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Conselho Editorial
Ataliba Teixeira de Castilho
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proibida a reproduçáo total ou parcial em qualquer mídia
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Os infratores estão sujeitos às penas da lei'
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Copyright @ 201 1 do Autor
Foto de caPa
Pedro Maia
Capa
Joáo Paulo S. Freire
Projeto gráfico e diagramação
Gustavo S. Vilas Boas
Preparação de textos
Lilian Aquino
Reuisão
Lourdes Rivera
(clp)
Dados Internacionais de catalo gaçáo na Publicaçáo
(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil
Meihy, José Carlos Sebe B.
i,ri, prático de história oral : para empresas, universidades,
comunid.d.r, famílias / José carlos sebe B. Meihy e suzana L.
Salgado Ribeiro . - São Paulo : Contexto, 2011'
rr-09798 cDD-907.2
Índice paÍacatálogo sistemático:
1. História oral : Guias 907 .2
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Eorrone CoNtExTo
Diretor editorial: Jaime PinskY
Blanco
Perceber é conceber
Aguas de pensamentos
Sou a criatura
Do que vejo
Octduio Paz
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33. Padrões nârrativos em história ora1................. ....117
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34.Históriaoralenarrativasrecortadas................... .....12?
narrativo......
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Fragmento .....................173
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PARTE I
Fun,Camentos
TZ Guia prático de história oral
1. TEMA
Não se deve confun dir históría oral com entrevistas simples, isoladas,
únicas e não gfavadas. Tâmbém não cabe chamar entrevistas comuns de
históriaoral, pois em muitos casos elas se orien' § entrevista é parte do projeto.
tam por procedimentos e práticas diferentes, i Náo vate confundir entrevista
i ::ry. t9lgsse
o trabalho em
respeitáveis e legítimas, mas em outras chaves
explicativas ou outras necessidades. O que J!:?Y::9::);*-*-'--
caracteriza a entrevista em história oral é a sistematização dos processos
organizados pela lógica proposta no proieto iniciaL. Entende'se pot proieto
o plano capaz de articular argumentos operacionais de ações desdobradas
de planejamentos de pesquisas previas sobre algum gÍupo social que tem
algo a dizer. Pode.se afirmar que sem projeto naohahistória oral.Um proieto
funciona como mapa da pesquisa e prevê:
1. planejamento da condução das gravações segundo indicações
previamente feitas;
2. respeito aos procedimentos do gênero escolhido e adequado de
história oral;
3.tratamento da passagem do código oral para o escrito, no caso
da elaboração de um texto final para a pesquisa ou escritura de
um liwo;
4. conferência da gravação e validação;
5. autorização Para o uso;
6. arquivamento e/ou eventual análise;
7. sempre que possível, publicação dos resultados em: catálogos,
relatórios, textos de dir,rrlgação, sites, documentários em vídeo
ou exames analíticos como dissertações ou teses'
Definições áo praZo olJ cronogr4ma e previsão das despesas da execuçao
ou orçdmento devem ser âpresentadas como condição previamente estabe'
lecida. Desde logo, portanto, supõe-se que todo projeto em história oral
tenha claro suas condições de exequibilidade e intenções. Nesse sentido,
é necessário estabelecer se as gravações são fim o:umeio'
r4 Guia prático de história oral
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das, se como meio ou fim.
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Uma das características originais dos projetos de história oral é sua
t capacidade de gerar documentos novos. Fala-se, contudo, da necessidade
de fazê-lo segundo criterios que sempre devem ser elucidados no projeto,
e novamente referenciados no resultado final. O caminho da produção
de documento - gravação, passâgem do oral para o escrito, cuidado ar.
quivístico e uso - completa o ciclo do sentido do experimento em história
oral. Se o projeto se limitar à produção do documento, como fim, sem a
análise complementar, o alcance da história oral será sempre instrumen
tal, posto que sirva como insffumento para ações de análises futuras.
Assim, temos três tipos de situações em relação ao uso de entrevistas em
história oral:
l. históría oral iyutrumental
Z.história oral plena
3. históría oral híbrida
Entende+e por história oral ínstrumenral a modalidade que serve de
apoio. O segundo caso, história oral plena, se estabelece na medida em
que todo o processo é previsto pelo projeto norteador da pesquisa e pela
análise de entrevistas, considerando apenas as narrativas. Em históría oral
htbrida, além das análises das entrevistas, supôe.se o cruzamento docu.
mental, ou seja, um trabalho de maior abrangência.
Fundamentos 17
RESUMO
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I8 Guia prático de história oral
PARAPENSAR:
Homi K. Bhabha
PARAENTENDER:
historio'
Um sobre historia oral, de inteleuuais e seu desempenho
projeto
o posicionamento
gráfico, por exemplo, devem expressar claramente
fundamental revelar de
do especialista e seu papel. Nesse sentido, é
de atuação e traje'
quem se está falando, piocedência, formação, área
anátise apontando
toria profissional. o p-jero deve indicar a eventual
serão cruzadas com outros docu-
se as entrevistas dialogarão entre si ou
desses intelectuais ou as
mentos, como, por exempto, com a produção
implicações historiográficas contextuais.
de historias reunidas em
Em se tratando de banco d"e história - conjunto
de entrevistas
um mesmo esforço -, o projeto se esgotaria na coleção
particularmente se
programadas e teria valor meramente instrumental,,
projetos, com fins diver-
forem aproveitadas por interessados em outros
do repertorio a ser cruzado
sos. Se for historia oraL híbrida, a indicação
deve arrolar o procedimento operacional.
PARTE II
Alteridades
em histórtaoral
20 Guia Prático de história oral
4. DOCUMENTO EM HISTÓRIA
OúT
entre'
de execução dos projetos com
Em obediência aos momentos
ahistôna oral'
que etâpa se pode caracterizar
vistas, cabe questionar em em história
o que ou qual é o àocumento
Perguntando de outra maneira:
oral? Seria a gravação de
cada enttevista em § euat seria a condiçáo de.do-
--', a fita
rrroL!.*r- o" cD' de
seu pÍlmelro suporte material
primeiro suPUtLç § i ::*T:"-:[
:'::f i"il1'":
pela gra-
suoorte físico dado
em qualquer.ou' üffiiliã*tàártoriraaóz
vídeo ou a entrevista gravada i
.trr alnda
^l^t*Âninn ou
--^^1L^ eletrônico antigas Y""'"'"'à"'"-'""-"*'-'"""""'""
einda nas auLrg'dr
tro aparelho derivado da
isso: o àocumentoseria o texto
fitas casseteJ Ou mais do que
produzido' visto e revrs'
do codigo oral para o escrito'
;;;., passado
que deu a entrevista? Por certo
a históda
to, autotizado pelo colabo'ado' mâs isso não se
insffumental se basta na elaboraçáo das entrevistas,
oral processos anali
aplica à historia o"i f1"""
ou híbtida' que demandam
apenas se deve
claro que' acima de tudo'
ticos. Nesses casos deve ficar
entrevistas' com
considerar historia oral o
projeto realizado com todas as
situaçãohipotetica.Tudodeveserexplicadonaintroduçãodotrabalhoe
revelado o zelo pela proteção dos entrevistados'
Alteridades em história oÍal 25
RESUMO
1. Documento em historia oral é tema de dupla resposta. Alguns defen-
dem que o documento existe desde que haja qualquer suporte físico ou
digital, como uma gravação; outros, porem, acham que apenas o docu-
mento {rnaltzado - em texto, no papel, autorizado - equivale a condição
de documento. Qualquer alternativa depende de opção justificada.
Z. "Colaboracão" ou "colaborador" são termos usados como resultado de
propostas de um tipo de historia oral que advoga a participação conve-
niada de partes que se dispõem a prod uzlt um trabalho de pesquisa de
fundo social. Nessa linha, "colaborador" é termo que supera outras re-
ferências como "atores sociais", "informantes" ou "objeto de pesquisa".
3. O uso do conceito "colaboracão" fundamentâ-se em um procedimento
etico e remete ao respeito com o entrevistado que não merece ser visto
como "objeto".
4. Em respeito ao conceito de "colaboracão", outros polos da participa-
ção em projetos merecem cuidados, a saber, "autorir", "historia oral de
pessoas anônimas".
5, A definição de "autor" e assumida juridicamente, pois todo trabalho in-
telectual tem que ter responsável que responda legalmente pela situacão.
6. Eticamente a autoria deve ser repartida e explicada na apresentação pú-
blica do trabalho. E comum tambem que os eventuais direitos autorais
sejam decididos em conjunto.
7. Como todo projeto de historia oral implica pluralidade de redes â se.
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rem entrevistadas, convém assumir que o entrevistador deve ter postura
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Í profissional, o que não quer dtzer neutra ou distante. Entrevistar um
I bandido, por exemplo, não implica afinidade, e sim postura logica capaz
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de permitir diálogo.
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PARAPENSAR
PARAENTENDER:
Personagens: çluando,
de querrr, como e por çlue:
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28 Guia prático de história oral
7. PAPÉIS E -PERSONAGENS
EM HISTORIA ORAL
sobre
A história oral é campo aberto à produção de conhecimento
com os excluídos
diferenças. O trabalho com o diverso, não reconhecido'
mais importan'
por motivos plurais ou com os interditados' é um dos
lsso se coloca na
tes exercícios presentes em proietos com entrevistas'
reforça o caráter demo-
perspectiva da valorizaçáo da diversidade social e
.*ti.o, de luta pela inclusão, provocado segundo a agenda social ligada
por exemplo, cfescem
ao conhecimento humanístico. Progressivamente,
a feminilidade e a mascu'
estudos de gêneros que tratam de questões como
linidade, mas também homossexualidade e abissexualidade. Na mesma
a
cegos, surdos, albinos,
linha, pessoas com deficiência em geral: cadeirantes,
a produção do conhecimento
anões, integram temas que ao fim conduzem
podem se inscrever sociaL
ao desafio da transformação social' Esses "eus"
mente por meio de suas historias até então
pouco expostas e' dessa forma'
cultural e econômica'
e'oidenciar personalidade política, atuação social'
grupos menos considera'
E evidente a necessidade de estudos sobre
Isso convida a lembrar
dos, segmentos em "zonas limites" ou "de risco".
pessoas em tais situações
que esforços têm existido graças às iniciativas de
de
ou de pessoas diretamente relacionadas que assumem a necessidade
oral, tais iniciati-
*o.,r", uma problemática pouco visível. Com a história
novo se abre convocando
vas se implementam mostrando que um campo
há
a produção do saber a foros de política públ"ica.vista dessa forma' não
historia oral. E, porém,
como fugir do caráter participante ou ativista da
necessáriocritérioparaarmarumprojetodeentrevistas'Issoreforçaum
princípiovitalparaaexistênciadeprojetosdehistóriaoralqueseassentam
quesitos:
no dever de, antes de tudo, responder aos seguintes
1. quando,
7. de quem,
3. como e
4. Por quê?
usar entrevistas. Um
Sem esses Pontos de Partida, não faz sentido
atitude integlativ a e/ ou
fator a mais convida a Pensar que colaboração e
Personagens 29
B. QUANDO FAZER
§_.T_g_l-" 9. !
gstaq u e
.
situacões em que um grupo é silenciado e -
s. DE QUEM?
A justaposição de dominados com dominadores é vital para a consti'
tuição de projetos de historia oral. Não apenas se prezam os projetos que
jogam luzes nos "esquecidos", mas, idealmente, defende.se que estes ape-
nas setão entendidos se colocados em conjunção com os perpetradores'
Retomâ-Se, assim, a importância de se pensar
Mesmo que o Projeto seja
em momentos do projeto ou em projetos' sobre "gruPos subalternos",
Desdobramentos implicam aceitar a situação deve-se considerar entrevistas
com os dominadores.
de uma historia oÍal progressiva, isto é, que
continua em etapas sucessivas e planejadas.
