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Metodologia do Ensino do Futebol:

Técnicas e Táticas na Iniciação


e Performance
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Secretário Especial do Esporte  MC em Educação a Distância  CREaD/IFCE
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e Defesa dos Direitos do Torcedor  MC José Eduardo Souza Bastos
Ronaldo Lima dos Santos Diretor de Extensão e Relações Empresariais do
Assessor da Secretaria Nacional de Futebol IFCE Campus Fortaleza
e Defesa dos Direitos do Torcedor  MC Edson da Silva Almeida
Luís Antônio Verdini de Carvalho Coordenador-geral e organizador
Assessor da Secretaria Nacional de Futebol Emmanuel Alves Carneiro
e Defesa dos Direitos do Torcedor  MC Coordenador dos cursos e organizador
Wagner Barbosa Martins (in memoriam) Kleber Augusto Ribeiro
Coordenador Nacional do Programa Coordenadora técnico-pedagógica e organizadora
Academia e Futebol  MC Lívia Maria de Lima Santiago
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Pós-graduação e Inovação  IFCE Rafael Presotto Vicente Cruz
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Pró-reitor de Gestão de Pessoas  IFCE Revisão
Marcel Ribeiro Mendonça Vanessa Pinto Rodrigues Farias

Capa e projeto gráfico: Tamar Fortes


Capa: Montagem com foto de Zed Harisson/Pixabay. Disponível em:
https://bityli.com/gtQybp. Acesso em: 20 abr. 2021.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Sistema de Bibliotecas – SIBI | Campus Fortaleza

C957g Cruz, Rafael Presotto Vicente.


Gestão de projetos sociais de futebol e futsal/ Rafael Presotto Vicente Cruz; Luís Henrique Torquato Vanucci. Fortaleza:
IFCE, 2022.
84 p. il.

Obra integrante do Programa Academia e Futebol, da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor
/ Secretaria Especial do Esporte / Ministério da Cidadania, em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará – IFCE, sob a organização dos professores: Kleber Augusto Ribeiro, Emmanuel Alves Carneiro e Lívia
Maria de Lima Santiago.

Ebook no formato PDF 15.376 KB

ISBN: 978-65-86520-11-8

1. Esportes. 2. Futebol. 3. Futeb ol social. I. Vanucci, Luís Henrique Torquato. II. Ribeiro, Kleber Augusto (Org.). III.
Carneiro, Emmanuel Alves (Org.). IV. Título.

CDD (20. ed.) 796.334064

Bibliotecária responsável: Erika Cristiny Brandão F. Barbosa CRB N° 3/1099

O IFCE empenhou-se em identificar todos os responsáveis pelos direitos autorais das imagens e dos textos reproduzidos neste livro.
Se porventura for constatada omissão na identificação de algum material, dispomo-nos a efetuar, futuramente, os possíveis acertos.
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Programa Academia e Futebol

Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal


Rafael Presotto | Luis Vanucci

Fortaleza
2022
Prefácio

A
o assumir a Secretaria Nacional de Futebol e Defesa do Direito do
Torcedor, tinha como objetivos colimados, entre outros: a capacitação e
a consequente melhoria dos profissionais que atuavam no futebol, bem
como a criação de uma bibliografia que pudesse orientar estes profissionais, porque
a vivência no mundo futebolístico nos mostrava jovens buscando bibliografia de
renomados técnicos do exterior que haviam anteriormente aprendido no Brasil as
técnicas de treinamento que publicavam.

E como fazê-lo? Buscando parcerias com as entidades de ensino.

Surgiu assim o programa Academia & Futebol, onde por intermédio das
universidades e Institutos Federais, incentivamos a pesquisa para o desenvolvimento
do futebol, a capacitação dos profissionais por intermédio de cursos e simpósios,
e a iniciação desportiva para a revelação de novos atletas proporcionada pelo
programa Seleções do Futuro.

Hoje, o programa está disseminado nas 27 unidades da federação, por


intermédio de 32 termos de execução descentralizada e uma das nossas grandes
parceiras é o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).

No segmento do esporte, o IFCE é referência na formação de professores


de educação física e de gestores do esporte. Na área da educação física o IFCE
possui 3 cursos de licenciatura, nos municípios de Juazeiro do Norte, Canindé e
Limoeiro do Norte, sendo este último o mais bem avaliado do estado pelo MEC
(Nota 5 no último ENADE). Na área da gestão do esporte o IFCE possui um dos
três cursos de graduação do país com oferta regular e o mais bem avaliado do
país. O Curso Superior Tecnológico em Gestão Desportiva e de Lazer do IFCE –
Campus Fortaleza obteve nota máxima (5) na recente avaliação do Ministério da
Educação, realizada no ano de 2019, sendo hoje, o mais bem avaliado do país.
Além disso, o curso do IFCE é o nono curso com maior procura no SISU no estado
do Ceará, entre todos os cursos públicos ofertados, sendo referência na formação e
estudos em gestão do esporte no país.

Desta parceria, a SNFDT, por intermédio do Instituto Federal de Educação,


Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), instituição pública, federal e centenária, que
tem se configurado como referência na formação nas áreas da gestão do esporte e
da educação física no país, desenvolverá e ofertará para todo o Brasil 8 cursos de
formação inicial e continuada de 40 horas, na modalidade a distância, em diversas
dimensões das áreas do futebol e do futsal; e como produto final da parceria SNFDT
e IFCE, o Programa Academia e Futebol publica este livro que ora apresentamos,
desenvolvido com rigor técnico e científico por profissionais com destaque no
cenário nacional, de finalidade didática, que contempla os conteúdos e avaliações
dos oito cursos desenvolvidos e ofertados pela parceria SNFDT e IFCE.

Esperamos que esta iniciativa do IFCE seja o embrião e a fonte incentivadora para
que nossos profissionais e pesquisadores do esporte publiquem suas experiências,
para que possamos fortalecer o futebol, com uma identidade genuinamente
brasileira.

Boa leitura.

Ronaldo Lima
Secretário Nacional de Futebol e Defesa do Direito do Torcedor
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Sobre os autores

Rafael Presotto Vicente Cruz


Mestre em educação pela Universidade Católica
Dom Bosco, especialista em motricidade humana
e graduado em educação física pela Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Atuou
como docente nos cursos de educação física
da UFMS e no Instituto de Ensino Superior da
Fundação Lowtons de Educação e Cultura
(Funlec), bem como em escolas públicas e no
Colégio Militar de Campo Grande. Trabalhou
junto ao Instituto Ayrton Senna, no Programa de
Educação pelo Esporte, como coordenador de
projeto social na UFMS e agente formador de projetos sociais e institutos de atletas
no Brasil. Doutorando em educação, Presotto é docente no Centro Universitário
Unigran Capital e atua em cursos de pós-graduação. É também diretor de projetos
e facilitador da empresa Triagem Consultoria, e gerente de políticas pedagógicas da
Fundação Municipal de Esportes, no município de Campo Grande-MS.

Luis Henrique Torquato Vanucci


Graduado em educação física pela
Universidade do Estado de Santa Catarina,
pós-graduado em nível de especialização em
Gestão de Pessoas nas Organizações pela
Universidade Federal de Santa Catarina e mestre
em Gestão e Marketing do Esporte pela Escola
de Educação Física e Esporte na Universidade
de São Paulo. Tem experiência como técnico
parecerista do Ministério do Esporte (2013-2015),
na Lei de Incentivo ao Esporte e, atualmente, é
sócio na A favor do esporte projetos esportivos
e gerente de marketing e comunicação no
Instituto Rugby para Todos.

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Rafael Presotto | Luis Vanucci

Sumário

Apresentação 8

Unidade 1  Contextualização dos projetos sociais


de futebole futsal no Brasil 9
Tópico 1  O que são projetos sociais e o cenário atual
dos projetos sociais de futebol e futsal no Brasil 10
Tópico 2  Os níveis de atendimento e atividades oferecidas
pelos projetos sociais de futebol e futsal 16

Lista de figuras 22

Referências 23

Unidade 2  Elaboração de projetos sociais de futebol e futsal 24


Tópico 1  Conceito de planejamento 25
Tópico 2  Fases de gerenciamento de um projeto social
de futebol e futsal 35

Referências 41

Unidade 3  Gestão e implementação de projetos sociais de futebol e futsal


Tópico 1  Conceito de gestão do esporte para elaboração de um
projeto social de futebol e futsal 43
Tópico 2  A Lei de Incentivo ao Esporte − LIE (Lei n°. 11.438/06)
e a elaboração de um projeto social de futebol e futsal 53

Lista de figuras 62

Referências 63

Unidade 4  Financiamento de projetos sociais de futebol e futsal 64


Tópico 1  Fontes de financiamento e tipos de recursos
para projetos sociais 65
Tópico 2  Plano de ação para captação
de recursos e governança 74

Referências 82

7
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Apresentação
Caro leitor,

S
eja bem-vindo à leitura do livro Gestão de Projetos Sociais de Futebol e
Futsal!

Você sabia que o Brasil configura como um dos países de maior


PIB do mundo e está classificado entre as 15 maiores economias mundiais? É isso
mesmo! Nosso país gera uma grande riqueza econômica. Contudo, essa riqueza não
permanece no país e não beneficia a maior parte da nossa população, sendo esse
um fator de desigualdades sociais.

Quando olhamos a colocação do Brasil em relação ao Índice de Desenvolvimento


Humano (IDH), o qual envolve indicadores vinculados à educação, saúde e renda,
vemos que nosso país está situado na 84ª posição (PNUD, 2021). Cabe destacar que
o acesso à educação é direito fundamental para o desenvolvimento da cidadania e
ampliação da democracia (IBGE EDUCA, 2019).

Nesta perspectiva, a oferta de projetos sociais de futebol e futsal pode contribuir


para o desenvolvimento humano das comunidades, oferecendo acesso à educação
e promovendo uma vida com mais dignidade e equidade a seus participantes.

Neste livro, você terá a oportunidade de conhecer conceitos e aspectos gerais


sobre gerenciamento de projetos, bem como suas aplicações para projetos sociais
de futebol e futsal.

Nosso intuito é contribuir com a sua formação, visando o comprometimento


com a qualidade e o alcance dos resultados das intervenções e transformações
sociais propostas pelos referidos projetos.

Assim, você desenvolverá a capacidade de planejar, executar, avaliar e


gerenciar projetos sociais nas instituições/organizações governamentais e
não-governamentais, a partir da aquisição de competências vinculadas aos processos
de planejamento e gerenciamento, por meio de conhecimentos estratégicos na área
da gestão do esporte, articulada ao contexto dos projetos sociais de futebol e futsal.

Você está pronto para iniciar essa jornada?

Vamos aos estudos!

8
Unidade 1
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Contextualização dos projetos


sociais de futebol e futsal no Brasil

Caro leitor,

E
sta é a nossa primeira unidade do livro Gestão de Projetos Sociais de
Futebol e Futsal. A partir de agora, vamos conhecer as nuanças de um
projeto social vinculado ao esporte, e reconhecê-lo como um relevante
instrumento de transformação que a sociedade possui. Perceberemos que usamos o
esporte como via de desenvolvimento humano. Conheceremos o conceito de projeto
social e esporte, bem como o contexto dos projetos sociais de futebol e futsal no
Brasil. Ao final de nossa unidade, aprenderemos que os projetos sociais de futebol
e futsal podem ser importantes instrumentos de transformação social, a partir da
sua adequada estruturação e organização no contexto esportivo em nosso país, por
parte de seus gestores. Será um grande prazer tê-lo conosco. Juntos discutiremos
os principais desafios no processo de gestão de projetos sociais de futebol e futsal,
e conheceremos o intrigante cenário destes projetos no Brasil, suas possibilidades
de implementação, as fases de elaboração e caminhos para a captação de recursos.

Bons estudos!

Objetivos

€
Conhecer os conceitos de projeto social e esporte, bem como sua aplicabilidade
no contexto da gestão
€
Identificar o cenário atual e os níveis de atendimento dos projetos sociais de
futebol e futsal no Brasil

9
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

UNIDADE 1 Tópico 1

O que são projetos sociais e o cenário atual


dos projetos sociais de futebol e futsal no Brasil

N
este primeiro tópico de nossa unidade 1, conheceremos um pouco
mais sobre projetos sociais. Você já parou para pensar os conceitos de
projeto e de esporte, e como estão ligados ao contexto social no Brasil?
Pois é, eles estão! O problema é que frequentemente estudamos estes conceitos
isolados, sem relacioná-los. Mas me responda então: como uma proposta de
intervenção social materializada em forma de um projeto esportivo, especialmente
sobre as modalidades de futebol e futsal, pode contribuir na transformação social e
no desenvolvimento humano das pessoas em nosso país? Viu? Sem esta reflexão, a
implementação de um projeto social de futebol e futsal não seria possível.

1 Reflexões iniciais sobre projetos sociais


As organizações que têm como objetivo promover a transformação social ou
gerar um impacto em um determinado contexto da sociedade, geralmente atuam e
propõem intervenções por meio de um projeto. Esse projeto comumente é chamado
de projeto social. Embora seu conceito seja muito discutido, torna-se relevante
estudar tais conceitos relacionados ao contexto esportivo, visando aprofundar seu
conhecimento para sua melhor implementação.

A palavra projeto, assim como outras palavras da língua portuguesa,


é originada do latim, mais especificamente do termo projectus, que significa
'ação de lançar para frente, de se estender'. Outra definição está relacionada
ao verbo proicere, que significa 'antes de uma ação', 'intenção de fazer',
'realizar algo no futuro', 'plano'. A palavra proicere também pode apresentar
um vínculo com o grego, pois pro aponta precedência a qualquer coisa e icere
vem do próprio latim, iacere, que significa 'fazer'. Assim, a palavra pro-icere
pode ser entendida como 'fazer antes' (RISCO, 2020).

10
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Neste começo de caminhada, cabe localizar alguns conceitos preliminares,


apontando inicialmente o que entendemos por projeto. Há muitas definições para
projeto. Optamos por apresentar alguns olhares sobre seu conceito para que tais
definições possam contribuir na compreensão de sua complexidade e potencialidade
no contexto social e esportivo, o qual estamos nos propondo debater.

Para Cohen e Franco (2000), projeto é uma modalidade de intervenção social,


a qual apresenta uma destinação de recursos e, por meio de um conjunto integrado
de atividades, pretende transformar uma realidade, suprindo uma carência ou
alterando uma situação-problema.

O projeto envolve um empreendimento planejado, com características próprias,


tendo princípio e fim, conduzido por pessoas, para atingir metas estabelecidas
dentro dos parâmetros de prazo, custo e especificações (MENEZES, 2001). Assim, o
projeto é parte de um processo de planejamento. Suas atividades são materializadas
a partir de objetivos, recursos e da sazonalidade estabelecida para sua intervenção.
Nessa perspectiva, podemos então nos questionar: o que compreendemos como
projetos sociais? Um projeto social

nasce de uma ideia, de um desejo ou interesse de realizar algo,


ideia que toma forma, se estrutura e se expressa através de um
esquema lógico, o qual, no entanto, é apenas esboço provisório,
já que sua implementação exige constante aprendizado e
reformulação (ARMANI, 2004, p. 18).

