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CONCEITOS

BÁSICOS:
AERODINÂMICA
EMB5405 Mecânica do Voo
Antônio O. Dourado, Dr. Eng.
PROPRIEDADES DOS GASES (1) :

• Pressão (p): força normal por unidade de área exercida na superfície devido
a variação do momento das moléculas de gás se chocando na superfície.

• Densidade (ρ): massa por unidade de volume

• Temperatura (T): medida da energia cinética média das moléculas de ar.

• Velocidade (V): quantidade vetorial com magnitude e direção.


PROPRIEDADES DOS GASES (2):

• Equação de estado de gás ideal:

• Equação hidrostática:

ou
PROPRIEDADES DOS GASES (3):

• Equação da continuidade:

• Equação de Bernoulli:
Considere um elemento diferencial de fluido, se movendo ao longo de uma linha
de corrente, as forças atuando no elemento são: peso, forças normais
(pressão vezes a área da superfície) e forças tangenciais devido ao atrito com
os elementos de fluido adjancentes.
PROPRIEDADES DOS GASES (4):

A equação F=ma é reduzida para a seguinte equação diferencial:

Assumindo densidade constante e escoamento incompressível:

ou
PROPRIEDADES DOS GASES (5):

• Velocidade do som:

γ é 1.4 para a maioria das aplicações.

• Número de Mach:

• Atmosfera padrão:
AERODINÂMICA 2D (1) :

Asa infinita:

As forças no aerofólio são devido pressão (perpendicular à superfície) e forças


tangenciais (à superfície). A força resultante é Faero
AERODINÂMICA 2D (2) :

As forças aerodinâmicas dependem da velocidade relativa entre o corpo e o ar:

Os dois aerofólios tem a mesma força aerodinâmica (princípio do túnel de


vento).

• Sustentação:
A sustentação (L) e o arrasto (D) são as componentes perpendicular e paralela
ao vento relativo.
AERODINÂMICA 2D (3) :

• Arrasto: é a componente de força aerodinâmica paralela ao vento relativo.

• Introdução ao escoamento viscoso:

Em função da diferença de velocidade entre as linhas de corrente, há atrito


entre os elementos do fluído, e assim, tensões de cisalhamento.
A tensão de cisalhamento (τ) é proporcional à força do gradiente de velocidade,
com a constante de proporcionalidade dada pelo símbolo μ.
AERODINÂMICA 2D (4) :

• Conceito de camada limite:

Existe uma região adjacente ao aerofólio onde os efeitos da viscosidade ou


fricção devem ser considerados, a camada limite. Fora dessa região, o
escoamento é considerado invíscido ou sem atrito.
Existem dois tipos de camada limite: laminar e turbulenta.
1. A camada limite turbulenta é mais espessa que a laminar.
2. O gradiente de velocidade é maior para a turbulenta na parede
3. A tensão de cisalhamento é maior para a camada limite turbulenta, que
implica maior atrito de pele.
AERODINÂMICA 2D (5) :

• Número de Reynolds e transição:


Considere escoamento sobre uma placa plana afiada, com distância “x” medida
a partir do bordo de ataque:

O número de Reynolds, baseado no comprimento característico é definido como


a razão entre forças inerciais e forças viscosas (adimensional). Para a maioria
das aplicações, o número de Reynolds é alto 104 – 108 e as forças inerciais
dominam.
O número de Reynolds é útil para definir se a camada limite é laminar ou
turbulenta. A transição é o ponto onde a camada limite muda de laminar para
turbulento. Fatores que influenciam: rugosidade, temperatura da superfície,
número de Mach e gradientes de pressão.
AERODINÂMICA 2D (6) :

• Arrasto de atrito de pele:

A velocidade aumenta na camada limite a partir de zero na superfície. O


gradiente de pressão causa tensão de cisalhamento na superfície (força por
unidade de área). Ao se integrar para toda superfície, tem-se o arrasto de atrito
de pele Df . O coeficiente é definido por:

Swet é a área molhada. Cf vai depender das condições do escoamento e tipo de


camada limite. Independente da forma aerodinâmica, uma camada limite
laminar irá causar menos arrasto que uma camada limite turbulenta:
AERODINÂMICA 2D (7) :

• Arrasto de pressão:

1 é o ponto de estagnação, com pressão máxima. Entre 1 e 2, o fluído acelera


até máxima velocidade (e mínima pressão). Atrás do ponto 2, a pressão começa
a aumentar. Ao mesmo tempo, a fricção reduziu a energia do escoamento de
forma que não consegue superar o aumento de pressão no atrás do ponto 2. O
escoamento se separa e uma esteira é formada ao lado do cilindro. O arrasto de
pressão é criado.
AERODINÂMICA 2D (8) :

• Separação da camada limite:

Devido à fricção, as partículas do fluido próximas a superfície tem energia


insuficiente para vencer a pressão adversa. O fluido reduz velocidade e para,
esse é o ponto de separação. O gradiente de velocidade na parede é zero. Mais
adiante, as partículas do fluido começam a voltar, devido ao gradiente de
pressão adversa.