Pode-se supor, por exemplo, que em uma fase se façam entrevistas com
,,dominados", mas, jamais se deve perder a perspectiva do conjunto,
os
ainda que uma das partes seja efetuada ântes. Nessa linha, se reconhece
o significado de projetos que privilegiam glupos de representação mi-
noritária, perseguidos, marginalizados. Sempre, porém, que for possível
considerar os projetos complementares com perpeffadores não se deve
perder a oportunidade.
A valorizacão dos grupos que têm "outras visões" dos problemas
estabelecidos e mera de quem faz historia oral. Depois de responder
"quando fazer história ofal", portanto, o próximo requisito é aclarar so-
bre "de quem". A combinação do "quando" i É a simpatia pelos
com o "de quem" é passo essencial para a
"oru, mas a completude
boa i "vencidos",
contem-
saúde dos projetos. vate tembrar que os com'
i 3i"..HfJ3::1J:'.:
promissos da historia oral se prendem às ques'
.i""
Personagens 31
r0. coMo?
Não basta questionara relevância do "quando" ou "de quem" motiva
racionais. Até bem pouco tempo era desprezível a discussão sobre o lugar
da história oral como forma de conhecimento. Frente ao desafio de seu
uso cabe deliberar se seria: simples "ferramenta"l "técnica"l "método", ou
como preferem os mais ousados, "disciplina". Antes desse questionamen
to, entrevista era algo que se perdia na prática de seu uso indiscriminado
aré então pouco cuidado em tefmos de deíiniçao teórica. Quando se
diz que história oral e mais do que uso de entrevistas, fundamenta'se tal
postura na qualificação do tipo de entreüsta e torna'se necessário ser
rigoroso e fiel às decisões sobre o gênero escolhido.
De início, nos ânos de 1950, quando entrevistas começaram a ga'
nhar destaque como instrução de argumentos ou como peso narrativo
próprio, seu perfil erâ aparentemente informal, merafenamenta. Naquele
tempo, sem se constituir em objeto específico de pesquisa, entrevistas per'
mitiam considerar a história oral da maneira como a ela se referiu Louis
Starq um de seus fundadores, "mais do que ferramenta, e menos do que
Personagens 35
uma disciplina". Estava dada a largada para um ajuste que até hoje carece
de precisão. De inicio, as palawas extraídas de discursos valiam como
complemento, ilustrações de casos ou fabulações gerais, e isso bastava.
Então, sem força narrativa própria, tanto se equiparavam citações ou his-
tórias contadas aos dados estatísticos, recortes historiográficos ou ao que
já fora dito. Tudo tinha, em todas as formas de expressões ou códigos, um
peso neutro de complemento argumentativo. Pode-se dizer que o ponto
determinante das transformações se deu a partir do instante em que os
debates sobre os critérios de elaboração dos documentos escritos se fize-
ram motivo específico de estudos afinados com as indicações de novas po-
tencialidades. Dizendo de outra forma, foi exatamente quando a opinião
pública reconheceu que as histórias narradas tinham possibilidade de
se tornar fundamento para a reflexão coletiva que se deu o desafio
de seu registro. A passagem das narrativas orais para a escrita foi crucial
para a consideração documental. E curioso notar que ate hoje existem
pessoas que ainda se valem das citações de entrevistas como íerramenta.
A consideração da história oral como técnica implica supôJa em
dialogo com versões anteriores, estabelecidas de diversas maneiras sobre
um dado assunto. Nesse caso, considera-se a existência de uma docu-
mentação paralela, escrita ou iconográfica e, em possível diálogo com
esses acervos ou series documentais, as e o-
O diálogo promovido pelo
trevistas entrariam como argumento capaz uso de diferentes fontes, qua-
de provocar "nova versão dos fatos". Con- se sempre se vale da história
oral como forma de promover
tudo, o objeto central nessa alternativa seria
outras versões. Nesses casos,
a documentação cartorial, escrita, historio- opÕe-se a memória oral à me-
gráfica ou imagetica. As entrevistas seriam mória escrita ou História.
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opõem em argumentos. No caso do uso das entrevistas como técnica em
historia oral, primeiro se deve considerar o exame do repertório escrito
existente. Imaginando um estudo sobre o impacto de eventos como a
"Marcha da Família com Deus pela Liberdade", no limiar da instalação
j6 Guia Prático de história oral
u.POR QUÊ?
Por que se faz história oral? Essa pergunta pode parecer dispensável,
mas não o é por caÍregar um desafio singular: lústória oral serve a,pends pdra
ílustrar! Por tratar de documentação viva, o uso de entrevistas implica
cuidados éticos e eles exigem também o i
compromisso de relações pessoais. Nessa e muoar, transformar, que se
§ 9ar.a
linha, mais do que resolver situações de í::"X*:*trffi2::l*
comprometimento burocrático, acadêmico ou mesmo comemorativo, a
história oral leva o compromisso de registro de situacões para conside.
ração social. Por lógica, essa afirmativa expõe pesados encargos. Como
razão de ser do "quândo", do "de quem" e do "como", o "por quê" exige
especificações que o exúaiam do exercício acadêmico ou meramente "ce-
lebrativo", "comemorativo" I
Visto pelo avesso, polarizado como "versão revolucionária", muitos
consideram o esforco de mudança proposto pelos projetos de história
oral como: "romântico", "utópico", "visionário". De regra, os que se
valem dahistória viua, {eitapor meio de entrevistas, enfrentam pechas pre-
conceituosas daqueles que entendem que o labor intelecrual não produz
sequer reformas, ainda mais revoluções. Na balança oposta, de oralistas,
advoga-se que a consciência de grupo se dá também pela caracterização
de experiências e isso já implica modificação de seu estatuto. Por certo,
por agregar pessoâs que atentam para a caracterizacão de determinado
problema - seja de correção de visão, de delimitação de espaço social de
grupos ou reivindicação -, a história oral alça voos de ativismo inerente.
A demanda de considerações de ambos os lados é crucial, pois aí re-
side mais do que uma postura acadêmica, um posicionamento de cunho
cidadao ou político. E quem trabalha no tempo presente não tem como se
alienar dos vínculos com o "aqui e agora". Antes de avancarvale a lembran
ça de que o mesmo debate é aplicável a diferentes áreas do conhecimento.
A diferença vibrante, contudo, situa-se no fato de, em história oral,
nos valermos de pessoas que "no presente" vivenciam processos defla.
grados no passado imediato ou remoto. Fala-se, pois, de continuidades
e da compreensão da realidade por meio de experiências que chegam
JB Guia prático de história oral
RESUMO
PARAPENSAR
PARAENTENDER
PARTE IV
I3.LUGARES POSSÍVEIS
de nossos dias" é um
O chamado "momento atual" ou "realidade
dos principais desafios justificadores
do sucesso de trabalhos com en'
trevistas em diferentes situações'
Uma das melhores explicações para o
é a requalificação do passado
bom resultado desses empreendimentos
como aÍtifício integrador dos indivíduos
em § A in"".="nte necessidade de
processos historicos correntes' A cada
situa' § o"tiniçao do "pertencimento"
qualificar com critérios
çáo temos que nos AsuxnnS::i:""1*1"í53i,,?li:
morais, sociais, políticos, de classe, de
nível §§ tá.."rpt", inóessantemente'
da Ç**** *-*ewww
profissional, e isso caracteriza a dinâmica
portanto' a reconstrução
vida em frequente mudança' Constantemente'
pessoal e social se íaz como desafio'
A consciência da localização
do lugar
ao ajuste dos cidadáos em
individual ou do grupo imediato diz respeito
a isso' a possibilidade de interlocução
seus tempos e espaços' Acresce'se
entre os personagens' Mesmo num mundo em constante desagregaçáo'
petmitem trocas sugestivas
pode.se pensar que os meios de comunicação
parabuscadelustic,asocial'Anovidadesedánasalternativaspossibili'
tadas pelo conhecimento atticulado'
A combinaçáo da historia otal com
possibilitar ajuda na formaçáo de
os meios eletrônicos modernos pode
políticas públicas progressistas'
sempre ínacabado' a continui-
Aceitando qtr. ,do processo histórico é
de interesses comuns e thes gatante
dade que move gmpos junta pessoas
n.r.o.,Ararde social. í
U"ito que reconheçamos os elementos fun'
damentais que nos unem e dão sentido
às §
'JI§ffTr:
experiêncras vividas
experiências coletivamente' Os tes- §
vlvloa§ coreLrvarrtçrr mm:l::];':
uma ilha", ou seia, de que náo
temunhos, opiniões, visões de mundo' § ã-i"ir*' .*áá"nt"
sozi-
vrrqrupara a compreensão
são vitais
PUtLartLUt oov
poÍtanto,
do :::':::::l3fl'::tf:*Ti
de convívio em que as
presente t§ reoras
§
relacionamento entre o passado e o .ii"iãáJ"ãas Jiietençàs sao
em constante processo de mudancas'
E por § explicitadas,
pertenci'
meio da expressão dos criterios de
cidadãos. No "tempo presente", tra-
mento que nos constituímos como
entrevistas ou com memótia viva'
oral' sáo alrcrnativas para
balhos com
dos
e para o trabalho de consciência
o entendimento da dinâmica social
Lugares da história oral 47
cidadãos. Isso, contudo, exige cuidados para que o entrevistar não seja
apenas mais um modismo ou prática espontânea, alheia a critérios con-
sagrados, rigorosos e que respondam aos níveis de integração social. Em
diversas situações em que a entrevista é cabível, vale salientar que existem
regras que as distinguem. Assim como em Psicologia, Jornalismo, An'
tropologia ou Historia as entrevistas têm normas de conduta e de uso,
em história oral não poderia ser diferente. É exatamente o respeito aos
critérios da história oral que amparam essa prática.
Sempre que se parte de alguma circunstância fundamentada no mo'
mento em que o projeto é proposto e executado, a história oral se mostra
como possibilidade a cada dia mais considerada e desenvolvida por
diferentes grupos que buscam entendimento de seu papel ou espaço so-
cial. Isso determina o direito de todos os segmentos de fazerem a própria
trajetória. A autonomia de "dizerae" é base da interpretação democrática
da historia oral. Em contextos amplos, o di.
reito de "dizer-se" implica possibilidade de Reafirma-se assim o preceito
imperante da história oral: a
outros se firmarem tambem como sujeitos colaboraçáo que implica com-
capazes de, em se pensando, pensar a socie- promissos de ambas as partes.
dade como um todo. Reafirma-se assim o
principal preceito da história oral, a colaboração. Avalorizaçao do indiví'
duo e de seu grupo, sua consideração como personagens da vida coletiva
tendem a produzir respeito cidadão, pois, afinal, todos participam do
coletivo e por eles se explicam, ou dele divergem. O recurso do registro
das experiências é prova evidente desse reconhecimento, buscado por
segmentos que clamam por apontamentos de suas marcas sociais. As expe'
riências pessoais ganham sentido quando inscritas em processos coletivos.
Associações de bairros, clubes comunitários, igrejas, famílias, fra'
ções étnicas, instituiçôes, empresas, escolas, hospitais, grupos de serviços,
entidades enfim, procuram se conhecer e assim favorecem a prática inclu-
siva da história oral. Mas é importante dizer que a história oral demanda
definiçao dos lugares de onde fala. Há, pois, nuanças que permitem
operações e aplicações diferenciadas dependendo dos pressupostos dos
autores dos projetos. Basicamente há dois lugares que abrigam projetos
em história oral, a saber,
48 Guia prático de história oral
da academia, que, por sua vez, procede de uma espécie de disputa das re-
lações das diversas disciplinas com o trabalho de entrevistas. A busca de
autonomia da História garante crescente liberdade no uso de entrevistas
em meios acadêmicos, mas isso exige definição do critério de uso. Nova-
mente, o projeto ganha condição regente para definir procedimentos. lJsa.
l.:
da sem garantia documental, como simples apoio, a prática de entrevistas
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tem sido alvo de críticas que incidem em "veracidade", "comprovacão,',
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| "fidedignidade". Pode-se dizer que a história oral universitária tem su.
