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CASO
Conversa no salão da cabeleireira:
_ “Jurema ......minha menstruação não vem há sete meses. Estou sentindo muito calor.....minha vagina está seca ......ando muito
nervosa. Fui ao Dr. Atillio, meu ginecologista, e ele disse que era falta de hormônios. Pediu alguns exames e marcou retorno
para mostrá-los. No retorno ele vai passar a receita”.
_ “Jô minha querida.......não tome essa droga de hormônio! É muito perigoso! Pode dar câncer! Veja o meu caso. Parei de
menstruar com 50 anos e nunca tive qualquer sintoma. São coisas da vida cara Jô. E digo mais, continua Jurema, mesmo que eu
quisesse usar hormônios eu não poderia pois sou diabética”.
_ “Jurema.....eu estava como a Josefina......com calores, nervosa, cansada e sem vontade de fazer sexo.
Depois que comecei a fazer a reposição hormonal tudo melhorou. Até meu marido que ficava pescando no Mato Grosso dois
meses, agora não sai mais de casa”.
Definição:
1. Climatério
Período de transição entre o período reprodutivo (menacme) e o não reprodutivo (senectude). Ocorre aproximadamente entre
os 40 a 65 anos, apresentando alterações endócrinas que podem ser sintomáticas ou não.
Durante esse período, os sintomas vão se instalando aos poucos e variam quanto ao tipo e à intensidade, afetando todo o
organismo.
2. Perimenopausa
Período do início dos sintomas de irregularidade menstrual até o fim do primeiro ano pós menopausa.
3. Menopausa
Data da última menstruação seguida de 12 meses de amenorreia. Usualmente ocorre entre o final da quarta década de vida e
início da quinta, em média, varia entre 46 e 52 anos.
4. Menopausa precoce:
Menopausa que ocorre antes dos 40 anos, seja de forma espontânea ou provocada.
5. Menopausa tardia:
6. Pós menopausa
7. Senilidade
-Segundo dados do IBGE de 2015, a expectativa de vida para mulheres ao nascer é de 79 anos, sendo assim, vivem metade de
sua vida em período peri e pós-menopáusico.
-Em 2012, estimou-se que cerca de 9,8 milhões de mulheres no Brasil tinham a faixa de etária de 50 a 59 anos.
-Mais de 80% das mulheres pós-menopáusicas reportam ao menos 1 sintoma relacionado ao período, sendo os vasomotores os
mais prevalentes.
Patogenia:
A produção de folículos ovarianos se inicia na oitava semana de vida IU. Por volta da vigésima semana gestacional, ocorrem
processos de apoptose celular quando se atinge o número máximo de folículos primordiais, cerca de 7 milhões. Assim, até o
nascimento, o pool folicular será diminuído em 70%. Ao chegar na puberdade, quando os ovários se tornam funcionalmente
ativos, restam em média de 300-500mil folículos. Até que esse número se esgote, na pós menopausa, esses folículos crescem e
sofrem atresia constantemente, num processo inevitável e ininterrupto. Apenas 400 folículos terão crescimento resultando em
ovulação durante a menacme, o resto sofre atresia.
A diminuição maciça da quantidade de folículos ovarianos resulta na queda gradual da Inibina B, diminuindo o feedback
negativo que essa realiza sob a hipófise. Assim, ocorre aumento da secreção de FSH, o resultado desse aumento é a aceleração
da depleção folicular até seu esgotamento.
Enquanto houver folículos suficientes, a ovulação é mantida e os níveis de estradiol permanecem normais. Mas, a perda da
reserva folicular diminui a produção de estradiol, que não será mais suficiente para estimular o pico de LH, encerrando os ciclos
ovulatórios. Sem a ovulação, não existe corpo lúteo, que deixa de produzir progesterona, fato que junto aos níveis baixos de
estradiol, incapaz de estimular o endométrio, leva a amenorreia.