Os projetos sociais podem ser compreendidos como iniciativas de grupos


específicos ou instituições, as quais têm em comum o direcionamento de esforços e
o planejamento a partir de diretrizes e metodologias voltadas para uma ação social.
Podem ainda ser entendidos como uma forma de organizar ações para transformar
uma determinada realidade social ou institucional. São ferramentas (instrumentos)
de intervenção social, articuladas de forma a melhorar as ações e resultados
desenvolvidos por alguma organização (CURY, 2001).

Tais projetos possibilitam intervenções nas diferentes realidades sociais


específicas, por meio de ações que tornam possível sua proposição articulada às
demandas sociais da sociedade brasileira, inclusive pelo Estado e pela sociedade
civil organizada. São considerados, assim, uma valiosa ferramenta de gestão na
proposição de políticas sociais.

Nesta perspectiva, os projetos sociais se apresentam como ações estruturadas


e intencionais, de um grupo ou organização social, a partir do diagnóstico sobre

11
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

uma determinada problemática, buscando contribuir para a realidade do contexto


social para o qual é proposto  inclusive para o desenvolvimento social e esportivo,
como no caso dos projetos sociais de futebol e futsal.

Geralmente, os projetos sociais de futebol e futsal são criados por organizações


vinculadas ao poder público e à sociedade civil organizada, muitas vezes com a
parceria do setor privado, envolvendo movimentos comunitários atuantes em
periferias, associações de moradores, comunidades ribeirinhas e quilombolas, entre
outros grupos, em regiões socialmente excluídas. Nesse contexto, seu público-alvo
corresponde, em sua maioria, a crianças e adolescentes.

Figura 1 − Projeto Portas Abertas para a Inclusão – Educação Física Inclusiva

Fonte: Imagem de Marcello Nicolato/ Instituto Rodrigo Mendes.

Independentemente do conceito adotado, cabe destacar que o mais importante


do trabalho realizado pelos projetos sociais de futebol e futsal, como uma ação
estruturada e intencional, que parte de uma reflexão e do diagnóstico sobre uma
determinada problemática, e que busca transformações sociais promovidas na
vida das pessoas que dele participam, é tornar-se um espaço desafiador e de
mudanças concretas nas realidades sociais dos envolvidos. Isto se dá desde a sua
implementação (a qual envolve parcerias com as organizações públicas, privadas
e/ou com entidades da sociedade civil organizada) até os resultados efetivamente
alcançados.

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Rafael Presotto | Luis Vanucci

2 O conceito de esporte
Ao falarmos de projetos sociais vinculados ao contexto do esporte, torna-se
relevante destacar o que entendemos por esporte.

Antes de apontarmos o conceito de esporte, cabe lembrar alguns aspectos


legais relativos a ele no Brasil, especialmente que a Constituição Federal de 1988,
em seu artigo 217, elege o esporte como um direito de cada cidadão brasileiro, assim
como considera que é um dever do Estado a sua oferta à população.

Não obstante a Constituição Federal de 1988 já se referir a um novo conceito


de esporte, o Brasil permaneceu, até 1993, sem uma lei específica do esporte que
acompanhasse o texto constitucional. A Lei nº 8.672/1993 (Lei Zico), conhecida
como Lei Geral do Esporte, foi marcante, pois logo no início determinou conceitos e
princípios para o esporte brasileiro, inclusive contemplando o reconhecimento das
manifestações esportivas (desporto educacional, desporto de rendimento, desporto
de participação).

A Lei Zico foi substituída pela Lei Pelé (nº 9.615/1998). A Nova Lei Geral do
Esporte ampliou a discussão sobre a transparência, prestação de contas, direitos do
consumidor, regulação dos clubes de futebol e Lei do Passe, sendo mantido o texto
anterior quanto aos conceitos e princípios.

A partir de então, o debate sobre o conceito de esporte e sobre suas


manifestações  desporto educacional, de rendimento e de participação  esteve
presente tanto nos estudos acadêmicos quanto nas políticas públicas. Estes espaços
tornaram-se produtivos para as discussões e ressignificação de tais conceitos.

Nesse sentido, de acordo com a Política Nacional de Esporte (PNE, 2005), o


esporte é considerado uma construção humana, historicamente criada e socialmente
desenvolvida, e abordado como parte integrante do acervo cultural da humanidade.
Vejamos como o conceito de esporte é apresentado pelo Grupo de Trabalho do
Sistema Nacional do Esporte (GTSNE),
nomeado para elaborar o Projeto de Lei
de Diretrizes e Bases do Sistema Nacional
O Grupo GTSNE, a
partir da realização de Esporte: esporte é um bem cultural,
de debates e elaboração direito social e fator de desenvolvimento
de documentos, apresenta humano, definido pelo conjunto de práticas
uma proposta de conteúdos corporais, atividades físicas e esportivas
sistematizados, com destaque que, pelo envolvimento, ocasional ou não,
para o conceito de esporte a organizado ou não, exprime um grau de
ser adotado. Esses estudos desenvolvimento cultural esportivo, com
podem subsidiar a elaboração
possibilidades de incidir em aspectos
de projetos sociais de esporte.
econômicos, educacionais, de saúde, de

13
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

lazer, de bem-estar, pela ampliação de conhecimentos, relações sociais e resultados


esportivos (BRASIL, 2015).

Assim, o esporte pode ser considerado como um bem cultural e direito social a
ser compartilhado por todos, sem distinção, em suas vivências formais e não formais,
nas suas diferentes manifestações, as quais envolvem desde práticas esportivas
regulamentadas pelas modalidades até a liberdade lúdica das atividades de esporte
recreativo e lazer fisicamente ativo. Destaquemos o estabelecido pela Organização
das Nações Unidas − ONU (2016) sobre o entendimento de esporte como:

[...] uma importante ferramenta para o desenvolvimento. Ele


constrói autoconfiança, empodera os jovens, promove boa saúde e
desempenha um papel importante no esforço global para alcançar
os objetivos do desenvolvimento sustentável. E quando integramos
atividade física ao nosso cotidiano de forma criativa e prazerosa,
passamos a nos movimentar cada vez mais. Com isso, não somente
melhoramos nossas capacidades físicas, mas também percebemos
benefícios em nossas capacidades intelectuais, sociais e emocionais.
No nível coletivo, os ganhos impactam positivamente a sociedade
como um todo. O esporte pertence a todos e tem uma linguagem
internacional comum. Ele é, ainda, um poderoso fator agregador
em processos de transformação em conflitos e na construção da
paz (ONU BR, 2016, n.p.).

Nesse universo do esporte, podemos destacar o futebol e o futsal como duas


das mais importantes modalidades esportivas praticadas e apreciadas no Brasil. Seja
nos gramados, nas quadras, nos campos de terra e até nos asfaltos das ruas, estas
modalidades são cotidianamente praticadas e dialogam com questões históricas,
culturais, políticas e sociais.

Figura 2 − A presença do futebol na realidade social da infância no Brasil

Fonte: Imagem de StockSnap/Pixabay.

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Rafael Presotto | Luis Vanucci

O Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano do Brasil de


2017, intitulado Movimento é Vida: atividades físicas e esportivas
para todas as pessoas (PNUD, 2017), apresenta o futebol em uma categoria
ampla (inclui o futebol de campo, de areia, de sete ou society e o futsal),
como o esporte mais praticado no Brasil, perdendo apenas para a prática da
caminhada.
Acesse o relatório e conheça mais sobre o esporte e o desenvolvimento
humano no Brasil!
Disponível em: https://www.undp.org/content/dam/brazil/docs/
publicacoes/relatorio-nacional-desenvolvimento-humano-2017.pdf. Acesso
em: 31 maio 2021.

Cabe lembrar que o ensino de futebol ou futsal, em projetos sociais, a crianças


e adolescentes, não se restringe apenas à aprendizagem do esporte. Esta proposta
deve ir além do conhecimento do gesto técnico esportivo e do desenvolvimento
das habilidades para sua prática. Aprender futebol e futsal, numa abordagem
educativa e social, deve priorizar o ensino de valores morais e o desenvolvimento
de experiências significativas de aprendizagens da modalidade, por meio de sua
vivência, oferecendo ao seu praticante saberes para uma vida digna fora do esporte.

Um projeto social de futebol e futsal tem o compromisso de ensinar esporte


de maneira adequada, respeitando os processos vinculados à formação esportiva
de crianças e adolescentes, bem como incentivar a prática esportiva por toda a
vida, a partir de processos pedagógicos que não se limitem ao desenvolvimento de
habilidades técnico-táticas dos esportes, mas que contribuam para o desenvolvimento
de competências cognitivas, afetivas e sociais de seus participantes.

Tais projetos podem ver o futebol e o futsal como vias de desenvolvimento


humano, fazendo crianças e adolescentes se aproximarem num contexto de situações
cotidianas, assim como estimulando-os a resolver melhor seus conflitos, a cuidar do
espaço social no qual interagem, a melhorar o convívio com as pessoas e a conduzir
de forma mais autônoma o papel de liderança positiva em suas comunidades. Esses
projetos devem, ainda, ensinar lições que contribuam para o exercício da cidadania.
Não devem limitar-se ao discurso ou às intenções subjetivas dos gestores, e sim
materializar-se na proposta pedagógica em si, e no cotidiano de suas atividades.

Agora que compreendemos um pouco mais sobre os conceitos de projeto social


e esporte como elementos importantes para a elaboração e a gestão de projetos
sociais de futebol e futsal, conheceremos as possibilidades de níveis de atendimento
e atividades oferecidas pelos referidos projetos. No tópico 2, estudaremos os
elementos que estão presentes nos níveis de atendimento e as possibilidades de
oferta das atividades dos projetos sociais de futebol e futsal.

15
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

UNIDADE 1 Tópico 2

Os níveis de atendimento e atividades oferecidas pelos


projetos sociais de futebol e futsal

N
este segundo tópico de nossa unidade 1, conheceremos um pouco mais
sobre os níveis de atendimento e sobre as possibilidades de oferta das
atividades dos projetos sociais de futebol e futsal. Você conhece as
diferentes manifestações do esporte e como estão ligadas ao contexto dos projetos
sociais? Pois é, elas estão! A questão é que muitas vezes nos aproximamos de apenas
uma delas, sem relacioná-la ao potencial das demais manifestações, na oferta de
tais projetos. A partir destas considerações, podemos nos perguntar: quais níveis
de atendimento um projeto social de futebol e futsal pode alcançar em nosso país?
Percebeu? Com esta reflexão, você poderá estruturar adequadamente a proposta
de atendimento de um projeto social de futebol e futsal.

1 Possibilidades de atendimento e oferta dos projetos sociais


Resguardando os fundamentos
constitucionais e o respeito ao papel

Se quiser conhecer os do Estado na responsabilidade de


outros objetivos da Agenda 2030 fortalecer institucionalmente a pauta
para o desenvolvimento sustentável, do esporte, bem como de garantir
acesse: condições de seu acesso igualitário,
Disponível em: http://www. é que os projetos sociais de futebol e
agenda2030.com.br/. Acesso em: 17
futsal podem contribuir na tentativa
jun. 2021.
de alcançar o Objetivo 3, relacionado
à Saúde e Bem-Estar, entre os 17
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU, em
setembro de 2015, quando estabelecida a Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável, como um novo marco para o desenvolvimento global (ONU, 2015).

16
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Ao acompanharem as orientações do Relatório Nacional de Desenvolvimento


Humano do Brasil (PNUD, 2017), os projetos sociais de futebol e futsal podem
estimular práticas de atividades físicas e esportivas (AFEs), as quais fazem parte
dessa agenda, seja como elementos centrais para alcançar o Objetivo 3 (saúde e
bem-estar), seja como instrumentos para facilitar o alcance de outros objetivos,
relacionados à educação, às desigualdades sociais, à cultura e ao lazer ou, ainda, às
necessidades básicas e à proteção social.

Aumentar e qualificar a prática de AFEs pode ser fundamental à promoção


dos ODS, tanto quanto incentivá-los pode ser decisivo para aumentar e qualificar o
envolvimento das pessoas com as AFEs, bem como o desenvolvimento humano no
Brasil. Neste sentido é que os projetos sociais de futebol e futsal podem materializar
o alcance de tais objetivos.

Na publicação intitulada Movimento é Vida: atividades físicas e


esportivas para todas as pessoas (PNUD, 2017), denomina-se de
atividades físicas e esportivas
o conjunto de práticas com movimentação corporal ou esforço físico, sem fins produtivos
do ponto de vista econômico, em que seus praticantes conferem valores e sentidos
diversos, ligados às dimensões da saúde, aptidão física, competição, sociabilidade,
diversão, relaxamento e beleza corporal, dentre outras. Outro elemento relevante envolve
o conceito de desenvolvimento humano, que nasceu de um processo de ampliação das
escolhas das pessoas para que elas tenham capacidades e oportunidades de serem
aquilo que desejam ser, considerando o pressuposto de que, para aferir o avanço na
qualidade de vida de uma população, é preciso ir além do viés econômico e considerar
outras características sociais, culturais e políticas (PNUD, 2017, p. 87).

A partir dos conceitos de esporte, apresentados no tópico 1, cabe destacar


as diferentes manifestações esportivas que se materializam nos diversos contextos
da sociedade, e que podem ser democratizadas a partir da oferta de esporte à
população, inclusive por meio de projetos sociais de futebol e futsal. Segundo Tubino
(2001), essas manifestações estão relacionadas aos seguintes aspectos:

ƒ esporte-educação: envolve o esporte educacional, voltado para a formação


humana;

ƒ esporte-lazer: envolve um esporte popular, comprometido com o bem-estar;

ƒ esporte-performance: envolve o esporte de rendimento institucionalizado,


voltado para resultados e principalmente para o espetáculo.

17
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Assim, sugerimos que os projetos sociais de futebol e futsal sejam propostos


explorando três níveis de atendimento, vinculados às diferentes manifestações
esportivas mencionadas, assim caracterizados pelo Grupo de Trabalho para Elaboração
do Projeto de Lei de Diretrizes e Bases do Sistema Nacional de Esporte – GTSNE
(BRASIL, 2015):

Nível de atendimento 1: formação esportiva

Este nível de atendimento envolve oferta e oportunidades de acesso às


diversas manifestações da vivência esportiva para crianças e adolescentes, com
e sem deficiência. Isso deverá se dar por meio de ações planejadas, inclusivas e
lúdicas, voltadas para o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes
atendidos, a fim de que desenvolvam suas potencialidades corporais, apreendam
saberes esportivos e valorizem, critiquem e produzam cultura esportiva de forma
autônoma e participativa ao longo de suas vidas. É fundamental, igualmente, que as
ações promovidas possibilitem autodeterminação ao esporte independentemente
de idade, gênero e etnia.

Este nível de atendimento será composto pela oferta de serviços de:

ƒ Vivência esportiva. Desenvolver as primeiras aproximações de uma base


ampla e variada de movimentos, atitudes e conhecimentos relacionados ao
esporte, por meio de práticas corporais inclusivas e lúdicas, com atendimento
às pessoas com e sem deficiência.

