficiente para ovular, dando inicio assim a fase de ovulação (KOHEK E
LATRONICO, 2001).
O estrógeno promove principalmente a proliferação e o crescimento de células
corporais ligadas ao sexo, sendo responsável pelo desenvolvimento da maioria das
características sexuais secundárias femininas, já a progesterona é responsável pela
preparação final do útero para a gravidez e das mamas para a amamentação (GUYTON
E HALL, 1998, p. 589).
Para Chaves et al, (2002), a fase ovulatória pode durar até três dias e ocorre um
grande aumento da secreção do hormônio LH e FSH.
Para Isbii et al, (2009), na mulher que apresenta um ciclo menstrual normal de vinte e
oito dias, a ovulação ocorre quatorze dias após o inicio da menstruação.
Aproximadamente dois dias antes da ovulação, a secreção de LH pela hipófise
anterior aumenta acentuadamente, atingindo seu nível máximo cerca de dezesseis horas
antes da ovulação (GUYTON E HALL, 1998, p. 592).
Para o mesmo autor simultaneamente, o FSH aumenta cerca de duas vezes, com
o aumento desses dois hormônios ocorre um crescimento rápido do volume do folículo,
o que culmina na ovulação.
A última fase é a lútea, que é caracterizada pelo aumento dos níveis de
progesterona, alcançando seu pico máximo logo após a ovulação sendo responsável pelo
aumento da temperatura corporal (CHAVES et al, 2002).
Para Isbii et al, (2009), é na fase lútea que ocorre a maioria das alterações nas
mulheres, como retenção de liquido, elevação do peso, dores, estresse, alterações
emocionais, dentre outros.
Nesta fase ocorre uma conversão das células granulosas sob estimulação do
hormônio LH, essas células se transformam no corpo lúteo, secretando assim grande
quantidade de progesterona, fazendo com que o corpo lúteo cresça aproximadamente
1,5 centímetros de diâmetro, após atingir esse grau o corpo lúteo para de crescer e

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começa a involuir perdendo sua função secretora e suas características lipídicas
(GUYTON E HALL, 1998, p. 589).
Quando os hormônios estrogênio e progesterona não são mais secretados o útero
é levado a menstruar (KOHEK E LATRONICO, 2001).

3.2 Ciclo menstrual na visão Oriental

As particularidades fisiológicas da mulher se manifestam através das


menstruações, leucorréias, gravidez, parto e lactação, abundância de Qi Xue e o bom
funcionamento dos órgãos, uma boa circulação nos vasos sanguíneos, permitem
assegurar essas atividades (AUTEROCHE et al, 1987, p. 16).
Qi, Jing, Xue e JInYe consistem as substâncias básicas do corpo e também a
base material para as atividades fisiológicas dos Zang-Fu (Órgãos e Vísceras), tecidos e
outros órgãos. A produção de Jing (Essência), Qi (Energia), Xue (Sangue) e JInYe
(líquidos orgânicos) é realizada através das atividades dos Zang-Fu (CHONGHUO,
1993, p. 31).
Para Yamamura (2001, p. LIII), Zang-Fu é a denominação dada aos órgãos e as
vísceras do corpo humano, as vísceras (Fu) constituem as estruturas tubulares e ocas
que tem a função de receber, transformar e assimilar os alimentos, além de promover a
eliminação de dejetos, são a Vesícula Biliar (Dan), Intestino Grosso (Dàcháng),
Intestino Delgado (Xiãocháng) e Bexiga (Pángguãng)
O Jing (Essência) é a matéria fundamental do ser vivo, da qual constitui o corpo.
É, também, a matéria fundamental para a efetuação de diversas funções do corpo. Ele
está dividido em duas partes: Jing congênito que provém dos pais (hereditário) e o Jing
adquirido que provém das matérias essenciais dos alimentos. Os dois dependem um do
outro e se promovem mutuamente (CHONGHUO, 1993, p. 20).
Qi é o substrato material e espiritual da vida humana, dois aspectos do Qi são
relevantes na Medicina Chinesa (MC). Primeiro, o Qi é uma energia que se manifesta
simultaneamente sobre os níveis físico e espiritual, o segundo é que o Qi é um estado
constante de fluxo em estados variáveis de agregação, quando o Qi é condensado a
energia se transforma se acumulando em forma física (MACIOCIA, 1996, p. 53).
É a forma imaterial que promove o dinamismo, a atividade do ser humano.
Manifesta-se sob dois aspectos principais, um de característica Yang, que representa a
Energia que produz o calor, a expansão, a explosão, a ascensão, a claridade, o aumento

