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1. CONCEITOS ENVOLVIDOS
Escoamento ao redor de corpos imersos;
Camada limite;
Gradiente de pressão e de velocidade no escoamento;
Arrasto de pressão (ou arrasto de forma) e arrasto de atrito;
Força de arrasto;
Coeficiente de arrasto;
Tubo de Prandtl;
Pressão estática, pressão dinâmica e pressão de estagnação.
2. OBJETIVO
Determinar o arrasto total sobre um aerofólio com perfil simétrico padronizado
denominado NACA0012.
3. TEORIA
Um corpo de qualquer forma, quando imerso em um fluido em escoamento, está
sujeito a forças e momentos (White, 1986). Estas forças são três: o arrasto, que age
numa direção paralela à direção da corrente livre, e duas forças de sustentação, que
agem em direções ortogonais. A atuação destas forças no corpo causa momentos,
conforme ilustra a Fig.1.
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EM886 – Laboratório de Calor e Fluidos II
(1)
(2)
(3)
∬ ⃗ ∬ ⃗ (4)
2
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(5)
Em todos esses casos, a área característica para o cálculo do coeficiente de arrasto foi
a área frontal do corpo. Observa-se que o coeficiente de arrasto para os corpos
rombudos (não delgados), representados em (a), (b) e (d), tem valores entre 2,0 e 1,1. Já
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para o corpo com uma traseira delgada, que previne melhor a separação do escoamento,
Fig. 2(c), há uma substancial redução do arrasto, isto é CD = 0,15! Isto é, se o cilindro
da Fig. 2 (a) é a referência, nota-se que ao arredondar a frente do cilindro, Fig. 2(b),
reduz-se o arrasto em 45%; com a introdução de uma carenagem na parte traseira,
entretanto, a redução do arrasto chega a 93%, Fig. 2(c).
A magnitude dos arrastos de forma e de atrito de um corpo delgado (streamlined)
com razão de aspecto (t/c) variando entre 0,05 a 0,4, está mostrada na Fig. 3, onde t é a
espessura do corpo e c é o comprimento da corda.
Para (t/c)0 a forma do corpo aproxima-se de uma placa plana e o arrasto de atrito
representa 83% do arrasto total. Por outro lado, quando (t/c) aumenta, isto é o corpo
torna-se mais bojudo (arredondado), o arrasto de forma também aumenta.
Em corpos rombudos, isto é, não delgados, tais como cilindros e placas planas
normais ao escoamento, o arrasto de pressão (ou seja, de forma) é dominante e
corresponde a mais que 90% do arrasto total. Isto pode ser facilmente identificado se
observamos a Fig. 4, que mostra CD em função do Re para corpos de formas variadas.
Para escoamentos com Re > 1000, por exemplo, corpos delgados com formas de placas
planas, aerofólios, pássaros, etc, têm CD < 0,1. Nestes corpos, como visto na Fig. 3, os
arrastos de forma e atrito são igualmente importantes na constituição do arrasto total.
Por outro lado os corpos rombudos, como barra de seção quadrada, cilindro transversal
ao escoamento e placa plana normal ao escoamento, têm CD 1.
A razão para os corpos rombudos apresentarem CD próximo da unidade é que a força
de arrasto total é bem próxima do produto entre a pressão dinâmica e a área frontal.
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Figura 7. Diferenças entre os pontos de separação laminar (a) e turbulento (b) em uma
bola de boliche de 216 mm de diâmetro entrando na água com 7,6 m/s.
4. SISTEMA EXPERIMENTAL
O arrasto total e o coeficiente de arrasto serão obtidos através da determinação do
perfil de velocidades na esteira do perfil e da aplicação adequada das equações de
conservação da massa e de quantidade de movimento linear, em conjunto com
premissas simplificadoras apropriadas. O experimento será realizado em um túnel de
vento sub-sônico (velocidade máxima em torno de 30 m/s) da marca Plint e Partners
(Fig. 8).
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Figura 10. Definição das fronteiras da SC: seções (0), (2) e (0-2); dos perfís de
velocidades nas seções (0), (1) e (2) e; dos tubos de corrente (fundo cinza claro).