ƒ Fundamentação esportiva. Por meio das diversas práticas corporais,


constatar dados da realidade e possibilidades de ações, ampliar e aprofundar
o conhecimento esportivo no desenvolvimento do autocontrole da conduta
humana e a autodeterminação dos sujeitos, e auxiliar na construção de
bases amplas e sistemáticas de elementos constitutivos de todo e qualquer
esporte, olímpico, paraolímpico, oficial, não oficial ou tradicional.

ƒ Aprendizagem esportiva. Oferta sistemática de múltiplas práticas corporais


esportivas para as aprendizagens básicas de diferentes modalidades, quais
sejam: conhecimentos científicos, habilidades técnicas e táticas, e regras,
visando a uma apropriação crítica para autodeterminação na construção da
cultura esportiva universal e brasileira.

Nível de atendimento 2: esporte para toda a vida

Caracteriza-se pela vivência do esporte a partir do conhecimento esportivo


adquirido e assumido para a vida dentre os hábitos saudáveis. É parte integrante

18
Rafael Presotto | Luis Vanucci

da cultura, fator de desenvolvimento humano, de promoção social, de promoção


da saúde, de aumento de qualidade de vida e inclusão, a partir das experiências do
esporte e lazer.

Este nível de atendimento será composto pela oferta de serviços de:

ƒ Atividade física. Caracteriza-se pela atividade corporal regular, planejada


e estruturada, que tem como objetivo melhorar e ampliar as referências de
conhecimento, hábitos, costumes e conduta autocontrolada, o que poderá
incidir em aspectos da vida cultural como educação, saúde, lazer.

ƒ Esporte de lazer. Compreende-se como práticas corporais lúdicas no


âmbito do tempo e espaço de lazer por toda a vida, a partir da vivência
com autonomia, conhecimento e apreciação, o que contribui para o
desenvolvimento humano, bem-estar e cidadania.

ƒ Esporte competitivo. Caracteriza-se por vivências competitivas do esporte,


olímpicas e não olímpicas, adaptadas e não adaptadas, por opção em
qualquer momento da vida, pela transferência da prática de um esporte
para outro, mudança de um tipo de envolvimento esportivo para outro,
transição do esporte de excelência para o esporte para toda vida por meio
de competições por faixas etárias e manutenção da prática do esporte no
cotidiano ao longo da vida.

ƒ Aprendizagem esportiva para jovens, adultos e pessoas idosas. Caracteriza-


se pelo acesso ao esporte e pela transmissão do conhecimento cultural
esportivo para indivíduos que nunca tiveram oportunidade de praticar
esportes anteriormente e/ou para indivíduos que apresentam necessidade
de recuperação/readaptação corporal.

Nível de atendimento 3: excelência esportiva

Compreende a prática sistematizada do treinamento esportivo nas diversas


modalidades olímpicas, paraolímpicas e oficiais. Volta-se para a formação de atletas
e paratletas, e para o alcance de alto desempenho e de máxima performance em
competições de diferentes modalidades esportivas regidas por normas dos altos
organismos esportivos, nacionais e internacionais, assim como pelas regras de
cada modalidade, respeitadas e utilizadas pelas respectivas entidades nacionais de
administração e de prática do esporte.

Este nível de atendimento será composto pela oferta de serviços de:

19
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

ƒ Especialização esportiva. Envolve o treinamento sistematizado das


capacidades e habilidades em modalidades esportivas e paradesportivas
específicas, buscando melhor adaptação e consolidação do potencial
esportivo dos atletas e paratletas em formação para a transição aos serviços
de aperfeiçoamento e alto rendimento.

ƒ Aperfeiçoamento esportivo. Envolve o treinamento sistematizado e


especializado para otimizar as capacidades e habilidades esportivas
específicas de atletas e paratletas em níveis elevados de competições
regionais e nacionais.

ƒ Alto rendimento esportivo. Envolve o treinamento sistemático e altamente


especializado para alcançar e manter o desempenho máximo de atletas e
paratletas em competições nacionais e internacionais.

Diante destas considerações, você poderá observar na figura a seguir a


representação sobre a proposta de um novo Sistema Nacional do Esporte, elaborada
pelo GTSNE (BRASIL, 2015). Essa proposta expressa a abrangência do conceito de
esporte, a partir dos seus níveis de atendimento e da oferta de serviços, bem como das
resoluções estabelecidas nas Conferências Nacionais de Esporte, na Política Nacional
de Esporte e nos resultados do Diagnóstico Nacional do Esporte. Esta representação
gráfica compôs o Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano, publicado pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 2017.

Figura 3 – Visão da proposta sobre o novo Sistema Nacional de Esporte

Fonte: Adaptada de Brasil (2015) apud PNUD (2017, p. 27).

20
Rafael Presotto | Luis Vanucci

O relatório mencionado acima reforça que o poder público deve investir


nas AFEs, a partir do reconhecimento da necessidade de fomento não apenas da
excelência esportiva, mas também da formação esportiva e do esporte para toda a
vida, por meio da promoção de atividades físicas e esportivas para todas as pessoas.
Isto deve ocorrer de maneira integrada, complementar, sem que uma atividade se
sobreponha à outra. Assim se alcança uma perspectiva do esporte em manifestação
mais democrática, ou seja, aquela que atende à satisfação das necessidades e
melhoria das condições de vida da população (PNUD, 2017).

Atualmente o investimento no esporte brasileiro tem promovido


as práticas esportivas de alto rendimento, as quais concentram quase a
totalidade de recursos públicos destinados às AFEs, mesmo atendendo apenas
7,6% do total da população brasileira. Os projetos sociais de futebol e futsal
podem ser ferramentas para legitimar a garantia do direito ao esporte, na
oferta do esporte educacional e do esporte de participação, como forma de
promoção social. Nessa perspectiva, o fomento ao esporte deveria se voltar
para sua manifestação mais democrática, aquela que atende à satisfação das
necessidades e melhoria das condições de vida da população (PNUD, 2017).

Portanto, entende-se que há interfaces entre os níveis de atendimento com a


oferta de serviços, os quais se intercomunicam, mas sem estabelecer uma hierarquia,
sem determinar, por exemplo, que a formação esportiva esteja organizada em
função da excelência esportiva. Neste sentido, os projetos sociais de futebol e futsal
também devem atentar para tal cuidado em relação aos níveis de atendimento e de
oferta de serviços na proposição de suas atividades, vinculadas adequadamente à
sua proposta pedagógica e ao seu contexto social.

Chegamos ao final da unidade 1. Você conheceu a contextualização dos projetos


esportivos no Brasil, a qual é fundamental para a articulação e estruturação de uma
proposta adequada de projetos sociais de futebol e futsal, permitindo uma atuação
profissional competente e de qualidade no gerenciamento de projetos sociais nas
instituições/organizações governamentais e não governamentais, neste espaço de
transformação social.

Na unidade 2, conheceremos os conceitos de planejamento e as fases de


elaboração de um projeto social de futebol e futsal.

Até a próxima unidade!

21
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

UNIDADE 1 Lista de figuras

Figura 1  Projeto Portas Abertas para a Inclusão – Educação Física Inclusiva


Fonte: Visita à escola participante do projeto Portas Abertas para a Inclusão no polo
de Salvador-BA (2013). Imagem de Marcello Nicolato, no site do Instituto Rodrigo
Mendes. Disponível em: https://institutorodrigomendes.org.br/397/. Acesso em: 27
maio 2021.

Figura 2  A presença do futebol na realidade social da infância no Brasil


Fonte: Imagem de StockSnap/Pixabay. Disponível em: https://pixabay.com/pt/
photos/pessoas-garoto-crian%c3%a7a-jogando-2600808/. Acesso em: 28 maio
2021.

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Rafael Presotto | Luis Vanucci

UNIDADE 1 Referências
ARMANI, Domingos. Como elaborar projetos? Guia prático para elaboração e
gestão de projetos sociais. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2004.
BRASIL. Lei nº 8.028, de 6 de julho de 1993. Institui normas gerais sobre desporto.
Brasília, DF: Presidência da República, 1993. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l8028.htm. Acesso em: 23 abril 2021.
BRASIL. Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998. Institui normas gerais sobre
desporto e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1998.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9615consol.htm. Acesso
em: 23 abr. 2021.
BRASIL. Ministério do Esporte. Política Nacional do Esporte. Brasília: ME, 2005.
Disponível em: http://pne.mec.gov.br/17-cooperacao-federativa/31-base-legal.
Acesso em: 23 abril 2021.
COHEN, Ernesto; FRANCO, Rolando. Avaliação de projetos sociais. 4. ed.
Petrópolis: Vozes, 2000.
CURY, Thereza Christina Holl. Elaboração de projetos sociais. In: ÁVILA, Célia M.
de (coord.). Gestão de projetos sociais. 3. ed. São Paulo: AAPCS – Associação de
Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001.
MENEZES, Luís César de Moura. Gestão de Projetos. São Paulo: Atlas, 2001.
ONU BR – NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL. Esporte para o desenvolvimento e a
paz. Brasília, DF: ONU BR, 2016.
ONU BR – NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL. Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável. In: NAÇÕES Unidas Brasil. Brasília, DF, c2021. Disponível em: https://
brasil.un.org/pt-br/sdgs. Acesso em: 1° jun. 2021.
PNUD – PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO.
Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano do Brasil – Movimento é Vida:
atividades físicas e esportivas para todas as pessoas: 2017. Brasília, DF: PNUD, 2017.
Disponível em: https://www.undp.org/content/dam/brazil/docs/publicacoes/
relatorio-nacional-desenvolvimento-humano-2017.pdf.. Acesso em: 31 maio 2021.
PNUD – PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO;
IPEA – INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA E APLICADA; FUNDAÇÃO JOÃO
PINHEIRO. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Brasileiro. Série Atlas
do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Brasília, DF: PNUD: Ipea: FJP, 2013.
Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/130729_
AtlasPNUD_2013.pdf. Acesso em: 1° jun. 2021.D
RISCO. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2020. Disponível
em: https://www.dicio.com.br/risco. Acesso em 22 abr. 2021.
TUBINO, Manoel José Gomes. Dimensões sociais do esporte. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 2001.

23
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Unidade 2
Elaboração de projetos sociais
de futebol e futsal

Caro leitor,

E
sta é a nossa segunda unidade do livro Gestão de Projetos Sociais de
Futebol e Futsal. A partir de agora, vamos conhecer as diferentes fases
de elaboração de um projeto social, vinculado ao contexto da gestão, e
reconhecê-lo como um relevante instrumento de planejamento.

Em nosso percurso, perceberemos que precisamos planejar adequada e


cuidadosamente um projeto social de futebol e futsal.

Ao final de nossa unidade, aprenderemos que o gerenciamento de um projeto


social de futebol e futsal, nas diversas etapas de implementação, passa por um
planejamento criterioso e articulado à realidade social, a partir de uma adequada
estruturação e organização, por parte dos gestores.

Será um grande prazer ter você conosco novamente. Juntos, daremos


continuidade às discussões sobre os principais desafios do processo de gestão de
projetos sociais de futebol e futsal, conheceremos as possibilidades de implementação
e as fases de elaboração dos projetos sociais no Brasil.

Bons estudos!

Objetivos

€
Conhecer o conceito de planejamento, vinculado ao contexto dos projetos
sociais de futebol e do futsal
€
Identificar as diferentes fases de elaboração e gerenciamento de um projeto
social de futebol e futsal, nas diversas etapas de sua implementação

24
Rafael Presotto | Luis Vanucci

UNIDADE 2 Tópico 1

Conceito de planejamento

N
este primeiro tópico de nossa unidade 2, conheceremos um pouco mais
sobre o processo de planejamento dos projetos sociais de futebol e
futsal. Você já parou para pensar no conceito de planejamento? Sabia
que esse conceito está ligado ao contexto dos projetos sociais no Brasil? Pois é, ele
está intimamente ligado. A questão é que muitas vezes a ausência da compreensão
deste conceito e da sua relação com o processo de implementação de um projeto
social de futebol e futsal pode comprometer a proposta de intervenção social de
um projeto.

Agora reflita sobre o seguinte questionamento: como as fases de elaboração


de um projeto social de futebol e futsal podem contribuir na transformação social e
no desenvolvimento humano das pessoas em nosso país? Viu? Já deu para perceber
a importância dessa reflexão para a implementação de um projeto social de futebol
e futsal. Discutiremos mais sobre o assunto nessa unidade.

1 Reflexões iniciais sobre o planejamento de um projeto social


Nas últimas décadas, houve um amplo desenvolvimento de metodologias e
técnicas que subsidiam o planejamento, a gestão e a avaliação de projetos sociais
no Brasil. Tais conhecimentos permitem que a proposição destes projetos ofereça
condições para a consecução mais eficaz dos objetivos almejados, inclusive para
maior eficiência na utilização dos recursos a eles destinados.

Apesar desse avanço, muitos desafios se apresentaram no âmbito da


elaboração e da gestão de projetos sociais nos últimos anos, um deles é ampliar a
visão ainda muito difundida de que o projeto se restringe a um documento formal
exclusivamente para buscar financiamento.

Todavia, as possibilidades que podem ser desenvolvidas a partir do processo


de planejamento dos projetos sociais demostram que esse planejamento pode ir

25
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

além da visão anteriormente mencionada e contribuir significativamente para


alterar a realidade social para a qual ele se direciona. Diante disso, percebe-se que
os projetos sociais se tornam um relevante instrumento metodológico para fazer da
ação de intervenção uma atividade organizada, na qual se visa atingir os objetivos
propostos no âmbito dos projetos sociais.

Nesse sentido, um projeto social, dentro de uma perspectiva direcionada a


mudança do espaço social no qual se destina, poderá trilhar os seguintes passos:

Figura 4 – Etapas relacionadas ao planejamento

Fonte: Elaborada pelos autores.

Você pode estar se perguntando: o que são os indicadores citados na etapa


de planejamento? De acordo com Jannuzzi (2001), os indicadores constituem um
recurso metodológico adotado para informar algo sobre um aspecto da realidade
social ou sobre mudanças que estão ocorrendo nela. São dados ou uma medida,

26
Rafael Presotto | Luis Vanucci

dotada de um significado, que possibilitam comprovar se os objetivos, os resultados


e as atividades de um projeto foram alcançados (JANNUZZI, 2001).

Desta forma, pensando no âmbito do esporte, os indicadores devem ser


apresentados através de dados com os quais possamos verificar que mudanças os
projetos sociais, por exemplo, proporcionaram na realidade de uma determinada
comunidade e quais os resultados podem ser mensurados em um período de tempo.
A função dos indicadores é a de caracterizar mais detalhadamente os objetivos
e resultados definidos em um projeto social, estabelecendo o que e o quanto se
pretende alcançar, fornecendo, a partir disso, uma base para o monitoramento
e a avaliação do que foi previamente planejado. Vejamos na figura 5 como se
caracterizam os indicadores:

Figura 5 – Construção, classificação e vinculaçao dos indicadores


na gestão de projetos sociais

27
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Fonte: Adaptada de Soares; Cunha (2018).