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de todas as atividades, e o outro é de característica Yin, energia que produz o frio, o
retraimento, a descida, o repouso, a escuridão, a diminuição de todas as atividades
(YAMAMURA, 2001, p. LVI).
Xue (Sangue) para a Medicina Chinesa (MC) é produzido a partir das matérias
substâncias dos alimentos produzidos pelo Estômago (Wèi) e pelo Baço (Pí), tendo
como função principal nutrir e umedecer os órgãos e tecidos de todo o corpo
(CHONGHUO, 1993, p. 33).
Há um relacionamento muito próximo entre o Qi e o Xue. O Qi gera, controla e
movimenta o Xue, e o Xue nutre o Qi, dessa forma se o Qi estiver deficiente o Xue
também vai estar, e se o Xue estiver deficiente não irá nutrir o Qi deixando-o mais
deficiente (MACIOCIA, 1996, p. 71).
Aos sete anos o Qi do Rim(Shen) é abundante, ocorre a mudança da dentição e
os cabelos se alongam, nesta fase a energia dos Rins se fortalece (AUTEROCHE et al,
1987, p. 16).
O Rim (Shen) situa-se no Aquecedor Inferior, têm as funções fisiológicas de
armazenar o Jing (Essência), controlar os líquidos, receber o Qi, controlar os ossos,
gerar a medula e chegar ao cérebro (CHONGHUO, 1993, p. 20).
É referido como a “Raiz da vida”, ele apresenta uma aspecto Yin e outro aspecto
Yang, o Yin do Rim é o fundamento essencial para o nascimento, crescimento e
reprodução, enquanto o Yang do Rim é a força motriz de todos os processos fisiológicos
(MACIOCIA, 1996, p. 123).
Aos quatorze anos a substância necessária para promover o crescimento, o
desenvolvimento e a reprodução, a menstruação (Tian Gui), aparece; o Ren Mai se
permeabiliza e o Chong Mai está plenamente desenvolvido, o ciclo menstrual inicia-se
regularmente e permite um estado de fecundidade (AUTEROCHE et al, 1985, p. 16).
Ren significa em chinês “estar encarregado”, situa-se no abdome e no tórax
dominando todos os canais Yin do organismo, sendo chamado “mar dos canais Yin”,
Ren significa também “engravidar”, pois este canal se inicia no Útero e tem a função de
nutrir o feto (CHONGHUO, 1993, p. 107).
É de importância primordial para o sistema reprodutivo tanto nos homens quanto
nas mulheres, mais particularmente nas mulheres, uma vez que regulariza a
menstruação, fertilidade, concepção, gravidez, parto e menopausa (MACIOCIA, 1996,
p. 467).

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Du significa em chinês “governador”, este canal percorre pela linha média
dorso-lombar, o que permite a função de governar todos os canais Yang do corpo, sendo
chamado “mar dos canais Yang” (CHONGHUO, 1993, p. 111).
O Vaso Governador também tem a função de nutrir a coluna vertebral e o
cérebro, uma vez que a via interior do vaso penetra no cérebro. Nesse sentido ele pode
ser utilizado para nutrir a função do Rim(Shen) que é nutrir a medula e o cérebro
(MACIOCIA, 1996, p. 465).
Aos vinte e um anos, o Qi está parado devido o desenvolvimento dos últimos
dentes, sua sexualidade e a fertilidade estão aumentadas e seus olhos são mais
brilhantes. Esta é a fase mais propicia para que ocorra a reprodução (AUTEROCHE et
al, 1985, p. 16).
Aos vinte e oito anos, os músculos e os ossos já estão consolidados, os cabelos
atingem seu maior comprimento, brilho e vida, e o seu corpo está em pleno vigor,
mostrando assim a força da energia (Qi) do Rim (Shen) e do Fígado (Gan)
(AUTEROCHE et al, 1985, p. 16).
O Fígado (Gan) está situado na região do hipocôndrio direito, possui como
funções energéticas armazenar Sangue e regular a distribuição dele por todo o corpo,
controlar a drenagem e a dispersão e determinar as condições dos tendões e dos
ligamentos (CHONGHUO, 1993, p. 15).
Aos trinta e cinco anos, o vaso Yang Ming (meridiano composto pelos canais de
energia do Estômago (Wèi) e Intestino Grosso (Dàcháng), sendo responsável pela
circulação de energia por todos os doze canais de energia) perece, o rosto começa a
murchar, os cabelos a cair (AUTEROCHE et al, 1985, p. 16).
Para Maciocia (1996, p. 149), o Baço (Pì) tem como função controlar a
transformação e o transporte dos alimentos e dos fluidos corpóreos por todo o corpo
humano.
A função do Estômago (Wèi) consiste em receber os alimentos e os líquidos e
em realizar as transformações dos alimentos, dando origem ao Qi nutritivo, os alimentos
são transformados e distribuídos para o corpo através do Baço (Pí) (CHONGHUO,
1993, p. 23).
Aos quarenta e dois anos os três Yang perecem no alto do corpo, o rosto se
resseca e os cabelos embranquecem, a mulher vive sua última fase do período fértil
(AUTEROCHE et al, 1985, p. 16).

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Aos quarenta e nove anos, o Ren Mai é flácido, o Chong Mai fica atrofiado, o
Tian Gui (menstruação) já está esgotado, as vias subterrâneas são cortadas e a
infecundidade surge em resposta a esse esgotamento do corpo (AUTEROCHE et al,
1985, p. 16).

