Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Coeficiente de Arrasto Total (Cd) de um minifoguete (MF) é a soma dos coeficientes dos
vários tipos de arrasto que se observa no MF. Desta forma:
Onde:
Cdpa: Coeficiente de Arrasto Parasita;
Cdi: Coef. De Arrasto de Interferência;
Cdp: Coef. De Arrasto de Pressão;
Cdb: Coef. De Arrasto de Base;
Cda: Coef. De Arrasto de Atrito.
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 1
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com
A Área Molhada de um corpo imerso no escoamento é toda a área superficial desse
corpo em que o fluido toca, ou seja, toda a área superficial em que há contato entre o
fluido e o corpo durante o voo. Por exemplo, em um minifoguete a área molhada (SWet) é
a soma das áreas superficiais da ogiva, da fuselagem, do conjunto de empenas (dois lados
de uma empena x número de empenas), do boattail (lateral + base da popa – diâmetro da
tubeira) se houver, e das protuberâncias externas (slugs, parafusos, câmeras, etc.).
O Arrasto Total é a soma de todos os tipos de arrasto presentes em cada MF, mas a
proporção de cada tipo de arrasto na composição do arrasto total varia com a velocidade e
a área molhada de cada modelo, sobretudo com a primeira.
A velocidade do voo junto da viscosidade do fluido são duas das componentes do
cálculo do Número de Reynolds. Essa medida adimensional nos permite saber se o
escoamento em torno do corpo em voo é laminar ou turbulento a partir do Número de
Reynolds Crítico (Rec). Avaliando a equação correspondente ao cálculo do Número de
Reynolds (Equação 2) pode-se verificar que o valor do mesmo é inversamente proporcional à
viscosidade dinâmica do fluido (𝜇), mas é diretamente proporcional à velocidade do voo (v), à
massa específica do fluido (𝜌) e à uma dimensão de referência que em casos tridimensionais
reais deve ser a SWet.
𝜌 𝑣 𝑑𝑟
Número de Reynolds 𝑅𝑒 = Equação 2
𝜇
Onde:
ρ: Massa específica do fluido [kg/m³];
V: Velocidade do escoamento [m/s];
μ: Viscosidade dinâmica [N.s/m²];
dr: Dimensão característica (de referência) do corpo imerso no escoamento.
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 2
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com
do corpo da rugosidade das peças.
A espessura da camada limite do escoamento sobre o corpo é função da área molhada
deste corpo e do número de Reynolds do escoamento, e pode ser aproximada através da
solução analítica apresentada pelas equações abaixo (Equação 3 e Equação 4):
5 𝑑𝑟
Para Escoamento Laminar 𝛿= Equação 3
√𝑅𝑒
1 0,37 × 𝑑𝑟
Para Escoamento Turbulento 𝛿 = 0,37 × 𝑑𝑟 × 𝑅𝑒 −5 ; 𝑜𝑢 5 Equação 4
√𝑅𝑒
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 3
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com
Como observou-se matematicamente, quanto menor o número de Reynolds, maior é a
porcentagem do arrasto de atrito viscoso na composição arrasto total, e também, maior é o
arrasto total. Isso pode ser visto no gráfico abaixo: Para um corpo de determinada área
molhada imerso em escoamento com dada viscosidade e determinada massa específica, o
Cd (Coeficiente de Arrasto Total) cai conforme aumenta-se o n° de Reynolds através do
aumento da velocidade do fluxo.
Pode-se realizar diversas análises matemáticas com as equações para solução analítica
da espessura da camada limite, como por exemplo:
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 4
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com
Cálculo 1 – Com Swet = 0,011259 m²
1,225 × 50 × 0,011259
Número de Reynolds 𝑅𝑒 = 38.547
1,789𝐸 − 5
1,225 × 50 × 0,022518
Número de Reynolds 𝑅𝑒 = 77.094
1,789𝐸 − 5
1,225 × 50 × 0,045036
Número de Reynolds 𝑅𝑒 = 154.189
1,789𝐸 − 5
1,225 × 50 × 0,090072
Número de Reynolds 𝑅𝑒 = 308.379
1,789𝐸 − 5
Os resultados obtidos através dos 4 cálculos podem ser vistos na Tabela abaixo, e a
seguir na forma de gráfico para melhor entendimento do que ocorre com a espessura da
camada limite sob as condições da análise teórico-analítica realizada.
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 5
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com
3 1,225 50 1,789E-05 0,045036 154189,77 0,5735
4 1,225 50 1,789E-05 0,090072 308379,54 0,8110
Fonte: O Autor.
Para se compreender bem o que acontece em cada caso é necessário saber que no
cálculo da espessura da camada limite (Equações 3 e 4), a área molhada do corpo está no
numerador das equações, portanto a espessura é diretamente proporcional à área molhada,
ou seja, quanto maior a área molhada maior será a espessura da camada limite. Já o número
de Reynolds está no denominador das equações, o que faz com que a espessura diminua
conforme o número de Reynolds aumenta.
Além disso, avaliando a Equação 2 pode-se observar que o número de Reynolds
também é diretamente proporcional à área molhada, ou seja, grandes áreas molhadas
resultarão em grandes números de Reynolds. Quando aumenta-se a área molhada o Re
aumenta. O valor de Re é inversamente proporcional ao denominador da sua equação, a
viscosidade dinâmica, quando eleva-se a viscosidade o valor de Re decai.
