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Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia Mecânica
Prática 2
Belo Horizonte
21 de outubro de 2022
1 Introdução e Fundamentação Teórica
Inicialmente, abordaremos o cálculo do arrasto aerodinâmico e o fenômeno da
camada limite, que são os dois assuntos chave para o experimento desta prática.
O arrasto aerodinâmico se dá por duas ocorrências, sendo a primeira o arrasto de
pressão, que é consequência dos gradientes de pressão que existem devido à geometria do
corpo e às linhas de corrente, e a segunda o arrasto de fricção ou de atrito, que é devido às
forças viscosas existentes no contato do corpo com o escoamento. O arrasto aerodinâmico
tem sua resultante na mesma direção e sentido contrário à velocidade relativa do corpo
em relação ao vento. A força de arrasto em um corpo pode ser dada por:
1
D= · Cd · ρ · V 2 · A (1)
2
Onde D é o arrasto aerodinâmico, Cd é o coeficiente adimensional de arrasto, V
é a velocidade relativa do corpo em relação ao escoamento e A é a área de referência.
A camada limite é a região em que os efeitos viscosos são predominantes, ocor-
rendo a condição de não deslizamento, e a velocidade do escoamento é até 99% da ve-
locidade máxima, formando uma fina camada nas proximidades de um corpo. O com-
portamento da camada limite pode ser estudado a partir do número de Reynolds, que
representa a razão entre forças inerciais e forças viscosas. O número de Reynolds pode
ser dado por:
2
d2
2
d ′′
− α2 ϕ = iαRe (U − c) 2
−α ϕ−U ϕ (3)
dx2 dx2
1
valores de Re e α fixos, a solução a respeito dos autovalores é dada por um espectro
discreto de soluções da velocidade de onda no plano complexo c = cR + icI . Assim,
assumimos que:
cR = cR (α, Re)
cI = cI (α, Re)
Figura 1: Indicação de Rec r (juntamente com α crítico) a partir dos resultados de cI no domínio Re × α
para um escoamento circular de Couette. Retirado de DEVILLE [1]
2
Figura 2: Coeficiente de arrasto (CA ) para diferentes Re dadas diferentes geometrias. Retirado de
WHITE [3]
.
Um túnel de vento com uma célula de carga acoplada ao corpo de prova pode
ser utilizado para a medição do arrasto aerodinâmico e consequentemente do coeficiente
de arrasto utilizando a Equação 4.
2D
Cd = (4)
ρV 2 A
Figura 3: Esfera lisa banhada em óleo após ser exposta a um escoamento em túnel de vento
.
3
Foi observado que a adição de mecanismos geradores de vórtice, como pequenos
ressaltos na superfície do corpo, causam a transição imediata da camada limite, tornando-
se turbulenta e aumentando a extensão da camada limite. Esse comportamento reduz o
coeficiente de arrasto, como é indicado por Recr . Uma esfera semelhante à da Figura 3 foi
utilizada para a adição de uma fina camada de borracha na seção transversal de transição
encontrada anteriormente para a esfera lisa. Assim, a camada limite descola em uma
posição posterior com o gerador de vórtices, como é visto na Figura 4
Figura 4: Esfera com gerador de vórtices banhada em óleo após ser exposta a um escoamento em túnel
de vento
.
4
2 Metodologia
5
2.2 Procedimentos
Sequencialmente, foram feitos os seguintes procedimentos para a realização e no
experimento:
7. Pós processamento dos dados obtidos pela célula de carga e sistema integrado.
6
3 Resultados e Discussões
3.1 Incertezas
As incertezas desse experimento estão associadas majoritariamente às medições
da célula de carga, além de sua calibração. A calibração possui incerteza padrão relativa
ao método utilizado, mas houve uma medição discrepante do restante, o que pode indicar
algum tipo de interferência.
3.2 Medições
A massa específica (ρ) do ar foi obtida a partir de medições de temperatura e
pressão feitas pela estação meteorológica da UFMG integradas ao sistema do túnel de
vento. Além disso, o sistema também controla a velocidade do escoamento (ν) a partir
de tomadas de pressão internas e externas ao escoamento. O diâmetro e área da esfera
lisa também foram medidos. Os dados estão dispostos na Tabela 1 e Tabela 2.
3.3 Experimento
A calibração da célula de carga foi feita, resultando nos dados expostos na Fi-
gura 6.
50
45
40
35
30
25
20
15 y =14.8501x -26.6406
10
0
1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5
7
Após calibrar a célula de carga, o experimento foi realizado, obtendo os valores
expostos na Tabela 3.
Como a calibração foi feita em data diferente da medição, foi considerado apenas
que a variação se manteve constante. Assim, na calibração o valor de tensão para qual o
arrasto (D) é nulo é de:
Portanto, o arrasto deve ser calculado utilizando o valor inicial e a média corri-
gida.
8
D = 14, 8501(1, 794 + x) − 26, 6406 (5)
Dlisa = 1, 39 N
Dtran = 1, 20 N
De acordo com o ábaco da Figura 2, pode-se estimar que Recr para uma esfera é
Recr = 2, 5 · 105 . Para o experimento, podemos calcular Re pela Equação 2. Foi utilizado
µ = 1, 792 · 105 P a · s.
Nota-se que o valor de Retran é mais próximo do Recr para esferas, e portanto
o valor do arrasto ser menor do que para a esfera lisa é coerente. A esfera lisa ainda
tem parcela da camada limite em regime de escoamento laminar, o que incremente Cd em
relação a camadas limites com o regime completamente turbulento. A transição forçada
da camada limite, como explicado anteriormente, ajuda a prolongar o contato da camada
limite com o corpo em regime turbulento. Esse fenômeno pôde ser visto com nitidez na
Figura 3 e Figura 4, além de também ser possível ouvir a dissipação de energia por ruído
que acontece nessa região.
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4 Conclusão
A determinação de Recr foi discutida e o comportamento da camada limite foi
estudado. Foi possível visualizar e comparar os valores de Re obtidos com o que é encon-
trado na bibliografia. Para a esfera lisa, foram obtidos:
Dlisa = 1, 39N
Cd, lisa = 1, 907
Relisa = 2, 09 · 106
Dtran = 1, 20N
Cd, tran = 1, 646
Retran = 1, 81 · 106
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Referências Bibliográficas
[1] Deville, M. O. An introduction to the mechanics of incompressible fluids, 2022.
[2] Herron, I. H. The orr–sommerfeld equation on infinite intervals. SIAM review 29,
4 (1987), 597–620.
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