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perado a prática do uso fragmentado, recortado de entrevistas que não
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rt,l,
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precisam sequer se justificar estatutariamente. Aos poucos, nota.se certa
r.út
ordem' a disponibi'
especialização de profissionais' Na mesma "'lo'i"''"
do acervo e treinamento de
lizaçáo de equipamentos e zelo na organização
cuidados documentais
profissionair. t rdo indica que o crescimento dos
o papel dos testemunhos
esteja clamando por projetos que multipliquem
a "úda" da empresa'
dos diversos elementos que se constituem ..- l
caso' serve parâ aqulslçao oe
Pode,se dizer que a história oral, nesse
impacto da entidade no con'
relatos vinculados ao papel histórico ou ao
memóna, ou seja' de lembranças
texto em que se ,itur. F"lr.r" áereserua de
do grupo' Com os devidos
acumuladas e absorvidas pelos participantes
cuidados, esses conhe.irnttlto' se formulam
no que é chamado "ffadi'
Como dimensão do conhecimento coletivo'
a
ção" ou maÍca histórica.
amplia a responsabilidade
memória viva de participantes da instituição
de sujeitos que paÍticipam
da produção de novos registros de narrativas
da organização estrutural, física e humana da entidade'
oobjetivomaisamplodeumtrabalhodehistóriaoralinstitucional
passados nâs corporações e hu-
é traduzir as percepções sobre pÍocessos
manizar Ao valorizar o "protagonismo" dos sujeitos atuantes
as telações.
em suas atribuições de trabalho, ou nos
Os vínculos de trabalho e Produ-
locais em que desempenhaÍam suas fun' de integra-
Çáo tornam-se fatores
cria-se um foro capaz de promover feitos sob condições de con-
ções, óao
crítica do andamento do projeto institu' veniência trabal hista.
que
cional. Ou seja, a partir da certeza de
parte de um patrimônio
todos têm história e que essas vivências fazem
o objetivo de registrar
ou de uma construçõ.o àe memóna comunitaria,tem,se
e analisar histónas orais deo,ida que podem
contar experiências, valores e
identidades de gruPos.
vivas", PoÍ delegar'lhes "vida", tornou-se iqqque pr(rete nde substituir a casa
§
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( npr(esa.
comum pensar que estabelecimentos de §p *.,tti:,+;.
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nessapráticanãoperdeÍoteoÍhumano'deresistência'quesedeposi-
Lugaresdahistóriaoral 6t
e produção e regulados
de acordos mediados por situação de trabalho
por salários.
na historia oral
Náo resta duvida de que se empresta ou confere'
mnemônico de pessoas. Isso,
dedicada ao exame das empresas, o caráter
metafórica' que em úl-
contudo, revela a sutileza " a fut'çao simbólica'
timas palawas ffaduzem intenções ideológicas'
A própria referência
vocabular "corporação" - e seus dedvados:
"incorporaçáo", "corporativismo", "corpo § *tgnru*.,h"J:iR:irffi:tE
Por inscrevê-la na ati-
de trabalhadores" - designa a falsificação § endOgeno. Íora da Íábrica
do teor variado do ,entião do "corpo hu'
§ vidadé empresarial
§
em geral.
.\:
t:
RESUMO
PARAPENSAR
Zygmum Bauman
Lugares da história oral 65
PARAENTENDER
Depoisdeponderadaaaventuradostrabalhosemhistóriaoral,
seja em nível acadêmico ou institucional, sáo necessários
cuidados em
necessárias para
seu processo de operação. Sondagens prévias se fazem
que as etapas ganhem articulação'
-"lho, instrução dos passos e para que preside
unidade e progressão. Assumindo que o projeto é o guia' e
gravação de uma ou
a noção de historia oral como algo alem do ato de
planejamento
mais entrevistas sem articulação, fica aberto o desafio do
proposta
continuado com etapas definidas, calibradas e evolutivas. Uma
de trabalho deve antes de sua redação satisfazer alguns elementos
fun'
um
damentais para o bom desempenho da pesquisa' Antes de escrever
projeto, portanto, devem'se aclarar os seguintes fatores:
l.fundamentosdapesquisageraledeseusobjetivosespecíficos;
Z. proposição de atitudes exequiveis e que facilitem as operações;
3. planejamento do material de uso (gravadores e demais produtos);
'*l' devem ser detalhadas no projeto a fim de promover a eficiência nos re-
t,
r{
sultados. Deveae prestar atenção na articulação dos procedimentos que
,t
visam a promover uma lógica evolutiva que vai desde o início do projeto
até sua finalização e eventual disponibilidade pública. Essa preocupação
deve ambientar todo ffabalho e não vale
descuidar dela, pois o endereço publico Todo projeto deve ser visto como
um guia essencia! para uma pesqui-
dos resultados e fundamental. Os proje- sa consequente e deve contemplar
tos de historia oral diferem dos demais as etapas do desenvolvimento da
proposta que precisa ser constante-
por tratar de matéria que se relaciona a
mente reavaliada.
pessoas, seres vivos, alcançáveis, que se
valem de narrativas decorrentes da memória que é sempre: dinâmica,
variável e, sobretudo seletiva. Toda narrativa é intencional e depende
das motivações para sua realização. Não existe relato sem endereço ou
vontade explícita ainda que na oralidade presida maiores espontaneida.
des. Exatamente por suas condições fluidas, as entrevistas áehistóría oral
merecem cuidados e precisam ser vistas em suas especificidades. Assim,
consâgra.se o princípio diretor de projetos de história oral que prezam
o discurso falado como um código diferente do escrito. A escrita e a
oralidade sáo estados da palawa ou, como em analogia à água, o líquido é
diverso do gasoso e do gelo sólido.
Distintamente do trabalho feito com documentos escritos, arqui-
vados sob a chancela de instituições preocupadas com o registro de
situacões ou fatos, a história oral se íaz no presente, com pessoas vivas
e, quando motivadas por projetos, atentas à produção de documentos
colaborativos. Essa diferença indica virtudes e riscos inerentes ao tra-
balho com entrevistas. Em uma ponta reside a beleza da produção de
textos, em outra a falibilidade de narrativas produzidas na zona da ou.
sadia por lidar com matéria fluida como a memória de expressão oral.
Como pressuposto operacional, isso equivale a dizer que história oral, pelo
menos em sua fase inicial, é feita por contato direto, com participação
interativa de duas ou mais pessoas.
qr-"'
7 O Guia prático de história oral
à}.ARMAÇÃO DEPROIETOS
ligada ao fi'
A questão do patrocínio do endosso está diÍetamente
e
intelectual
caso de entrevishs dehistóriaoral
nanciamento dapesquisa' No de liberdade'
da necessidade
ou acadêmi.", p"'tl'^" do princípio muitas
quânto se pode supor' pois em
que, contudo, não é tão isenta
projetos comu'
e agências; na situaçáo dos
situações e triada por comitês
nitários, irao qt"'" ttú"
tot'ãitio"do pelo proprio sentido dirigido
",
dapesquisa.Emset"t",,dodeprojetosintelectuais'deregraasformas de fomento
sutis' Fundações e agências
de cerceamento são muito mais
temas que ofer'
às pesquisas, por exemplo'
definem a pno-n as linhas ou
que se faz
tam bolsas .,, N"rr., .,'o', é pela temática proposta
"i*a"r.
uma Pré*eleção' se colocamt
e algumas questões éticas
Condicionantes econômicos
de assegurar lugar
seria válido o trabalho feito
com entrevistas com o fim
os papéis dos
social para empresas? Quais
pesquisadores da área ao fazer
entrevis'
,r, i"r, esse tipo de entidade? Antes
de §§ :,ffi:ltl:,:E:ltJ.".f''J,:i""$::
ãLii"àã""6o patrocínio.
é im'
*;;*;*-'**-à*******w
responder a essas questões cruciais' pessoas
mesmo contratados' não são
portante dizer que os pesquisadores' a situação
P"lo contrário' a favor de clareza'
impermeávei, t'"goti'çá"s' espaços tolera'
" respeitando'se' porém' os
de dialogo deve ser provocada'
é importante que
ao projeto preestabelecido'
dos. Assim, em obediência nâs pro-
para negociaÍ o que for possível
o pesquisador tenha habilidade
q'" importância tambem
postas. Cabe, portanto' ressaltat '" '"tonhece patrocinadores' No
projeto, f"gitt'"am a vontade soberana dos
nos Ot'" críticas'
futuras oposições ou leituras
limite, pensa'se O'ã rn"t"'o para
de referências obrigatórias'
esses documentos servirão por
contra projetos patrocinados
De regra, ptesidem preconceitos
firmas,pontoscomerciaisouentidadesdaindústria'mascontraessepo'
como memoria
tais produtos se constituem
sicionamen,o t""'i"o" que
de outÍos trabalhos' A intençáo
desses
oficial e ocupam o espaço vazio memorias ditas
projetos, muitas responde à construçáo de
""'"' 'util' como autoelogio ou mesmo
como
empresariais, e assim se formulam justificadores
propaganda necessidade de elementos
"*;;;' '"*
de conduta.
Projetoseoperações 75
3. título da Pesquisa;
4. justiíicação;
5. objetivos (gerais e específicos);
6.corpusdocumenaleeventualorientaçãoanalítica(secomcÍ]lJz*
mento de dados ou inscrição historiográfica);
a ser abordada;
7. determinação das hipoteses e problemática
a saber'
8. de escolha dà' p'ot"dimentos operacionais'
critério
a. preparação documental (conversáo do codigo oral para
o escrito);
b. autorização;
c. uso e arquivamento;
d. tratamento dos resultados;
e. cÍonograma'
RESUMO
PARAPENSAR
Rubem Figgot
PARAENTENDER
êneros nattativos
em histôÍLaoral
8Z Guia prático de história oral
que vale lembrar que em história oral de vida não .rl"- "ilusões biogrrí.
ficas". Trataae de uma construcão de conhecimento sobre a pessoa de
outra natureza.