∫ ⃗ ⃗ (6)
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⃗ ( ⃗ ⃗
∫ ⏟ ) ∫ ⏟⃗ ∫ ⏟ (7)
∫ ⃗ ⏟ ∫ (8)
∫ (9)
Com isso, a componente na direção (x) da Eq. (7) é reduzida para dois termos, o
balanço de quantidade de movimento e a força mecânica:
∫ ( ⃗ ⃗ ) (10)
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A força mecânica é uma força que cruza a SC, é a ação do perfil sobre o fluido (ou
sobre o VC). Fisicamente, é a força mecânica exercida por um suporte onde o perfil está
preso, suporte este que cruza a SC. Ela existe para manter o perfil estacionário, para que
não seja carregado pela corrente de ar. O arrasto total, D, é a reação a esta força, isto é, a
força que o fluido exerce no perfil. Assim, a relação entre a força mecânica e o arrasto
total é:
(11)
∫ ( ⃗ ⃗ ) (12)
∫ ( ⃗ ⃗ ) ∫ ( ⃗ ⃗ ) ∫ ( ⃗ ⃗ )
(13)
̇ ∫ (14)
∫ ∫ ∫ (15)
∫ (16)
Vale lembrar que, para o perfil bidimensional em questão, o elemento de área, dA, é
o produto do diferencial de altura, dy, e a largura b do perfil. O arrasto total fica então
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sendo:
∫ (17)
Onde +yo e –yo são as posições verticais superior e inferior do escoamento na esteira,
(seção 2) no limite da ocorrência do escoamento não perturbado. A Eq. (17) mostra que
o produto entre a diferença de velocidade (U0- U2) com o fluxo de massa na seção (2)
resulta no arrasto total exercido pelo perfil no corpo.
2) Segundo o método de Jones, o escoamento ocorre sem perdas entre as seções (1) e
(2), isto é, a pressão total H permanece constante(3) ao longo de cada tubo de corrente
entre as seções (1) e (2):
H1 = H2 (19)
(1)
Ao se adotar a seção (1) para medição tem que se assegurar que a vazão expulsa pela
face (0-2) da SC na seção (1) seja coincidente com aquela determinada na seção (2).
(2)
A escolha da SC indicada na Fig. 10 garante que a vazão mássica expulsa na seção
(2) possa ser calculada por meio das medidas na seção (1). A Eq. (14) modifica-se
para:
̇ ̇ ∫
∫ ∫ ∫
Deve-se destacar que o fluxo de momento na seção (2) é calculado a partir da vazão
mássica em (1) pela velocidade em (2). A equação acima tem a mesma forma da Eq.
(15).
(3)
A equação de Euler ao longo de uma linha de corrente assegura que para cada linha
de corrente H se conserva, H1=H2. Assim sendo, a velocidade U2 é determinada pela
Eq. (22).
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(20)
√ (22)
Utilizando a Eq. (22) é possível escrever a Eq. (21) em função das pressões
manométricas lidas diretamente pelo tubo de Prandtl, isto é,
∫ √ (√ √ ) (23)
∫ {√ ( √ )} ( ) (24)
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√ ( √ ) (25)
[ ] (26)
Onde y equivale ao passo, no caso y=1 mm, ik é o valor do integrando da Eq. (25)
para o ponto de posição yk na seção (1) do túnel.
4.5 Procedimento
Os equipamentos utilizados nesta experiência são o túnel de vento PLINT &
PARTNERS, de seção quadrada de 457 mm e o aerofólio NACA 0012, de seção
simétrica (Fig.11).
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Essa sonda possui um orifício frontal, onde se mede a pressão total (H), e outro
lateral, onde se mede a pressão estática do escoamento (p0). A diferença entre estas
pressões permite-nos calcular a velocidade do escoamento no ponto em que a
extremidade da sonda está localizada, utilizando a Eq. (22).
A sonda está ligada ao manômetro MERIAM. O túnel possui um mecanismo para
deslocar esta sonda na direção ‘y’ comandado por um volante, com uma régua graduada
de 2 em 2 mm.
Na figura 13 estão indicados os pontos de medição destas pressões no túnel de vento.
Como se observa, temos mais de uma opção para a determinação das pressões (total e
estática) da corrente livre: na parede do túnel e na sonda Prandtl. Mas, como veremos
no laboratório, os pontos de tomadas de pressão na parede do túnel resultam em valores
ligeiramente diferentes das mesmas pressões lidas na sonda Prandtl. Estas pequenas
diferenças são devidas a efeitos aerodinâmicos que aparecem por causa da diferença de
tamanhos dos orifícios das tomadas de pressão, posição dos mesmos, alinhamento da
sonda, etc.
Para a determinação da velocidade da corrente livre do túnel, medindo a diferença de
pressões com as tomadas na lateral do mesmo, deve ser então utilizada uma equação
ajustada:
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(27)
A constante “K” de ajuste na Eq. (27) vale 0,965 segundo o fabricante, entretanto,
medidas experimentais mostraram que o valor dessa constante é de 1.05 para
velocidades do gás superiores a 20 m/s.
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√ ( √ ) (25)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abbott, I. H.; von Doenhoff, A. E., Theory of Wing Sections: Including a Summary of
Airfoil Data, Dover Books on Aeronautical Engineering, 1959.
Fox, R. W. ; McDonald, A.T., Introdução à Mecânica dos Fluídos, Ed. Guanabara Dois,
1981.
Japan Society of Mechanical Engineers, “Visualized Flow”, Pergamon Press, 1989.
Schlichting, H.; Boundary Layer Theory, McGraw-Hill, 1968. Cap. 9 e Cap. 25.
White, F. M., Fluid Mechanics, McGraw Hill, 2nd Ed., 1986.
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