3.3 INFERTILIDADE NA VISÃO OCIDENTAL

Para Trindade e Enumo (2002), ultimamente a Infertilidade conjugal é


classificada como uma incapacidade de engravidar após um ano de atividades sexuais
regulares sem o uso de qualquer método anticonceptivo. Cerca de 10 a 15% dos casais
apresentam este tipo de problema. Os fatores causais masculinos e femininos
contribuem com cerca de 35% das causas, sendo o restante atribuído a fatores
inexplicados (15%) ou a associação de causas masculinas e femininas (20 a 30%).
A fertilidade é descrita como a capacidade de engravidar e gerar filhos, para as
mulheres e, para os homens consiste em engravidar uma mulher, este processo é
iniciado através do contato entre o espermatozóide e o ovócito e finda com a fusão do
material genético contido nestes gametas (Kussier e Coitinho, 2008).
Para Manheimer et al (2008), cerca de 10 a 15% dos casais tem dificuldade de
concepção em algum momento de suas vidas reprodutivas e procuram por tratamento
especializado em Infertilidade.
A valorização da procriação, principalmente em função de uma necessidade
intrínseca à mulher, é antiga, povos antigos valorizavam e enalteciam as mulheres que
eram capazes de reproduzir, enquanto as inférteis eram excluídas e a Infertilidade era
colocada como castigo (Borlot e Trindade, 2004).
Para Trindade e Enumo (2002), nos estudos históricos e antropológicos, é muito
difícil encontrar referências sobre a Infertilidade masculina, o que sugere que os
problemas reprodutivos do casal têm sido, atribuídos às mulheres, engendrando
metáforas e simbologias pejorativas e humilhantes, principalmente nas sociedades
patriarcais.
A idéia de que cabe a mulher a responsabilidade da procriação encontra-se, hoje
em dia, presente na sociedade de uma maneira geral e a Infertilidade apresenta-se, como
um peso substancial, gerando sentimentos de culpa e auto-conceito negativo, já que seu
papel é definido e caracterizado pela maternidade (Borlot e Trindade, 2004).

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Na Infertilidade, há um descompasso entre o corpo feminino e o desejo da
maternidade. O corpo infértil é o rascunho de um corpo apto a reproduzir-se e, portanto,
pede reparo, essa concepção expressa a dualidade eu - corpo e, dessa forma, diante da
Infertilidade feminina, o corpo infértil faz eclipse do sujeito infértil (Miranda e Moreira,
2006).
Muitas mulheres que adiaram ou colocaram de lado seus projetos de terem filhos
agora se agarram a ele com unhas e dentes, estas mulheres encontraram respaldo nas
inúmeras ofertas de tratamentos, o mercado de tecnologias reprodutivas fomenta uma
verdadeira obsessão pelo projeto maternidade, reforçando a importância do parentesco
biológico e a comercialização das relações pessoais (Borlot e Trindade, 2004).

3.4 CAUSAS DA INFERTILIDADE NA VISÃO OCIDENTAL

Uma das causas mais comuns da Infertilidade é a ausência de ovulação causada


pela diminuição da secreção dos hormônios hipofisários, ou por anormalidades
ovarianas que impedem a ovulação (GUYTON E HALL, 1998, p. 595).
Outro problema que pode ocasionar a Infertilidade consiste na presença de fimbrias e
tortuosidades tubais, além da endometriose e adesões peritubais (Kussier e Coitinho,
2008).
Há décadas diversos autores têm destacado o estresse como fator desencadeante
de alterações na função reprodutiva, considera-se que um evento causador de estresse
pode inibir o hipotálamo inibindo assim, a secreção de hormônios acarretando na
irregularidade da menstruação, amenorréia e Infertilidade (MOREIRA et al, 2006).
Pesquisadores estão divididos quanto à hipótese de que a Infertilidade possa ter
causas psicológicas ou ser causa de uma variedade de sintomas psicológicos
(MOREIRA et al, 2006).
Há muito tempo tem-se pesquisado que miomas uterinos diminuem a fertilidade,
e que sua remoção aumentaria as taxas de gestação. De uma forma geral, estima-se que
esses tumores estejam associados com disfunção reprodutiva em 5% a 10% dos casos
(SILVA et al, 2005).
Os miomas uterinos podem ser também chamados de leiomiomas ou fibromas,
eles são tumores benignos e apresentam como principal sintoma a menorragia

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(menstruação com duração e fluxo sanguíneo aumentado), seu tratamento é feito através
de cirurgia ou medicamentos (KISILEVZKY E MARTINS, 2003).
Eles estão associados à Infertilidade em 5% a 10% dos casos, entretanto quando
todas as outras causas de Infertilidades são excluídas, os miomas são responsáveis por
apenas 2% a 3% dos casos (CORLETA et al, 2007).
Cerca de 70% das pacientes com miomatose são assintomáticas, porém, quando
presentes os principais sintomas encontrados são a metrorragia ou menorragia, massa
pélvica, dor e Infertilidade (SILVA et al, 2005).
Um distúrbio heterogênico que afeta 47% das mulheres em idade reprodutiva é a
síndrome do ovário policístico, caracterizado por não ovulação crônica e
hiperandrogenismo (Kussier e Coitinho, 2008).
Para Santana et al (2008), a síndrome dos ovários policísticos é considerada a
causa mais comum de Infertilidade, podendo em alguns países, como nos Estados
Unidos, representar a principal causa de Infertilidade feminina.
Kussier e Coitinho (2008), explicam esta síndrome como um problema intrínseco dos
ovários, excessiva produção de andrógenos pelos mesmos e disfunções hipotalâmicas,
hipersecreção de LH, havendo como fator etiológico a resistência à insulina.
Geralmente as mulheres que possuem ovários policísticos apresentam um enorme risco
de desenvolver câncer no endométrio, ovário e seios.
Com o aumento da idade, a fecundidade natural e as taxas de gestação
diminuem. A fertilidade feminina declina a partir dos trinta anos de idade e, a partir dos
quarenta anos, há redução pela metade da fertilidade. Nas mulheres com mais de
quarenta anos, as aneuploidias são mais freqüentes, a taxa de aborto aumenta de duas a
três vezes e as taxas de implantação após fertilização in vitro se reduzem (Abreu et al,
2006).
Assim como no homem, na mulher a idade continua sendo um problema muito
significante, pois acima de trinta e cinco anos a fertilidade da mulher diminui
drasticamente, a idade prolongada pode acarretar falhas na concepção ou ocasionar
aborto (Kussier e Coitinho, 2008).
Para Mello et al (2001), o tabagismo na mulher reduz globalmente a fertilidade
com evidente atraso da primeira gestação. Podemos verificar também que o tabagismo
materno afeta a fertilidade mais que o tabagismo paterno, o que significa que o sistema
reprodutivo feminino é mais vulnerável ao tabagismo que o sistema masculino.