Após tratarmos dos indicadores, temos que considerar os desafios durante


o percurso de implementação de um projeto social de futebol e futsal. Algumas
condições mostram-se decisivas para que o referido projeto tenha êxito. São elas:

a) Realizar as atividades e produzir resultados esperados dentro do padrão de


qualidade, do cronograma e do orçamento definidos;
b)
Atingir efetivamente os objetivos estabelecidos, gerando mudanças
concretas no desenvolvimento humano, no processo de formação esportiva
e no poder de influenciar processos mais amplos dos setores sociais do
público atendido;
c) Proporcionar a participação e a apropriação efetiva do público atendido nas
ações do projeto, de forma que ele se torne sujeito da ação e não apenas um
beneficiário passivo;
d) Gerar novos conhecimentos e metodologias inovadoras para o enfrentamento
de problemáticas socialmente relevantes;

28
Rafael Presotto | Luis Vanucci

e) Desenvolver capacidade de disseminação das ações do projeto, tornando-se


referência, tanto para outras organizações sociais, quanto para as políticas
públicas;
f)
Desenvolver a capacidade de agregar novos parceiros/aliados e
financiamentos.

Neste sentido, Armani (2002) apresenta alguns fatores-chave que se mostram


estratégicos para o sucesso da implementação de um projeto social.

Figura 6 – Caminhos a serem seguidos na implementação de um projeto social

Fonte: Adaptada de Armani (2002).

A partir destas considerações, o planejamento passa a ser visto como um


processo importante não apenas para a implementação do projeto, mas também para
o seu gerenciamento, promovendo benefícios inclusive para as ações vinculadas ao
monitoramento e avaliação, podendo garantir as ações de continuidade do projeto.

29
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Figura 7 – Etapas relacionadas ao planejamento

Fonte: Elaborada pelos autores.

Na etapa de avaliação é preciso contemplar diversos critérios avaliativos,


por meio da definição de indicadores de diferentes naturezas (social, econômica
e cultural), permitindo que seja analisado em que medida as ações do projeto
contribuíram para a mitigação dos problemas sociais apontados no diagnóstico.
É o momento de se dispor de indicadores que respondam pela eficácia (o projeto
cumpriu seus objetivos?), pela eficiência (os recursos foram bem empregados?) e
pela efetividade (quais os impactos gerados pelo projeto nos participantes e na
sociedade?). Você entende a diferença entre esses conceitos? Observe cada um
deles na figura 8:

30
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Figura 8 – Os três “Es” da gestão

Fonte: Adaptada de Jannuzzi (2001).

Ainda sobre a avaliação: essa etapa pode ser iniciada antes da execução do
projeto, a partir do conhecimento do contexto social do público-alvo em que os
gestores pretendem atuar e das expectativas das pessoas envolvidas para um
melhor planejamento (essa avaliação é denominada avaliação ex ante). Ela pode
ocorrer também ao longo das ações desenvolvidas, possibilitando percepções,
explicações e discussões sobre o que foi feito, como foi feito e quais foram os
resultados alcançados (avaliação intermediária). Ou, ainda, podem ser realizadas ao
final das ações, nas análises sobre as consequências do que foi feito. Ao se pensar
na continuidade do projeto, pode-se ainda apontar nele possíveis alterações e
aperfeiçoamentos (avaliação ex post ou finais).

Vejamos na figura 9, a diferença entre avaliação e monitoramento:

31
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Figura 9 – Conceitos de avaliação e monitoramento

Fonte: Adaptada de Soares; Cunha (2018, p. 25), com fotos de Tumisu e Gerd Altmann/Pixabay. Disponíveis
em: https://bityli.com/qxDji e https://bityli.com/ICBam. Acesso em: 15 jan. 2022.

Diante do que foi exposto, vale destacar que o planejamento não pode ser
visto como algo estático, o qual fixa e restringe as ações do projeto. Lembremos que
cada projeto é construído com base em uma análise situacional do contexto a ser
interferido, a partir da identificação das potencialidades e fragilidades.

Desta forma, caso o cenário no qual o projeto está inserido se modifique, o


planejamento também deve ser alterado, pois a não realização adequada do que
foi previamente estabelecido, oferece um maior risco quanto à tomada de decisões
inapropriadas, isto é, levando a escolhas equivocadas sobre as alternativas a serem
seguidas (ZINGONI, 2007).

Por exemplo, no espaço de trabalho, precisamos planejar nossas ações


diárias, a fim de que possamos cumprir os compromissos assumidos. Podem surgir

32
Rafael Presotto | Luis Vanucci

imprevistos, mas devemos nos ajustar e seguir em frente, não é verdade? Assim, o
planejamento pode ser considerado uma atividade humana inerente a nossa vida e
está intimamente ligado ao objetivo que se quer alcançar, envolvendo:

ƒ o estabelecimento de metas;

ƒ a definição estratégias que viabilizem o que se deseja buscar;

ƒ a implicação de ações e o compromisso de todos os envolvidos no processo.

Pode-se conceber o planejamento como uma das primeiras atribuições na gestão


de um projeto social, partindo de premissas importantes, vinculadas às percepções
do momento presente e da intencionalidade no desenvolvimento de ações para o
futuro. Para tanto, cabe inicialmente identificar onde estamos e onde pretendemos
chegar, sistematizando tais informações no processo de planejamento. Além disso,
realizar a análise da situação atual a que se propõe intervir e o desenvolvimento de
planos de ação, a partir dos objetivos pretendidos, conforme exposto na figura 10:

Figura 10 - Premissas do planejamento

Fonte: Adaptada de Chiavenato (2003 apud Lima, 2018).

Neste sentido, a proposta de implementação de projetos sociais também está


vinculada ao planejamento institucional. Esse planejamento passa por um processo
administrativo contínuo e sistemático que norteia todas as ações institucionais,
incluindo o planejamento e a gestão de projetos sociais. Por isso, deve ser organizado
e respeitado por todos os gestores da instituição, organização ou empresa
responsáveis pela elaboração/aplicação.

33
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

O planejamento pode ser considerado uma importante ferramenta


na construção e implementação de um projeto social de futebol e
futsal. As decisões tomadas pelos gestores perpassam pelo acompanhamento,
controle e avaliação das ações realizadas, bem como pela articulação ao
planejamento institucional. Para saber mais sobre esse assunto, acesse:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/planejamento-
estrategico.

Chegamos ao final do tópico 1. Até aqui, você compreendeu um pouco mais


sobre o conceito de planejamento, como elemento importante para a estruturação
e a gestão de projetos sociais de futebol e futsal. Percebe que estamos avançando?
No tópico 2, estudaremos os elementos que estão presentes nas diferentes fases de
elaboração e gerenciamento de um projeto social de futebol e futsal e compreender
de forma que essas diversas etapas contribuem para a fase de implementação.

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Rafael Presotto | Luis Vanucci

UNIDADE 2 Tópico 2

Fases de gerenciamento de um projeto social


de futebol e futsal

N
este segundo tópico de nossa unidade 2, conheceremos um pouco
mais sobre as diferentes fases de elaboração e gerenciamento de um
projeto social de futebol e futsal nas diversas etapas que compõem
a implementação. Você entende como essas fases estão ligadas ao contexto do
futebol e futsal? Pois é, veremos como esses aspectos estão relacionados!

A questão é que, muitas vezes, a ausência da realização de um diagnóstico


situacional adequado, antes da elaboração efetiva do projeto, pode comprometer
as escolhas e as possibilidades da intervenção social, afetando todo o processo de
implementação. Isso engloba por exemplo:

ƒ a definição adequada da comunidade a ser atendida;

ƒ o reconhecimento de espaços esportivos subutilizados e a ausência de


oferta de atividades esportivas à população;

ƒ a identificação das faixas etárias de crianças e adolescentes participantes;

ƒ a seleção dos profissionais que atuarão;

ƒ o estabelecimento das atividades a serem desenvolvidas;

ƒ o investimento de recursos a serem empregados para sua execução.

Assim, o desconhecimento do potencial de cada uma das fases de um projeto


social traz implicações no processo de gerenciamento. A partir destas considerações,
vamos refletir sobre como as ações podem ser sistematizadas na elaboração de um
projeto social de futebol e futsal pelos gestores. Desse modo, você poderá elaborar
adequadamente a proposta de um projeto social de futebol e futsal. Você está
pronto? Vamos aos conteúdos!

35
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

1 As fases de elaboração de um projeto social


Os projetos apresentam diferentes fases para implementação, as quais vão
desde a concepção até a avaliação, e em cada uma delas identificam-se importantes
ações a serem desenvolvidas pelos gestores. A partir da realidade social para a qual
o projeto é direcionado, são avaliadas as necessidades do contexto de intervenção e
as características do projeto a ser proposto. Essas fases e ações estão intimamente
ligadas, podendo ser entendidas como parte de um ciclo dinâmico, presentes
durante toda a existência do projeto social.

Nesse sentido, observemos agora a percepção do autor Keelling (2003, p. 13)


sobre ciclo de vida de um projeto.

“[...] a compreensão do ciclo de vida é importante para o sucesso na


gestão de projetos, porque acontecimentos significativos ocorrem
em progressão lógica e cada fase deve ser devidamente planejada
e administrada [...]” (KEELLING, 2002, p. 13).

A partir dessa compreensão, Armani (2002) afirma que em um ciclo de vida


de um projeto podem ser constatadas as seguintes fases: identificação, elaboração,
aprovação, implementação, avaliação e um novo planejamento. Estas fases remetem
a movimentos necessários para o desenvolvimento de ações, como parte do processo
de gestão do projeto, conforme figura 11:

Figura 11 – Ciclo de vida de um projeto

Fonte: Adaptada de Armani (2002, p. 30).

36
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Assim, a elaboração de um
Atualmente, o Brasil
projeto social de futebol e futsal
possui mais de 820 mil
perpassa pela formalização de
Organizações da Sociedade Civil
(OSCs), as quais atuam na causa uma proposta, adequadamente
de defesa de interesses e direitos fundamentada e estruturada, por
sociais. O estudo lançado pelo meio de um processo mais amplo de
Instituto de Pesquisa Econômica
planejamento, proposta esta que pode
Aplicada (IPEA), apresenta um
ser destinada inclusive à obtenção
retrato do universo, o perfil e a
diversidade das OSCs no Brasil. de financiamento público ou privado,
Para saber mais, acesso o livro em: visando a captação dos recursos
https://www.ipea.gov.br/portal/ necessários à sua implementação.
images/stories/PDFs/livros/ Contudo, a maior relevância está em
livros/180607_livro_perfil_das_
organizacoes_da_sociedade_civil_ seu papel como ferramenta de gestão
no_brasil.pdf. e de ações presentes no processo de
planejamento, as quais atualmente são
amplamente utilizadas pelo poder público e pelas organizações da sociedade civil.

Para ilustrar os conhecimentos que estamos adquirindo ao longo de nosso


livro, apresentaremos dois projetos sociais desenvolvidos pelo poder público em
parceria com o setor privado. Desde 2017, os projetos “Escola Pública de Futebol”
e “Escola Pública de Campeões” são realizados pela Prefeitura Municipal de Campo
Grande-MS, por meio da Fundação Municipal de Esportes (Funesp), e integram
os programas “Esporte e Lazer da Comunidade” e “Formação e Especialização
Esportiva”, respectivamente, desenvolvidos pela Funesp.

O processo de implementação dos projetos “Escola Pública de Futebol”


e “Escola Pública de Campeões” envolveu desde a identificação dos campos de
futebol disponíveis para a modalidade, tanto aqueles vinculados ao poder público,
como outros espaços possíveis de serem utilizados no município, a definição da faixa
etária e comunidades a serem priorizadas para o atendimento na sua etapa inicial de
implantação, definição do perfil dos profissionais com conhecimento e experiência
para atuarem junto ao futebol, o seu alinhamento conceitual e operacional, inclusive
junto às demandas sociais e viabilidade local, bem como a busca de parceiros da
iniciativa privada para a efetivação do projeto.

Ao longo de cinco anos de realização, ambos os projetos vêm sendo ampliados


e transformados, a partir do processo de desenvolvimento e das avaliações
realizadas. O projeto “Escola Pública de Futebol”, por exemplo, iniciou as atividades
com 10 núcleos e 1.000 crianças e adolescentes atendidos, e em 2020 contava com
21 núcleos e 2.100 participantes (CAMPO GRANDE, 2020).

37
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Assim, cabe destacar que o processo de gestão dos projetos permite que
adequações sejam feitas durante a realização, visando a melhoria do projeto,
inclusive a ampliação de atendimento e a qualificação das atividades.

Na figura 12, você observa uma síntese desses projetos:

Figura 12 – Cases de sucesso de projetos sociais na área do futebol

Fonte: Adaptada de Campo Grande (2019, p. 25).

Após conhecermos exemplos


exitosos na área de projetos voltados
Para saber mais
para o futebol, analisemos na figura 13,
sobre a Escola Pública de
as principais fases a serem percorridas Futebol, acesse o vídeo a
na elaboração de um projeto social e seguir: https://globoplay.globo.
as ações a serem desenvolvidas em com/v/6944973/.
cada uma delas, de acordo com Armani
(2002):

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Rafael Presotto | Luis Vanucci

Figura 13 – Fases na elaboração de um projeto social

Fonte: Elaborada pelos autores.

39
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

A origem, os objetivos e o desenvolvimento de projetos sociais no


Brasil, vinculados a formação esportiva foram diversos, visando
resolver problemas sociais diagnosticados como graves e prementes. A oferta
de tais projetos foi influenciada pela Constituição Federal de 1988. Para saber
mais, acesse:
https://www.researchgate.net/publication/336604407_PROJETOS_E_
PROGRAMAS_SOCIAIS_ESPORTIVOS_NO_BRASIL_ANTECEDENTES_
HISTORICOS_E_REFLEXIVIDADE_SOCIAL.

Portanto, entende-se que há interfaces entre as fases de elaboração dos


projetos sociais e as ações a serem desenvolvidas em cada uma delas no processo de
gestão dos referidos projetos, cabendo aos gestores os encaminhamentos a serem
realizados. Então, gerenciar um projeto social envolve o planejamento prévio, o
acompanhamento da execução, a comparação do resultado obtido com o planejado
e a correção de desvios, sempre que necessário.

Chegamos ao final da unidade 2. Você identificou as ações a serem desenvolvidas


nas diferentes fases de elaboração de um projeto social de Futebol e Futsal, as quais
podem contribuir de forma decisiva para a implementação e o gerenciamento. Vimos
todas as etapas, iniciando pela proposição, execução, avaliação e continuidade,
passando pelo desenvolvimento de competências profissionais vinculadas aos
processos de planejamento e gerenciamento, e aos conhecimentos estratégicos da
gestão do esporte.

Na unidade 3, conheceremos o conceito de gestão e a Lei de Incentivo ao


Esporte (LIE), vinculada especialmente à elaboração de projetos sociais de futebol
e futsal.

Até a próxima unidade!