Bastante desenvolvida nas culturas anglo.saxônicas, as histórias de
vida se mostraram correlatas à popularidade do consumo das biografias
tambem comuns naqueles círculos. En-
tre nós, gracas à influência da corrente A história oral de vida, oâ academia
britânica, liderada por Paul Thompson, brasileira, por ser herdeira da tradi-
a historia oral de vida tem se recolocado çáo anglo-saxônica, compromete o
amplo
-. impacto
""r'. da influência france-
como desdobramento de trabalhos com i$ sa que mats preza a escrita.
va\rl l\r!(
t&)?iiatiyt4irr,!,r,r/,4;1r!:4i?r'|rff/?/rt,it.rai/r'iÍ!r.."?,:+i4t/)
mmbém
de vozes' pois o
tratâmento documental
ffata apenas de silêncio inexiste ou é fortemen'
quase sempre'
medida em que'
acarreta danos, na
;; orar testemunhat com
*"1:J.:":ffi'i11l"."'iu'*'" J* n"ticular em virtude de
-ll"u""
recentement"'
vida' Mais
historia oral de mudado'
d" "'"p"'"fáo" "'""ta'cimeÍrto"' o pânoÍâmâtem
campanhas "
Isso se deve às'"*ili""' le {i*itol ::: ".i:":'i: *:" iT::::if ::
com desaque
ã" ,o.o'id"de universal' '
mâtanças coletivas
e confinamentos
e extermínios como
perseguições proietam como argumentos'
E aí ;;;;Jtemunhll
excludentes'
Algunsao'*'i'.iáio"-*"'*"1*'i"d,',ir"i"Í:r":::1'::rT["i"ffi ff
x{*mf :.1l,l',1}Tl':'trffi
de documentaçáo
sobre vítimas' E não
::;";;"oex'fermínioimplicou
Sul ou
as
se
do
tambem
'"ao "*i'ància
t"o'aJ;;L:*'-t"' o-''p"tr'"id na AÍrica
fala apenas ao vislumbrar a
países do Leste E"'op"' permitem
a "limpeza etni.a'i-em do testemunho
d"
necessidade at """-"ti"l"'n""' "t;;;';'"ü"â"ti"
na sociedade contemporânea'
e suas implicaçóes
.,'i t*"ã""r'"I -' " f"' i*p er " :-^ - l"" ril1J:iil'
io sa
A historia
padecera:ffil[--T'iiil,u"*idade.
com pessoa, "" ;";;' eue
;::l.nu;;"T3i1i::[:.:xl':;;,1;,'"3?ffi;':':""]';
constância e gravidade
A
*:x "Tr;hr:ffi:lJ:""J'u""1;"';';t
qt" hi'to'ia oral de vida
não daria conta
dessas oto"e"tii""il;;;;;;* " a centralida'
da centralid"d" ã" t""as
de grave
'"'"""ttut:Tt"t:ti'
g do dra'
*";;;*'a" *"roq""""*t"i"L " Tff:n"u" perder
de do caso entÍevistas lão podem
da narmtiva e âs an'
ma que o' das experiências
'o"'tl"otteo
'" impressões
esse ceÍne' Os demais aconteciment' a" instruir a situação
da
compor
teriores apenas devem '"';;;;"p"' da segregaçao' E as enffevistas
tortura, tonfi"À""to e demais n'otoão' do encontro' colo'
a isso e dãil;;; com o
devem presmr atençáo li: oral, verificou,se,
* +; analítica da historia t'pf
cando o caso o"'"cionais específicos' i''
t"t"';ã;;;ã" p'ot"di*""to' de reparaçao '
tempo, efeitos ou "políticas
" e apontar
de caracterizar a barbárie
Gêneros narrativos em história oral 87
mais
não sao relacionados a elementos
isolados e, portânto' muitas vezes cons'
coletivos. Ou seja, por não se
constituir um movimento ou implicar
não são corriqueiramente vistas
ciência explícita, essas manifestações e' por
contudo' a condição de trauma
como dramas coletivos' Advoga'se'
que justifica a historia otal traumática'
tanto, capaz de integrar o coletivo
oral traumática no
A propriedade da discussáo sobre historiade colocar em questão
pois além
Brasil é, sob todos os aspectos' oportuna'
possibilita a retomada do compro
versões da nossa"história incruenta"'
oral'
misso político inerente à historia
26.TRADIÇÃO ORAL
da primeira rua'
caso do Rio de Janeiro,
lugar de nascimento d' tiâad"'
as fortifi'
pÍimeira fortaleza; defesa - elemento capaz de explicar
i"'oit"
instituições militares' Esse
conjunto fotmula
cações e presença at"o* melhor'
que se vê' inclusive' diferente'
uma visão positiva da comunidade
do conjunto carioca ou brasileiro'
mais privilegiada, d;;;t
o
"""t""de tradição oral' geralmente'
são ainda
Os resultados de trabalhos
porque Íequerem participâçáo constan'
menos imediatos que os demais. que sempre
de acompanhamento atento
te e observações intensas' além mais lenta e
a ttadição oral é de execução
extrapola o nível d" t"t"i'ta' investigada
tanto da situação específica
exige conhe.t-t"to' n'oft'"at' sua visão
no qual a comunidade organiza
como do conjunto 'itologito
de mundo. U* to"it""o
i" tito' ajuda o estabelecimento de pÍessupos'
e da análise das tradições
orais'
tos abertos à construção dos documentos
popular sobre o fundamen'
princípios mitológicos orienam a percepção
to e o destino de comunidades' entrevista
no caso da tradiçao oral, a
Alem da observaçáo constante, Todo agru'
sejam "depositárias das tradiçoes"'
deve abrang", r""o"'o'e
não
pamento humano - familiar ou . § n transmissáo oral em
Íamília é
tem alguém, quase sempre
entre os mals pos-sibilidade. d" p::-t^"t-?:
§
da historia § ""*pt"
relaçóes deÍinidas pelas regras nao
',r"lhorl que guarda a síntese
do grupo. E"" po'o' é sempre
indica' Y::m****"******-*
da para ser entrevistada' A
partir dela'
diferentes tanto
posteriores ou de segmentos
outras pessoas' de gerações os casos
devem também ser envolvidas'
em termos .rr,.rr,i, ou sociais, "narrativas empres'
de tradiçao orai implicam
o uso do que se chama de
necessita da
Como para a explicação do presente a tradição oral
tadas".
por outras gerações, dánse o empresti'
retomada de aspectos transmitidos dos pais, dos
alheio, quase sempre herdado
mo do patrimônio narrativo
avos e do, i"a" que a tradição oral seja a menos desenvolvida
"tlho'l fértil campo paÍa
das três áreasda;;** oà Brasil' apresentlse um
"o
esm alternativa'
rembrando que a tradiçao oral
opera
consideremos um exemplo
comaspectossociaissubjetivos.Paramuitassociedadeságrafas,ottaba.
dos
fundamental paÍa o entendimento
tho com o' u
'"t"'o
'o"hll
Gêneros narrativos em história oral 95
num lu'
Um dia eu sonhei com meu irmáo Marçal"' ele estava
jardim diferente'
gar que era o tipo de um jardim"' mas era um
para mim
nem claro nem escuro"' e 1á, o finado Marçal olhou
e disse, "Eu estou morando aqui"'"' ele olhou
bem para mim
e disse, "Ganhei quatro papagaios"' e' entáo
eu entrei no lugar
27.BANCOS DE HISTÓRIAS
bancos dehistórias
Prática ainda pouco Comum no Btasil, os chamados
se mostram como recurso fundamental
para a formulação de documentos
RESUMO
,rrIÍ
Gêneros narrativos em história oral 97
PARAPENSAR
PARAENTENDER
Entrevistas
em histórta oral
IOO Guia Prático de história oral
28. ENTREVISTAS
deri-
Em história oral, o projeto é a peça mâis importante' Dele
pesquisa. Definições
vâm procedimentos atentos aos desdobramentos da
operacionais, fundamentação teorica'
critérios de escolhas, tudo depende das § ::ln:nJff,::i'"|1:ÊXT:ii'[:
diretrizes estabelecida s a pnori. Seja qual § ã*ã inioi, as relações.
nosargumentos.Dizendodeoutrafotma'inicia-seaentrevistacomques'
Na situação dedutiva' desde
tões menores, sem a contundência final'
Entrevistas em história oral ÍO3
último caso, pode'se lançar mão do caderno d" t"t'po' Uma boa entre'
vista sempre é resultado de uma conversa entabulada amistosâmente
e
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§
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l*
ll
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rÊ
*
IO8 Guia Prático de história oral
a partir de indicações
permanece em primeira pessoa e é reorganizado
é o de aproximar os temas que
cronologicas e/ou temáticas' O exercício
momentos' O objetivo'
foram abordados e retomados em diferentes
do texto' possibilitando uma melhor com'
novamente, é facilitar a leitura
preensáo do que o narrador exPôs'
ÉnestafasequeseescolheotomUfialdecadaentrevista,fraseque
sirva de epígrafe para a teitura da entre'
que se pretende Erros de gramática, vícios de lingua-
vista. E sobre essa frase
gem e oútros devem ser mantidos
organi zar o criterio de percepção do lei' ám doses suportáveis e indicativas
tor. Assim, portanto, a frase escolhida do controle da língua do entrevista-
do. Jamais se deve comprometer o
funciona como um guia para a recepção teor das ideias em favor da "Íidelida-
do trabalho. A textualização é um es- § d"" à norma cu Ita da língua.
*fi l*r.rr,rt/livtí?r?u/t+7'''r'rj;(''//!"r''/'!r'F/y'sitÍ/tltilt*ii
":
ti
ciamanecessidadedeinterferênciadoautoÍnotrabalho.Considerando
com estrangeiros ou
que, muitas vezes, entrevistas feitas com índios'
format seráo lidas apenâs
com pessoas que não dominam o português
o público' e importante
por especialistas em línguas e jamais atingirão
pelo
transformá'las. Logicamente, esse trabalho tem que ser conferido
que
Durante o trâtamento da textualizaçáo, escolhe-se um tom vital
corresponde à frase que serve de epígrafe pala a leitura da
entrevista.
31.VALIDAÇAO
Umdosmaiscomplexoseimpoftantesrecursosoferecidospelahis.
de finalização de todo o processo
tória oral é avalidaçao. Érr" e uma etâpa
o texto produzido por
de interação com o colaborador' Nela confere'se
meiododiálogo,desdeoprimeirocontato'verifica.seecorrige.sepossí.
de interação de forma não
veis erros e enganos, legitima'se esse trabalho
de produção de conhecimento a
hierarquizada e valida-se a possibilidade
partir do documento gerado'
absoluto a tudo que foi dito e
Pode'se mesmo dizer que o respeito
primordial para o estabele-
depois autorizado p.lo tol"borador é fator
de quem se dispõe a contar.
cimento de um texto que reflita a vontade
ao que o "outro" diz reside
Embutido nesse compã"'*"t"o respeitoso
o pressuposto ético da aceftaçao do papel
do oralista' que atua como me-
d,iad.orentreoquefoiditoeoquesetornaráregistrodefinitivo.Supondo
açao dt tornar efetitto, o que inde'
qrte ualidar equivale a fazer vabr ol à
ou coeso' o que
p"^d" de qualquer parâmetro logico' racional' coerente
se tem é a relativizaçáo do conceito
de verdade' Sabe'se que não existe
mentiÍaemhistóriaoral'Tudointeressaemumrelato:afalsidade'afan'
Numa primeira etapa' fazendo
tasia, o engano, o embuste, a distotc§o'
não é a busca de evidências
o discurso valer por si, o que deve vigorar
Lugar expressivo da vontade
e nem mesmo de comprovação dos fatos'
o rumo dos fatos expostos em
de quem fala, a subjetividade determina
enrevistasefixadosemacordosacerhdosnaconferênciadaentrevista.
Odiálogoouaaçãodialogicadaconversaficasubmetidoaopressuposto
da vontade soberana do entrevistado'
e atitude de maturidade de
Validar uma narrativa é ato de respeito
oralistas'Otextoproduzidopelosencontrosentreosentrevistadoreseos
entrevistados, obrigatoriamente, tem
valor interno' O cruzamento com
é parte da análise dos
outÍos textos - oriundos ou não de entrevistas -
desde o projeto'
resultados, fato que deve ser prevenido
afinado do interlo'
Avalidação' poÍ suavez, implica comportâmento
pelo narrador' Caso' por
cutoÍ. Não se deve, jamais, obstar fatos expostos
experiências em contato com
exemplo, o entrevistado conte sobre suas
II2 Guia prático de história oral
RESUMO
PARAPENSAR
"O texto final (depois de ter passado por várias entrevistas, várias trans-
crições, vários encontros de leitura e por todo o processo de formação
textual) jamais poderia ter sido pronunciado daquela maneira final
pelo interlocutor; no entanto, cada palavra, cada frase, cada estrutura
the pertence (ele não disse, mas somente ele poderia ter dito); [...J o
texto transcriado é, para o interlocutor, sua vida no papel, aquela vida
escolhida por ele para ser o representante, para ele, do vivido."