A separação pode ser retardada: energizando a camada limite, aumentando a


energia cinética do fluido. Isso é feito mais facilmente tornando a camada limite
turbulenta, pois tem maior momento (energia cinética) que pode superar assim o
gradiente de pressão adversa. Geradores de vórtices e outros dispositivos de
controle da camada limite são projetados para atrasar a separação e dessa
forma, minimizar as perdas devido arrasto de pressão.
AERODINÂMICA 2D (9) :

• Arrasto de perfil:

O arrasto de atrito de pele combinado ao arrasto de pressão é chamado de


arrasto de perfil.

É um dos grandes compromissos da aerodinâmica: uma camada limite laminar


diminui o arrasto de atrito de pele mas deve aumentar o arrasto de pressão.
Uma camada limite turbulenta vai diminuir o arrasto de pressão mas vai
aumentar o arrasto de pele.

Para uma esfera, aumentar a velocidade diminui o arrasto, pois o arrasto


dominante é o de pressão.
AERODINÂMICA 2D (10) :

• Nomenclatura de aerofólios:

1. Linha reta passando pelo bordo de ataque e bordo de fuga é chamada linha
de corda. A distância em linha reta entre o bordo de ataque e o bordo de
fuga é a corda.
2. A linha de curvatura média (mean camber line) é o lugar dos pontos na
metade da distância entre a superfície superior e inferior.
3. A curvatura máxima (max camber) é a distância máxima entre a linha de
curvatura média e a linha de corda, medida perpendicularmente à linha de
corda
4. A espessura é a distância entre a superfície superior e inferior, medida
perpendicularmente à linha de curvatura média.
5. Ângulo de ataque (α) é o ângulo entre o vento relativo e a linha de corda.
AERODINÂMICA 2D (11) :

• Terminologia: NACA 2412

2% (0.02 corda) de curvatura máxima, curvatura máxima ocorre no local de


40% da corda (x=0.4x corda) e a espessura máxima ocorre em 12% do
comprimento da corda (0.12 x corda).

• Coeficientes de sustentação, arrasto e momento:


AERODINÂMICA 2D (12) :

• Centro de pressão e centro aerodinâmico:

Centro de pressão: o momento em torno desse ponto é zero.

• Centro aerodinâmico: ponto onde o coeficiente de momento não muda com


variações no ângulo de ataque e número de Reynolds
NACA 4412

Aerofólio com curvatura

Aerofólio simétrico
NACA 0012
AERODINÂMICA 2D (13) :

• Dados de aerofólio: Coeficientes de força e momento variam com α, Re e


M. Um gráfico importante é a curva (Cl x α):

1. Em αstall a sustentação cai drasticamente e o aerofólio estola devido


separação do escoamento
2. Pouco antes de estolar, o aerofólio tem sustentação máxima Clmax
3. A curva de sustentação é tipicamente linear antes do estol
4. Em determinado ângulo de ataque, a sustentação é zero αL=0 (negativo para
aerofólio com curvatura).
5. O aumento de Re tende a aumentar a sustentação máxima e atrasar o estol.
AERODINÂMICA 2D (14) :

• Dados de aerofólio:
Outra curva importante é a polar de arrasto. Quando a sustentação aumenta, o
arrasto aumenta de forma quadrática.

A curva acima é de um aerofólio simétrico. Em um aerofólio com curvatura, a


curva se desloca para a direita.
NACA 4412
NACA 4412 (DADOS EXPERIMENTAIS)
NACA 0012
NACA 0012 (DADOS EXPERIMENTAIS)

Polares NACA 4010


TUTORIAL XFOIL PARTE 1 :
TUTORIAL XFOIL PARTE 2 :

https://www.youtube.com/watch?v=tUv9V7pdikQ
AERODINÂMICA 3D (1) :

• Geometria de asa finita:

1. Razão de aspecto:

2. Afilamento:

3. Enflechamento: pode ser do bordo de ataque, ¼ da corda ou ½ corda.

4. Corda média aerodinâmica:


AERODINÂMICA 3D (2) :

• Arrasto induzido

O arrasto induzido é a penalidade pela geração de sustentação por uma asa


finita. Uma asa gera sustentação peça diferença de pressão entre as superfícies
superiores e inferiores da asa. Vórtices de ponta de asa são gerados pela
passagem do ar de alta pressão para a região de baixa pressão.

Esses vórtices induzem uma componente de velocidade para baixo chamada


downwash (w)
AERODINÂMICA 3D (3) :

A asa ‘sente’ Vlocal. L’ é a componente de força perpendicular a velocidade local.