40
Rafael Presotto | Luis Vanucci

UNIDADE 2 Referências

ARMANI, Domingos. Como elaborar projetos: guia prático para elaboração e


gestão de projetos sociais. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2002.
CAMPO GRANDE. Fundação Municipal de Esportes. Relatório de Avaliação
2019. Diretoria de Desenvolvimento de Esporte e Lazer. Campo Grande, 2020.
Disponível em: http://www.campogrande.ms.gov.br/funesp/wp-content/uploads/
sites/11/2021/01/PLANO-MUNICIPAL-DE-ESPORTE-E-LAZER-DE-CAMPO-
GRANDE-compactado.pdf. Acesso em 25 jun. 2021.
CAMPO GRANDE. Decreto Municipal nº 13.903, de 25 de junho de 2019. Institui
a Política Pública de Esporte e Lazer Movimenta Campo Grande (MCG) que visa
promover o esporte e lazer no Município de Campo Grande. Diogrande (Diário
Oficial do Município de Campo Grande-MS), n. 5.610, de 26 de junho de 2019.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração: uma visão
abrangente da moderna administração das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier,
2003.
JANNUZZI, Paulo de Martino. Indicadores sociais no Brasil. São Paulo: Alínea,
2001.
KEELING, Ralph. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva,
2002.
LIMA, Joílson Souza de. O Planejamento Estratégico como Ferramenta de
Gestão. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. São Paulo, v. 3,
n. 3, p. 58-69, mar. 2018.
SOARES, Márcia Miranda; CUNHA, Edite da Penha. Avaliação. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2018.
ZINGONI, Patrícia. Marco Lógico: uma metodologia de elaboração, gestão e
avaliação de projeto social de lazer. In: PINTO, Leila Mirtes Santos de Magalhães
(org.); MARCELLINO, Nelson de Carvalho; ZINGONI, Patrícia. Como fazer projetos
de lazer: Elaboração, execução e avaliação. Campinas, SP: Papirus, 2007.

41
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Unidade 3
Gestão e implementação de projetos
sociais de futebol e futsal

Caro leitor,

N
esta unidade do livro Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal,
vamos conhecer o conceito de gestão do esporte e vincular este ao
contexto dos projetos sociais, além de nos familiarizarmos com a Lei
de Incentivo ao Esporte (LIE), um importante mecanismo para pleitear recursos e
viabilizar projetos sociais nas nossas organizações esportivas.

Conheceremos ainda os principais elementos que constituem


um projeto esportivo ou paradesportivo da LIE e os possíveis problemas que
podem surgir acerca do não atendimento aos requisitos desta lei federal.

Ao final da nossa unidade 3, aprenderemos a elaborar um plano


inicial de um projeto social de futebol e/ou futsal, utilizando como base a LIE.
Será um grande prazer ter você conosco para discutirmos todos os detalhes
acerca da elaboração de um projeto social. Juntos desenvolveremos, dentro
de um cenário da sua realidade, um projeto que atenda a exigências básicas,
para que você possa, futuramente, submetê-lo, para avaliação, a mecanismos
de incentivos fiscais (leis de incentivo municipal, estadual ou federal), bem
como pleitear financiamentos em editais públicos e/ou privados.

Bons estudos!

Objetivos

Conhecer o conceito de gestão do esporte, vinculado ao contexto dos


€
projetos sociais de futebol e de futsal
Estudar a Lei de Incentivo ao Esporte – LIE (Lei nº 11.438/06)
€
Identificar as possibilidades de emprego da LIE na elaboração de um
€
projeto social de futebol e futsal

42
Rafael Presotto | Luis Vanucci

UNIDADE 3 Tópico 1

Conceito de gestão do esporte para elaboração de um


projeto social de futebol e futsal

N
este tópico, refletiremos um pouco sobre a importância dos
conceitos da gestão do esporte aplicados à gestão de projetos
sociais, para que isto colabore, especificamente, no planejamento
e elaboração de um projeto social.

Imagine que você precise pensar em diferentes contextos e conhecer,


mesmo que superficialmente, diferentes áreas de conhecimento para
contemplar todas as fases de um projeto social, conforme vimos na unidade
2; e que, além disso, também precise compreender aspectos financeiros,
administrativos, de marketing e comunicação, entre outros. Pois é! Nem
sempre valorizamos a relevância de um gestor do esporte, no que diz respeito
a suas atribuições de conhecer e compreender os aspectos enumerados
acima, a fim de conduzir com um olhar multidisciplinar e holístico projetos
sociais.

Desta forma, reflita sobre


como vamos colocar em prática um Quer aprofundar mais
projeto social de futebol ou futsal seu conhecimento
sobre a gestão do esporte? Leia
sem que se conheça o público-alvo
o artigo dos professores Cláudio
para o qual o projeto se destina; sem
Miranda da Rocha e Flávia da
que se saiba a quantia em dinheiro Cunha Bastos, disponível no
necessária para o pagamento de endereço https://www.scielo.
profissionais e para a compra de br/pdf/rbefe/v25nspe/10.pdf.
materiais esportivos; ou, ainda, Acesso em: 20 jun. 2021.
sem que se defina como e para
quem serão vendidas as cotas de patrocínio. Deu para perceber que a tarefa
proposta exige um conhecimento amplo, não é? Sem a visão da gestão do
esporte, o nosso projeto pode até ser iniciado, mas não terá sustentabilidade
para se manter no mercado.

43
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

1 Gestão do Esporte e gestão de projetos


A administração de um negócio não é algo recente; ela vem se
desenvolvendo ao longo dos anos. Trata-se de um processo de tomada
de decisões e realização de ações que abrangem, principalmente, quatro
processos interligados, conforme podemos observar na figura a seguir:

Figura 14 - Processo administrativo

Fonte: Adaptada de Maximiano (2000, p. 27).

No cenário esportivo, seguindo os mesmos princípios da administração,


a Gestão do Esporte (GE) é conceituada como a aplicação dos princípios
de gestão a organizações esportivas; ou seja, é o ato de planejar, organizar,
controlar/liderar e avaliar organizações esportivas. A figura a seguir mostra o
fluxograma na gestão do esporte, sendo a GE a coordenação das atividades
de produção e marketing de serviços esportivos.

44
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Figura 15 - Gestão do esporte como coordenação das atividades


de produção e marketing de serviços esportivos

Fonte: Adaptada de Rocha e Bastos (2011, p. 95).

Para tratar do tema Gestão do Esporte (GE), alguns autores


consideram os termos sport management (gestão do esporte) e sport
administration (administração do esporte) como sinônimos. Em português,
tanto o termo gestão esportiva como administração do esporte podem ser
utilizados para referir-se ao tema (ROCHA; BASTOS, 2011).

A partir do contexto da área de conhecimento da administração e


considerando a complexidade do fenômeno esporte, deve-se compreender
a GE como uma área que contempla diferentes disciplinas; ela pode ser vista
como interdisciplinar, multidisciplinar e até mesmo transdisciplinar, sendo
cada vez mais fundamental para o desenvolvimento esportivo, (MAZZEI;
ROCCO JÚNIOR, 2017), independentemente das suas manifestações,
objetivos ou atividades.

45
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

“Um ensaio sobre a gestão do esporte: um momento para a sua


afirmação no Brasil”, publicado pelos professores Leandro Carlos
Mazzei e Ary José Rocco Júnior, na Revista de Gestão e Negócios do Esporte
(RGNE), em 2017, propõe uma reflexão sobre o “O que é? Para que serve?
Quem faz? Onde se faz? Para onde vai? ” a gestão do esporte. O artigo está
disponível no link:
https://www.researchgate.net/publication/318205223_Um_ensaio_sobre_a_
Gestao_do_Esporte_um_momento_para_a_sua_afirmacao_no_Brasil.
Acesso em: 20 jun. 2021.

Considerando agora o conceito da GE aplicado ao contexto da gestão


de projetos sociais, podemos imaginar a importância de se conhecer todas as
fases do processo de gestão, para que, efetivamente, se inicie a estruturação
dos projetos sociais de futebol e futsal.

Assim como foi explicitado,


nesta unidade, os processos
O professor José administrativos (planejamento,
Finocchio Júnior é autor organização, direção e controle),
da metodologia PM Canvas. Você e na unidade 2, as fases de um
pode conhecer um pouco mais sobre
ciclo de um projeto, (identificação
o trabalho do professor Finocchio,
além de fazer o download do e planejamento, elaboração,
Project Model Canvas, aprovação, implementação e
acessando o endereço avaliação), (ARMANI, 2002),
http://pmcanvas.com. utilizaremos também, sobre
br/ ou no QR code a
gestão ou gerenciamento de um
seguir.
projeto, a aplicação e integração
adequada das áreas e processos; neste caso, isto se dá de acordo com o
Project Management Institute (2014), distribuído logicamente em cinco
grupos de processos:

46
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Figura 16 – Processos do gerenciamento de projetos

Fonte: Elaborada pelos autores.

Nesse sentido, pode-se dizer que o processo de gerenciar está presente


em diferentes indústrias, mercados, setores e atividades; faz-se presente,
inclusive, no dia a dia das pessoas, das famílias, das organizações onde
trabalhamos, nas quais precisamos definir e direcionar os objetivos pessoais
e organizacionais, os planos de carreira, além de controlarmos orçamentos,
ou programarmos as viagens e eventos familiares, por exemplo.

Portanto, toda atividade exige um determinado conteúdo administrativo,


cuja relevância é proporcional à sua complexidade. Neste contexto, as
habilidades gerenciais tornam-se relevantes para a tomada de decisões em
relação a quais recursos utilizar, a fim de concluir objetivos e atingir metas.
(MAXIMIANO, 2000)

Sendo assim, seguindo os conceitos propostos tanto no processo


administrativo, na gestão do esporte ou na gestão de um projeto, vamos
iniciar a elaboração do nosso projeto. Contemplaremos, de início, a fase de
planejamento, que surge como um primeiro e importantíssimo passo nesse
processo de gestão/gerenciamento de um projeto, o qual se trata, em nosso
caso específico, de um projeto social de futebol ou futsal.

Como sugestão para planejarmos e criarmos um plano (simplificado) de


um projeto social, contemplando as principais variáveis (escopo do projeto),
utilizaremos a metodologia Project Model Canvas (PM Canvas), cujo objetivo
é tornar o conhecimento tangível e acessível para todos. Isto se dá de modo
a permitir que o conhecimento (visão do projeto) seja compartilhado em
um espaço comum, para que todos os envolvidos (diretores, coordenadores,
professores, outros membros da organização) enxerguem o projeto como
um todo, e que os pensamentos e insights sejam postados em notas adesivas
(físicas ou virtuais). Esta atividade em conjunto possibilita a cocriação, a
interação com as trocas, a reordenação e a adaptação por parte de todos os
envolvidos no processo (FINOCCHIO JÚNIOR, 2016).

47
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Na figura 17, é possível observar os 13 blocos que compõem o PM


Canvas e que devem ser preenchidos seguindo uma ordem lógica. São
eles: justificativas; objetivo SMART (Specific-específico/Measureable-
mensurável/Achievable-alcançável/Relevant-relevante/Timely-temporal);
benefícios; produto; requisitos; stakeholders externos; equipe; premissas;
grupos de entregas; restrições; riscos; linha do tempo e custos.

Figura 17 – Project Model Canvas

Fonte: José Finocchio Junior (CC BY-NC-ND 3.0)/PM Canvas Project Management.

Para facilitar ainda mais sua compreensão e seu preenchimento, os 13


pequenos blocos apresentados na figura anterior estão agrupados em 5
blocos maiores que respondem a 6 simples perguntas (Por quê? O quê?
Quem? Como? Quando e Quanto?), conforme podemos observar na figura a
seguir:

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Rafael Presotto | Luis Vanucci

Figura 18 – Representação dos cinco blocos de perguntas


do Project Model Canvas

Fonte: José Finocchio Junior (CC BY-NC-ND 3.0)/PM Canvas Project Management.

Na primeira coluna do
projeto, que considera 3
Quer conhecer mais
pequenos blocos (justificativa,
detalhes sobre a lógica do PM
objetivo SMART e benefícios), Canvas? Assista ao vídeo disponível
responde-se à pergunta “Por quê” em https://www.youtube.com/
(...realizar/executar esse projeto?); watch?v=te-wbf_gB9I e entenda
ou seja, quais são as justificativas/ com maiores detalhes como esta
metodologia funciona. Acesso em:
problemas; qual é o objetivo
20 jun. 2021.
SMART; e quais são os possíveis
benefícios futuros que o projeto
pode proporcionar.

49
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Figura 19 – Etapas do Project Model Canvas (Coluna 1)

Fonte: Elaborada pelos autores.

A segunda coluna, cujas respostas estão relacionadas a pergunta “O quê”


(...é o projeto?), é composta pelos itens, produto e requisitos. No primeiro
(produto ou serviço), se apresenta o objeto do projeto, ou seja, o que ele vai
proporcionar ou qual solução ele entrega; já em requisitos são mostradas
as exigências dos clientes/consumidores do projeto. Desta forma, a coluna é
configurada conforme podemos observar na figura 20:

Figura 20 – Etapas do Project Model Canvas (Coluna 2)

Fonte: Elaborada pelos autores.

50
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Na terceira coluna, onde se responde à pergunta “Quem?”, apresentaremos


todos os possíveis envolvidos no projeto:

Figura 21 – Etapas do Project Model Canvas (Coluna 3)

Fonte: Elaborada pelos autores.

Na quarta coluna, devemos seguir os passos destacados na figura 22,


respondendo quais são as premissas, ou seja, o que imaginamos que é
necessário para que o projeto aconteça; quais os grupos de entrega, passos
(relacionados aos requisitos) para que o projeto se concretize efetivamente;
e, por fim, quais as restrições do projeto, ou seja, aquilo que possa estar fora
do controle da equipe e que possa influenciar ou prejudicar no andamento
do projeto.

Figura 22 – Etapas do Project Model Canvas (Coluna 4)

Fonte: Elaborada pelos autores.

51
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

No quinto, último e não menos importante grupo, estão previstos os


riscos, a linha do tempo e os custos do projeto, itens que respondem às
perguntas “Quando?” e “Quanto?”. Os riscos podem ser identificados por
meio de incertezas, fatores ou agentes que podem interferir no andamento
do projeto; na linha do tempo, projeta-se um cronograma diretamente
conectado com os grupos de entrega do bloco anterior; e, por último,
apresenta-se um dos itens mais importantes do projeto, os custos, nos quais
são calculados todos os recursos/investimentos (materiais e humanos) para
viabilizar o projeto.

Figura 23 – Etapas do Project Model Canvas (Coluna 5)

Fonte: Elaborada pelos autores.

Agora que compreendemos um pouco mais sobre os conceitos de


gestão do esporte e de seu contexto para a gestão dos projetos sociais de
futebol e futsal, conheceremos as possibilidades de implementação deste
conhecimento na elaboração de um plano de projeto. No tópico 2, estudaremos
as principais características da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) e a forma de
construir um projeto de futebol e/ou futsal utilizando esse mecanismo.

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Rafael Presotto | Luis Vanucci

UNIDADE 3 Tópico 2

A Lei de Incentivo ao Esporte − LIE


(Lei n°. 11.438/06) e a elaboração
de um projeto social de futebol e futsal

N
o tópico 2 desta unidade, vamos conhecer a Lei de Incentivo
ao Esporte – LIE (Lei Nº 11.438/06), um mecanismo federal de
incentivo fiscal em execução desde 2007, e as suas principais
características. Focaremos também nos requisitos para submissão de um
projeto esportivo ou paradesportivo na conta da organização proponente,
na plataforma da Secretaria Especial do Esporte, do Ministério da Cidadania.