No pós menopausa, na tentativa de estimular uma produção adequada de estradiol pelos ovários, a hipófise é ativada por picos
de GnRH e secreta grandes quantidades de gonadotrofinas, gerando um hipogonadismo hipergonadotrófico. Com a má resposta
dos folículos às gonadotrofinas, os níveis de FSH e LH são altos nos primeiros anos após a menopausa, regularizando com o
passar do tempo.
O AMH, diminui para níveis indetectáveis no pós-menopausa, sendo um bom marcador de envelhecimento folicular. Com a
diminuição da massa folicular, ocorre aumento do estroma ovariano, responsável pela produção de testosterona e
androstenediona, que servem para aromatização periférica em tecido adiposo, se tornando estrona. Quanto a progesterona, sua
produção são cessada.
Consequências Hipoestrogenismo:
OBS: presença de receptores de estrogênio em diversos locais como pele, ossos, vasos, coração, cérebro, maam, útero, vagina,
uretra e bexiga.
1. Ciclo Menstrual:
2. Sintomas Vasomotores:
-Fogachos e sudorese
Fogacho:
-Súbita sensação de calor intenso que se inicia em face, pescoço, parte superior do tronco e braços e se generaliza, seguida de
sudorese e rubor
-Vasodilatação: a queda de estrógeno altera os neurotransmissores cerebrais, gerando instabilidade no centro termorregulador,
que se torna mais sensível a pequenas alterações de temperatura
-Os episódios duram cerca de 2 a 4 minutos e são mais comuns a noite, diminuindo a qualidade do sono
3. Alteração do sono:
-Queda no estrógeno leva a uma queda de serotonina, que é precursora da melatonina, levando a insônia.
-Pode ter como sequela cansaço, depressão, ansiedade, prejuízo das atividades diárias
4. Alterações de humor
-Perda da capacidade reprodutiva e envelhecimento propiciam distúrbios psicológicos, contribuindo para episódios de
depressão e ansiedade
5. Alteração cognitiva:
-Estrogênio tem papel modulatório em hipocampo e lobo temporal, e sua queda leva a alterações em memória e
processamento de informações
-Sintomas são piores nas menopausas artificiais pois a queda estrogênica é abrupta
6. Pele e fâneros:
-PESO E GORDURA: aumento da gordura total e deposição abdominal -> padrão androide de deposição. Aumento de risco CV e
disposição para DLP
-PELE: queda de colágeno e espessura de pele, aumento de flacidez e ocorrência de rugas, mais intenso em pele seca
-Atrofia vulvovaginal: alterações histológicas e físicas da vulva, vagina e trato urinário baixo devido à deficiência estrogênica
-VULVA: perda de tecido adiposo em grandes lábios, com pele mais fina e rarefação de pelos. Pequenos lábios perdem tecido e
pigmentação, atrofia das glândulas de Bartholin geram menor lubrificação. Retração do óstio vaginal.
-VAGINA: mais curta, e estreita, com perda de rugosidades, paredes tornam-se menos elásticas -> pode causar prolapso em
multíparas. Seca e mais vulnerável ao toque, frágil e com sangramento fácil. Alterações da flora vaginal, bacilos de Doderlein
substituídos por flora inespecífica, mais propicio a desenvolvimento de ITU e vaginites.
-URETRA: parede delgada com redução de tecido conjuntivo. Queda de estrógeno causa- perda de elasticidade, atrofia das
mucosas, menor resposta muscular (perda urinária) e queda de irrigação
-UTERO/OVÁRIO/TUBAS/: atrofiados
Osteoporose:
-Fatores que influenciam: perda óssea hormonal + genética + nutrição, hábitos, exercício físico
-Durante a menacme a formação e destruição óssea estão em equilíbrio. O pico da massa óssea é atingido aos 30 anos, após
essa idade, existe a perda de 0,4%/ano.
-O estrogênio inibe o remodelamento ósseo, equilibrando atividade de osteoblastos e osteoclastos, sua diminuição permite que
a atividade osteoclástica predomine e aumente reabsorção óssea -> perda óssea ocorre de forma silenciosa e progressiva.