21
Abuso de álcool, fumo, drogas e exposição ocupacional a substâncias químicas
como pesticidas, metais, composto de cloro e substâncias semelhantes a estrógeno que
interferem no sistema endócrino (Kussier e Coitinho, 2008).

3.5 TRATAMENTO NA VISÃO OCIDENTAL

Há uma grande oferta de tecnologias médicas de reprodução oferecida aos casais


e há ainda uma pressão para o consumo de meios e serviços médicos, com isso a
ausência de filhos passa a ser abordada como uma patologia, essa redefinição ocorre
devido a novos métodos de tratamentos propostos pela medicina (Borlot e Trindade,
2004).
Os principais tratamentos para a Infertilidade são as técnicas de reprodução
assistida (Kussier e Coitinho, 2008).
Os mesmos autores ressaltam que independente da técnica utilizada, na maioria
das vezes, ocorre na mulher a ovulação induzida, principalmente se ela não está
ovulando, ou está mas irregularmente, seu alvo é formar folículos múltiplos com ovos
para outorgar e, em mulheres que ovulam, é usada para aumentar o número de óvulos.
No caso de miomas uterinos o tratamento é realizado através de contraceptivos
orais ou histerectomia (CORLETA et al, 2007).
Uma das linhas de tratamento é o uso do citrato de clomifeno que consiste em
estrógenos e endógenos, outra consiste no uso de gonadotrofinas que estimulam FSH e
LH, sendo receitado por cinco dias, começando antes do ciclo menstrual (Kussier e
Coitinho, 2008).
Devido alguns sintomas psicológicos influenciarem na fertilidade é preciso que
a mulher realize um tratamento psicológico, pois a ansiedade e o estresse são causas
comuns da Infertilidade (MOREIRA et al, 2006).
A inseminação intrauterina consiste no posicionamento de esperma concentrado
e previamente analisado dentro da cavidade uterina, perto do momento da ovulação
(Kussier e Coitinho, 2008).
Nos últimos cinco anos houve um considerável aumento no número de casais
inférteis que procuram tratamentos nas clínicas de reprodução assistida, para a maioria
desses casais essa técnica é a ultima oportunidade para concretizar o sonho de gerar um
filho biológico e geralmente elas são procuradas após um longo período de tentativas
frustradas por meio de outros tipos de tratamentos (Borlot e Trindade, 2004).

22
A fertilização in vitro é usada principalmente quando há problemas tubais graves
na mulher, a probabilidade de uma gravidez de sucesso depende da idade e estado da
fertilidade da mulher. Geralmente, a taxa de sucesso é de 30 a 40% com
espermatozóides frescos e de 15 a 20% com espermatozóides congelados (Kussier e
Coitinho, 2008).
A reprodução assistida é definida como um conjunto de técnicas de tratamento
médico paliativo, em condições de in/hipofertilidade humana, do qual, visa a
fecundação, essa técnica substitui a relação sexual na reprodução biológica, provocando
assim mudanças do modo tradicional de ter filhos (Borlot e Trindade, 2004).

3.6 INFERTILIDADE NA VISÃO ORIENTAL

A Infertilidade pode ser decorrente das condições de Vazio, tais como a


Deficiência da Essência (Jing) do Rim (Shen) ou do Sangue (Xue), ou condições de
Cheio como, por exemplo, Umidade Calor no Aquecedor Inferior ou Estagnação no
Útero (PU et al, 2010).
Para Auteroche et al, (1987, p. 167 ) a Infertilidade feminina pode ocorrer por
vários motivos, porém existem duas categorias que à classifica: a primeira causa, ocorre
devido as deficiências congênitas e a segunda ocorre pelas modificações patológicas
adquiridas.
As deficiências congênitas são aquelas que o ser humano já nasce com a doença,
sendo uma doença hereditária geralmente o tratamento é cirúrgico, porém em alguns
casos a Acupuntura já está se demonstrando eficaz (WESTERGAARD et al, 2006).
As modificações patológicas adquiridas podem ser: Rim em estado Vazio,
Sangue em estado Vazio, Baço (Pì) em estado Vazio, Calor do Sangue(Xue),
Estagnação do Fígado (Gan) (Auteroche et al, 1987, p. 167).
Os principais padrões incluem Estagnação de Qi e Sangue(Xue), Umidade-Frio
ou Calor-Umidade, Deficiência de Qi e de Sangue(Xue), Estagnação de Fígado (Gan) e
Deficiência de Rim (Shen) (PU et al, 2010).
Já para Yamamura, Tabosa e Yabuta (1999), a Infertilidade feminina segundo a
Medicina Chinesa (MC) pode ser classificada em três formas diferentes: formas de
Plenitude, forma de Vazio e forma de Vazio de Qi e Vazio de Xue. A primeira deve-se
ao Calor (Fogo) de Fígado( Gan), a segunda à Deficiência do Rim (Shen) ou Baço (Pí) e

