Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Esta pesquisa descreve o estudo de viabilidade técnica da instalação de um sistema de
refrigeração por absorção operando com solução de brometo de lítio/água utilizando como
fonte de energia os gases quentes emitidos pelo queimador de fornos de panificação. O
sistema de refrigeração proposto tem como finalidade gerar água gelada, em torno de 5ºC,
utilizada na produção de pães. Os dados térmicos foram obtidos ensaiado de um forno de
panificação em condições normais de operação. O modelo matemático segue as leis da
conservação de massa e energia, permitindo dimensionar a área necessária do trocador de
calor do gerador e estimar a quantidade de vapor de água (refrigerante) produzida, assim é
possível determinar a quantidade de água gelada que o sistema fornece. O resultado da
capacidade frigorífica é estimada em 0,45 kW, sendo que para refrigerar a quantidade de
água requerida são necessários 0,51 kW. O sistema se mostra incapaz de atender as
necessidades exigidas. Como solução propõe-se um sistema duplo-efeito, primeiro um
refrigerador por absorção atua reduzindo a temperatura da água o máximo possível e caso
as exigências não sejam atendidas um sistema de refrigeração convencional entra em
operação. Esse sistema representa redução de 89% da energia elétrica gasta anteriormente.
Palavras chave: viabilidade, cogeração, fornos de panificação.
1 - Introdução
Nas últimas décadas considerações econômicas e ambientais trouxeram um novo interesse nos
sistemas de refrigeração alimentados por uma fonte de calor. Este sistema, conhecido como
Refrigeração por Absorção, pode utilizar como fonte de energia recursos alternativos, tais
como gases quentes emitidos por outros processos (fornos, siderurgia, escapamento de carros)
e até mesmo energia solar.
O ciclo por absorção é, em certos aspectos similar ao sistema de refrigeração convencional
por compressão de vapor. A principal diferença está no fato da inexistência de compressor no
sistema por absorção, em seu lugar é utilizado o gerador de vapor que através do aquecimento
da solução refrigerante/absorvente vaporiza o fluido refrigerante aumentado sua pressão. O
vapor de refrigerante passa então pelo condensador onde rejeita calor com o meio (ar ou água)
e em seguida passa por uma válvula de expansão que reduz a pressão e conseqüentemente a
temperatura. O fluido refrigerante, a baixa temperatura e pressão, passa pelo evaporador onde
retira calor do meio produzindo o efeito frigorífico. Por último o fluido é enviado para o
absorvedor onde é incorporado a solução inicial restituindo suas características. Uma bomba
atua entre o absorvedor e o gerador de forma a equilibrar a pressão no sistema (ver figura 1).
Vários estudos tem sido realizados na área com o objetivo de aproveitar fontes de energia
térmica para o acionamento de sistema de refrigeração utilizados para a climatização de
ambientes, sistema de ar condicionado de ar automotivo, pequenos refrigeradores portáteis
entre outros.
1
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006
2 - Modelagem Matemática
Para modelagem do ciclo será adotado um sistema de refrigeração por absorção simples com
bomba para elevar a pressão do fluido refrigerante entre os equipamentos de baixa e alta
pressão, conforme figura 1.
Como fluidos de trabalho será utilizado o par água / brometo de lítio como refrigerante e
absorvente respectivamente.
Para a modelagem matemática do ciclo serão utilizados os princípios da conservação de
massa e energia em cada componentes, com algumas simplificações para facilitar a analise do
ciclo: sistema em regime permanente sem variação de fluxo de massa, perdas de carga e
variações de temperatura desprezíveis.
FIGURA 1 – Refrigeração por Absorção com Bomba
2
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006
m1 = m2 + m3 (1)
m1X1 = m2 X1 (2)
m1h1 + Qg = m2 h2 + m3 h3 (3)
mghg,1 = mghg,2 + Qg (4)
C f m f .C p , f (6)
C q m q .C p ,q (7)
Qmax C min .(Tq ,e T f , s ) (8)
Q m f .C p , f .(T f , s T f ,e ) (9)
Onde: î = efetividade
Q = quantidade de calor transferida
Qmax = quantidade máxima de calor que pode ser transmitido
Tg,e = temperatura dos gases quentes do forno
Tf,e = temperatura da solução na entrada do gerador
Tf,s = temperatura da solução na saída do gerador
3
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006
U q . Aq
NUT (10)
C min
A resistência térmica total R ao fluxo de calor, através de um tubo, entre a corrente externa e
interna é formada por:
t
R
1 1
Aint .hint k. Am Aext .hext (11)
U
1 1
Aext .R Aint .R (12)
U
1
1 / hi [1 /( 2k )].Di. ln( Do / Di ) ( Di / Do ).(1 / ho )
(13)
Neste caso não serão considerados fatores que alterem a condutividade térmica do tubo como
incrustações que reduzem a taxa de transferência de calor.
