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Escola Secundária 3 de Fevereiro de Furacungo-Macanga

Texto de apoio de Física 12ª classe, II Unidade

UNIDADE 2: FÍSICA ATÓMICA

FÍSICA ATÓMICA

A física atómica: é o ramo da física que se ocupa das interacções ao nível da electrosfera dos átomos.
Isto significa que a física atómica ocupa-se dos fenómenos relacionados com os electrões.

Neste capítulo iremos estudar o fenómeno fotoeléctrico, os raios-X e os níveis de energia no átomo.

Fenómenos fotoeléctrico
Nos metais os electrões da última camada são chamados electrões livres ou de valência, pois são os
electrões que se movimentam livremente no átomo e são responsáveis pela valência que caracteriza a
ligação do metal com qualquer outro elemento. Por isso, estes electrões encontram-se na superfície dos
metais, assim como no seu interior.
Os electrões livres da superfície de um metal podem ser retirados do átomo de duas formas:
 Através do fornecimento de energia térmica ao átomo, isto é, aquecendo o metal a altas
temperatura, emissão termoeléctrica.

 Através de energia luminosa, isto e, fazendo incidir luz sobre a superfície de um metal.
Emissão fotoeléctrica (pois considera-se que a luz e constituída por partículas que não possuem
nem massa nem carga, chamadas fotões )

Assim podemos concluir que:

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Grupo de Disciplina de Física
Emissão termoeléctrica: é a emissão dos electrões livres da superfície de um metal aa custa de energia
térmica.

Emissão fotoeléctrica: é a emissão dos electrões livres da superfície de um metal submetida a radiação
electromagnética.

LEIS DO FENÓMENOS FOTOELÉCTRICO

O fenómeno fotoeléctrico, tal como ou demais fenómenos, obedece a princípios ou leis básicos, que
são deduzidas experimentalmente. Porém, comecemos por nos familiarizar com alguns dos termos dos
quais servir-nos-emos no futuro.

Radiação incidente: é a radiação ou luz que incide sobre a superfície do metal e que provém da fonte
luminosa.

Fotoelectrões: são os electrões emitidas da superfície do metal (com uma determinada velocidade v).

Já sabemos que durante o fenómeno fotoeléctrico são emitidos electrões os fotoelectrões. Por isso, é
importante saber quantos fotoelectrões são emitidos em cada segundo, isto é, em cada unidade de
tempo, durante a dedução experimental das leis que regem o fenómeno, assim,

A corrente fotoeléctrica (I), é o número de fotoelectrões emitidos na unidade de tempo durante o


fenómeno fotoeléctrico.

1ª LEI DO FENÓMENO FOTOELÉCTRICO: A intensidade da corrente fotoeléctrica, ou seja, o


número de electrões emitidos por unidade de tempo é directamente proporcional á intensidade da fonte
luminosa.

Mas como a intensidade da fonte luminosa depende da potência da fonte, podemos afirmar que a
intensidade da corrente fotoeléctrica é directamente proporcional á potência da fonte. Isto significa
que:

 Se a potência da fonte duplica, a corrente fotoeléctrica também duplica;


 Se a potência da fonte diminui quatro vezes, a corrente fotoeléctrica também diminui quatro
vezes, etc.

Experimentalmente verificou-se que para variamos a velocidade máxima dos fotoelectrões


emitidos deveríamos variar a frequência da radiação incidente, ou seja, variar a frequência da luz
emitida pela fonte que provoca o fenómeno fotoeléctrico. Isto significa que existe uma relação de
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proporcionalidade directa entre a frequência da radiação incidente e a velocidade dos fotoelectrões
emitidos. Por isso podemos enunciar a 2a lei do fenómeno fotoeléctrico da seguinte forma:

2A LEI DO FENÓMENO FOTOELÉCTRICO: A velocidade máxima dos fotoelectrões emitidos é


directamente proporcional á frequência da radiação incidente.

Isto significa que quanto maior (ou menor) é a frequência da radiação incidente, maior (menor) é a
velocidade máxima dos fotoelectrões emitidos.

A frequência da radiação incidente cuja velocidade máxima dos fotoelectrões emitidos é nula dá-se
o nome de frequência limite ou limite vermelho e representa-se por f o . Assim podemos enunciar
a 3a Lei do fenómeno fotoeléctrico.