23
a terceira, ao Vazio ou falso Calor desses órgãos isoladamente ou associado com outros
órgãos.
O Rim (Shen) domina o sistema reprodutivo, o Fígado(Gan) regula o Qi, o Baço
(Pí) e o Estômago (Wèi) são fontes de Qi e de Sangue (Xue), se alguns desses órgãos
estiverem em desarmonia irá levar à Infertilidade (WESTERGAARD et al, 2006).
Segundo Wen (1985, p. 39), a síndrome de Deficiência ou Vazio indica fraqueza
do organismo e de seu sistema de defesa ou um desgaste decorrente de uma doença
prolongada. Já a síndrome de Excesso indica que há reação vigorosa do organismo e
este fica em Excesso.
A síndrome de Calor no Sangue(Xue) é causada pelo Calor perverso exógeno ou
pelo Fogo que produz a Estagnação de energia do Fígado (Gan), este Calor agita o
Coração(Xin) e a Mente e invade o sistema sanguíneo, seu sintoma agrava-se mais a
noite devido o Sangue ser de natureza Yin (CHONGHUO, 1993, p. 270).
O Baço (Pì) é responsável em transformar os alimentos e líquidos ingeridos para
deles retirar o Qi, este processo é chamado de Qi dos alimentos, sendo base para a
produção de Qi e de Sangue (Xue), além disso, o Baço (Pì) é responsável em controlar a
movimentação, transformação e separação dos fluidos corpóreos e de controlar o
Sangue nos vasos sanguíneos (MACIOCIA, 1996, p. 118).
A síndrome de Deficiência de Sangue(Xue) é causada pela perda excessiva de
Sangue, por debilidade do Baço (Pì) e do Estômago (Wèi) que leva à má transformação
dos alimentos e, pelo excesso de fatores emocionais que consome em demasia o Sangue
e o Yin, não nutrindo os vasos sanguíneos (BEIJING, CHONGHUO, 1993, p. 268).
Segundo Yamamura et al (1999), a Deficiência de energia do Baço (Pì) pode ser
causada por intemperança na alimentação, pela fadiga mental ou física, por uma diarréia
intensa ou por uma afecção energética hepática.
O Rim (Shen) é responsáveis em guardar as características congênitas, onde é
armazenada a Essência (Jing), eles determinam as condições dos ossos, produzem a
medula e comunicam-se com o cérebro, além disso, controlam a água, líquidos
orgânicos (Beijing, CHONGHUO 1993, p. 20).
O estado da Essência (Jing) determina o estado do Rim (Shen), se a Essência
está forte e abundante o Rim será forte e apresentará grande vitalidade, poder sexual e
fertilidade, porém se a Essência estiver debilitada o Rim (Shen) será fraco podendo
apresentar pouca vitalidade, Infertilidade e debilidade sexual (MACIOCIA, 1996, p.
57).

24
O Rim (Shen) deficiente falha em nutrir os vasos Ren e Chong resultando em
menstruação irregular, a insuficiência de Essência e Sangue leva à menstruação escassa
e de cor escura, seus sintomas são fraquezas nas pernas, tonturas, dor nas costas, e
Infertilidade (Gongwang, 2006, p. 4).
O Fígado (Gan) é um dos sistemas mais importantes no armazenamento
sanguíneo, por isso sua função é regularizar o volume de sangue de acordo com a
atividade física e de regularizar a menstruação (MACIOCIA, 1996, p. 101-102).
Segundo Chonghuo (1993), a Estagnação de Energia (Qi) de Fígado (Gan) pode
influenciar o Sangue, podendo levar à Estase de Sangue e a alterações nos canais de
energia Ren Mai e Chong Mai, ocasionando distúrbios na menstruação e na fertilidade
feminina.
A Estagnação de Qi do Fígado (Gan) pode dificultar o movimento do Sangue
nos Vasos Penetrador e Diretor afetando o Útero, resultando em menstruação irregular e
dolorosa, além da tensão pré-menstrual. A Estagnação de Qi do Fígado (Gan) por um
longo período pode induzir a Estagnação de Sangue do Fígado (Gãn) (MACIOCIA,
1996, p. 282).
Com a Deficiência do Yin do Rim (Shen) e do Fígado (Gan) há um descontrole
do Yang fazendo com que ele aumente excessivamente se tornando hiperativo,
causando a Hiperatividade de Yang do Fígado (Gan). Essa síndrome pode ser causada
por irritabilidade, fúria, ansiedade e depressão, que produz a Estagnação de energia que
pode converter-se em Fogo, e este consome o Yin, e este não consegue mais controlar o
Yang (CHONGHUO, 1993, p. 288).
A Medicina Chinesa (MC) defende que no caso de distúrbios emocionais
especialmente frustrações e raiva, as funções de regulação do Fígado (Gan) ficam
comprometidas e resulta a condição de Estagnação do Qi do Fígado (Gan). Quando o
fluxo interno de Qi e Sangue(Xue) se torna desarmonioso os Vasos Extraordinários são
afetados e as menstruações não surgirão regularmente resultando em dificuldade na
fertilização (Gonwang, 2006, p. 5).
Quando o Sangue do Fígado (Gan) fica estagnado, o Sangue dos Vasos Diretor e
Penetrador também estagnarão afetando a função menstrual, dentre várias manifestações
decorrentes dessa síndrome podemos destacar: fluxo menstrual de coloração escura e
em coágulos, atraso do ciclo, cólicas e dificuldades na fertilização (MACIOCIA, 1996,
p. 284).

