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Universidade Federal de Campina Grande

Centro de Ciências e Tecnologia


Unidade Acadêmica de Física

RELATORIO DA DISCIPLINA DE LABORATÓRIO DE FÍSICA MODERNA


REFERENTE À AVALIAÇÃO DO TERCEIRO ESTÁGIO DO CURSO

DETERMINAÇÃO DO VALOR DA CARGA DO ELÉTRON

EXPERIMENTO DA GOTA DE ÓLEO DE MILLIKAN

Equipe:
Igor Santana
Vivianni Cordeiro de Sousa Santos

Professores Responsáveis
Danieverton Martins e Lincoln de Araújo

Campina Grande
Novembro de 2010
Objetivos

Nosso objetivo na realização desse trabalho foi conhecer a motivação e os métodos utilizados por
Millikan pra obter o valor mínimo da carga elétrica e reproduzir com equipamentos modernos os
resultados obtidos por ele.
Materiais Utilizados

 Suporte tripé com condensador de placas paralelas, fonte de luz, microscópio;


 WebCam;
 Laptop;
 Chave inversora;
 Fonte de tensão continua;
 Voltímetro;
 Borrifador;
 Silicone líquido;
Introdução Teórica

Ao final do século XIX físicos de todo mundo se propunham a estudar o misterioso efeito ao qual
nomearam “Raios Catódicos”, pois, ao que parecia, uma radiação saia do cátodo de uma ampola de
Crookes quando dentro desta se encontrava um gás rarefeito, após a realização de diversos
experimentos chegou-se a algumas conclusões acerca desses raios:

• Propagam-se em linha reta;


• Carregam momento;

Mais tarde J.J. Thompson também chegaria a conclusões importantes:

• Eram defletidos por um campo magnético, logo possuíam uma carga intrínseca;
• Eram atraídos por um campo elétrico positivo, portanto a natureza dessa carga deveria ser
negativa;

(a) (b) (c)

Figura (1): Diversos exemplos de tubos de raios catódicos


(a) ao encontrarem com um obstáculo opaco os raios formam uma sombra ,independente do ângulo de incidência demostrando
que eles viajam em linha reta, (b) ao incidir os raios sobre esse conjunto de placas metálicas elas começam a girar, o que implica que os raios
carregam momento linear,(c) raio catódico desviado pela presença de um campo elétrico.

Ao analisar seus dados e comparar com os de outros Thompson pode concluir que tais raios
consistiam, de fato, em partículas provenientes do átomo e não ondas ou moléculas como se supunha.
Ele então imaginou tais partículas, chamadas agora elétrons, incrustadas na superfície de um caroço
positivamente carregado, de forma tal que no final o átomo fosse neutro, com isso ele formulou o
modelo do Pudim de Passas do átomo.

Embora ele não conseguisse imaginar um meio de medir diretamente quer a massa quer a carga
dessa partícula, continuando sua série de experimentos ele calculou então a sua razão carga-massa.
Hoje em dia o resultado é:

e /m=1,758803±0,000005C / g (1)
O próximo passo foi dado então por Millikan, em seu aparato ele conseguiu imaginar uma maneira
engenhosa medir a velocidade de partículas carregadas, primeiramente ele tentou com água em seguida
com óleo.

No seu experimento ele podia controlar a voltagem nas placas do carregador em (d) ver as gotas
iluminadas por uma fonte de luz externa caindo sob a ação da gravidade entre esses os capacitores com
o telescópio em (a). O processo então consistia em atomizar as gotas com o borrifador (b) empurrando-
as para dentro da câmara selada (c). Ver figura (2)

O processo de atomização se dava através da fissão das gotas de óleo com o ar, naturalmente ou
após ser ionizado por uma lâmpada de raios-X. A câmara era termicamente isolada com óleo para evitar
o aquecimento das gotas e que geraria um movimento indesejado devido a essa energia extra. Figura
(3).

b
c d

aa

Figura 2 : Foto de um dos modelos Figura 3 : Esquema do aparato de Millikan


do experimento de Millikan ( lado externo) (lado interno)

Quando percebia que estas estavam em queda com velocidade constante, ou seja, que as resultante
das forças que agiam sobre ela era nula:

 F el F g  F em F vis =0 (2)

onde,

F el =qE é a força elétrica exercida pelos capacitores; (3.1)

F g =gota V g é a força peso das gotas em função da densidade desta; (3.2)

F em =ar V g é o empuxo que a gota sofre pelo ar, em função da densidade deste; (3.3)
F vis =6 r  v é a força devida à viscosidade do ar e v é uma velocidade; (3.4)

As constantes q ,g,η e ρ gota , ρ ar são, respectivamente, a carga que queremos calcular,a constante de
aceleração gravitacional da Terra, a viscosidade do ar e as densidades referentes á gota e ao ar.Os
valores de cada uma estão dados no Anexo 1.