3a LEI DO FENÓMENO FOTOELÉCTRICO: existe uma frequência mínima, chamada frequência


limite ou limite vermelho, a partir da qual se dá início fotoeléctrico.

A frequência limite ou limite vermelho é uma característica de cada metal e tem um valor
constante para determinada metal.

Como base na 3a Lei do fenómeno fotoeléctrico podemos concluir que:

 Se a frequência da radiação incidente, f , for maior do que a frequência, f o, ocorre o


fenómeno fotoeléctrico;
 Se f <f o não ocorre o fenómeno fotoeléctrico;
 Se f =f o, ocorre o fenómeno fotoeléctrico, mas a velocidade máxima dos fotoeléctrico
emitidos é nula.

Ao comprimento de onda correspondente á frequência limite, dá-se o nome de comprimento de onda


máxima, λ o , a partir do qual não corre o fenómeno fotoeléctrico, pois a frequência e o comprimento
de onda são grandezas inversamente proporcionais.

Teoria quântica de Max PLANCK

No século XIX, inúmeras tentativas foram realizadas para encontrar a lei que relacionasse a
temperatura e o comprimento de onda com a quantidade de energia irradiada pelos corpos aquecidos.
Todas essas tentativas falharam, menos a do físico Max Planck, que, em 1900, formulou
uma teoria conhecida como teoria dos quanta. Para explicar a natureza da radiação electromagnética
emitida pela superfície de um corpo negro, ele apresentou a hipótese:
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Um electrão, oscilando com frequência f , emite (ou absorve) uma onda electromagnética de igual
frequência, porém a energia não é emitida (ou absorvida) continuamente.

Planck considerou que a energia radiante não é emitida (ou absorvida) de modo contínuo, como em
geral imaginamos, mas sim em porções descontínuas, “partículas” que transportam, cada qual, uma
quantidade de energia E bem definida. Essas “partículas” de energia foram denominadas fotões. A
energia E de cada fotão é denominada quantum (no plural quanta). O quantum E de energia radiante
de frequência f é dado por:

E=h ∙ f

Usando a equação fundamental da onda c=h∙ f , energia de um quantum pode ainda ser calculada pela
expressão.

h∙c
E=
λ

Em que h=6,633 ∙10−34 J . sé uma constante de proporcionalidade denominada constante de Planck,


que, desde então, se verificou ser uma das constantes fundamentais da Física Moderna. A equação
anterior traduz a hipótese de Planck, enunciada acima:

Um electrão oscilante não pode absorver (ou emitir) energia continuamente. Ou seja: Um elétron
absorve (ou emite) apenas quantidades inteiras ou múltiplas de h ∙ f .

EQUAÇÃO DE EINSTEIN PARA O FENÓMENO FOTOELÉCTRICO

Quando uma radiação electromagnética incide sobre a superfície de um metal, electrões podem ser
arrancados dessa superfície (fig. abaixo). Esse fenómeno, descoberto por Hertz em 1887, é
denominado efeito fotoeléctrico. Os electrões arrancados são chamados fotoelectrões.

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O efeito fotoeléctrico não ficou suficientemente explicado na Física Clássica até que Einstein, em
1905, desenvolveu uma teoria, levando em consideração a quantização da energia. Ele propôs que, no
efeito fotoeléctrico, um fotão da radiação incidente, ao atingir o metal, é completamente absorvido por
um único electrão, cedendo-lhe sua energia h ∙ f . Essa interacção ocorre instantaneamente, de modo
semelhante à colisão de duas partículas, ficando então o electrão do metal com uma energia adicional
h ∙ f . Essa teoria de Einstein sugere, portanto, que a luz ou outra forma de energia radiante é composta
de “partículas”, os fotões, e que estes podem ser absorvidos pelo metal apenas um de cada vez, não
existindo fracções de um fotão. Tais afirmações estão em total concordância com as hipóteses de
Planck, e, com isso, Einstein explicou correctamente que a energia que o electrão absorve deve
aumentar com a frequência e não tem nada a ver com a intensidade da radiação, fato que a Física
Clássica não conseguira explicar. Conforme veremos, o aumento da intensidade da radiação incidente
aumenta o número de fotoelectrões emitidos. Para o electrão escapar do metal, é necessário que ele
tenha uma quantidade mínima de energia para vencer os choques com os átomos vizinhos e a atracção
eléctrica dos núcleos desses átomos. A energia mínima necessária para um electrão escapar do metal
corresponde a um trabalho Φ, denominado função trabalho do metal. O valor desse trabalho é
característico para cada metal. Na tabela abaixo, temos a função trabalho Φ de alguns metais.