Alberto Lins Caldas
ÍÍ4 Guia Prático de história oral
PARAENTENDER
Exemplos e variações
de histôruaoruL
-. .'. "]'.-"
Outro definiu
caso e o de um senhor de 60 anos de idade que assim
sua experiência como ex-líder estudantil na decada de 1960: mesmo
não sendo "mulher de malandro", sempre gostei de apanhar; apanhava
muito de meus pais, em casa, quando criança em Barbacena; depois
que fiquei mocinho e que saí da barra da saia da mamãe, fui fazet
Direito em Belo Horizonte e, para matar a saudade de casa, continuei
apanhando da polícia... depois me casei pela primeiraYez e aí apanhei
da vida... Como você vê, sou um carinha que gosta de couro.
de história oral ÍZÍ
Bxemplos em variaçóes
do que o hilário do
notaÍ que' nesses casos' ao contráÍib
E relevante
para revelar' convém
sugere, as pessoas têm alguma amaÍgura
discurso sentido ingênuo
do riso com o cômico no
náo confundir a provocação forma de narrativa
pessoas que se valem dessa
do termo. Quase sempÍe acontecimentos
precisam de um ditt"'o
pa"d"go para conseguir contar
que consideram Problemáticos'
5) Narrativas mistas:',''l'1i:::::+il:JfHJJ:TL:t:T3
d
narratlvas' larrLu ";-"-":':,":
mesclando várias soluçóes sentt'
vezes' conjugam'se com'factualismos'
mor acentuados' muitas um tipo de
ná"tt'ar a vida como
do épico e trágico' O esforço
"- '" como síntese
cotidiano teva pessoas a se autoprojetarem
heroísmo
da vida coletiva'
e Manoer Joaquim
de oliveira' náo
Eis um exempto, meu nome
Ílasci em
sou japonês, portantoi " :11, "*:::;n:k::t-r::j;'r#
de idade' Sou' contudo'
renh o 67 anos
L:1ffi§:'J.'r:fll1,rboa... da metade de minha
brasiteiro do que portug,rgr, pois passei mais em
mais
d. virn-., á".ada de 1950' no começo'
vida aqui no Rio Jr^eiro.
já entrei à la brasileirar consegui
1951, duranre o
goverrrã do Getutio; e
portuga que estava no
enffada" de um outro
comprar uma "cart" d. diria camões' atr*
que tinha a malandragem. como
Rio 'nr.r,Jrdo
,,mares nunca d,ante, .rr,r.gados"(por mim)" t cheguei aqui num
vessei .*orionado: emocionado
calor. Estava
dia de dezembro, .o* muito que me
emocionado com o destino
comigo, com minha coragem; do Brasit"' togo
boa chance; efrrocionado com a beleza
esposa Etisa. o Brasil
reservava me deu
me apaixonei pero Br"rir e pela minha (que vem da iunção
quais meus rrês filhosr Eliset
muitos frutos enrre os muito {eltz e
e Maria de Fátima"' sou
de Elisa e Manoet); Eáurrdo
faria tudo outra vez'
34.HISTÓruA ORAL
E NARRATIVAS RECORTADAS
1) FRAGMENTO NARRATIVO
MuitasVezesecomumareferênciaanarrativasdevidadepessoasfa.
já
lecidas, distantes ou mesmo de que se
ouviu falar' Nao se tÍata de fazer
do termo. sempre que se fala
uma narrativa biográfica no sentido amplo
abordam'se episódios dessas
em fragmento narrativo de vida de outrem'
vivências, pequenos casos recortados e
por vezes narrados ou por terem
aos pobres.
Nao se sabe exatamente drzer por quantos anos Tiao Bonzinho
jamais
fora condenado. Seu processo estaria em algum lugar de onde
sairia não fossem os acontecimentos futuros. Com certeza, cumprira
mais que dez, pois o fllho do ex-soldado, do narrador, havia nasci'
do exatamente à epoca em que o "monstro caipira" teria matado o
vendedor de terrenos da casa Paroquial. A alegação de que fora
para
para agravaÍ
roubar dinheiro da Igreja nunca se comprovou, mas serviu
a pe114...
oral
Í26 Guia Prático de história
z) HISToRIA oE rauÍne
coo'
também começa sua historiâ
Robert, de zz anos de idade, com ele'
peripecias do avô: ildo começou
rando o início brasiteiro das "amor"'
de um tio que se chamava
chegando ao Brasit, com a aluda e ago'
que se desdobrou com os filhos
vovô deu início a uma atividade onde muitos
zahte, que é uma cidade de
ra com os netos. Ete veio de chamada
Dizem que existe até uma rua
tibaneses vieram para o Brasil. ainda quero
falam portugrr-.r 1á... um dia
Brasit e que muitas pessoas
de recido deixado pelo meu
ir para rá. Meu pai cuidou dos negocios e hoie
Mã., tio Jose cuidou dos hoteis
avô. Fezmuito, melhorou tudo. mas tam'
Meu tio Jorge e medico,
formamos um grupo de negociantes. tios' casados
Tambem participam os meus
bem participa dos negocios. que voltamos a ser "tiba'
podemos dizer
com as irmãs de meu pai. Hoje
de vida'
neses", Pois estamos bem
PROFISSIONAL
3) HISTORIA DE VIDA DE CATEGORIA
3s.CADERNO DE CAMPO
de caderno de campo no
acompanha'
Aconselha'se vivamente o uso
;; registro da evorução do projeto' No
caderno
mento das entrevis.J;
tanto do andamento do projeto
de campo, colocam'se as observações campo fun'
enffevistas específicas. sugere,se que o caderno de
como das
q'" o roteiro prático (quando folem feitos
os
cione como um diário "- como
contatos, quais os estágios
p"t" chegar à pessoa entrevistada'
'"
Exemplos em variações de história oral I]j
oral
Guia Prático de história
$4
O ESCRITO
T.ETAPAS DO ORAL PARA -
excerto da en'
sequência são apenâs um
os trechos apresentados na
conceitos trabalha'
como exemplificação dos
trevista que aqui f""iã
izaçáoe ffanscriação'
Portantoll:':^'-t=Tb'aÍ que
dos, transctição, textual
que náo seráo tratados
e aborda outros temas
a entrevista é mais longa aparecem nas
Por i'lo *"'*o alguns elementos novos
neste momento' e reorganiza-
de outras partes da entrevista
fases 2 e 3, pois sáo trazidos acordo
i"fo""'çues podem ser acrescentadas de
dos. Por,'"r",,
"lg'*"t
de pesquisa presentes no caderno de
campo' caso especí'
com anotações de cada fase
ot t"*to' Íesulantes do trabalho
fico da fase 3' t"'at ""*'
semelhanças entre eles'
são distintos, mesmo mantendo
Fernando lto'
de 2009, entlevista com
JC' Tâubate, 23 de dezembro
mas seu nome é Fernando
Ito so?
Exemplos em variações de história oral $
FI: Não, meu nome é Fernando Ribeiro Ito, Riúiro é nome da mi-
nha mãe, como encurtar fica mais fácil tudo, eu assumi o nome do
meu pai, que é Ito, e depois eu tirei o Fernando e ficou só o Ito,
quer dizer, para um nome ligado à arte, acho que ficou mais rápido,
mais fácil, vamos dizer, mais marketing. Tive a sorte de ter só Ito no
sobrenome, então acho que facilitou muito também.
JC, O meu tipo de trabalho e muito lento, eu faço tudo muito devagar,
e a entrevista também é mais detalhada, a minha ideia é aproveitar
tudo o que não foi dito antes para a gente incorporar agora, isso a
gente chama de história de vida, é mais do que umâ entrevista de
pergunta e resposta. Então, as minhas perguntas são sempre muito
compridas, para dar espaço para você organizar as suas escolhas.
FI: Na observação, um dos dados que eu sempre gostei de fazer e faco, é
justamente ficar antenado na memória, sempre perguntando antes,
por isso que qualquer coisa que dê um start 1á no meu subconscien.
te eu vou buscar, porque eu não esqueço.
JCr Eu queria começar por essa questão da sua família, como era a famí-
tia da sua mãeJ
FI: A família da minha mãe era muito simples, o que eu sei é que meu
avô já não era do primeiro casamento...
JC, Daqui de Tàubaté?
FI: Daqui de Tàubaté. chamado Dometino Ribeiro. E minha avó
Diamantina, que ficou Diamantina Ribeiro. Eres
eram dessa região
do Vale do paraíba, de Redenção
da Serra, mas tudo veio a âgregar
com a industrialização aqui, de Tàubaté,
ambos foram íuncionários
da f,ibrica do crr, incrusive moravam perto
da íibrica de crr, na rua
Honório Jovino, eram todas ruas adjacentes
que davam em torno
da f,íbrica. Enfim, era uma família
simples, b*rtr.rt" simples, porém
de uma disciplina familiar muiro legal,
minha avó foi ,rrr* O"rro,
muito presente na minha üda. Nao irustrando
a parte cultural, que
eu acho que o meio que teve isso, o que
acontece é que quando eu
era moleque demais, ela que nos
conduzia para .".rr, ,ràu.ns, era
ela que nos levava para Redenção,
ela que nos levava para São Luiz
do Paraitinga, diretamente ou indiretamente
ela estava dando um
$6 Guia Prático de história oral
cedo' eu
pouco de cultura para nós. Enfim, meu avô morreu muito
foi a pri-
tinha praticamente uns 10 anos, meu avô morreu de câncer'
toda aberta'
meira vez que eu vi uma pessoa acamada, já vermelha'
era uma
no final de vida, essa é a imagem que eu tenho do meu avô'
pessoa muito legal. O que eu lembro do meu avô é
que toda vez que
de polvilho
ele passava no supermercado, ele comprava biscoitinho
queimadocomfubá,nãoésalnemdoce,maséumadelícia'tematé
mevem
hoje, então todavez que eu dou uma mordida nessebiscoito
a lembrança, a saudade, desses tempos, que não voltam
mais' né?
FI: Olha, religiao, eu fui batizado aqui na catedral de Tâubate, mas ouÍI-
ca foi muito...
JC' Mas a família...
FI: A família sempre teve muita fé, principalmente minha avó, na cozi'
nha da minha avo tinha um santo, como toda cozinha antigamente,
e na enffada tambem eu lembro que tinha um altarutnho peque.
nininho com uma imagem, uma lampadazinha como toda casa do
interior, algumas têm ainda, mas nunca foi uma coisa muito acirra-
da em cima de nós.
JC, E a identidade do pessoal como era, se sentia taubateano, brasileiro,
português...1
FI: Acho que taubateano, eu tinha uma grande admiração pela fábrica
crl, sempre que ia conversar com ele, sempre em torno da fabrica da
crl, porque foi um momento que eles ficaram por muito tempo. E
um dado interessante, você falou da comida, eu agora lembrando, â
minha avo foi merendeira da escola da crt, era uma rua paralela ali,
minha avo era a merendeira da escola. Inclusive, quando nós íamos
visitar a minha avó, nós íamos nessa escola, nesse grupo, a gente cha-
mava de grupo nessa época, e minha avo que zelava por essa escola, ela
que {aztaa merenda e cuidava da escola, isso no final da carreira dela.
JC' Quer dizer que ela trabalhava?
FI: Minha avo trabalhou a vida inteira, meu avô não, quando eu conhe-
ci ele, ele já estava aposentado, tenho certezaporque o via bastante,
ele não ffabalhava mais. Então o espaço que lembro do meu avô foi
curto demais...
JC, Qual a melhor lembrança que você tem da sua avó e do seu avô?