25
3.7 TRATAMENTO NA VISÃO ORIENTAL

As opções de tratamento para Infertilidade variam, porém existem barreiras aos


métodos invasivos, acesso difícil e custo alto para alguns tipos de tratamento. A
medicina alternativa existe para casos como estes, e sustentam uma certa popularidade
(Park et al, 2010).
Estudos recentes demonstram que a Medicina Chinesa (MC) poderia regularizar
o hormônio liberador de gonodotropina para induzir a ovulação e melhorar o fluxo
sanguíneo do útero e alterações menstruais, além disso, também tem impactos em
pacientes com Infertilidade decorrentes da síndrome do ovário policístico, ansiedade,
estresse e distúrbios imunológicos (Huang e Chen, 2008).
A Acupuntura induz a ovulação com sucesso, tendo sido verificado que seis de
treze ciclos anovulatórios responderam positivamente ao tratamento (CHANG et al,
2002).
Para Gongwang (2006, p. 3), o princípio de tratamento varia de acordo com a
natureza da síndrome (Deficiência ou Excesso). As condições de Deficiência devem ser
tratadas aquecendo o Rim (Shen), reforçando o Fígado (Gan) e repondo o Qi e Xue de
modo a fortalecer os vasos Chong e Ren, enquanto que as condições de Excesso são
tratadas resolvendo a Fleuma, dispersando a Umidade, aliviando a Estagnação do
Fígado (Gan) de modo a promover a circulação de Qi e Xue.
Pu et al (2010), relataram que a proposta principal de tratamento para
Infertilidade feminina é fortalecer Baço (Pì), regularizar o Qi e o Sangue, e nutrir o
Fígado (Gan) e o Rim (Shen).
Para Deficiência de Rim (Shen) e de Baço (Pì) a proposta de tratamento é a
tonificação de ambos utilizando-se os seguintes pontos, C3 (Shao Hai), BA6 (San Yin
Jiao), E36(Zu San Li), VC4 (Guan Yuan), VC6 (Qi Hai), E30 (Qi Chong), VB23 (Zhe
Jin), VG4 (Ming Men), VB31 (Feng Shi), lembrando que se não há contra-indicação a
moxa pode ser usada nos pontos VC4(Guanyuan) e VB23(Zhejin) (KUBLBÕCK,
2008).
Gongwang (2006, p. 7), utiliza os pontos R13 (Qi Xue), B23 (Shen Shu), R2
(Ran Gu), R6 (Zhao Hai), BA6 (Zhao Hai), B18 (Gana Shu), E36 (Zu San Li), BA10
(Yin Gu) e Zigong (ponto extra) em forma de tonificação para o tratamento de
Deficiência do Rim (Shen).

26
Se houver a Síndrome de Deficiência de Sangue(Xue) é preciso tonificar os
pontos VC4 (Guan Yuan), E13 (Qi Hu), Zigong, BA6 (San Yin Jiao) e E36 (Zu San Li),
e harmonizar os pontos C7 (Shen Men) e VG20 (Bai Hui) (Gongwang, 2006, p. 8).
No caso de Estagnação de Sangue o principio de tratamento é dispersar a
Estagnação com a aplicação dos seguintes pontos, R3 (Tai Xi), F3 (Tai Chong), E30 (Qi
Chong), R1 (Yong Quan), E40 (Feng Long), BA9 (Yin Ling Quan), BA6 (San Yin
Jiao), PC6 (Gongwang, 2006, p. 9).
Beijing e Chonghuo (1993, p. 591), descreveram os pontos VC3 (Zhong Ji),
IG4 (He Gu), BA10 (Yin Gu), BA6 (San Yin Jiao) e F2 (Xing Jian) com o método de
dispersão usando a Acupuntura Sistêmica para tratar a Estagnação de Sangue, são muito
eficazes, pois esta seleção serve para eliminar o Calor e a interrupção, dispersar a
Estagnação de Sangue e promover a circulação sanguínea.
Auteroche et al (1987, p. 172-173) descreveram os pontos VC4(Guanyuan), F6
(Zhong Du), F8 (Qu Quan), F11 (Yin Lian), BA6 (San Yin Jiao), B32 (Ci Lião), R21
(You Men) e BA8 (Di Ji), para tratar a síndrome de Estagnação do Fígado (Gan). Os
pontos de Fígado (Gan) (F) são utilizados com a técnica de dispersão, os de Baço (Pì) e
Rim (Shen) (R) técnica de tonificação e os demais a técnica de harmonização.
No caso de Deficiência de Sangue(Xue) de Fígado(Gan) os pontos selecionados BA10
(Xue Hai)), B17 (Ge Shu), B18 (Gãn Shu), E40 ( Feng Long)(KUBLBÕCK, 2008).
Auteroche et al (1987, p.169), relataram que os pontos VC4(Guan Yuan) , VC5
(Shi Men), R3 (Tai Xi), R5 (Shui Quan), R13 (Qi Xue) e R14 (Si Man) são
considerados os seis pontos responsáveis em regularizar e favorecer a circulação de
Chong Mai e Ren Mai.
Pu et al (2010), destacaram ainda que o ponto BA6 (San Yin Jiao) promove o
livre fluxo de Qi e de Sangue nos Vasos Maravilhosos Chong Mai e Ren Mai, tratando
as síndromes de Estagnação de Qi e de Sangue nesses canais.
Auteroche et al (1987, p.170), resumiram que os pontos mais utilizados para
tratar Infertilidade, são B23 (Sem Shu), B31 (Shang Liao ), B32 (Ci Liao), B33 (Zhong
Liao), R3 (Tai Xi), R5( Shui Quan), R13 (Qi Xue), R14 (Si Men), R18 ( Shi Guan), R19
(Yin Du), E29 (Gui Lai), E30 (Qi Chong), BA5 (Shang Qiu), BA6 (San Yin Jiao), F8
(Qu Quan), F11 (Yin Lian), VC3 (Zong Ji), VC4 (Quan Yuan), VC5 (Shi Men), VC7
(Yin Jiao) e Zigong. Vários desses pontos são utilizados com freqüência, porém a
escolha deve ser realizada conforme a Síndrome apresentada pelo paciente.