Portanto, quando o electrão recebe a energia adicional proveniente do fotão incidente, esta deve ser
suficiente para superar a função trabalho Φ do metal para que o electrão possa escapar; o excesso de
energia é conservado pelo electrão na forma de energia cinética isto é:

h ∙ f =Φ+ E c ( max . ) ou E c ( max. )=h ∙ f −Φ

Chamamos essa energia cinética de máxima Ec (max . ) porque outros electrões menos favorecidos (mais
internos) são emitidos com menor energia cinética por causa da perda de energia sofrida ao atravessar
o metal. Substituindo por Ec (max . )Por

m∙ v 2max
Ec (max . )= temos :
2

m∙ v 2max
=h ∙ f −Φ
2

Existe uma frequência mínima ( f o ), chamada frequência de corte, na qual o electrão escapará se a
energia que ele receber do fotão (h ∙ f o) for igual à energia Φ . Então,h ∙ f o =Φ e a equação fotoeléctrica
de Einstein pode ser escrita:

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m∙ v 2max
=h ∙(f −f o)
2

Assim, fazendo-se incidir fotão na superfície de um metal, emitem-se fotoelectrões que têm energia
cinética até o limite Ec (max . ). Aumentando-se a intensidade da radiação incidente, isto é, o número de
fotões incidentes, aumenta-se o número de fotoelectrões arrancados. Entretanto, a energia recebida por
um electrão, ao absorver um fotão, é sempre a mesma, assim como sua energia cinética máxima.

m∙ v 2max
Considerando-se vários metais, o gráfico da Ec (max . )= Função da frequência f , é mostrado na
2
figura abaixo

Como vê, o gráfico da energia cinética em função da frequência da radiação incidente deve ser uma
linha recta crescente porque o coeficiente angular, h, é positivo. O gráfico corta o eixo vertical no
ponto – Φ que é a ordenada na origem, e o zero da função é igual a f o.

A parte tracejada do gráfico corresponde aos valores inferiores á frequência limite, onde não ocorre o
fenómeno fotoeléctrico.

GRÁFICO DO POTENCIAL DE PARAGEM EM FUNÇÃO DA FREQUÊNCIA DA RADIAÇÃO


DA RADIAÇÃO INCIDENTE

Os electrões emitidos durante o fenómeno fotoeléctrico podem ser parados ou travados, por exemplos,
através de um campo eléctrico uniforme,

Repare que a força tem sentido contrário ao do movimento do electrão. Ao potencial mínimo
necessário para parar os electrões emitidos durante o fenómeno fotoeléctrico, dá-se o nome de
potencial de paragem Up. Assim podemos definir.
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Potencial de paragem (Up) é o potencial mínimo necessário para parar os electrões emitidos durante o
fenómeno fotoeléctrico.

Durante o seu movimento a energia potencial do electrão ( Ep=q ∙U ), onde q é a carga do electro,
1,6 ∙10−19 C , é transformada em energia cinética, por isso podemos escrever.

Ec =Ep=q ∙ Up

Da equação de Einstein sobre o fenómeno fotoeléctrico podemos então escrever:

h Φ
h ∙ f =Φ+q ∙ Up ⇔Up= ∙ f −
q q

Esta ultima equação também se assemelha a uma função linear do tipo y=ax+ b

−Φ
Neste caso, o gráfico é também uma linha recta. A ordenada na origem é dada pelo quociente, ,eo
q
zero da função também é f o. Assim podemos construir o gráfico da figura abaixo.

