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Pesquisa

Exposição do concreto à altas temperaturas


Fontes:
LIMA, R. C. A. Investigação do comportamento de concretos em temperaturas elevadas, Porto
Alegre, 2005, Thesis (PhD) - Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, 82 p; 84 p.; 

MELLO, Alvaro Begnini de1 BELTRAME, Neusa Aparecida2 Revista Técnico-Científica


do CREA-PR

http://www.superconconcreto.com.br/estruturas-concreto-altas-temperaturas/

https://www.researchgate.net/profile/Luiz-Carlos-Silva-Filho/publication/
283795882_Resistencia_e_spalling_do_concreto_sob_condicoes_de_altas_temperaturas/
links/564787b908ae451880ac41b3/Resistencia-e-spalling-do-concreto-sob-condicoes-de-altas-
temperaturas.pdf

Luiz Ailton de Araújo Souza (1); Luiz Carlos Pinto da Silva Filho (2); Walney Gomes da
Silva (3); Francisco Flaviano de Andrade Pereira (4) – 54° Congresso Brasileiro de
Concreto – Maceió/Al

https://www.finersistemas.com/atenaeditora/index.php/admin/api/artigoPDF/10446

É fundamental, para a elaboração do projeto de um edifício, considerar


o comportamento das estruturas de concreto quando submetidas à altas
temperaturas, pois com o aumento progressivo desta, as propriedades mecânicas do
concreto começam a degradar, podendo ocorrer colapso estrutural. O atendimento às
normas é importantíssimo, quando consideramos a segurança da construção.
O concreto é conhecido por apresentar um bom desempenho perante altas
temperaturas por possuir baixa condutividade térmica, não ser combustível e não
exalar gases tóxicos. Entretanto, devido à composição heterogênea desse material,
quando exposto a situações de incêndios, sofre alterações físicas, químicas e
mecânicas que podem comprometer sua integridade estrutural.
Segundo FIGUEIREDO, COSTA E SILVA (2002 apud MORALLES, CAMPOS e
FAGANELLO, 2011), a temperatura provoca efeitos distintos no concreto, como a
perda de resistência mecânica, esfarelamento superficial e fissuração, até a própria
desintegração da estrutura. Esses efeitos na estrutura da edificação podem por risco o
desabamento da mesma e ainda comprometer a segurança de quem reside nela.
Kutzing (2002), afirma que as alterações do comportamento do concreto exposto a
altas temperaturas são resultantes da evaporação da água presente na matriz
cimentícia, sob forma livre ou combinada, durante o processo de aquecimento.
“As águas livres e capilar presentes na pasta de
cimento começam a evaporar após a temperatura de
100°C, retardando o aquecimento do concreto. A
evaporação total da água capilar ocorre entre 200°C e
300°C, mas neste patamar ainda não são significativas
as alterações na estrutura do cimento hidratado, bem
como seu reflexo na resistência do concreto.” (LIMA,
et al, 2004 p.10)

O ponto chave do comportamento do concreto em altas temperaturas é que o


mesmo deve permanecer intacto, sem sofrer fissurações ou desplacamentos
explosivos, de forma que as camadas mais externas continuem atuando como barreira
térmica, protegendo as camadas mais internas e as armaduras.
Pequenas variações de temperatura não costumam ocasionar o aparecimento de
tensões internas no concreto armado, pois os coeficientes de dilatação térmica do aço
e do concreto são similares. No entanto, quando as variações de temperatura são
grandes, podem ocorrer expansões diferenciadas significativas, resultando no
aparecimento de tensões e na fissuração do concreto.