27
Gongwang (2006, p. 10) destacou como pontos específicos ao tratamento da
Infertilidade feminina R3 (Tai Xi), BA6 (San Yin Jiao) e R2 (Ran Gu), sendo utilizada a
técnica de tonificação com Acupuntura sistêmica, inseridos 12 dias antes da
menstruação e três dias após a menstruação.
Já Jonhson (2006), destacou a técnica de Eletroacupuntura nos pontos VG20
(Bai Hui), IG4 (He Gu), E29 (Gui Lai), E36 (Zu San Li), BA6 (San Yin Jiao), F3 (Tai
Chong), PC6 (Nei Guan), utilizando o método de sedação, deixando o aparelho nas
agulhas por cerca de 20 minutos em cada ponto, combinando com os pontos auriculares
Shen Men, Útero, Fígado (Gan), Baço (Pì), Rim (Shen) e Ovários, no período de oito
semanas.
Foi observado que a Eletroacupuntura para indução de ovulação em mulheres
com síndrome do ovário policístico foi eficaz e foi observado que, após três meses de
tratamento, o número de mulheres que ovulavam aumentou de 15% para 66% (CHANG
et al, 2002).
O agulhamento dos pontos BA6 (San Yin Jiao), BA10 (Yin Gu), BA8 (Di Ji),
E29 (Gui Lai), E36 ( Zu San Li), proporcionam uma melhor perfusão sanguínea e mais
energia ao Útero, já o IG4 (He Gu) e o IG3 (San Jian) são usados para eliminar Calor e
acalmar a Mente que combinados com o PC6 (Nei Guan) e VG20(Bai Hui) irão relaxar
o paciente (WESTERGAARD et al, 2006).
Segundo Victorin e Humaidan (2006), CS6, BA8 (Di Ji), F3 (Tai Chong), VG20
(Bai Hui) e E29 (Gui Lai), são pontos utilizados na melhora da fertilização feminina,
além desses podem ser acrescentados os pontos E36 (Zu San Li), BA6 (San Yin Jiao),
BA10 (Yin Gu), IG4 (He Gu), em todos são utilizados a Acupuntura Sistêmica. Eles
também utilizaram no seu tratamento a Auriculoterapia e adotaram como pontos
auriculares, o Shen Men, Útero, Rim (Shen), Baço (Pì), Fígado (Gan).
Dieterle et al (2006), consideram os seguintes pontos para o tratamento da
Infertilidade F3 (Tai Chong), R3 (Tai Xi), E36 (Zu San Li), IG4 (He Gu), VB31 (Feng
Shi), VB34 (Yang Ling Quan), TA9, TA12, todos utilizando Acupuntura Sistêmica, e
os seguintes pontos auriculares, Shem Men, Cérebro, Útero, Rim (Shen), Fígado (Gan),
Baço (Pì), SNC.
Park et al ( 2010), optaram em utilizar no seu tratamento a Acupuntura Sistêmica
nos pontos VC4 (Ming Men), B19 (Dan Shu), B22 (San Jiao Shu) por trinta minutos,
combinado com a técnica de moxabustão no ponto VC8 (Sem Que).

28
Song, Zheng e Ma (2008), optaram em seu tratamento a utilização da técnica de
moxabustão nos pontos, VC3 (Zhong Ji), VC4 (Guan Yuan), Zigong, E36(Zu San Li),
BA6 (San Yin Jiao), para o tratamento de Infertilidade.

3.8 RESULTADOS DO TRATAMENTO DA INFERTILIDADE COM O USO DA


ACUPUNTURA

Para um resultado eficaz é preciso que seja realizado uma avaliação para que
possam ser identificados os Padrões Desarmônicos, visto que cada pessoa possui uma
Síndrome diferente, e a partir dessa identificação é possível traçar o melhor tratamento
para cada pessoa (WEN, 1985, p. 30).
Identificar o padrão nos permite a localização da natureza, do caráter da
condição, da localização da patologia, o princípio do tratamento e o prognóstico
(MACIOCIA, 1996, p. 226).
Jonhson (2006), identificou três mecanismos principais pelos os quais a
Acupuntura é eficaz na fertilidade, o primeiro é que a Acupuntura a partir da
estimulação de pontos específicos promove a secreção de hormônios e uma melhora na
função do Útero, o segundo é que a Acupuntura aumenta o fluxo sanguíneo para o
ovário e para o Útero espessando o endométrio deixando-o mais receptivo a um
embrião, e o terceiro é que o tratamento promove um relaxamento ocorrendo
diminuição do estresse e da ansiedade, fatores esses considerados importantes na
Infertilidade.
Pu et al (2010), identificaram que a utilização dos pontos BA6 (San Yin Jiao) e
VB39 (Xuang Zhong) para tratar as síndromes de Estagnação de Qi e de Sangue,
Deficiência de Qi e de Sangue, Umidade, Estagnação de Fígado (Gan) e Deficiência de
Rim (Shen) é eficaz, sendo assim incluídos na proposta de tratamento para todas as
enfermidades relacionadas ao distúrbio menstrual.
Jonhson (2006), relatou também que após oito semanas de tratamento com
Eletroacupuntura o endométrio estava mais preparado para receber um embrião no caso
de uma fertilização in vitro.
Relatou ainda que pacientes que se submeteram ao tratamento com
Eletroacupuntura, após 4 semanas de tratamento, obtiveram uma melhora do fluxo
sanguíneo, um relaxamento mente-corpo-espírito e uma melhora da taxa de fertilização.