Exercício

1. Qual é, em nm, o menor comprimento de onda X que podem ser emitidos por um electrão
quando ele atinge a mascara metálica na face frontal de um tubo de televisão a cores que opera

108 m
com uma voltagem de 20 KV ? Use: (h=6,625 ∙10−34 js; c=3∙ −19
; e=1,6 ∙10 j )
s

Dados Pedido Fórmula/Resolução


Φ=20 KV =2 ∙10 4 ∙ 1,6 ∙10−19=3,2∙ 10−15 j λ o (nm)=? h∙c
λ o (nm)=
Φ
h=6,625 ∙10−34 js
8 6,625 ∙10−34 js∙ 3 ∙10 8 m/ s
c=3 ∙ 10 m/s λ o (nm)=
3,2 ∙10−15 j
19,875 ∙10−26 m
λ o (nm)=
3,2 ∙10−15
λ o (nm)=6,21∙ 10−11 m

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1 nm=10−9 m
λ o (nm)=6,21∙ 10−11 m

6,21 ∙10−11 m
λ o (nm)= =0,062nm
10−9 m

Espectros ópticos

Os espectros ópticos classificam-se em espectro de emissão e de absorção, por sua vez, ambos
subdividem-se em contínuo e descontínuos. Os espectros descontínuos podem ainda ser de riscas
(linhas) ou de bandas conforme o esquematizado ao lado.

Espectro de riscas ou linhas

Os espectros de riscas ou linhas são constituídos por linhas brilhantes e coloridas (se forem de
emissão) ou linhas pretas (se forem de absorção). Estas linhas correspondem a um comprimento de
onda definido. Este tipo de espectro é característico da luz emitida por gases de elementos
monoatómicos e vapores de metais a baixa pressão, ou seja, a cada elemento corresponde um único
espectro de risca. Por exemplo o hidrogénio, o hélio, o néon, vapores de sódio, etc.

Espectro de bandas

Os espectros de bandas são constituídos por grupo de riscas. São característicos de moléculas de gases
poliatómicos ou vapores incandescentes a baixa pressão.

São exemplos o nitrogénio, o oxigénio a chama de um bico de bunsen, etc.

Espectro contínuo

Os espectros contínuos são constituídos por faixas de cores das radiações que constituem a luz branca.
estes são emitidos por metais (sólidos) e líquidos
incandescentes a alta pressão. Os espectros
contínuos não são característicos de nenhum
elemento.

De referir ainda que a analise espectral é feita


normalmente, com o auxilio de espectroscópios
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que, tal como o nome indica, são instrumentos destinados a separar os componentes de um espectro
óptico.

Os espectros ópticos podem ser interpretados da seguinte forma:

 Cada elemento tem as suas linhas características que diferem de qualquer outro elemento. Por
isso a presença de certas linhas num qualquer espectro servem para identificar a presença de
certos elementos químicos.
 As linhas brilhantes de qualquer espectro de emissão devem-se a um aumento brusco da
intensidade I, da radiação de um determinado comprimento de onda (fig. a)
 No espectro contínuo de emissão, todas as cores presentes apresentam igual brilho ʺ
intensidade ʺ (fig. b).
 O espectro de riscas de absorção apresenta uma diminuição brusca da intensidade da radiação
de um determinado comprimento de onda. As linhas são acompanhadas por um espectro
contínuo de fundo.

RAIOS - X : PRODUÇÃO, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES

Os raios X são de natureza electromagnética e são produzidos quando um feixe de electrões choca
com um alvo metálico. A frequência dos raios X é tanto maior quanto maior for a energia dos electrões
que chocam com o alvo metálico.

O tubo de raios -X Produção

A figura mostra esquematicamente um tubo de


raios X moderno

Usa-se a emissão termoeléctrica, ou seja,


emitem-se electrões do cátodo através da
energia calorífica. Assim o cátodo é aquecido através da resistência do aquecimento, o que vai excitar
os electrões livres do cátodo. Devido a existência de um campo eléctrico entre o ânodo e o cátodo
resulta uma diferença de potencial, e os electrões vão mover-se do cátodo para o ânodo, os electrões
chocam com o alvo metálico cedendo a sua energia cinética aos electrões dos átomos do material que

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constitui o alvo por sua vez os electrões do alvo metálico emitem a energia absorvida na forma de raios
X….

O poder de penetração dos raios X depende da voltagem ou ddp entre o cátodo e o ânodo. Assim
podemos concluir que:

 A frequência dos raios X é directamente proporcional a ddp entre o cátodo e o ânodo.