Ele media o tempo de queda da gota, em seguida invertia a voltagem, esperava novamente ela se
estabilizar e media a velocidade de subida, repetindo o processo diversas vezes. Então, substituindo
esses dados dentro de uma expressão encontrada a partir das equações (2) e (3.i) e considerando a gota
como sendo uma esfera perfeita de raio r ele deduziu a expressão para o valor da carga da gota:

9π ⋅ d (v1 + v 2 ) η 3 (v1 − v 2 )
q= (4)
2U g ( ρ gota − ρ ar )

Expressão que indica o valor da carga em função de constantes conhecidas e de


variáveis que serão medidas no experimento ( velocidades)

o índice 1 refere-se à descida e o índice 2 à subida,U é a voltagem aplicada ao capacitor e d a distância


entre as placas dos mesmos.

Millikan obteve foi q=1,5924(17)×10−19 C, enquanto o melhor valor obtido já obtido foi de
1,602176487(40)×10−19 C , ou seja, um erro de menos de um por cento, o que é curioso uma vez que
ele obtinha o valor errado da constante  da viscosidade do ar.
Procedimentos Experimentais

Ao iniciar o experimento todo o equipamento já estava montado e pronto na bancada como mostra a
figura abaixo:

Capacitor Telescópio

Reservatório
contento o óleo Webcam
para as gotas

Laptop

Chave inversora
de Tensão
Borrifador

Voltímetro
Tripé

Figura (4) Aparato experimental utilizado

Nosso procedimento experimental se resumiu a ajustar o multímetro na voltagem desejada,usar o


borrifador para empurrar as gotículas dentro do capacitor e em seguida observá-las subindo pela tela do
computador através da imagem capturada pela webcam acoplada ao telescópio( lembrando que na
verdade a imagem estava invertida, então na realidade elas estavam caindo) e quando necessário ajustar
o foco.

Quando percebíamos uma boa gota, nítida e que não se movia muito rapidamente começávamos a
gravar o vídeo e anotávamos o número deste, invertíamos então a voltagem na chave e a observávamos
cair, refazendo o processo isto até ela desaparecer da tela.
Repetimos o procedimento até conseguir pelo menos quatro bons vídeos para cada voltagem, que no
nosso caso foram: 300 V, 400 V e 500 V.

Após obter as imagens iniciou-se de leitura destas: quando a gota estava bem focalizada mediamos o
tempo que ela levava para percorrer um certo espaço entre os carregadores, a distância da separação
entre eles equivale é de 2,5 mm, uma escala graduada com 30 divisões dentro do telescópio oferecia
uma precisão de 8,33310−5 m. Ver figura (5).E então calcular a velocidade de acordo com a expressão
abaixo:

 2,5 ⋅ 10 − 3 
n. 
 30  (5)
v=
∆t
Expressão utilizada para calcular a velocidade das gotas

Sendo v a velocidade, em metros por segundo, e ∆ t , em segundos, o intervalo de tempo gasto pela gota
para percorrer n divisões do telescópio.
Dados Obtidos

Aqui apresentamos as velocidades calculadas a partir da equação (5). Juntamente com as médias para
cada voltagem, equação (6) e o desvio médio das velocidades, equação (7).

A média é calculada por:


_
1
x=
N
∑i
vi (6)

E o desvio quadrático da média:


2
 _

 x − x (7)
σ 2
=  
N

Tensão 500 V
Gota v1 (10 − 4 m / s ) v 2 (10 − 4 m / s )
1 (Video 36) 5,625000 2,380952
2( Video 37) 5,416667 1,666667
3( Video 37) 4,166667 1,000000
4(Video 39) 6,527778 3,875000
_
x± σ 2
5,434028 ± 0,638360 2,230655 ± 1,056452