FI: Do meu avô a melhor lembrança que eu tenho é que sempre gostei
de ferramenta e ele me deu um mattelinho, pequenininho, e da
mesma forma que ele me deu esse martelinho, acho que ele uma
vez achou jogado esse martelinho e nunca mais me deu de volta... A
outra lembrança que eu tenho é desses biscoitinhos de rosca, com
fubá, queimados, cada pacotinho deve ter 200 gramas, é uma de'
lícia, então a entrada dele na minha casa, se ele não entrasse com
aquilo ele não era meu avô, impressionante... E da minha avó tenho
138 Guia Prático de história oral
MinhacidadeéumlugarbastantetípicodoValedoParaíbapaulista,
Esse sempre foi um
combinando tradição J d"s'fio' da modernidade'
um bairo mara'
lugar muito bompara se viver' Nasci no Largo Chafariz'
da cidade"' Por 1á a cidade
vilhoso, uma espécie de espaço de memória
ffansitava, era caminho para o centro'
lto' Ribeiro é so brenome
Meu nome completo é Fernando Ribeiro
assumi apenas o nome do
da minha mãe, mas .o*o encuÍtar facilita,
meu pai, que é lto." Para um nome
ligado à atte' acho que ficou mais
isso porque acho que facilita' mas
rapido, mrl, fá.il, mais marketing"' Fiz
mãe também"' A família da
tenho muito orgulho da família de minha
chamava'se Dometino Ribeiro e
minha máe era muito simples' Meu avÔ
região mesmo, de Redenção da
minha avó Diamantina. Eles eram dessa
Taubaté e decorreu do processo
Setra, mas o encontro deles se deu em
eram funcionários da fábrica
precoce de nossa industrialização' Ambos
fábrica de crt' na rua Honório Jovino'
do cn, inclusive moravam perto da
a fábrica'
uma dessas ruas adjacentes que ceÍcâvam
simples até, porém de uma disci.
Era uma famíIia simples, bastante
uma pessoa bastante presente
plina familiar muito rígida' Minha avó foi
viagens que fizeram parte de
em minha vida. Ela proporcionava ceÍtas
que nos levava para Redenção, para são
meu imaginário infantil. Era ela
Luís do Paraitinga, nos apresentava o
mundo' Diria que diretamente ou
Exemplos em variações de história oral Í)9
e nos
indiretamente foi ela que nos deu um pouco de conhecimento
dificilmente
introduziu à cultura local. Minha avó era quituteira. Hoje
cheirava 1á na
como chuchu, mas engraçado, o chuchu da minha avó
preparando
esquina, era delicioso. E sempre foi assim, ela cozinhando'
quitute
prád,r,o, colhidos ou comprad os ín natuta' E havia sempre um
Como era muita
à mesa. Lembro-me bem do pastelzinho de palmito'
era uma grande
gente, ela vivia em torno da cozinha e além dos salgados'
dela encontrava
Loleira, fazia muito bolo. Entáo sempÍe que ia à casa
foi
mesa farta com muitos bolos e salgados"' A minha avó' inclusive'
nós
merendeira da escola da cTI, numa rua paralela à fábrica. Quando
a gente chamava
íamos visitá-la, passávamos por essa escola que à época
escola e era ela quem
de grupo escolar. Sim, minha avó zelava por essa
Íazía amerenda e cuidava da limpeza' Olha
que isso durou muito' até o
Falar disso
final da carreira dela: minha avó trabalhou a vida inteira...
tambémmeffazalembrançadacaipirinhaqueelafaziaquandoíamos
bebida' ela
para Ubatuba, minha avó gostava também de tomar uma
poderia nas-
àiri" bri.r."ndo que sempre que dava uma cuspida no chão
cer um pé de limão ou de maracujá"' Ela sempre
foi muito etílica' uma
já estava no final da
pessoa muito alegre. Lembro'me de que quando ela
vida,a gente se reunia parafazer essas festas de
família, era muito interes'
sante, eÍa uma família festeira...
Já meu avô morreu muito
cedo, eu tinha uns 10 anos' Ele morreu de
padecendo o final
câncer, foi a primeira vez que vi uma pessoa acamada'
vez que ete
de üda. Isso me marcou muito. Recordo que meu avô, toda
passava no supermetcado, comprava biscoitinho de
polvilho queimado
se náo entrasse
com fuba. Engraçado, mas essa lembrança me ficou delet
esse biscoito ele náo ficava bem"' O biscoito
não é salgado nem doce'
delícia, existe até hoje, então toda vez que eu dou uma
mordi'
mas é uma
desses tempos' que não
da nesse biscoito me vem a lembrança, a saudade,
ferramentas
voltam mais... outro detalhe constante é a lembrança das
Foi ele' por
que ele tinha. Isso se tornou fundamental em minha vida'
Alies tenho uma
exemplo, que me deu um martelinho, pequenininho'
ocasião ele foi
historinha interessante sobre esse martelinho, pois uma
jogado, pegou-o' guardou-o
à casa de meus pais e viu esse martelinho
Í4O Guia Prático de história oral
que
Mas não sao tantas as lembranças
e nunca mais me deu de volta"' já
Quando o conheci ele
tenho do meu avÔ usando essas ferramentâs'
o via bastante em casa' não tra-
estava aposentado, tenho ceÍtezaporque
do meu avô são poucas"'
balhava mais. Assim as lembranças
Minha mãe
A família da minha mãe realmente erâ grande"'
chamava'seRuth,eosirmáoseirmãsdelaeram:Celina'Ademir'Tino'Jairo'
coisa assim'
que minha mãe deve ser a quarta filha'
Jair, e Jarbas. Acho
que eÍa o caçula' moÍreu ambém'
Porém, três já morreÍâm: o Ademir'
de pro'
de cirrose' o Tino também foi
de problemas com o álcool, morreu
muito próximos' eles viraram' com
essa
blemas com álcool' Como eram
foram funcionários da Ford por
intervenção das indústrias de Taubaté'
se aposentaram da Ford' não
tinham o
muitos anos, e todos eles, quando
quefazereentão,."fu"d"'mnabebida'Lastimável"'Erampessoasmui'
de pouca instruçáo universitária"'
to queridas, pessoas muito legais' mas
música' não tinha arte' nada' Mas
Nessa parte da família não tinha
cozinha da
a família sempre teve muita
fé' principalmente minha avó' na
cozinha antigamente. Na entrada
minha avo tinha um santo, como toda
pequenininho com uma ima'
também lembro que tinha um altarzinho
do interior' algumas têm ainda'
gem, uma lampadazinha como toda casa
em cima de nós' E também lem'
mâs nunca foi uma coisa muito acirrada
família de origem portuguesa' todos
bro do fato que, apesâr de set uma
se sentiam bem taubateanos"'
Em telaçáo à família do meu pai' e
um negócio interessante de'
mais, porque fiquei ligado à família
do meu pai' foi recente' a partir de
do que era' Meu avô colocou um
90, até então não tinia muita noção
da segunda geração que chegou
pseudônimo aqui no Brasil, porque veio
no Maru' veio no KosotoMaru' o
do Japáo para o Brasil, ele náo veio
que sou louco' e faloque meu avô
,.uurlao navio. Algumas pessoas falam
porque ele era de uma família muito
foi muito mais louco do que eu' isso
tentou ser monge budista' casou'se
rica no Japão, deserdou da família'
com uma proletátia e veio pâra o
Brasil"' E um detalhe' quando eles
so permitia que se viesse para
o
üeram para o Brasil, a lei era a seguinte:
Brasilcasadoecomfilho,eetesnãotinhamfilhos'Entãoaminhaavó
quer dizer' veio minha avó' meu
tinhaum irmão caçula, e ele veio junto'
Exemplos emvariações de história oral Í4f
avô, e essa pessoa, ninguém sabe onde está essa pessoa' perguntei agora
para minhas tias, e elas não sabem me informar. Quando fui legalizar os
documentos para sair do Brasil, com documento japonês, aí veio a ffadu-
tinha essa pessoa' E meu
ção, e realmente, na tradução do documento,
pai não tem o registro no consulado japonês, o único que tem é meu tio
Mário, que já faleceu, e meu tio Antônio que também já faleceu, meu
tio Antônio era mais velho. Então também é engraçado, porque quem
registra no consulado japonês é issei, e quem vem da geração depois é
nissei, e como meu pai não foi registrado, nesse trâmite eu passei a ser
sansei, mas mesmo pelo segmento que tenho da hierarquia japonesa,
itinissan, iti é o primeiro, nis é o segundo e san e o terceiro, chama issei e
sansei, eu sou da terceira geração da estrada, essa mistura abrasileirada
já.
Eles chegaram em Santos, meu avô foi um verdadeiro nômade, ele passou
por tantos lugares do Brasil que é interessante, eu sei que minha tia Iraci
nasceu em Coaraci, Espírito Santo, ele andou muito, por exemplo, meu
Êü
i:I
ü.
tr
pai é pindense, nasceu em Pinda... A relaçáo que ele tem com Taubaté,
;l
ele veio por causa da plantação de juta, para o cultivo de juta. Andou por
toda inclusive na documentação que pegUei do Japão, alguns
essa região,
documentos tinham salvo-conduto, na época da guerra ele tinha que ir
de um lugar para outro, e teve uma época que meu avô foi considerado
proletário no Brasil, para receber algumas coisas do governo brasileiro,
então como todo imigrante ele sofreu bastante.
Tinha 6 anos quando conheci meu avô, a partir de 6 anos eu lem-
bro, antes não, com 5 anos não lembro' mas a paftiÍ de 6 anos eu pego'
O meu avô, uma coisa que lembro bem, é que era um sujeito muito enér-
gico, muito bravo, como todo japonês velho... Quando chegou no final
da üda dele, já estava cansado de viver, tentou o suicídio várias vezes, um
deles eu presenciei, que foi o corte dos dois pulsos dele, foi na casa do
meu tio Mário, na Faria Lima, mas enfim, não foi dessa vez que ele foi
1á
não, ele durou muito tempo. Só foi ficando velho, como todo japonês,
quando vai envelhecendo, eles vão se curvando, interessante, geralmente
você pode ver que quando um japonês trabalha abaixado, e pela cor'
cunda, vai encurvando. Quando morávamos ali no Chafariz, ele fazia
caixas de tomate, então presenciei muito isso dele, tenho essa lembrança
I42. Guia prático de história oral
dele. Ja minha avó não, eu não cheguei a conhecer minha avó. Engraça'
do que eles tinham o nome japonês, quando eles vieram para o Brasil,
automaticamente colocaÍam um nome, meu avô era Caetano e minha
avó era Luísa...
I
144 Guia prático de história oral I
I
I
fiquei muito surpreso. Até então não tinha conhecimento do que era ser
emigrante e, sinceramente, nem me preocupava com isso. Meu avô veio
na segunda leva de emigrantes do Japão pâra o Brasil, ele não chegou no
grupo do Kasato Maru como os pioneiros celebrados. Algumas pessoas
falam que sou louco, e respondo que louco de verdade foi esse meu avô,
muito mais maluco do que eu. Ele era de uma família muito rica no
Japão, desertou-se do clã, tentou ser monge budista, casou-se
com uma
proletária e veio para o Brasil... Nessa façanha há um detalhe curioso:
para vir para o Brasil a lei só permitia que se viesse casado e com filho,
Exemplos em variações de história oral I4t
e, como ele não tinha filho, pegou um irmão caçula de minha avó e o
trouxe, então, üeram: minha avó, meu avô e essa pessoa que ninguém
sabe onde foi parar ou o que aconteceu com ela. Recentemente perguntei
para tninhas tias sobre esse parente e ninguém soul>e me informar. euan-
do {uitegattzm os úocurtenros srrê.srir (s Btsitcs§$\(i\$N\§\X\\
vrndo a tradução notei que realmente constava dos registros essa pessoa.
É curioso que meu pai não tem matrícula no consulado japonês,
âo cor.
trário de meu tio Mário e do tio Antônio, ambos falecidos.