Aplicaremos os conceitos e os aspectos, específicos da LIE, no conteúdo


aprendido no tópico 1 desta unidade, a fim de elaborarmos um projeto social de
futebol e/ou futsal.

Você já parou para pensar que a LIE pode ser apenas uma entre tantas
outras ferramentas de incentivo e/ou financiamento disponíveis para os seus
projetos? Pois é, a ideia, aqui, é a de despertarmos seu interesse para novas
pesquisas, estudos e atualizações, para que, através de caminhos diversos,
você saiba como buscar recursos para os projetos de futebol e futsal da sua
organização.

1 A Lei de Incentivo ao Esporte − LIE (Lei N°. 11.438/06) e sua aplicação em


projetos sociais
A Lei de Incentivo ao Esporte – LIE, Lei nº 11.438, regulamentada pelo
decreto nº 6.180/2007, está em execução desde 2007. A LIE, como é mais
conhecida, autoriza e possibilita que qualquer pessoa física ou pessoa
jurídica direcione recursos provenientes de renúncia fiscal para projetos de
diferentes manifestações esportivas e paradesportivas em todo o território

53
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

nacional (BRASIL, 2021).

A LIE permite que qualquer


Assista ao vídeo
pessoa física, que declara o
disponível neste endereço:
imposto de rendo pelo modelo
https://www.youtube.com/
watch?v=Cp4x3MAsHwE e saiba completo, doe para projetos
como pessoa física e pessoa esportivos e paradesportivos,
jurídica podem contribuir previamente aprovados pela
para projetos esportivos e Secretaria Especial do Esporte, do
paradesportivos, via LIE. Acesso
Ministério da Cidadania, até 6% do
em: 20 jun. 2021.
imposto de renda devido, a título
de patrocínios ou doações. No
caso de pessoa jurídica, o valor estabelecido é de até 1% do imposto devido;
porém, neste caso, a dedução é exclusiva para empresas tributadas com base
no lucro real (DECRETO Nº 6.180/2007). É importante destacar que, para a
pessoa jurídica, este benefício não compete com outros incentivos fiscais, ou
seja, empresas podem doar e/ou patrocinar projetos tanto na LIE, quanto na
Lei de Incentivo à Cultura, por exemplo.

Veremos a seguir as principais características da Lei de Incentivo ao


Esporte – LIE:

a) Quem pode apresentar projetos na LIE: qualquer pessoa jurídica, de direito


público ou privado, com fins não econômicos e de natureza esportiva, cujo
ato constitutivo disponha expressamente sobre sua finalidade esportiva
(Decreto nº 6.180/2007).

b) Definição das manifestações esportivas: a organização proponente


do projeto na LIE deverá escolher uma, entre as 3 (três) manifestações
esportivas (BRASIL, 2013), para cada um dos projetos propostos, respeitando
os conceitos das 3 manifestações. A primeira manifestação, denominada
desporto educacional, é aquela praticada nos sistemas de ensino e em
formas assistemáticas de educação, onde se deve, basicamente, evitar
a seletividade e a hipercompetitividade de seus praticantes; a segunda
manifestação é o desporto de participação, praticado de modo voluntário,
cuja finalidade é contribuir para a integração dos praticantes; por último,
a manifestação classificada como desporto de rendimento é aquela cuja
prática se dá seguindo normas gerais e regras de prática esportiva, nos

54
Rafael Presotto | Luis Vanucci

âmbitos nacionais e internacionais, tendo como finalidade obter


resultados e integrar pessoas, nações e comunidades entre países; já
o desporto de formação, cuja característica é o fomento e aquisição
de conhecimentos desportivos, tem como objetivo promover o
aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo da prática desportiva em
diferentes aspectos, sejam eles recreativos, competitivos ou de alta
competição.

Figura 24 – Definição das manifestações esportivas

Fonte: Elaborada pelos autores.

55
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

c) Processo (tramitação do projeto) na LIE: O projeto submetido à LIE segue o


processo de tramitação destacado na figura a seguir:

Figura 25 – Definição das manifestações esportivas

Fonte: Adaptada de BRASIL (2020).

56
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Na figura 26, é possível visualizar o fluxo de análise que ocorre após a


captação de recursos do projeto, sendo que o proponente, quando conseguir
captar no mínimo 20% do valor autorizado, poderá solicitar a análise técnica
e orçamentária.

Figura 26 – Fluxo de análise técnica e orçamentária na LIE

Fonte: Elaborada pelos autores.

d) Tramitação prioritária na LIE: Os projetos terão prioridade para análise


de acordo com a pontuação, seguindo os seguintes critérios:1)
manifestação desportiva educacional - 2 pontos; (2) localidades
consideradas de alta ou muito alta vulnerabilidade social – IPEA
- 1 ponto; (3) projetos paradesportivos - 1 ponto; (4) previsão de
contrato de patrocínio de estatais devidamente publicado em edital
– 1 ponto; (5) Tenham como proponentes municípios (prefeituras) -
1 ponto; (6) considerados como renovação ou reedição de projeto
executado ou em execução com o mesmo objeto - 1 ponto; (7)
Estejam inseridos nos programas do Governo Federal - 1 ponto; (8)
contenham contrato de patrocínio no valor de no mínimo 20% do

57
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

total do projeto - 1 ponto; e (9) projetos cujo objetivo seja a realização


de competições que estejam incluídas no calendário esportivo
oficial, nacional ou internacional, das entidades de administração do
desporto - 1 ponto (BRASIL, 2020).

Para cadastrar os projetos esportivos ou paradesportivos da sua


organização na LIE é preciso, inicialmente, que você realize um cadastro
individual a partir da numeração de CPF; em seguida, você já poderá cadastrar
sua organização ou solicitar vínculo junto a outra organização cadastrada, de
modo a poder realizar a submissão do projeto. Disponível neste endereço:
https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/lei-de-incentivo-
ao-esporte/acesso-aos-sistemas-1. Acesso em: 20 jun. 2021.

e) Prazo e limite para cadastramento dos projetos: Os projetos poderão ser


submetidos no sistema da LIE entre 1 de fevereiro e 15 de setembro,
respeitando o limite de apresentação de até (06) projetos por ano-
calendário, por proponente.

f) Apresentação dos documentos do proponente: Estatuto Social e


respectivas alterações registradas e averbadas em cartório; cópia da
Ata da assembleia que empossou a atual diretoria; cópia do CPF e
dos documentos de identidade dos diretores ou responsáveis legais;
CNPJ (comprovante de no mínimo um ano de funcionamento). Será
dispensado o reconhecimento de firma e a autenticação de cópia,
quando o agente público puder confrontar as assinaturas e sua
autenticidade com os originais, ou apresentar declaração (modelo)
escrita e assinada (PDF).

g) Apresentação das certidões negativas: Certidão de regularidade do


FGTS – CRF; certidão negativa de débitos relativos aos tributos
federais e à dívida ativa da união (CQTS/INSS); certidão negativa de
débitos relativos a tributos municipais e dívida ativa do município;
certidão de quitação de tributos estaduais; regularidade trabalhista,
conforme dados da certidão negativa de débitos trabalhistas (CNDT),
prevista no artigo 642-a do decreto n° 5.452, de 1° de maio de 1943,
fornecido pelo tribunal superior do trabalho.

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Rafael Presotto | Luis Vanucci

h) Plano de trabalho: No plano de trabalho vamos, finalmente, adequar


o nosso projeto, seguindo as principais diretrizes da LIE; ou seja,
chegou a hora, em processo de cocriação com outros membros da
organização, de colocar o seu projeto no papel, transportando sua
ideia, seu plano do projeto, para o modelo sugerido do Project Model
Canvas, para que se tenha uma visão geral do projeto. Para adequar
nosso projeto à LIE devemos, basicamente, apresentar a identificação
do objeto do projeto, detalhando a manifestação desportiva
selecionada: se o projeto é desportivo ou paradesportivo; quais são
os objetivos específicos, a metodologia de trabalho e execução do
projeto; qual a justificativa para que o projeto seja executado (por
exemplo, naquela região ou com aquele público-alvo específico);
quais as estratégias de ação que descrevem detalhadamente como o
projeto deverá acontecer, grade horária das atividades dos alunos/
atletas e grade horária dos profissionais, além das metas qualitativas
e quantitativas, apresentadas com seus respectivos indicadores e
instrumentos de verificação; e, por fim, a apresentação da planilha
orçamentária e o cronograma de execução das atividades.

Todos os detalhes da Lei 11.438/06, estão disponíveis neste


endereço: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/
l11438.htm, no qual é possível acessar detalhes da LIE, bem como saber de
todas as evoluções e adaptações que ocorreram na referida Lei. Acesso em:
20 jun. 2021.

2 Elaboração de um plano de projeto social de futebol com a LIE


Neste momento, vamos pôr em prática os conceitos estudados até aqui.
Observe os exemplos que serão apresentados e reflita sobre os projetos que
você poderá elaborar de acordo com a realidade em que vive.

Na figura 27, podemos visualizar o plano do projeto aplicado no PM


Canvas, utilizando a LIE como base. É importante ressaltar que neste quadro
teremos a visão geral do projeto; porém, para cada bloco, podemos especificar
as tarefas, os envolvidos, as entregas, o cronograma, o orçamento etc. Assim,
o projeto estará ainda melhor estruturado para ser submetido à LIE.

59
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Figura 27 – Plano de projeto esportivo de futebol, utilizando o PM Canvas

Fonte: José Finocchio Junior (CC BY-NC-ND 3.0)/PM Canvas Project Management.

No exemplo apresentado, criamos um projeto que realizará aulas de


futebol de campo para atender 100 crianças com idade entre 6 e 10 anos, no
município de Fortaleza, durante 12 meses, no ano de 2022. Como justificativas
para a realização deste projeto, temos a falta de promoção de atividades
físicas e de lazer às crianças de uma comunidade de alta vulnerabilidade
social; tal realidade permite que as crianças permaneçam nas ruas enquanto
seus pais trabalham. Nesse contexto, imaginamos melhorar a qualidade de
vida do público-alvo, além de aumentar a frequência nas escolas; por fim,
pretendemos aumentar também a quantidade de crianças praticando futebol.

60
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Conheça, nesses endereços, alguns exemplos de projetos sociais


voltados para o universo do futebol, no Brasil e no mundo. São eles:

Futebol Social: http://www.futebolsocial.org.br/#sobre


Fundação Gol de Letra: https://www.goldeletra.org.br/projeto/gol-pela-
igualdade/
Futebol de Rua: https://www.futebolderua.org/
Craque do Amanhã: http://www.craquedoamanha.org/home.php
Fundação Edmilson: https://www.facebook.com/fundacaoedmilson
Manchester United Foundation: https://www.mufoundation.org/
Barça Foundation: https://foundation.fcbarcelona.com/home

Acesso em: 20 jun.2021.

Chegamos ao final da unidade 3. Você aprendeu os princípios da gestão


do esporte (contextualizados no gerenciamento de projetos e aplicados com
as principais características e particularidades da LIE), de modo a ser capaz
de desenhar e estruturar um projeto social de Futebol e/ou Futsal para a
organização na qual você trabalha ou poderá vir a trabalhar.

Na Unidade 4, conheceremos as possíveis fontes de financiamento,


os tipos de recursos existentes, bem como a importância da prestação de
contas perante todos os stakeholders.

Até a próxima unidade!

61
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

UNIDADE 3 Lista de figuras

Figura 17 – Project Model Canvas


Fonte: José Finocchio Junior (CC BY-NC-ND 3.0), no portal PM Canvas Project
Management. Disponível em: http://pmcanvas.com.br/download/. Acesso em: 10
ago. 2021.

Figura 18 – Representação dos cinco blocos de perguntas do Project Model


Canvas
Fonte: José Finocchio Junior (CC BY-NC-ND 3.0), no portal PM Canvas Project
Management. Disponível em: http://pmcanvas.com.br/download/. Acesso em: 10
ago. 2021.

Figura 27 – Plano de projeto esportivo de futebol, utilizando o PM Canvas


Fonte: José Finocchio Junior (CC BY-NC-ND 3.0), no portal PM Canvas Project
Management. Disponível em: http://pmcanvas.com.br/download/. Acesso em: 10
ago. 2021.

62
Rafael Presotto | Luis Vanucci

UNIDADE 3 Referências
ARMANI, Domingos. Como elaborar projetos: guia prático para elaboração e
gestão de projetos sociais. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2002.

BRASIL. Decreto 6.180/2007, de 03 de agosto de 2007. Regulamenta a Lei


nº 11.438, de 29 de dezembro de 2006, que trata dos incentivos e benefícios
para fomentar as atividades de caráter desportivo. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Brasília, seção 1, p. 1, 6 ago. 2007. Disponível em: http://
www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2007/decreto-6180-3-agosto-2007-
557793-publicacaooriginal-78464-pe.html. Acesso em: 21 mar. 2018.

BRASIL. Decreto 7.984/2013, de 08 de abril de 2013. Regulamenta a Lei nº 9.615,


de 24 de março de 1998, que institui normas gerais sobre desporto. Diário Oficial
da República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1, p. 5, 9 abr. 2013. Disponível
em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2013/decreto-7984-8-abril-2013-
775702-publicacaooriginal-139449-pe.html. Acesso em: 21 mar. 2018.

BRASIL. Lei nº 11.438, de 29 de dezembro de 2006. Dispõe sobre incentivos


e benefícios para fomentar as atividades de caráter esportivo e dá outras
providências. Brasília, DF: Planalto, 2006. Disponível em:
https://legislacao.presidencia.gov.br/
atos/?tipo=LEI&numero=11438&ano=2006&ato=f70cXTq5kMRpWT54e. Acesso em:
20 mar. 2018.

BRASIL. Ministério da Cidadania. Gabinete do Ministro. Portaria 424/2020, de


22 de junho de 2020. Dispõe sobre o cadastramento, a admissibilidade e a
tramitação dos projetos desportivos ou paradesportivos, bem como a captação,
o acompanhamento e o monitoramento da execução e do cumprimento dos
projetos devidamente aprovados, de que tratam a Lei nº 11.438, de 29 de dezembro
de 2006, e o Decreto nº 6.180, de 3 de agosto de 2007, no âmbito do Ministério do
Cidadania. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1, p. 5,
23 jun. 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-424-
de-22-de-junho-de-2020-262970445. Acesso em: 23 maio 2021.

FINOCCHIO Júnior, José. PM Canvas Project Management. 2016. Disponível em:


http://pmcanvas.com.br/jose-finocchio-junior/. Acesso em: 20 mai. 2021.

MAZZEI, L. C; ROCCO JÚNIOR, A. J. Um ensaio sobre a Gestão do Esporte: Um


momento para a sua afirmação no Brasil. Revista de Gestão e Negócios do
Esporte (RGNE), São Paulo, SP. v. 2, n. 1, p. 96-109, maio, 2017.

PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Um guia do conhecimento em


gerenciamento de projetos (Guia PMBOK®). Ed. 5, São Paulo: Saraiva. 2014.

ROCHA, C.; BASTOS, F. Gestão do Esporte: Definindo a área. Revista Brasileira de


Educação Física e Esporte, São Paulo, v.1 n. 1. P. 64-78, maio, 2016.