 O comprimento de onda é inversamente proporcional a ddp entre o cátodo e o ânodo.
 Quanto maior é a frequência dos raios X, maior é a sua dureza.
 A intensidade dos raios X depende do número de electrões que choca com o alvo metálico por
unidade de tempo.
 O poder de penetração dos raios X depende da Voltagem ou ddp entre o cátodo e o ânodo.
 Para evitar a destruição do ânodo devido a sobreaquecimento, usa-se o liquido refrigerante, que
pode ser agua ou óleo, para arrefecer o ânodo.

Propriedades dos raios X


Os raios X têm as seguintes propriedades:
 Propagam – se em linha recta.
 Atravessam a matéria praticamente sem se alterarem.
 Provocam fluorescência quando incidem sobre certas substâncias, especialmente em sais.
 Emulsionam chapas fotográficas.
 Não sofrem refracção
 Não sofrem deflexão em campos eléctricos e magnéticos.
 Provocam descargas eléctricas sobre corpos electrizados
 Provocam efeito fotoeléctrico.
 São produzidos quando um feixe de raios catódicos incide sobre os núcleos de alvo metálico.

Aplicação dos raios X

Os raios X foram usados menos de três meses após sua descoberta por Röntgen. As principais
aplicações nos nossos dias cobrem uma vasta área das ciências que vão desde a arte, passando pela
engenharia ate a medicina.

Resumindo, podemos afirmar que, os raios X têm larga aplicação:

 Na arte, para a detecção de imagens ocultas em pinturas antigas.


 Na engenharia, para o exame de metais, na procura de defeito de fabrico.

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 Na medicina, como meio de diagnóstico (detecção de ossos partidos, investigação de
desordens respiratórias ou digestivas) e como terapêutico (no tratamento de cancros
malignos).

Transformações de energia no tubo dos raios X


Durante estes todos processos há transformação de energia, pois na natureza a energia não se cria
nem se destrói, apenas se transforma – lei de conservação de energia. Deste modo, os electrões ao
saírem do cátodo possuem energia potencial eléctrica. Durante o seu movimento em direcção ao
ânodo a energia potencial eléctrica é transformada em cinética. Durante a colisão dos electrões com o
ânodo a sua energia cinética é transformada em energia das ondas electromagnéticas que é
constituída por raios X.
Assim podemos escrever:

A energia potencial eléctrica=energia cinética=energia dos raios X

A energia potencial eléctrica é dada pela expressão: E pel =q . U

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A energia cinética é dada pela expressão: Ec = mv
2

A energia dos raios X ou fotões que constituem os raios X é dada pelas expressões:

hc
Eraios− X =h f máx ou Eraios− X =
λmin

Assim, na produção dos raios X, tendo em conta as afirmações de energia, são validas as seguintes
igualdades:

onde:

U −¿- é a ddp entre o cátodo e o ânodo


m−¿ é a massa do electrão (m=9,11∙ 10−31 kg)
f máx– é a frequência máxima dos raios X produzidos
λ min – é o comprimento de onda mínimo dos raios X produzidos

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Espectro dos raios X

Com base na difracção dos raios X pode obter-se o espectro apresentado na figura na qual as duas
curvas apresentam duas ddp diferentes entre o ânodo e o cátodo, sendo U 1 ˃ U 2 o espectro dos raios X
pode ser considerado em duas partes:

 Um espectro contínuo de fundo


 Uma serie de picos de intensidade

O espectro contínuo de fundo deve-se à radiação emitida quando os electrões são retardados pele
atracão electromagnética do núcleo do material que constitui o alvo metálico. O comprimento de onda
mínimo do espectro dos raios X é produzido quando um electrão é justamente travado por um único
núcleo do material que constitui o alvo. O resto da curva é
produzido por electrões que perdem apenas parte da sua energia
cinética durante a colisão com vários núcleos do material do alvo.

Quanto maior é a ddp entre o cátodo e o ânodo, menor é o


comprimento de onda mínimo λ min , como tal podemos concluir:

O comprimento de onda mínimo dos raios X é inversamente


proporcional á voltagem ou d.d.p entre o cátodo e o ânodo

Consequentemente, a frequência máxima dos raios X é


directamente proporcional a voltagem ou ddp entre o cátodo e o ânodo.