Tabela 1 : Velocidades Médias das Gotas submetidas à 500 uma tensão de V

Tensão 400 V
Gota v1 (10 − 4 m / s ) v 2 (10 − 4 m / s )
5 (Video 40) 7,500000 3,333333
6( Video 42) 5,069444 1,583333
7( Video 43) 6,944444 4,166667
8(Video 51) 6,770833 5,312500
_
x± σ 2
6,57118025 ± 0,515599 3,598958 ± 1,399482
Tabela 2 : Velocidades Médias das Gotas submetidas à uma tensão de 400 V
Tensão 300 V
Gota v1 (10 − 4 m / s ) v 2 (10 − 4 m / s )
9 (Video 53) 4,791667 3,206845
10( Video 55) 6,354167 6,319444
11( Video 56) 4,375000 1,416667
12(Video 58) 5,503472 2,708333
_
x± σ 2
5,256077 ± 0,503322 3,412822 ± 0,3525012
Tabela 3: Velocidades Médias das Gotas submetidas à uma tensão de 300 V

1/ 2
Usando a equação (4) a constante C= 2,675 10 -11 kg (m/s) .Ver Anexo 1.E o valor dessas
velocidades encontramos os seguintes valores para carga, podemos ver abaixo o histograma desses
valores .

No anexo (2) mostramos o valor da carga para cada gota encontrada e tomando o menor valor
encontrado como o valor da carga do elétron encontramos que ela equivale à:
−19
2,105 10 C

que, comparado com o dado atual resulta em um erro de:

=∣ x− X ∣÷ X =0,31398

Ou seja, mais de trinta por cento.


Conclusões

Infelizmente nosso experimento não pode encontrar um bom valor para a carga do elétron,vários
fatores contribuiram para tal : o fato da câmara onde caiam os elétrons não estar isolada fazia com que
estas desviassem muito sua trajetória devido a fatores externos tais como vento ou oscilação na
bancada, os videos capturados constantemente mostravam manchas o que impossibilitava o
acompanhamento da gota sobre todo o tempo também, e que não permitia que fizéssemos uma média
das velocidades que seia melhor estatisticamente que apenas uma medida, por fim podemos dizer
também que a amostra de gotas foi muito pequena para se fazer uma boa analise quantitativa.Outros
erros acrescidos foi a tomada da gota como esférica durante todo o tempo e o descarte do movimento
brwoniano.
Anexo 1 : Valores das constantes

Os valores das constantes utilizados foram:

1. Aceleração da gravidade g:

g= 9,806 65 m/ s2
2. Viscosidade do ar η :

η = 1,82 ⋅ 10 − 5 k
g/m.s

3. Distância entre as placas d:

d=2,5mm
4. Densidade do ar ρ gota :

O óleo utilizado foi o de silicone cuja densidade é:


ρ gota = 1, 075 10³ kg/ m³ ,

5. Densidade do ar ρ ar :

Para calcular à densidade do ar vamos utilizar a expressão:

p
ρ =
R⋅T
Onde, p é a pressão, R uma constante que depende do gás no nosso caso : 287,058 J/(kg·K) e T
a temperatura em kelvins.Dados ,aproximadamente p= 101,325 kPa e T =303,15 K, temos :

ρ ar =1,164 kg/m³

Com esses dados somos capazes de calcular o valor de uma constante C tal que:

9⋅ π ⋅ d η 3
C=
)= 2,675 10 -11 kg (m/s)
1/ 2

2 g(ρ gota − ρ ar
Anexo 2: Valores da Carga para cada gota

Gota Potencial (V) Carga( 10 − 19 C)


1 500
7,713
2 500
7,337
3 500
4,918
4 500
9,063
5 400
14,785
6 400
8,305
7 400
12,382
8 400
9,756
9 300
8,977
10 300
2,105
11 300
8,880
12 300
12,239

1,6E-18
Valor da carga da Gota

1,4E-18
1,2E-18
1E-18
8E-19
6E-19
4E-19
2E-19
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Bibliografia

[1]http://fr.wikipedia.org/wiki/%C3%89lectron

[2]http://fr.wikipedia.org/wiki/Joseph_John_Thomson

[3]http://www.ca.ufsc.br/qmc/aulas1anos/raiocatodico/raiocatodico.htm

[4]http://library.thinkquest.org/19662/low/eng/exp-millikan.html

[5]http://www.youtube.com/watch?v=xohI5URKRvA

[6]http://en.wikipedia.org/wiki/Oil_drop_experiment#cite_note-7

[7]www.labdid.if.usp.br/~estrutura/apostilas/millikan.pdf

[8]http://physics.nist.gov/cuu/Constants/index.html

[9]http://en.wikipedia.org/wiki/Density_of_air

[10]http://www.fisica.ufjf.br/disciplinas/labfismod/experiencias.pdf

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