Partindo destas informações e avaliando o Gráfico 1, pode-se dizer que mantendo p, T,
μ, ρ e M constantes e variando somente a área molhada, toda vez que eleva-se a área
molhada eleva-se o número de Reynolds e também a espessura da camada limite. Isso ocorre
porque a área molhada está presente no numerador da equação pertinente ao cálculo da
espessura da camada limite e também no numerador da equação do cálculo do número de
Reynolds, fazendo com que a cada vez que dobra-se a área molhada, eleve-se o valor do
numerador e do denominador da equação correspondente ao cálculo da espessura da
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 6
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com
camada limite.
Desta forma, pode-se dizer que há uma determinada taxa de proporção no crescimento
da espessura da camada limite ao dobrar a área molhada a cada novo cálculo, mas esse
crescimento não se mantém linear como o crescimento do valor de Re devido ao fato de Re
estar dentro de um radical no denominador da equação de cálculo da espessura da camada
limite.
Como visto na Figura 2, aumentar o número de Reynolds diminui o arrasto total do
corpo, porém, como observa-se aqui, não é através do aumento da área molhada que deve-
se elevar o número de Reynolds. Esta é uma decisão totalmente errada porque aumentar a
área molhada faz aumentar diretamente a espessura da camada limite. A espessura da
camada limite sempre será proporcional ao tamanho do corpo e para diminuí-la é necessário
elevar o número de Reynolds sem mexer na área molhada.
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 7
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com
Gráfico 2-Espessura da Camada Limite Variando Apenas A Velocidade do Escoamento.
Fonte: O Autor.
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 8
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com
de acordo com a Atmosfera Padrão.
Propriedades do escoamento e do corpo
Altitude Varia de 0 a 2000 m (dobra a cada cálculo)
𝜇 Varia com a altitude
𝜌 Varia com a altitude
𝑇 Varia com a altitude
𝑣 50 m/s
Swet 0,011259 m²
Fonte: O Autor.
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 9
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com
altitude. A espessura da camada limite aumenta conforme o valor de Re decai.
É importante mencionar que a viscosidade dinâmica não tem ligação com a massa
específica do ar, mas é relacionada com a temperatura do mesmo, embora a massa específica
relacione-se com a temperatura também como demonstra a Equação de Estado para os gases
ideais (Equação 5).
Onde:
p: Pressão atmosférica do ar [Pa];
ρ: Massa específica do ar [kg/m³];
R: Constante universal dos gases ideais para o ar [287,053 J/kg.K];
T: Temperatura do Ar [K].
A viscosidade tem relação direta com as ligações intermoleculares do gás e estas por
sua vez são alteradas em função da temperatura. A viscosidade dinâmica do ar é proporcional
à temperatura.
A temperatura do ar decai conforme ganha-se altitude na atmosfera terrestre, logo, a
viscosidade do ar no meio decai ao longo da atmosfera.
Alguns fatores podem fazer com que pressão e a temperatura do ar decaiam, fazendo
a massa específica e a viscosidade decaírem também, um ótimo exemplo é a chegada de
chuva, que pode ser prevista a partir da chegada de frentes de baixa pressão medidas com
barômetro.
1.4 Caso D: Condições de Voo Real – Perfil de voo ascendente com variação da
velocidade, altitude e propriedades do ar.
Nesta análise está considerando-se voo real de um minifoguete, de modo que haja uma
fase de aceleração em que a velocidade aumenta, ou seja, há a geração de empuxo dos
motores, e uma fase de desaceleração, na qual os motores não mais atuam e o arrasto
aerodinâmico desacelera o veículo. Ao longo dessas duas fases a altitude é elevada, o que
faz com que todas as propriedades do ar se alterem. As propriedades foram consultadas na
Atmosfera Padrão. Considera-se que a altitude dobra a cada cálculo.
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 10
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com
CASO D - Condições de Voo Real - Mantendo a área molhada fixa e variando a velocidade
do escoamento ao longo do voo (aceleração e desaceleração) e a altitude, dessa forma,
alterando as propriedades termodinâmicas e a viscosidade do ar de acordo com a ISA.
(Altitude dobra a cada cálculo)
Massa Velocidade Viscosidade
Área Espessura
Especifica do Dinâmica
Altitude Molhada Re da Camada
do Ar Escoamento do Ar
[m²] Limite [mm]
[kg/m³] [m/s] [N.s/m²]
1 0 1,225 50 1,79E-05 0,011259 38547,44 0,2867
2 500 1,167 100 1,77E-05 0,011259 74065,69 0,2069
3 1000 1,112 50 1,76E-05 0,011259 35608,67 0,2983
4 2000 1 10 1,73E-05 0,011259 6526,96 0,6968
Fonte: O Autor.
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 11
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com
termodinâmicas do ar, além da velocidade. Variou-se apenas a viscosidade do ar para verificar
como a camada limite se comportaria. Essa simulação é um caso hipotético porque
dificilmente, ou impossivelmente seria possível alterar a viscosidade do ar sem alterar as
demais propriedades.
Fonte: O Autor.
Aumentando a viscosidade do ar sem alterar a sua massa especifica como fora feito nos
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 12
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com
caso C e D faz com que o número de Reynolds diminua progressivamente. A diminuição do
valor de Re faria a espessura da camada limite elevar-se.
2. CONCLUSÕES
O projeto de minifoguetes ou de qualquer veículo ou corpo que opere imerso em
escoamento subsônico deve atentar-se ao arrasto de atrito, pois é ele o responsável pela
maior porcentagem da composição do arrasto total do corpo.
Para diminuir a espessura da camada limite deve-se:
• Diminuir a área molhada, que é o numerador do cálculo de 𝛿;
• Aumentar a velocidade para aumentar o número de Re, que é o denominador de
𝛿.
Laboratório de Jato Propulsão - Edifício Anexo da FEAU, Univap Campus Urbanova. Página 13
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova, São José dos Campos – SP, 12244-000 de 13
bravoaerospace@gmail.com