Efeito do Calor nas propriedades mecânicas do concreto


A exposição à altas temperaturas provoca diversas alterações na estrutura de
concreto, com repercussões na sua resistência e módulo de elasticidade. A seguir,
serão apresentados comentários resumidos sobre alguns dos programas
experimentais realizados por pesquisadores interessados em avaliar o comportamento
do concreto de alta resistência em elevadas temperaturas.
O programa experimental conduzido por Baledran, Nadeem e Maqsood [2001]
contemplou a avaliação da resistência o cisalhamento e a flexão. As classes de
concreto ensaiadas incluíram amostras de 50, 90, 110 e 130 Mpa. As amostras foram
submetidas a temperaturas de 100, 200, 400 e 600°C, em fornos cuja taxa de
aquecimento é de 5°C/min. Os corpos de prova foram mantidos no interior estes
fornos durante uma hora após ter sido atingido o patamar de temperatura
especificado. Posteriormente os mesmos foram retirados para resfriamento ao ar livre
ou resfriamento brusco através de imersão em água, com subsequente ensaio à
compressão.
Os resultados indicaram que temperaturas elevadas reduzem drasticamente as
resistências dos concretos de alta resistência; em particular, o método de resfriamento
brusco causou maiores perdas na resistência à flexão e ao cisalhamento para todas as
temperaturas ensaiadas. Ainda concluíram que as perdas de resistência, geralmente,
foram mais pronunciadas para classes de concreto mais elevadas. Nas temperaturas
mais baixas, a resistência à tração sofreu maiores perdas em relação à resistência ao
cisalhamento.
Ainda, os concretos comuns e de alta resistência se comportam de maneiras bem
distintas quando submetidos aos mesmos grau e taxa de aquecimento. O concreto de
alta resistência tende a desenvolver maiores pressões nos seus poros, uma vez que é
mais compacto do que o concreto comum, reagindo então através do fenômeno do
“spalling”.
O spalling (lascamento) é um fenômeno natural nas estruturas de concreto, quando
elas são expostas a altas temperaturas. Dentro da matriz de concreto, desenvolvem-
se tensões de origem térmica, que influem na desintegração das regiões superficiais
dos elementos estruturais (PURKISS, 2007).
A tabela a seguir mostra os efeitos ocorridos no concreto quando exposto à altas
temperaturas.

O elemento estrutural tem uma perda considerável de rigidez com o aumento da


temperatura, visto que seu módulo de elasticidade como sua resistência característica
sofrem reduções extremamente danosas a estabilidade de uma estrutura. Na figura 1
é demonstrado o comportamento da resistência à compressão e do módulo de
elasticidade em concreto submetido a elevadas temperaturas, sendo expresso em
percentagem.
Curvas de Incêndio
No Brasil, para o dimensionamento de elementos estruturais, utiliza-se a NBR 14432:
Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações –
Procedimento (ABNT, 2001). No entanto, o dimensionamento de elementos estruturais
deve seguir ainda a NBR 15200: Projeto de estruturas de concreto em situação de
incêndio (ABNT, 2004), que é uma norma mais específica para o emprego do
concreto. Já a NBR 5628: Componentes construtivos estruturais - Determinação da
resistência ao fogo (ABNT, 2001), prescreve sobre o método de ensaio para
determinar a resistência ao fogo de componentes construtivos estruturais quando
submetidos por determinado tempo a um programa térmico padrão. Estes
componentes estruturais incluem paredes estruturais, lajes, pilares e vigas.
As curvas naturais descrevem as condições reais de incêndio, pois são
parametrizadas por características do compartimento em chamas, tais como grau de
ventilação, características dos materiais combustíveis presente no ambiente,
características térmicas do material constituinte da compartimentação e quantidade de
material combustível (COSTA; SILVA, 2002). No entanto, por simplicidade, a curva
natural é normalmente substituída por curvas padronizadas para ensaios. As mais
difundidas internacionalmente são a ASTM E-119 e a ISO 834, sendo esta última, a
recomendada pelas normas NBR 14432: Exigências de resistência ao fogo de
elementos construtivos de edificações – Procedimento (ABNT, 2001) e NBR 5628:
Componentes construtivos estruturais - Determinação da resistência ao fogo (ABNT,
2001) para descrever a elevação padronizada de temperatura em função do tempo no
projeto de elementos construtivos.

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