No escoamento interno pode-se obter o coeficiente de transferência de calor convectivo (hint)
aplicando a equação de Dittus-Boelter (eq. 15, Ozisk, 1998):
4
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006
.v.D
Re
(14.1)
.c p
Pr
k
(14.2)
h.D
NU
k
(14.3)
k
h 0,023 . Re0,8 . Pr 0,3
Dint (15)
Para o escoamento externo considera-se que a transferência de calor ocorra em piscina, com
ebulição em película (Incropera et al, 1998). O valor do coeficiente de transferência de calor
convectivo (hext) é obtido por:
k g ( l v ).hlv .D 3
hext .0,62.
Dext vv .kv .(Tsup Tsat )
(16)
A vazão de massa que circula pelo gerador pode ser estimada a partir da quantidade de calor
fornecida ao sistema e das concentrações estimadas do fluido absorvente. Segundo Santos et.
al. (2001):
Q
m1 (17)
X1 X1
h2 1 h3 .h1
X 3 X 3
X
m 3 m1 . 1 (18)
X3
m 2 m1 m3 (19)
2.2 - Evaporador
No evaporado ocorre o efeito frigorífico com a retirada de calor do meio pelo refrigerante
(água a baixa pressão). A quantidade de calor retirada determina a temperatura final atingida
pela água a ser refrigerada.
5
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006
O sistema será capaz de fornecer a quantidade de água gelada na temperatura exigida se Qe1
for igual ou maior que Qe2.
3 - Procedimento Experimental
Com o objetivo de analisar a viabilidade do sistema proposto foi ensaiado um forno de
panificação para determinar parâmetros térmicos dos gases liberadados pelo escapamento do
queimador.
O procedimento empregado para realizar o ensaio consiste em:
1. Conectar o forno a rede elétrica e liberar as válvulas de água a gás que alimentam o
forno;
2. Ligar o forno;
3. Pré aquecer o forno a temperatura de 200º C;
4. Carregar o forno com 8 GN´s* 1/1 65mm lisa contendo 2 litros de água cada para
simular uma carga de 240 pães.
5. Regular a temperatura em 180ºC;
6. Aguardar 20 minutos (tempo necessário para assar os pães);
7. Retirar a carga do forno;
8. Desligar o forno;
9. Aguardar alguns minutos até que a temperatura do forno diminua;
10. Religar o forno, e pré aquecer a 200ºC;
11. Carregar o forno com meia carga e repetir as etapas 5,6,7,8;
12. Aguardar que o forno esfrie.
6
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006
7
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006
Com base nos dados de entrada e na modelagem matemática apresentada pode-se determinar
as condições de funcionamento em cada equipamento, conforme apresentado na tabela 3.
TABELA 3 – Condições de funcionamento
Ponto* T [ºC] P [kPa] m [kg/s] X [% BrLi] Condição
1 35 10 0,0150 65 Liq. comprimido
2
Vapor
100 10 0,0023 0
superaquecido
3 45 10 0,0127 50 Liq. saturado
4 45 10 0,0023 0 Liq. saturado
5 4 0,73 0,0023 0 Vapor saturado
6 5 0,73 0,0023 0 Liq. saturado
7 35 0,73 0,0150 65 Liq. comprimido
Ge 207 atm 0,067 - -
Gs 118 atm 0,067 - -
Ee 25 atm 0,060 - -
Es 4 atm 0,060 - -
Considerando o modelo proposto formado por um casco cilíndrico com serpentina interna
com tubulação circular de diâmetro externo 22 mm e interno de 20 mm e comprimento de 600
mm será necessário um espelho com 7 tubos.
O sistema tem capacidade frigorífica teórica de 0,45 kW, esse valor pode sofre alterações
devido a imposições feitas e parâmetros estipulados para dimensionar o equipamento. As
condições ambientes também interferem no ciclo podendo alterar os resultados obtidos.
Para refrigerar os 7,2 litros de água necessários para a fabricação dos 240 pães por fornada é
necessário um equipamento com capacidade frigorífica mínima de 0,51 kW. Este valor
também é sensível as condições ambientes e pode sofrem alterações.
8
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006
Bibliografia
CARVALHO, E. N. Desenvolvimento de um absorvedor compacto para unidade de absorção. Universidade de
Brasília, Brasília, DF, 2005.
INCROPERA, F. e DeWITT. Fundamentos da Transferência de Calor e Massa. Tradução por Sérgio Stamile
Soares; Rio de Janeiro, 1998.
ÖZIªIK, M. N. Transferência de Calor – Um Texto Básico. Tradução por Luiz de Oliveira; Rio de Janeiro,
1990.
SANTOS, P.; SANTOS, C.; VARANI, C.; SOUZA, C; MORREIRA, H. Desenvolvimento de um sistema de
refrigeração por absorção de duplo efeito utilizando a solução brometo de lítio – água e gás natural como fonte
de calor. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2001.
TEIXEIRA, R. R. Desenvolvimento de um gerador compacto para unidades de refrigeração por absorção.
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2005.