Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O
s narradores esportivos vas parecem às vezes coisas milagro-
Alexandre Medeiros
costumam afirmar, com um sas, mas podem ser freqüentemente Scienco Materiais Pedagógicos e
certo tom de ironia, que explicados pelas leis da Física de modo Experimentais, Recife, PE
dentro de cada torcedor mora um conveniente e racional. Explicações ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Entenda as quadras de tênis ton, empurra a bola para trás, mudan- mv→h mv→h
Precisamos atentar para o fato de do sua trajetória para um ângulo mais
mv→v
que o papel das forças de atrito en- próximo da horizontal. A forca exerci- mv→v
tre a bola e a quadra é muito impor- da pelo solo causa, assim, uma redu-
tante! Assim, apesar do coeficiente de ção na velocidade da bola e no seu mo-
restituição entre a bola e o solo ser mento linear, fazendo-a saltar menos
maior no saibro, é nesse piso que os do que se não houvesse o efeito back-
(a)
impactos apresentam menor potência. spin. Como o coeficiente de atrito é
Nas rebatidas mais simples, a bola maior no saibro, esse piso faz com que backspin
de tênis bate obliqüamente com o so- o momento linear da bola sofra maior
lo, não tendo velocidade de rotação, redução do que na grama, onde o coe- trajetória
sem spin
tendo apenas sua translação. Consi- ficiente de atrito é menor!
derando um choque quase elástico No topspin a bola é forçada a girar
como no saibro para frente, e os efei- trajetória
(mais “duro” que No jogo entre profissionais, tos acontecem ao com spin
não é apenas o coeficiente de força exercida pelo força exercida pela
a grama), a bola contrário: a bola ga- solo sobre a bola bola sobre o solo
sofre uma peque- restituição que conta; as nha velocidade adi- (b)
na perda de mo- forças de atrito também são cional justamente
mento linear. As- muito importantes porque recebe do so-
sim, ao batermos lo uma reação para topspin
“de chapa” na bola, é razoável que frente ao empurrá-lo para trás, afas- trajetória
ela tenha maior velocidade conforme tando-se da horizontal ao tocar o solo. com spin
trajetória
batemos com mais força. Contudo, A conclusão é que o jogador profis- sem spin
os jogadores profissionais tocam a sional abre mão da força em favor do
bola de raspão, acrescentando um “jeito”, e o jogo na quadra de saibro é
efeito de giro (spin) à bola, na ten- mais lento à medida em que a bola é
tativa de tornar a recepção para o sacada e rebatida com menor força mas força exercida pela força exercida pelo
bola sobre o solo solo sobre a bola
adversário mais difícil. com muito mais spin do que na grama.
(c)
No backspin a bola recebe um gol- O jogo fica mais plástico e mesmo mais
pe que a faz girar para trás, empur- “surpreendente”, já que a bola acaba a) Colisão ideal sem spin
rando o solo para frente quando ela assumindo trajetórias diferentes da- b) Colisão com backspin
quica. O solo, pela terceira lei de New- quelas que o senso comum indicaria. c) Colisão com topspin
Referências
[8] M. Crichton, On Two Cars Negotiating a [17] B. King, Play Better Tennis with Billie
[1] A. Armenti Jr., The Physics Teacher Curve, edited in The Andromeda Strain Jean King (Octopus Books Ltd, Lon-
12
12, 349 (1974). (New York, 1993). don, 1981).
[2] T. Asai; T. Akatsuka e S. Haake, Phys- [9] R. Cross, The Physics Teacher 3 9 [18] M. MacMillan, Research Quarterly
ics World 1010, 25 (1998). (2001). 46
46, 48 (1975).
[3] A. Ashe, Getting More Firepower into the [10] B. Elliott and R. Kilderry, The Art and [19] F. McKim, Physics Education 18 18, 221
Cannonball. Tennis Strokes and Strate- Science of Tennis (Saunders, Philadelphia, (1983).
gies (Simon & Shuster, New York, 1983). [20] K. Parker, Physics Education 36 36, 18
1975). [11] W. Elliott and C. Lowry, Journal of Col- (2001).
[4] J. Borkowski e E. Kawecka, in Con- lege Science Teaching 5 , 99 (1975). [21] J. Pons, Ensenãnza de las Ciencias 18 18,
gress GIREP: Physics in New Fields, Lund, [12] M. Gomes e E. Parteli, Revista Brasileira 131 (2000).
Suécia, 2002. de Ensino de Física 23 (2001). [22] B. Price, Body Arc and Serving Power. Ten-
[5] P. Brancazio, The Physics Teacher 23 23, [13] O. Haugland, The Physics Teacher 39 nis Strokes and Strategies (Simon &
403 (1985). (2001). Schuster, New York, 1975).
[6] R. Carneiro, in A Importância do Saque, [14] G. Ireson, Physics Education 36 36, 10 [23] J. Salmela, The Advanced Study of Gym-
editado em PlayTenis, http://www. (2001). nastics (Charles C. Thomas Publisher,
playtenis.com.br/hopiniao.htm. [15] G. Ireson, in Congress GIREP: Physics in Springfield, Illinois, 1974).
Acessado em 22 de julho de 2001. New Fields, Lund, Suécia, 2002. [24] B. Van Gheluwe and M. Hebbelinck,
[7] W. Connolly, The Physics Teacher 16 16, [16] R. Júdice e V. Veloso Jr, A Física na Escola International Journal of Sport Bio-
392 (1978). 3 (1) (2002). mechanics 2 , 88 (1986).