Os picos de intensidade no espectro dos raios X são característicos para cada material que constitui o
alvo metálico. Os electrões das camadas interiores são completamente removidos pelo
bombardeamento dos raios catódicos, deixando lacunas nas camadas internas. Estas lacunas poderão
em seguida serem ocupadas pelos electrões das camadas mas externas que possuem maior energia. Um
electrão de uma camada mais externa que vá ocupar a lacuna existente emite um fotão de um
determinado comprimento de onda (ou, duma determinada frequência), dando origem ao pico de
intensidade no espectro dos raios X.

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Os electrões que passam para o nível K no átomo do alvo metálico provenientes de qualquer nível
excitado (L, M, N, etc) produzem os raios X numa serie de comprimentos de onda semelhante à de um
espectro óptico que ficou conhecido como serie K. assim se distinguem as series K α e K β, etc. quando a
transição ocorre para o nível L, então obtêm-se a serie L e assim sucessivamente. Mas como os raios X
são produzidos pelas transições que ocorrem apenas nas camadas internas (K e L) dos átomos que
constituem o alvo metálico, normalmente só se distinguem as series K e L.

Níveis de energia do átomo de hidrogénio

Segundo o modelo de Bohr, os electrões os electrões ocupam certas camadas no átomo. A cada
camada é atribuída uma determinada energia que designada nível de energia do átomo.

Os espectros ópticos encontram a explicação da sua existência nos níveis de energia. Por isso, com
base nos níveis de energia do átomo de hidrogénio, pode construir-se o espectro óptico. Os níveis de
energia apresentam geralmente, a seguinte estrutura:

 São usualmente representados por uma serie de linhas horizontais.


 A energia cresce de baixo para cima assumindo valores negativos.
 O nível de energia mais baixo do electrão é chamado estado fundamental.

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13,6
En =
n2
 Para o hidrogénio a energia do estado fundamental é −13,6 eV .
 A energia de todos os estados de energia do átomo de hidrogénio pode ser calculada pela
relação:
Onde:
En −¿ é a energia da orbitalou camada e n, o número de orbital (nº. quântico principal).
 Os estados a acima do estado fundamental, até infinito n=∞ são chamados estados
excitados.
 Durante a sua subida de nível, o electrão absorve energia e durante a descida liberta
energia.
 Quanto mais baixo for o nível energético ocupado pelo electrão, menor será a atracção
(ligação) deste ao núcleo.
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 Quanto mais alto for o nível energético ocupado pelo electrão, menor será atracão (ligação)
deste ao núcleo.
 As transições que ocorrem para o nível K (n=1) pertencem a uma serie, chamada serie de
Lyman. Nestas transições, os electrões emitem radiação dentro da banda da radiação
ultravioleta.
 As transições que ocorrem para L (n=2) pertencem a uma serie, chamada serie de Balmer.
Nestas transições, os electrões emitem radiação dentro da banda da radiação visível.
 As transições que ocorrem para o nível M (n=3) pertencem a uma serie, chamada serie de
Paschen. Nestas transições, os electrões emitem radiação dentro da banda da radiação
infra-vermelha.
Para distinção das diferentes linhas dentro da mesma serie (K, L ou M) usam-se os índices
α , β , δ , etc . , para a 1ª, 2ª, 3ª, 4ª. transições, respectivamente.
A frequência ou o comprimento de onda da radiação emitida ou absorvida durante qualquer transição
pode ser determinada pelas expressões:
h∙c
|E|=h ∙ f ou|∆ E|=
λ
Na física atómica e nuclear a energia de uma partícula é expressa em electrão - volt (eV ).
A relação existente entre esta unidade e a unidade Joule (J), a unidade de energia no SI é:
1 eV =1,6 ∙ 10−19 J

Lei de Moseley

Em 1954, Moseley propôs uma lei na qual mostrava que a frequência dos raios X estava relacionada
com o número atómico Z dos átomos do material que constituía o alvo metálico.

Lei de Moseley: a frequência dos raios X é directamente proporcional ao quadrado do número atómico
dos átomos que constituem o alvo metálico ( f Z 2).

2
f =2,47 ( z−1 )

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Como consequência da lei de Moseley, podemos afirmar que a raiz quadrada da frequência dos raios-
X é directamente proporcional ao número atómico dos átomos da substancia que constitui o alvo
metálico. Assim, o gráfico de √ f em função de Z é uma linha recta.

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