Como efeito, a sustentação é girada para trás, e a componente horizontal Di é o
arrasto induzido.

A asa ‘sente’ um ângulo de ataque menor αeff, desta forma, menos sustentação é
gerada. O arrasto induzido é então (note D maiúsculo):

onde
AERODINÂMICA 3D (4) :

Considerações sobre o resultado anterior:

1) O fator de eficiência de envergadura é e. O valor ótimo 1 se aplica ao caso


de downwash constante ao longo da envergadura (em distribuição de
sustentação elíptica). Para outras asas, a eficiência é menor, tipicamente
com valores entre 0.95 e 1.

2) Uma asa com razão de aspecto alta reduz arrasto. Por esse motivo, asas
com razão de aspecto alto são usadas em planadores.

3) O arrasto induzido é proporcional ao quadrado do coeficiente de


sustentação. Assim, em altos ângulos de ataque, o arrasto induzido
predomina. Alta sustentação implica maiores diferenças de pressão, e assim,
vórtices mais fortes, causando maior arrasto induzido.
AERODINÂMICA 3D (5) :

• A asa finita apresenta o arrasto induzido, além do arrasto de atrito , arrasto de


pressão e arrasto de onda (acima do numero de Mach de arrasto de
divergência). O coeficiente de arrasto para uma asa finita é:

onde

• Essa informação é tipicamente apresentada na forma de polar de arrasto.


Note o efeito da redução da razão de aspecto:
AERODINÂMICA 3D (6) :

A asa finita também possui variação da sustentação em relação ao aerofólio


(asa infinita). CL denotará o coeficiente de sustentação da asa.

1. Ao se reduzir a razão de aspecto, a inclinação da reta diminui.


2. O ângulo de ataque para sustentação zero não muda.
3. Dado o ângulo de ataque, o coeficiente de sustentação pode ser calculado
(na região linear) com a seguinte equação:

onde
AERODINÂMICA 3D (8) :

• Fator de carga, coeficientes aerodinâmicos.

Define-se fator de carga n a razão entre a sustentação e o peso:

Os coeficientes de sustentação e arrasto são definidos abaixo:

A sustentação e o arrasto totais tem contribuições não somente da asa, mas


também da fuselagem, empenagens e cargas externas (aviões militares). A Área
de referência S leva em consideração uma parte da fuselagem:
AERODINÂMICA 3D (9) :

• Velocidade de estol.

A menor velocidade que a aeronave pode voar é a velocidade de estol (Vstall).


Nessas condições, n=1. Assim:

resolvendo para V:

No estol, CL se torna CL max :


AERODINÂMICA 3D (10) :

• Polar de arrasto da aeronave

Tipicamente, a aerodinâmica da aeronave e apresentada como polar de arrasto.


A polar de arrasto de uma aeronave é:

ou

Cd0 é chamado de coeficiente de arrasto parasita ou coeficiente de arrasto de


sustentação zero. Abaixo no número de Mach de divergência de arrasto, é
constante para a aeronave dada. Incluído nesse termo está o arrasto de perfil e
arrasto de interferência. Para a aeronave, e é o fator de eficiência de Oswald.
AERODINÂMICA 3D (11) :

• Arrasto total da aeronave

O arrasto total da aeronave é:

Colocando Q e S em evidência:

Usando na equação anterior, acha-se:

Percebe-se que o arrasto parasita é


proporcional ao quadrado da velocidade
e o arrasto induzido é inversamente
proporcional ao quadrado da velocidade
TUTORIAL XFLR5 :
EXERCÍCIOS:

Considerando o seu número na lista de chamada, some 10, tem-se n:

1) Trazer o gráfico Cl x α para diversos Re dos aerofólios NACA 44n e NACA 00n
2) Considerando os mesmo aerofólios, trazer as polares de arrasto também variando Re
3) Considerando o NACA 44n, calcular Cmα para o menor Re calculado
4) Considerando o aerofólio NACA 44n, trazer o gráfico de CL x α para uma asa de
envergadura n (metros) e cr n/5 (metros) para vários Re
5) Para a mesma asa traçar as polares de arrasto para vários Re

6) Para a mesma asa, indicar Cmα para o menor Re calculado.

7) Para o NACA 44n com envergadura n, compare os valores de Cmα de asas com as
seguintes cr: n/3, n/4 e n/5 (mantenha a mesma λ )

8) Usando a asa criada, crie uma aeronave e com empenagens com o NACA00n e trace a
polar de arrasto da aeronave.

ENTREGAR O RELATÓRIO EM 2 SEMANAS


PARA SABER MAIS:

• ANDERSON, J.D. Fundamentals of Aerodynamics, 3rd Edition. McGraw Hill,


2001
• POPE, A. Basic Wing and Airfoil Theory. Dover Publications, 2009.

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