29
Park et al (2010), realizaram sua pesquisa com 104 mulheres com a idade
variando de 26 a 41 anos, dessas, 55 desistiram da pesquisa ficando somente 49. A
quantidade de gestação durante seis meses foi de 14 mulheres, estas, foram
acompanhadas durante toda a gestação e tratadas com Acupuntura, do qual, foi
observado uma grande melhora da qualidade de vida e de parto.
O mesmo autor descreve que no final de sua pesquisa observou uma taxa de
gravidez de 60,9%, demonstrando a eficácia do tratamento
Segundo Victorin e Humaidan (2006), o estudo realizado em um grupo com 114
mulheres demonstrou um resultado significativo, 53 mulheres receberam a Acupuntura
(grupo 1) e 61 mulheres não receberam este tipo de tratamento (grupo2). No grupo que
recebeu a Acupuntura houve uma taxa de fertilidade de 51% e o outro grupo que não
recebeu teve uma taxa de fertilidade de 38%.
Já Westergaard et al (2006), realizaram um estudo com um grupo de 273
mulheres o qual foi dividido em três grupos: grupo 1 com 95 mulheres, grupo 2 com 91
mulheres, e um grupo controle sem uso de Acupuntura com 87 mulheres. Dentre os
resultados foi observado que das 273 mulheres 100 ficaram grávidas (36,6%), sendo
que o grupo 1 das 95 mulheres, 40 ficaram grávidas (42,1%), no grupo 2 das 91
mulheres 37 ficaram grávidas (40,6%) e no grupo controle das 87 mulheres, 23 ficaram
grávidas (26,4%).
Domar (2006) apresentou como resultados de uma pesquisa feita com 300
mulheres, com Acupuntura Sistêmica, onde foi observado que a taxa de gestação após
uma única sessão foi de 39% para o grupo que recebeu a Acupuntura e 24% para o
grupo que não recebeu a Acupuntura, representando assim alguma eficácia no
tratamento.
Dieterle et al (2006) realizaram sua pesquisa com 225 mulheres com
dificuldades para engravidar, dessas, 116 receberam a Acupuntura Sistêmica (grupo 1) e
109 pacientes não receberam Acupuntura (grupo 2), no primeiro ciclo menstrual houve
uma taxa de gestação de 47,4% nas mulheres do grupo 1 e uma taxa de gestação de
28,9% no grupo 2.
Chang et al (2002), mostraram um estudo realizado com pacientes com
síndrome do ovário policístico através da Eletroacupuntura. A porcentagem de ciclos
ovulatórios em todas as mulheres antes do tratamento era de 15%, após três meses de
tratamento a porcentagem de ciclos ovulatórios aumentou para 66%. Eles então

30
sugeriram que nesses pacientes selecionados, a Acupuntura pode ser considerada como
alternativa de tratamento na indução ovulatória.

31
4 CONCLUSÃO

Quem tenta ter filhos costuma experimentar várias técnicas para tratar a
Infertilidade, e a Acupuntura certamente é uma alternativa eficaz, conforme
demonstram as pesquisas. As causas mais freqüentes da Infertilidade Feminina segundo
a MC são decorrentes da Estagnação de Sangue, Deficiência do Baço (Pì), Estagnação
do Qi do Fígado (Gan) e Deficiência do Rim (Shen), e a mais freqüente na Medicina
Ocidental é Ovário policístico. Os diversos tratamentos encontrados são reposição
hormonal e fertilização in vitro. Estudos recentes demonstram que a Medicina Chinesa
MC poderia regularizar o hormônio liberador de gonodotropina para induzir a ovulação,
melhorar o fluxo sanguíneo do útero e alterações menstruais, além disso, também tem
impactos em pacientes com Infertilidade decorrentes da síndrome do ovário policístico,
ansiedade, estresse e distúrbios imunológico. A Acupuntura mostra-
se eficaz através de três mecanismos principais, o primeiro é que a Acupuntura a partir
da estimulação de pontos específicos promove a secreção de hormônios e uma melhora
na função do Útero, o segundo é que a Acupuntura aumenta o fluxo sanguíneo para o
ovário e para o Útero espessando o endométrio deixando-o mais receptivo a um
embrião, e o terceiro é que o tratamento promove um relaxamento ocorrendo
diminuição do estresse e da ansiedade, fatores esses considerados importantes na
Infertilidade.
A literatura pesquisada revelou uma taxa de fertilidade de 51% no grupo tratado
com Acupuntura e, em pacientes com síndrome do ovário policístico tratados com
Eletroacupuntura, houve um aumento na porcentagem de ciclos ovulatórios de 15 para
66% após 3 meses de tratamento. Dentre os pontos mais citados pelos autores
pesquisados os que mais se destacaram foram: BA6 (San Yin Jiao), BA9 (Yin Ling
Quan), E36 (Zu San Li), VC4 (Ming Men), PC6(Neiguan), F3 (Tai Chong), R3 (Tai Xi)
e VG20(Bai Hui). Apesar das evidências, ainda é necessário realizar mais pesquisas
para analisar os benefícios da Acupuntura sobre a Infertilidade Feminina.

32
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