Há algo de sensacional na aventura do meu lado japonês. A preocupa-
ção com a continuidade é muito consequente em termos da manutenção
das tradiçõer. É ,..s" linha que se mantém a ordem hierárquica
dos
descendentes. Quem se registra no consulado japonês é "issei,,; geracão
a
seguinte é "nissei", mas, como meu pai não foi registrado, nesse
trâmite
eu passei a ser "sansei", ainda que pelo segmento hierárquico seria
itinissan - ttiti" é o primeiro, "nis" é o segundo e .san" o terceiro.
Em
suma, eu sou da terceira geração dessa estrada, mistura abrasileirada.
Meu
avô chegou em santos e no Brasil foi um verdadeiro nômade, passou
por
tantos lugares. Eu sei que minha tia Iraci nasceu em coaraci, Espírito
Santo, mas esteve também por esta região, tanto que meu pai nasceu
em
Pindamonhangaba. A relação dele com Tàubaté se deveu à plantaçâo de
juta. Têstei as andancas de meu avô pela documentação que juntei.
En
tre os papéis, encontrei um salvo-conduto, autorização que, na
época da
guerrâ, âs pessoas precisavam para se locomover de um lugar
para outro.
sei também que há um regisffo de meu avô como "proletário"
e creio
que fez isso para receber algumas coisas do governo brasileiro.
Em suma
a vida daqueles imigrantes era sofrida, mas aventurosa.
37.LISTA DE CONTROLE
DoANDnnnnNroDoPROIETO
de controles' Deve
sem'
proietos devem ser acompanhados
os
Todos uma do projeto e
*"a'fidades de fichast
pre haver, ntto tttotlJ""t
outra do entrevismdo' o nome do projeto'
a
tecnica e deve constar
A ficha t *t'"*t"t" I) Dados do projeto;
ll)
com os seguintes itens:
relaçáo dos entrevistados e M Dados do andamento
do depoente; III) Dados dos contatos
Dados Envio de correspondências'
ao ão*-t"to final;V)
das etapas a" r'"r"to
:;ffi.-
Exemplos emvariações de história oral I47
ffi.i,,f ;.1;iffi
i*c""
; ' i**#''a
rffie.r.'t ;. '- .
m)
ffi ;';' i,,'t,', i $.,:ri$,ffi
Dados dos contaros
oral
I48 Guia Prático de história
do documtlt:. ttnal
M do andamenro das erapas e de preparo
Dados
1 . Primeira ffalr.scrlçao:
2 - Têxtualização:
4 . Conferência:
5 - Carta de cessão de
direitos:
entrevistado 1 7
Nome do
X X X
Í ,í\rl--^ X
Jose btlva
x XX
rL rL
Luana Lima
x XX
Marco Fernandes
'§Uanda x
Neves
V) Envio de correspoÍldências
,',,*á à dory',"--i !-
IW'
'j
Exemplo 1
(Local, data)
destinatário,
Exemplo Z
(Local, data)
destinatário,
Limites:
partes que não podem sel oü-
1) De partes (citar claramente as
devem ser apagadas da copia
vidas indicando inclusire ,. .1r,
a publico)'
originat ou apenas das copias colocadas para sua libera-
de rempo
z) De prazos (citando se há limitação ou se apenas
gravação -
ção - um ou
mais anos desde a data da
morte da pessoa)'
deve ser corocado i p,rurico
depois da
devem teÍ acesso à fita'
3) De pessoas ou gfupos que não
Exemplo 3
(Local, data)
destinatário,
Exemplo 4
(Local, data)
destinatário,
para
de identidade) decraro
Eu, (nome, esrado civil, documenro ffanscrita e
devidos fins que cedo os
direitos de minha entrevista'
os e pessoas) usá'la com
as
(data(s)) para (entidade
autori zadapara leitura
limitacoes relaci"r::*: ficando vincula'
os timites a terceiros,
::Ht
que tem a guarda da mesma'
do o controle a (instituição)
que faço tam'
parte náo relacionada, o
Abdicando direitos sob a que terá minha
subscrevo a presente
bem aos meus descendentes,
firma teconhecida em cartório'
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Modelos de proletos
IwrnoouçÃo
JusnErcArrvA
Quando for para irmos para terra, estou de acordo, porque em.
bora sendo um profissional da construção civil, não vejo a hora
de irpara lavoura, enfrentarmesmo... Porque sei que évantagem
mesmo! A gente consegue ter uma alimentacão mais natural e
bem abaixo do custo,né? Na cidade é o seguinte: a gente não sabe
de onde veio a alimentação, como ela está, e aí, muitas vezes,
tem até que comer alguma comida estragada, como já aconte-
ceu... Então, sei que é vantagem trabalhar na terra e produzir!...2
Assentados, que não são mais sem4erra, mas entendem que a força
do usr depende de sua participação, e, por isso, continuâm a lutar para
que outros conquistem um lote. É .o*.r* ouvir de alguns assentados
que "enquanto houver um sem-terra no Brasil, estarei lutando". Como
no caso de seu Levino que estava ajudando na luta do acampamento
Tânarana, no Paraná:3
Entrevista com João, no liwo Vozes da marcha pela rerra (Ribeiro, Meihy e Santos, 1998).
Entrevista presente no filme Raiz forte dirigido por Aline Sasahara e Maria Luísa Mendonca.
ú6 GuiaPráticodehistóriaoral
pró'
pela terra' mas não em benefício
portanto, lutam ao lado de outros
comunhão
prio. Para esses, o torn o r"rsr se dá por meio de uma
"i"tt'to se constroi não pela necessidade
de
ideologica, nesse caso a identidade
sobrevivência, mas na busca de
um mundo mais justo'
é composto por uma
grande diver-
O Movimen,o, to^o apresentado' prévias'
sidade de pessoas, e todas, i"d"p"ttdt"temente de suas historias
Sem Têra
Terra' pois assim se sentem' Ser
ou objetivos imediatos, são Sem da terra
é mais do que rrao tt' o
proptio chao' E ter e lutar pela conquista
da cidadania e da Reforma Agrária'
ou por um ideal tornt'rn d" tonquista
passado de lutas e a vontade de
Historicamente, a memória de um
cresceu
cada narrativa foi o solo de onde
conquistar a teÍra, recontada em vejo que há
o Movimen,. . U'"t""
identidade(s)' Hoje' entretanto'
"'(s) processo' O MST pâssa â atuar nos campos
uma maior abrangência desse de viver do
pensando um
da educação, da cultura, d" prod"ção' ]eit1
2004)'
ambiente (Brandford e Rocha'
campo em equilíbrio to* o meio 2005)'
Suas preocupações n'"tt"tt vão"além da tera" (Meneses Neto'
"o está estreitamente ligada à
No caso a*t'^ rt'O"t'a' a identidade
referido na narrativa' o tempo
do
memória, que faz á;;; ao tempo
vividoplesentificado.funarrativasmuitasvezesrepetemexpedências o
a busca por um lugar na cidade,
semelhantes a opr'rtraon do campo, Sob o
união parâ essa comunidade'
que possibilita uma identidade de
que os conceitos de memoria' narrativa
ponto de vista teórico defende'se de
Não se pode pensar a identidade
e identidade são interdependentes' identi'
Dessa forma' memoria e
um grupo sem refletircob'" "' historia'
dade seráo tratadas em conjunto'
OnJnuvo
aUsoapalawaexpulsào,poisnãoacreditoquenessâmigração.campo-cidadecomoumprocessovolun. govetnos
e poÍ vezes omissa que os
tário, e sim rrra a" p"ii i." i"
d"r.rruolui-"nto violenta, elitista
*."*"- com relação ao campo brasileiro'
..*.'nrÉa&;*tr;.e- *.sftsbi§;-i:;'
Hrorssr DE TRABALHo
Hpóresr DE TRABALHo
Mrroooroon
questionarios prévios'
O projeto propõe entrevistas-múltiplas' sem
"t* local escolhido pelo colaborador' No primeiro
a serem
'"'fi"a"
supõe-se importante *'i' o't'i' que peÍguntâr' Somente apos
encontro das narrativas' E
os motivos do projeto' iniciarei a gravação
detalhados oral
do' p'otài*"t':o''d" histoda
importan* ""r"i)"-o'" n"'"'""io da
escorhidos para a rearização
d..r, p"rqrisa, a liberdade associativa
Modelos de projetos 17Í
FoNres
Periódicos
. Caàernos àe CooPeraçao
Publicações
pauto: Setor de Educação
. A historia de uma l,ma d.e rodos. sao
Ção, 1997.
' Dentre muitas outras'
Documentários em vídeo
. Terra para Rose e Sonh o de Rose,
dirigidos por Têtê Moraes.
o Raiz forte, dirigido por Aline Sasahara e Maria Luísa Mendonça
Plexo DE TRABALHo
CnoNocnaue
O projeto será realizado no prazo de três anos, prazo restante para a
conclusão desta pesquisa de doutoramento. Nesse primeiro ano de pesquisa
pude cursar a disciplina e obter os créditos exigidos paÍa o doutorado
da Pósgraduação da Faculdade de Filosoíia, Letras e Ciências Humanas -
FFLCH - da Universidade de São Paulo - usp, além de dedicar-me às
atividades como levantamento bibliográfico complementar, a leitura da
bibliografia e participacão em eventos acadêmicos e organizados pelo usr.
A tabela que segue prevê a realizacão das atividades a cada semestre.