63
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Unidade 4
Financiamento de projetos sociais
de futebol e futsal

Caro leitor,

N
esta unidade do livro Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal,
vamos tratar de um tema extremamente relevante para viabilizar a
execução dos projetos sociais: a busca por financiamento!

Além disso, apresentaremos os tipos de recursos de cada uma dessas


fontes de financiamento; falaremos, ainda, sobre a importância da transparência,
da comunicação e da prestação de contas junto aos agentes e/ou atores que de
alguma forma estão envolvidos com o projeto (os stakeholders), como por exemplo:
governo, patrocinadores, comunidade, entre outros.

Ao final da nossa unidade 4, aprenderemos a elaborar um plano de ação para


captação de recursos de um projeto social de futebol e/ou futsal, a fim de pleitear
os diversos tipos que existem no mercado de captação no terceiro setor. Será
um enorme prazer ter você conosco para discutirmos todos os detalhes acerca
da captação de recursos e transparência de um projeto social, com o objetivo de
tornar o projeto do seu sonho realidade.

Bons estudos!

Objetivos

€
Conhecer as fontes de financiamento e tipos de recursos para projetos sociais
€
Identificar os meios de captação de recursos
€
Estudar sobre a transparência na gestão dos recursos financeiros e prestação
de contas aos agentes e/ou atores envolvidos com o projeto (stakeholders
€
Aprender a elaborar um plano de ação para captação de recursos de um
projeto social

64
Rafael Presotto | Luis Vanucci

UNIDADE 4 Tópico 1

Fontes de financiamento e tipos de recursos


para projetos sociais

N
este primeiro tópico de nossa unidade 4, abordaremos uma das variáveis
que talvez seja a mais importante dentro do processo de gestão de um
projeto social: a captação de recursos. Afinal, se você não consegue
captar os recursos necessários para viabilizar um projeto, este poderá ficar apenas
no papel, “engavetado” para sempre.

A captação de recursos para financiar


um projeto (que, muitas vezes, corresponde
Você já parou ao sonho de vida de alguém), exige do gestor
para pensar do esporte - mais especificamente, do gestor
que o processo de captação de projetos sociais - uma visão ampla de todo
de recursos pode começar
o projeto. Já essa perspectiva, necessária ao
na concepção e elaboração
gestor, exige o conhecimento sobre as fontes
do seu projeto, passando
pela definição dos objetivos de financiamento e os tipos de recursos que
e metas, público-alvo e podem ser pleiteados junto a diferentes e
local de execução? potenciais patrocinadores.

Refletiremos, ainda, sobre a importância


do planejamento e das estratégias para elaborar um plano de captação, a partir
das fontes de financiamento e tipos de recursos existentes e viáveis para os
projetos. Primeiramente, imagine como entregar ao seu financiador um retorno
pelo investimento realizado no projeto; ou seja, imagine como convencer um
potencial patrocinador a investir em um novo projeto, o seu, de modo que ele tenha,
por exemplo, a exposição da marca da empresa patrocinadora nos materiais de
comunicação e nas ativações do projeto proposto por você e não nos de outros
projetos ou meios de comunicação convencionais.

65
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Além disso, você precisa pensar, ao longo de todo o processo, na transparência,


que envolve diretamente a comunicação, e na prestação de contas; e aqui, voltamos
a refletir sobre a importância de estruturar o projeto estrategicamente, desde sua
concepção até sua avaliação, a fim de que, no momento do encerramento do
projeto e elaboração dos relatórios finais,
tudo já tenha sido pensado para facilitar a
prestação de contas. Neste estudo das
pesquisadoras Ana
Sendo assim, precisamos pesquisar e Lúcia Castilho da Mota e Vânia
estudar bastante para tornar o processo de Maria Jorge Nassif, disponível
captação de recursos mais eficiente e eficaz; no endereço https://www.
regepe.org.br/regepe/article/
e para que essa variável não seja o “gargalo”
view/309, você pode conhecer
que impedirá seu projeto de ser executado. um pouco mais sobre captação
Para isso, procure formas diferentes e de recursos em organizações
inovadoras de colocar as estratégias de do terceiro setor. Acesso em:
captação em ação, valorizando não só os 15 jul. 2021.

beneficiários diretos e indiretos dos projetos,


mas também o relacionamento com os potenciais financiadores e patrocinadores,
ou seja, os “consumidores”.

1 Captação de recursos: tipos e fontes de financiamento


Para tratar do tema captação de recursos, é preciso, inicialmente, considerá-lo
como diretamente ligado ao marketing e à comunicação de uma organização. Nesse
sentido, é possível realizar, por exemplo, um diagnóstico sobre a atuação de uma
organização, a fim de melhorar produtos ou serviços, identificar novas oportunidades
e formas de agir na sociedade, assim como estabelecer parcerias com iniciativas
públicas e privadas, aumentando, assim, as possibilidades de captação de recursos.
(CARVALHO; FELIZOLA, 2009)

Desta forma, com a aplicação adequada das ferramentas do marketing


(CARVALHO; FELIZOLA, 2009), seria possível obter resultados melhores para uma
organização, tal como se pode observar na figura a seguir:

66
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Figura 28 – Fluxo de aplicação das ferramentas de marketing

Fonte: Adaptada de Carvalho; Felizola (2009, p. 13).

Consideramos, então, o
O marketing esportivo
marketing (especialmente o
pode ser segmentado e
denominado, por alguns autores, marketing esportivo), como uma
como marketing “do” esporte e função organizacional estabelecida
marketing “através” do esporte. em uma organização, e um processo
Para saber um pouco mais sobre de elaborar e implementar atividades
esses conceitos e sobre outras
do mix de marketing (produção,
características do marketing
esportivo, além de acessar outros formação de preço, promoção e
estudos relacionados ao tema, distribuição de um produto esportivo),
consulte o artigo dos professores a fim de satisfazer as necessidades
Dr. Leandro Mazzei, Nara S. de ou desejos dos seus consumidores e
Oliveira, Dr. Ary Rocco Jr. e Dra.
atingir os objetivos da empresa (PITTS;
Flavia Bastos, disponível em:
STOTLAR, 2002). Veremos, agora,
https://periodicos.uninove.br/
algumas das fontes de financiamento
remark/article/view/12504. Acesso
em: 15 jul. 2021. e tipos de recursos disponíveis, de
acordo com a classificação adotada
por Camargo et al. (2001); Jacques et al. (2014), Santos et al. (2013), adaptado por
Vanucci (2019), como mostra a figura a seguir:

67
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Figura 29 - Fontes de financiamentos e tipos de recursos

Fonte: Elaborada pelos autores.

2 Captação de recursos do setor público


Uma das principais fontes de financiamento das organizações do terceiro setor
(OTS) são os recursos do setor público, oriundos das três esferas (municipal, estadual
e federal). Para as organizações que buscam ou já são beneficiadas por recursos
públicos, a manutenção, a atualização e a regularização quanto aos seus registros,
estatutos e certidões negativas, por exemplo, são exigências constantes para que
consigam concorrer a esses recursos em eventuais oportunidades, seja em um edital
de chamamento público ou, ainda, a partir de novas legislações (municipais, estaduais
ou federais) que permitam às organizações esportivas pleitearem recursos públicos
nas respectivas áreas de interesses da organização. Essa captação, em especial,
pode ocorrer de duas maneiras:

68
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Figura 30 – Formas de captação de recursos do setor público

Fonte: Adaptada de Santos et al. (2013, p. 14).

Um dos recursos públicos


Conheça e identifique mais conhecidos (disponíveis às
as empresas da sua organizações esportivas nas três
região que mais investiram em esferas governamentais) são as Leis de
projetos esportivos através da
Incentivos fiscais (LIE). Especialmente
Lei de Incentivo ao Esporte,
no âmbito Federal, a Lei nº 11.438 de
no período entre 2007 e 2019.
O estudo seguinte apresenta 29 de dezembro de 2006 permite que
essas e outras informações qualquer pessoa física possa destinar
importantíssimas: até 6% do imposto; já a pessoa jurídica,
http://www. até 1% do imposto devido (BRASIL,
incentiveprojetos.com.br/
2007). Nas outras esferas, estaduais
noticias/?url=lie--analises-e-
estatisticas-2007-2019. Acesso e municipais, as legislações são
em: 15 jul. 2021. específicas e apresentam mecanismos
distintos. Nesses casos, a sugestão
é que você pesquise nas secretarias de esportes dos seus estados e municípios
para saber mais sobre as leis de incentivo e/ou outros tipos de recursos que uma
organização pode buscar regionalmente.

Além dos tipos de recursos citados anteriormente, Camargo et al. (2001)


apresentam outras formas de captar recursos em fontes públicas, tais como:

69
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

ƒ a subvenção social (suplementação de recursos da União às empresas,


sociedade de economia mista e entidades privadas sem fins lucrativos);

ƒ a transferência de capital (aquisição de imóveis - necessários para as


atividades das entidades, execução de obras, além de aquisição de
instalações, equipamentos e materiais);

ƒ os contratos e convênios (formas jurídicas pelas quais o poder público


acorda com entidades públicas ou privadas para execução de projetos de
interesse público).

O Banco CAIXA realiza ciclos de doações de mobiliários de forma


contínua, sendo que as instituições podem se cadastrar por meio de editais
divulgados pelo próprio banco. Para saber mais acesse:
https://www.caixa.gov.br/esportes/bolsa-atleta/Paginas/default.aspx.
Acesso em: 15 jul. 2021.

3 Captação de recursos do setor privado

Em relação à captação de recursos do setor privado, ressaltamos que, ao longo


dos últimos anos, muitas empresas que investiam com recursos diretos em projetos
esportivos deixaram de “gastar” esses recursos próprios e passaram a utilizar
outras fontes financeiras, como os incentivos fiscais, que permitem às empresas
patrocinarem projetos esportivos e paradesportivos de diferentes naturezas
na indústria do esporte. Isto lhes serviu como ferramenta de comunicação, pois
utilizaram o esporte como meio de aumentar o reconhecimento de suas marcas,
melhorar suas imagens empresariais em determinada região, investir em uma
comunidade na qual possuíssem uma unidade de negócio, ou até mesmo aumentar
a venda de um novo produto.

70
Rafael Presotto | Luis Vanucci

No artigo Patrocínio esportivo e evolução histórica da relação


fornecedor-clube de futebol no Brasil e na Europa, você encontra mais
conceitos e detalhes sobre o tema patrocínio esportivo no futebol. E no site
IBOPE/ REPUCOM, você pode conhecer o mapa dos patrocinadores dos
clubes da série A do Campeonato Brasileiro 2020/2021. Acesse nos links:
https://www.researchgate.net/publication/318205075_Patrocinio_
esportivo_e_evolucao_historica_da_relacao_fornecedor-clube_de_futebol_
no_Brasil_e_na_Europa. Acesso em: 15 jul. 2021.
https://www.iboperepucom.com/br/noticias/mapa-do-patrocinio-de-
uniforme-de-futebol-no-brasil-em-2020-21/. Acesso em: 15 jul. 2021.

Como curiosidade e fonte de informação, a figura a seguir mostra os resultados


de uma pesquisa com os dados de nove OTS:

Figura 31 - Fontes de financiamentos das organizações esportivas

Fonte: Adaptada de Vanucci (2019, p. 63).

No gráfico, é possível observar as fontes de financiamentos das Organizações


Esportivas (OE) pesquisadas, sendo que OE1 foi a única que apresentou 100% dos
seus recursos provenientes do setor privado. As organizações 2, 3 e 6 apresentaram
apenas recursos do setor público, especialmente da LIE. As outras organizações (4,
5, 7, 8 e 9) demonstraram uma maior variedade entre as fontes de financiamento
públicas, privadas e de pessoa física, apesar das OEs 4, 8 e 9 também apresentarem
dependência das fontes do setor público, numa média de aproximadamente 74%,
98% e 90%, respectivamente (especialmente da Lei de Incentivo ao Esporte).

71
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

4 Captação de recursos com pessoa física


Outra possível fonte de financiamento para os projetos de uma organização são
as Pessoas Físicas. Porém, é importante esclarecer que, neste conteúdo, a Pessoa
Física (PF), que doa via incentivos fiscais, ou seja, pelo imposto de renda (via LIE,
por exemplo), foi considerada um doador cuja fonte de financiamento é pública, e
não recurso próprio da PF.

Esse tipo de recurso direto, proveniente da “fonte” direta da PF, acaba


oferecendo um formato de doação mais rápido, com poucas exigências burocráticas,
como é o caso das doações por campanhas de incentivo coletivo (Crowdfunding).
Esses são tipos de campanhas que oferecem, por exemplo, modelos com prazos e
metas definidas, ou ainda com doações de forma recorrente, por meio de assinaturas
mensais. Tanto em um caso como no outro, o proponente do projeto pode ainda
oferecer recompensas aos doadores, de acordo com o valor doado.

Outra possível vantagem de contar com doadores PF é que o envolvimento


desta pessoa com a organização para a qual está doando pode vir agregado ao
trabalho voluntário, criando vínculo com a organização beneficiada e garantindo
continuidade das doações, sejam elas em bens ou prestação de serviços. (SANTOS
et al. 2013).

Segundo uma pesquisa da Deloitte (2015), a captação de recursos com


pessoas físicas no Brasil acontece de diferentes maneiras. Uma delas é o face to
face, caracterizada por um tipo de abordagem pessoal e direta, feita por pessoas
que representam alguma organização ou causa e, normalmente, acontece em
pontos de grande circulação de pessoas. Outra forma, que provavelmente você já
deve ter observado, são as microdoações, que acontecem nos casos de compras de
supermercado, por exemplo, em que o consumidor aceita o arredondamento para
cima sobre o valor total das compras. Nesse caso, o consumidor doa automaticamente
a diferença do valor para algum projeto ou causa. E, como já foi citado, outro modelo
para doação de PF é o Crowdfunding  financiamento coletivo com doações
financeiras por meio de sites e aplicativo pela internet (DELOITTE, 2015).

Existe também aqui, no Brasil, o Dia de Doar, dia nacional de mobilização para
promover a doação no país. Nos EUA, ele é conhecido como Giving Tuesday e já está
se tornando um movimento global, que acontece na primeira terça-feira depois do
Dia de Ação de Graças. A campanha, que acontece anualmente, mobiliza milhões de
pessoas e pode ser executada por qualquer organização que queira utilizar esse dia
como um gatilho para captar recursos e, principalmente, conscientizar as pessoas

72
Rafael Presotto | Luis Vanucci

sobre a importância da cultura da


doação.
O relatório da World Givin
Outras ferramentas para Index (WGI), da Charities
captação de recursos são as Aid Foundation, mostra um “Ranking
plataformas de tecnologia, que Global de Solidariedade” a partir de
três tipos de doações avaliadas na
estão ganhando cada vez mais força
pesquisa. Ele mostra que, no Brasil,
e fazendo parte do dia a dia das existe uma baixa cultura de doação
organizações sociais, das empresas de pessoa física, apesar de esse
interessadas em conhecer e patrocinar número ter aumentado nos últimos
projetos e iniciativas sociais, bem anos. Você já parou para refletir
sobre a sua cultura de doar? Acesse
como dos doadores PF.
o relatório no link:
Este tipo de plataforma https://www.idis.org.br/
permite aos proponentes que publicacoesidis/world-giving-
index-2021/.%20Acesso%20
elaboram, executam e prestam
em:%2015%20jul.%202021. Acesso
contas de projetos, o cadastramento
em: 15 jul. 2021.
dos dados da organização e dos
projetos. Por meio dos dados e
informações disponíveis, a plataforma conecta, de forma inteligente, proponentes
e patrocinadores. Desse modo, ela facilita, por exemplo, a tomada de decisão por
parte dos responsáveis pelo setor de responsabilidade social nas empresas, além de
tornar o processo de seleção dos projetos mais democrático e transparente.