-A fratura mais comum é em rádio distal, coluna vertebral e fêmur. Diagnóstico feito através de RX
-Rastreio: densitometria óssea de quadril e vértebras. Todas as mulheres em idade de transição menopausal devem realizar o
exame.
9. Alterações cardiovasculares/metabólicas:
-Queda estrogênica leva a perda da proteção para eventos endoteliais + aumento de adiposidade central + mudança de perfil
lipídico e níveis de glicemia: predispõe a SM
-Involução das glândulas, aumento de tecido adiposo -> mais pesadas, flácidas e pêndulas
Tratamento:
TERAPIA HORMONAL:
-Benefícios superam os riscos para a maioria das mulheres sintomáticas com menos de 60 anos ou em até 10 anos após a
menopausa
-Se iniciada na já peri e pós-menopausa inicial, diminui o risco CV ->. Janela de oportunidade
Sintomas vasomotores:
-Mais eficaz, recomenda-se a menor dose efetiva e pelo menor tempo necessário
Vagina/genitourinário:
-Crescimento celular vaginal, recolonização dos lactobacilos, reduz PH, aumenta fluxo sanguíneo, melhora elasticidade da
parede vaginal
Tópica: preferível quando único sintoma, alta potencia, composto por estrogênios conjugados. Pode melhorar a satisfação
sexual, aumentando fluxo, lubrificação e sensibilidade da mucosa, melhorando dispareunia. Não melhora libido, excitação ou
falta de desejo sexual.
Sintomas psicológicos:
-Não prescrita para tratar unicamente esse sintoma, traz benefícios quando feita na perimenopausa
Sintomas cognitivos:
-Em mulheres acima de 65 anos não melhora desempenho cognitivo, nem previne demências
Massa óssea:
-Indicada para tratamento de mulheres com alto risco para osteoporose antes dos 60 ou nos primeiros anos pós menopausa
Sistema cardiovascular:
-Aumenta o risco CV quando iniciada após muitos anos da menopausa, porém, quando feita na janela de oportunidade
-Não indicado para mulheres saudáveis e sem risco para reduzir riscos CV
Riscos da TH:
CA de mama:
-Combinado com progesterona aumenta o risco, deve ser feito com estrogênio isolado
Tromboembolismo:
-Risco aumenta com a idade e esta associado com ocorrência de trombofilias e obesidade
Vesícula biliar:
-Terapia VO aumenta risco de colelitíase e colecistite, por terem efeito hepático de primeira passagem.
-Estrogenios aumentam a secreção de colesterol biliar, precipitação de colesterol na bile e redução da motilidade das vias
biliares. -> aumento de cristalização
CONTRAINDICAÇÕES:
-ABSOLUTAS: CA mama sem tratamento ou avançado, CA de endométrio avançado, doença trombótica ou CV, doença hepática
-Relativas: lupos, porfiria, doença biliar, fator de risco para trombose, meningioma (progesterona), lesão precursora de CA de
mama, sarcoma de estroma endometrial, adenocarcinoma cervicouterino, câncer de endométrio e câncer de mama (iniciais)
Regimes terapêuticos:
-Sem útero: isoladas/com útero: combinadas com progesterona para proteção do endométrio
Via oral:
-Efeito de primeira passagem/; metabolização hepática, transformando em estrogênios menos potentes, assim, necessita de
uma dose mais alta.
Via vaginal:
-Efeito local
Percutânea (gel)
Alternativas:
-Fitomedicamentos: isoflavonas de soja e derivados do trevo de 4 folhas: efeito estrogênio like, ameniza sintomas mas não
melhora metabolismo ósseo
-Antidepressivos: usados em sintomas vasomotores em mulheres com CA de mama e naquelas que que não possam receber TH.
-Sulpride: antivertiginoso com efeito colateral de atuar no centro termorregulador, melhorando sintomas vasomotores