Rrn.snÊNcrAs BrsuocRÁFrces
social
lI. Projeto história oral como tecnologia
da economia solidária em
Histórias de vida dos trabalhadores
campos Geraisr memória'
Ponta Grossa e na região dos
identidade e história oral
e Economia Sotidaria
Area Têmática: EducaÇão, Potítica
Prof. Dra. Andrea Paula dos Santos
Sociais APlicadas
Dep. de Historia e Mestrado em Ciências
upPc/Pn r r ô-
em História Oral da Universidade de Sao
Núcleo de Estudos
Paulo - Nruo/usP
RBsuvro
parciais de um estudo em
Este trabalho apresentará resultados
dos tra'
identidades e as subjetividades
andamento sobre a'iotu"'' as Grossa'
solidários na cidade de Ponta
balhadores dos empreendimentos
Estadual de
assessorados pelo Programa
de Extensáo da Universidade
(tpsor-a-;rpc)'
Ponta Grossa "L,.ttb'ão'a de
Empreendimentos Solidários"
de
parceria entre a IESoL'UEPG e o Núcleo
Abordaremos especialmente a
EstudosemHistóriaoral(Nprrousr)queresultounoprojeto..Práticas de
Têoricas e Metodológ"t at
Trabalho de Campo para a Elaboração
Solidária' Educação Popular e
um Diagnostico Partlcipativo: Economia
no Programa cle Apoio à Extensão
Historia oral", finantiado p"lo MEC
Universitária voltado às Políticas Públicas'
economia solidária,
palavras,chave: trabarhadores, histórias de vida,
memória, identidade'
Modelos de projetos I75
e o NEHo'lJSp ráultou
no projeto "Pra'
A parceria entÍe a IESoL'IJEPG para a Elabotação
do Trabalho de Campo
ticas Têórica. t t.,oaltã;;, Popu'
"
Patticipativo: Economia Solidária' Educação
de um Diagnostico da Educaçáo
orar,,, ;;;ã;; financiado pero Ministério
rar e Historia às Políticas
(vrsc) no Programa a"?n*
n Extensl.Universitáriavoltado
de Educação Superior -
Sesu; Depar'
Públicas (pnosx'r 20;,^ã;t;"taria
da Educaçáo superior -
DEPEM)'
tâmenro d. Mod"rrrí;;t;."amas a seis estagiátios'
a concessáo de bolsas
Esse projeto está possibilitando
d"' á"" j" História' Administração e Serviço Social' embora
estudantes das áteas de
voluntária de estudantes
ainda conte com â participaçáo a aquisição
Pedagogia, C"og'"fii
t ptorrárni"' Além disso' possibilitaráfotográfica e
(computador' gravadores' câmera
de material ,""""'"tttt de
(fitas, disquetes, pilhas e material
de vídeo) *r,"ri"r de consumo
de consmução
" e viabilizar o trabalho
escritório
"- *"ti,*"1'""' dos
do Diagnóstico Participativo
documental o* ,ruuãi", "l"bo*ção região'
economia solidária dessa
grupos de trabalhadores da possibiii'
neste processo de construÇáo documental'
Buscamos, seÍem assessorados
análise a"' it"u'"' de vida dos sujeitos a
tar uma e
suas memorias e identidades individuais
destacando suas aspirações' (Pollak' 1992;
; social que estáo inseridos
coletivas. o to"t"Lo;;t;t nos seus relatos'
Bauman' ZOOSI' Também
Portelli, 1993; Meihy' 2005; dos Campos Gerais
,r,, dos estudos sobre a tegião
temos visões narradas pelos
""'iq""t'í""t
d. p;;órossa dados pelas diferentes
e da cidade
trabalhador"td'"tot'omiasolidáriasobreocenáriopolítico'econômi
suas historias nos
registrarmos e analisarmos
co, social e cultural' Ao (1997; Z00Z)'
de acordo com Freire
f"'"'l-'"'o p"'-q'i'"'
propomos processo que
' sobre sua realidade num
com que o'
""b"1h'do'""tfltt"* popular e' por meio
é atravessado pelas práticas de educaçáo
também e como
como deíinem suas identidades
desta intervenção' exponham
solidária'
compreendem o que e economia sobre os grupos
além de produzir e estudar documentos
Portanto, o enrique'
solidária na região' pÍopomos
de trabalhad"'";;; "toto*i' ao comparaÍ a
dt d"b;;"u'no âceÍca da economia solidária'
cimento aos chamados
posicionamento em relação
tajetoria desses $upos e seu
Modelos de projetos I77
Solidária seja
para que a h.lstoÍi" d' íto"omia
estaremos contribuindo que vivem o
pao' atioi;Jt e pelas. imagens daqueles
enriquecida a historia social'
têm muito át"' sobre
t""'*"nte
seu dia a dia, e o"" '
econômica da nossa sociedade'
,.1r,r.", cultural e pressupõe o acompanha'
portanto, ,rorru *.rodologia de pesquisa
das possíveis
grupos prm o enriquecimento
mento e a investigação desses tanto para coteiar com
sobre o tema da economia solidária'
concepções problemâtizar as
teóricos existentes' quanto para
os desenvolvimentos
pelas incubadoras'
metodologias adotadas com base
,;;;;' t"noi' sobre o trabalho da tssot-
Por isso,
'"' ' metodologico do estudo das possíveis con'
no aprofund"*"t"oã;;
t e da
e a análise da histoda
da historia oral para a construçáo
tribuições Solidaria'
tt"b"ih"dores da Economia
identidade ao' *"lno' á" atraves dabibliografia
apesquisateórica,
Tambémbuscamos conjugaÍ
enfatizando os pÍessupos'
d" t'J"tho de campo'
existente, com a n';'* de memória e de
orar e das suas rerações com à, .orr."ito'
tos da historia nas reflexões de Poliak
Para tanto' baseamos nossâs.pesquisas
identidade'
um f""O'n""o construído' social e in'
(Lgg\),q'"
"fi'-o''"' " "l"*Uria podem ser conscientes ou
dividualmente, cujos modos de construção
(2005) tambem po-
características que segundo Bauman
inconscienres, a memoria indivi'
de identidade. o que
dem ser ,*ibrriarllo-.."."n" o resultado de um
dual grava, t*tl'i' relembra' e-evidentemente
'"t"lt* deste trabalho de pesquisa'
t"U*ü-i" organizaçáo' No caso
verdadeiro o colaborador a organizar
somos *tdi"do'"' d""' o'*"" izaçáo'ajudando como coletividade
t também a se organizar
sua própria
'""t;;;' "J* ligado aos princípios da
solidária'
economia
em toÍno de um proieto eo
f"t'o-""ologica muito estreita entre a memória
Há uma lig"çio
afirmâ que trata o sentimento
sentimenro d" ,d;;J;a"' é o sentido da imagem
sentido mais superficial' que
'ar"rtt1992)
de identidade no seu que uma pessoa adqui'
outros' Isto é' a imagem
de si, para si, e para os que eta constrói
d';; a ela propria' a imagem
re ao longo '"f"t""tt na sua própria re'
aos outros e a si propria, para acreditat
e apresenta maneira como quer ser
pâra ser percebida da
presentação, mas também
percebidapelosouttos'Oautor'"to'*àliteraturadapsicotogiasociale
Modelos de projetos f79
das memórias
dentro dos grupos e trabalhando em prol da construção
fazem esse
e das identidades dos mesmos. As organizações políticas
a solidificarem uma de'
trabalho com a finalidade de levarem os grupos
o trabalho da propria
terminada consciência histórico.social. Há também
está relativamente
memória em si, ou seja, cada vez que uma memória
coerência' unidade'
constituída, ela efetua um trabalho de manutenção'
muda e se rearranja
continuidade da organização. cadavez que a memória
as identidades coletivas também se transfofmam.
o autor define identi'
que um grupo deve fazer ao
dade coletiva como todos os investimentos
a cada membro do
longo do tempo, todo o trabalho necessário para dar
grupo o sentimento de unidade, continuidade e de coerência'
e prática
É,portanto, a partir da discussão e da construção teórica
um conheci
dos conceitos de memória e identidade, que objetivamos
na região estudada'
mento mais amplo da história do mundo do trabalho
Dispõe-se assim de um apaÍato teórico e
prático para a construção de
e roteiros de entrevis-
instrumentos de pesquisa, tais como questionários
envolvidos na pesquisa,
tas que consideremos subjetividades dos sujeitos
quanto os membros da
,rnaà o, trabalhadores da economia solidária
Sobre a noção de
equipe de pesquisadores e extensionistas da IESoL'
Foucault (2004) ao
subjetividade, nos orienraremos pelas reflexões de
produzir uma história dos diferentes modos de subjetivação
do ser
hrrrr"rt'o, procedendo ao que considerou como uma arqueogenealogia
práticas objeti'
do sujeito, que se divide em certas práticas. são elas: as
objeto é o in'
vadoras, que permitem pensa'lo através de ciências cujo
que detêm o
diúduo passível de normali zaçáo; as práticas discursivas,
papel de produtoras de epistemologia pelo sujeito falante e
produtivo; e
comunidades;
o Discussão de procedimentos teorico-metodologicos: como (por-
eue, com quem e para quem) {azer o trabalho de campo para
registros de historias de vida e coletas de outros tipos de docu-
mentos;
o Como preparar uma visita aos membros do grupo;
. Como preparar o material tecnologico para gravação dos regis-
tros (gravadores, fitas, câmeras fotográficas e de víd"o);
. Como {azer as entrevistas de historia de vida;
I84 Guia Prático de história oral
RrrunÊNCIAS BIBLIocRAFICAS
Ivrnoouc,Ão
tão intensos
Poucos países conheceram movimentos migratórios
motivos' ao auge da
como o ocorrido no Brasil, devido, entre outÍos
que entre as décadas
industrializaçáo iniciada na década de 60' Estima+e
de1960e1980oêxodoruralbrasileiroalcançouumtotalde2Tmilhoes
como um componente
de pessoas. A grande expansão urbana no Brasil'
brasileira' começou
fundamental das mudanças estruturais na sociedade
1960 a populaçáo urba-
na segunda metade do seculo xx e na década de
1993). A migração
na rornou-se superior à rural. (Salim, 1992, Ebanks,
nordestinaparaaregiãoSudeste,emespecialaoestadodeSaoPaulofoi
intensa. São Paulo se torna a "terra das oportunidades"'
Paulo em busca de
Grande parte das pessoas que chegavam a São
novas oportunidades foi atuar na construção
civil' chamando atenção do
de Grandes Estruturas
então sindicato da Indústria da construção civil
outros sindicatos e
no Estado de Sao Paulo, atual Sinduscon sP, e de
saúde daqueles trabalha-
federações do setor, as precárias condições de
doreseafaltadecondiçoesdosserviçospúblicosdesaúdeematenderà
em buscat uma
nova demanda, concluindo que deveriam se empenhar
solução para tais Problemas'
presidente oscar
A diretoria do sinduscon sR entáo formada pelo
Mathias Barker e
Costa, e os diretores João Prósperi de Araújo' João
sintonia com a
Armênio Ctestana, foi uma das que incentivaram' em
Modelos de projetos I89
Jusrmcenve
OnJrnvos
Geral:
Registrar, por meio de entrevistas de história oral, a experiência dos
fundadores, diretores, colaboradores, parceiros e representantes de em-
presas associadas que participaram da história do spcoNcr-sp.
Específicos:
. Organizar um registro histórico;
Ampliar e aprofundar os estudos sobre a instituição;
Coletar, tratar, guardar e dar acessibilidade à documentação,
visando a divulgação dos registros para compreender a historia
institucional;
Criar uma historia humanizada, valorizando a participação dos
fundadores, diretores, colaboradores, parceiros e representantes
de empresas associadas, por meio de seus papeis individuais na
construcão da identidade institucional do sECoNCr-sp.
Mrrooorocu.
CnoNocRAMA
Investimento Necessário
Consultoriar
EmPresa Fata e Escrita
duas horas cada'
consultoria - duas reuniões mensais de
total do contrato
Têmpo de contrato - 24 meses - valor
Transcrições
Hora de transcrição- n" médio de horas previsto
projeto - vator total estimado
Têmpo de contrato - duração do
Textu altzaçóes e Transcriações
previstas
- no de textualizaç óes/ transcriações
Entrevista
Têmpo de conrrato - ,curação do
projeto - valor total estimado
Valor total estimado: [Presentes no proieto origlnal]
publicação e divulgação so
Observação: os valores com transporte,
atividades de pesquisa'
poderão ser esrimados apos o início das
RrrnnÊxclAs BIBLIoGRAFIcAS
Os autores
História oral
como faz,eg como pensar
José Carlos Sebe B. Meifui e Fabíola Hoknda
o que é história oral? Qual a relação entre história oral e entrevista? como fa-
ier um projeto de história oral? A história oral brasileira é diferente? Leitura útil e
::nportante para compreender um mundo que caminha entre palavras, discursos,
:arrativas e esperanças de compreensão, Hisaíria oral: corno
fazer, como pensar é uma
.:rtrodução abrangente e exempliÊcada, destinada a todos
je História, pesquisadores, jornalistas e demais interessados -.rtud"nt.s. professores
-, qu. bur." facilitar o
:rrendizado e ampliar os debates sobre como abordar: memória, identidade e comu-
: rdade - matérias-primas da história oral.
Lrn TAMBEM
.Seb-s'
Joré C-arlos
Fato: uma doença fatal detectada em uma família bem-sucedida da elite pau-
lista. Consequências: quebra de uma aparente harmonia familiar e revelaçóes sobre
segredos guardados por rantos anos. Forma: depoimento das oito vozes envolvidas na
tragedia. O resultado é um livro fascinante e envolvenre, fruto de uma história real
com sabor de romance. O autor do feito é o historiador José Carlos Sebe B. Meihy,
consultor de roteiros de televisão e um dos maiores especialistas em História oral do
país. Respeitado por suas pesquisas rigorosas e dono de uma escrita deliciosa, já teve
alguns de seus texros usados como apoio para telenovelas. Augasto & Lea: um caso de
(d.es)amor em tempos rnodemal certamente pode render uma. Das boas.
Lrrn TAMBEM
uruómeE IDENTTDADE
Joêl Candau
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r:r:t:ltiil: .j. l,:':l:f:::i't::jiil]i'i'
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