Explore nos links disponibilizados a seguir alguns sites que


oferecem esses serviços de captação de recursos por meio de plataformas
online. Prosas (https://prosas.com.br/editais); Incentiv.me (https://site.
incentiv.me/); Simbiose Social (https://simbiose.social/plataforma-de-
projetos); Abrace uma causa (https://doeseuir.abraceumacausa.com.br/); Bee
the change (https://www.beethechange.com.br/); Sponsor (https://www.
sponsor.com/pt/); Patrolink (https://www.patrolink.com.br/); Trackmob
(https://trackmob.com.br/); Doare (https://doare.org/); Eu apoio (https://
euapoio.com.br/). Acesso em: 15 jul. 2021.

Agora que você já conheceu algumas fontes de financiamento e tipos de


recursos possíveis para os projetos sociais de futebol e futsal, vamos pensar em
como agir para ser eficiente e eficaz. Para isso, mais uma vez voltamos a um tema
do qual já falamos inúmeras vezes nesta e nas unidades anteriores, o planejamento.

73
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

UNIDADE 4 Tópico 2

Plano de ação para captação de recursos e governança

N
este momento, vamos, mais especificamente, ao nosso plano de
captação de recursos; ou seja, a partir dos objetivos estratégicos
organizacionais (aqueles definidos no planejamento estratégico
de uma organização e que foram alinhados aos objetivos estratégicos no
planejamento de marketing), vamos aprender a criar e desenvolver o plano
de ação para a captação de recursos de uma organização.

Quadro 1 – Exemplo de parte de um planejamento estratégico de marketing


Projetos (produto/ Estratégias Estratégias de
serviço) Estratégias de Estratégias de
Objetivos Metas de comunicação/
produto preço
Nome Valor distribuição promoção

1. Criar 1. Estabelecer 1. Manutenção 1. Promover ações


contrapartidas valores das cotas com os de ativação
personalizadas dos projetos, parceiros de patrocínio,
para cada realistas e atuais para além das
patrocinador. viáveis ao manutenção contrapartidas
cenário de dos estabelecidas
captação. incentivos. para cada cota
da LIE.

2. Melhorar o 2. Criar opções 2. Cadastro 2. Propor ações


processo de de cotas nos editais de ativação
apresentação (flexíveis) de com sinergia de patrocínio,
dos projetos. patrocínio e aos projetos. com cocriação
estabelecer junta aos
Aumentar as respectivas patrocinadores
Expandir as em 50% os contrapartidas atuais.
atividades recursos "entregáveis"
da captados para os
Projeto potenciais
organização no principal R$
Futebol de patrocinadores.
com projeto da 500.000,00
Campo
incremento organização
3. Criar uma 3. Oferecer 3. Cadastro 3. Criar
de projetos até
apresentação percentual nas campanhas para
incentivados dezembro
específica para de captação plataformas conscientização
de 2021
cada potencial previsto na online de e incentivo à
patrocinador. LIE para os captação. doação por
"captadores pessoa física, via
externos". 4. Contato/ incentivos fiscais.
parceria com
agências de
captação nos
locais dos
projetos.

5. Contato
parceria com
associações
de classes
para doações
de PF.

74
Rafael Presotto | Luis Vanucci

1. Oferecer 1. Utilizar 1. Utilizar a 1. Criar um


recompensas, diferentes plataforma cronograma
compatíveis valores de "X" para (semanal), com
com o "cotas", a fim “venda" do textos e artes,
público- de atingir um produto e disponibilizar
alvo das público amplo (campanha). links nos
campanhas, em relação grupos de
aos às classes WhatsApp dos
assinantes/ econômicas. colaboradores
doadores; e demais
envolvidos na
organização.

2. Utilizar o 2. Utilizar 2. Entregar as 2. Criar um


modelo de plataformas recompensas cronograma
campanha que permitam via correios de posts;
Aumentar em
financiamento o pagamento e/ou entrega desenvolver as
50% a receita
Diversificar coletivo em diferentes presencial artes e publicar
por doações
as fontes de Campanha adequado formatos, (doador os os posts da
recorrentes
financiamentos de incentivo R$ para os como retira no campanha nas
de pessoa
e os tipos de coletivo 10.000,00 objetivos da bandeiras de escritório da redes sociais,
física com
recursos da (Crowdfunding) organização. cartão, entre organização apresentando
recursos
organização outras opções. ou locais dos a campanha,
próprios em
projetos). suas cotas,
2021
recompensas
e informações
gerais.

3. Criar um 3. Demonstrar   3. Criar uma


perfil e um todos os apresentação/
projeto custos da arte com o
interessando campanha, passo a passo
na plataforma bem como de como uma
para atrair e apresentar pessoa pode
proporcionar as formas doar.
credibilidade como serão
ao potencial utilizados
doador. os recursos
captados na
campanha.

Fonte:  Elaborado pelos autores.

Considerando que os planejamentos estratégicos, organizacionais e


de marketing de uma organização estão prontos e atualizados, criaremos
agora um plano de ação, utilizando uma ferramenta de gestão simples,
denominada 5W2H (What; Why; Where; When; Who; How e; How much),
conforme podemos ver na figura a seguir:

75
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Quadro 2 – Exemplo de plano de ação para captação de recursos

PLANO DE AÇÃO – Captação de recursos

O quê? Quem? Por quê? Quando? Onde? Como? Quanto?

Sites das
empresas, sites
Levantar e
das plataformas Navegando nos
identificar quais Incluir possíveis
que divulgam os sites, ligando
Pesquisa de as empresas que custos de
José Eduardo Semana 1 do editais, pesquisas para as empresas
potenciais investem em LIE ligações, internet,
(Marketing) mês de julho e relatórios identificadas,
patrocinadores na região onde deslocamento,
das secretarias conversando com
o projeto será outros.
de esportes, pares, outros.
executado.
empresas de
consultoria.

Levantar as Incluir possíveis


Oferecer ao
Ferramentas principais custos com
prospect
para elaborar informações web designer,
um material Semana 1
Apresentações José apresentações do projeto e do redatores,
personalizado do mês de
dos projetos Eduardo (Power Point, patrocinador; assinatura de
que apresente julho
Prezi, Adobe, criar um roteiro; ferramentas
o(s) projeto(s)
Google, outras). elaborar a (Adobe, Office
objetivamente.
apresentação. 365, outros).

Plataformas Pesquisar as
Cadastrar todos online, sites empresas/ Incluir possíveis
os projetos A partir da das empresas, plataformas custos
Editais Regina
nos editais semana 1 formulários das com sinergia (mensalidade) das
públicos e (Gerente de
pertinentes, de julho agências de aos projetos plataformas online,
privados projetos)
cujos requisitos (contínuo) captação, envio da organização % de captação
sejam atendidos. por e-mail, e efetuar os para agências.
outros. cadastros

Apresentar Ligar, enviar


Agendar
Cláudio os projetos Semanas 2 Meet, Teams e-mail e Incluir os custos
reunião com
(Gerente de incentivados e 3 do mês ou reunião solicitar uma de deslocamento,
potenciais
marketing) aprovados na de julho presencial. data na agenda alimentação.
patrocinadores
LIE. do executivo.
Criar uma
campanha Incluir o valor
corporativa da produção
Aumentar o A partir da
Campanha para de conteúdo,
número de semana 3 Online e In
para pessoa Cláudio conscientizar ferramentas de
doadores PF na do mês de Company (LIE).
física (PF) empresas sobre marketing digital,
LIE. julho
doações na plataformas de
LIE dos seus doação PF.
funcionários.
Fonte: Elaborado pelos autores.

Esta ferramenta nada mais é do que um checklist de atividades


específicas que serão realizadas seguindo um processo em que os envolvidos
em um projeto, ou em uma atividade, visualizam as suas tarefas. As sete
diretrizes (5W2H) representam as seguintes iniciais (em inglês):

76
Rafael Presotto | Luis Vanucci

Figura 32 – Sete diretrizes 5W2H

Fonte: Adaptada de Endeavor (2021).

Com o plano de ação em mãos, chegou o momento de utilizar todos


os conhecimentos adquiridos nesta e nas outras unidades, as habilidades
desenvolvidas e, principalmente, manifestar a atitude de colocar em prática
o que prevê o planejamento, em níveis estratégicos, funcionais (táticos), mas,
principalmente, em nível operacional (MAXIMIANO, 2000). Envolve-se, desta
forma, todos os níveis de uma organização, exigindo-se, assim, o conhecimento
e o comprometimento de todos em relação ao planejamento da organização.

1 Transparência e prestação de contas nos projetos sociais de futebol e futsal


Os temas deste tópico são tão relevantes quanto todos os outros. Por isso,
conforme já foi citado, é importante começar a pensar na transparência e na prestação
de contas já na etapa de definição dos objetivos, das metas e dos indicadores dos
projetos da organização.

A seleção e escolha dos indicadores adequados e viáveis para mensurar


as respectivas metas alcançáveis e a apresentação de uma planilha com um
cronograma físico-financeiro condizente com os objetivos dos seus projetos,
por exemplo, podem facilitar a prestação de contas final, além de demonstrar
transparência aos stakeholders na entrega final do projeto. Isso porque uma

77
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

meta definida na elaboração do projeto e não atingida pode comprometer não


só a entrega dos resultados do projeto aos órgãos responsáveis pela análise,
aprovação e liberação da execução do projeto, bem como comprometer
a entrega do que foi oferecido como contrapartida ao patrocinador que
financiou aquele projeto.

Nesse cenário, diante da responsabilidade e capacidade de um melhor


gerenciamento dos recursos de um investidor e a fim de evitar falhas, desvios
e tantos outros problemas, faz-se necessária, cada vez mais, a prática da
Governança Corporativa (GC), sejam quais forem os fins ou objetivos das
organizações ou os públicos para os quais destinam-se os seus serviços ou
produtos. (ASSIS; RICCIO, 2017).

Em termos de definição, no ambiente corporativo, a GC caracteriza-se por um


sistema no qual as organizações são dirigidas e controladas (MCNAMEE; FLEMING,
2007). Está entre os seus princípios:

Figura 33 – Princípios da governança corporativa

Fonte: Adaptada de Mota; Nassif (2015, p. 35).

Fora do ambiente corporativo tradicional, a governança no terceiro setor


concentra-se nos administradores das organizações, responsáveis por representar
e proteger os interesses dos membros da comunidade ou do eleitorado (PROVAN;
KENIS, 2007). Contudo, ainda nos casos das ONGs, a governança prevê, além da

78
Rafael Presotto | Luis Vanucci

garantia dos interesses dos beneficiários, que sejam respeitados os interesses dos
doadores e financiadores dos projetos (MOTA; NASSIF, 2015).

Em termos de aplicação dos recursos às organizações, de forma geral, os


mecanismos e ferramentas de GC podem variar, dependendo do contexto em que
estão atuando os atores, bem como do modelo de negócios da organização e das
regulamentações e legislações disponíveis. (ASSIS; RICCIO, 2017)

No Brasil, as orientações quanto aos princípios de governança a serem


aplicados pelas organizações são publicadas por órgãos como a Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) e o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
(IBGC) (ASSIS; RICCIO, 2017).

Acesse o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa,


conteúdo publicado pelo IBGC, órgão de referência máxima do
tema no Brasil. Disponível em: https://conhecimento.ibgc.org.br/Paginas/
Publicacao.aspx?PubId=21138. Acesso em: 15 jul. 2021.

A partir do contexto apresentado sobre GC, utilizaremos, como


referência, o modelo estrutural de governança proposto por Assis e Riccio
(2017), baseado nos quatro pilares que contemplam aspectos de gestão,
administração e transparência nos clubes e organizações brasileiras, conforme
se vê a seguir:

Figura 34 – Quatro pilares da governança corporativa

Fonte: adaptada de Assis e Riccio (2017, p. 10).

79
Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Nesse modelo proposto, cada um dos quatro pilares articula um conjunto


de ações, políticas e diretrizes que têm como objetivo aprimorar a administração
e o processo de gestão da organização. Contudo, para o nosso caso, veremos
detalhadamente na figura a seguir apenas o terceiro pilar, que trata dos temas de
interesse deste tópico:

Quadro 3 – Detalhes do terceiro pilar do modelo de governança corporativa

Fonte: Adaptada de Assis; Riccio (2017).

Agora, a partir do modelo apresentado e de acordo com a realidade e os


contextos sociais, legais e financeiros nos quais está inserida a organização
onde você trabalha ou poderá vir a trabalhar, você poderá implantar e

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aplicar as ações, políticas


e diretrizes de governança
corporativa que propõe este Se quer saber mais sobre
o modelo estrutural de
modelo, especialmente o 3º
Governança Corporativa proposto
pilar, que, conforme vimos, pelos autores Assis e Riccio (2017),
dispõe sobre a transparência, acesse o artigo dos pesquisadores,
comunicação e prestação de disponível neste link:
contas (accountability). https://www.researchgate.net/
publication/326463906_Governance_
Chegamos ao final da in_Professional_Football_a_
unidade 4. Você aprendeu sobre Framework_for_Brazilian_Clubs_
Governanca_no_Futebol_Profissional_
as fontes de financiamento e os Uma_Estrutura_para_Clubes_
tipos de recursos que podem Brasileiros. Acesso em: 15 jul. 2021.
tornar um projeto realidade.
Além disso, teve acesso a um exemplo de plano de ação de captação de
recursos para aplicar em uma organização, além de conhecer um modelo
de governança corporativa, com ações específicas nos temas transparência,
comunicação e prestação de contas (accountability).

Termina aqui o nosso livro de Gestão de Projetos Sociais de Futebol e


Futsal. Espero que você tenha aproveitado ao máximo os nossos conteúdos
e que consiga colocá-los em prática o quanto antes.

Bons estudos e sucesso!

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Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

UNIDADE 4 Referências

ASSIS, Renan B; RICCIO, Edson L. Governança no Futebol Profissional: Uma


Estrutura para Clubes Brasileiros. VIII Congresso Brasileiro de Administração e
Contabilidade – AdCont. Rio de Janeiro, out. 2017.
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para fomentar as atividades de caráter desportivo. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Brasília, seção 1, p. 1, 6 ago. 2007. Disponível em: http://
www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2007/decreto-6180-3-agosto-2007-557793-
publicacaooriginal-78464-pe.html. Acesso em: 21 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 11.438, de 29 de dezembro de 2006. Dispõe sobre incentivos
e benefícios para fomentar as atividades de caráter desportivo e dá outras
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download/mapeamento-dos-recursos-financeiros-disponiveis-no-campo-social-
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Gestão de Projetos Sociais de Futebol e Futsal

Foto de Sasin Tipchai/Pixabay.

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