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Curso Engenharia de Minas

Disciplina Planificacao Mineira II


Nível/Semestre 2ºAno/Segundo
Docente Elsa Pansilvânia André Manjate, PhD

Temas Sistemas de Ventilação

Aula 15 Leis e Cálculos de Ventilação de Minas Subterrâneas


Circuitos Básicos de Ventilação de Minas Subterrâneas

Objectivos:
No fim desta aula o aluno deve ser capaz de:
• Conhecer as leis e cálculos de ventilação de minas subterrâneas

• Identificar e saber resolver sistemas básicos de aeração

Conteúdo
1 Leis e Cálculos de Ventilação de Minas Subterrâneas ......................................................... 2
1.1 Vazão(Q) .............................................................................................................................. 2
1.2 Perda de Carga (W’) ........................................................................................................... 2
1.3 Velocidade da Corrente (v) ............................................................................................... 4
1.4 Orifício Equivalente (A):.................................................................................................... 5
1.5 Resistência (R) ..................................................................................................................... 5
2 Circuitos Básicos de Ventilação de Minas Subterrâneas ..................................................... 5
2.1 Circuitos em Série ............................................................................................................... 6
2.2 Circuitos em Paralelo ......................................................................................................... 7
3 ACTIVIDADE: ........................................................................................................................... 8
References........................................................................................................................................... 9

©Copyright 2023 Elsa Pansilvânia André Manjate, PhD


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1 Leis e Cálculos de Ventilação de Minas Subterrâneas

1.1 Vazão(Q)

A vazão determina a quantidade de ar (podendo ser mássica ou volumétrica) que passa


numa determinada secção num espaço de tempo.

𝒗𝒐𝒍𝒖𝒎𝒆 𝑽 𝟑 (1)
𝑸= = [𝒎 /𝒔]
𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐 𝒕

𝑸 = 𝑨 ∗ 𝒗 [𝒎𝟑 /𝒔] (2)

Onde:

• Q: vazão de ar na galeria (m3/s)


• V: volume de ar (m3 ou Kg)
• t: tempo (s)
• v: velocidade do ar (m/s);
• A: área de seção de galeria (m2)

1.2 Perda de Carga (W’)

A perda de carga e um dos parâmetros usados durante a seleção de ventiladores. A perda


de carga representa a energia cedida ou perdida pelo fluido durante o escoamento, isto e,
durante o escoamento ou fluxo do ar nas galerias o perde pressao ou sofre perdas de carga
devido ao atrito interno contra as paredes da galeria ou turbulencias/perturbacoes no
escoamento.

A perda de carga geralmente e representada em H, para o propósito dessa disciplina vamos


representar por W’. A perda de carga condiciona a vazão necessária para a ventilação e será
condicionada pela resistência a vencer com a movimentação da corrente de ventilação. Se
houver muita perda de carga, ocorre o aumenta das perdas de ar. Essa perda de carga e
geralmente representada pela fórmula de Atkinson, mostrada na equação 3:

∆𝑃 = 𝐻 = 𝑅. 𝑄 2 (3)

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Onde:
• ∆𝑃: queda de pressão nas vias
• R: resistência das vias
• Q: vazão

Substituindo o H pela denominação W’ teremos a fórmula representada na equação (4) a


seguir:

𝑾′ = 𝑹. 𝑸𝟐 ; [𝑵⁄ 𝟐 ] (4)
𝒎

Essa carga ou energia por unidade de peso é dissipa na forma de calor, e pode ocerrer de
dois modos:

• por atrito do fluido contra a superfície das galerias (perdas Hf ou perdas W’f)
• por turbulência: mudanças de direção em curvas, alargamentos e estreitamentos das
galeiras (perdas Hx ou perdas W’x)

A perda total é dada por:

𝑾′𝒕 = 𝑾′𝒇 + 𝑾′𝑿 (4) (5)

I. Perdas Hf por atrito (equação de Atkinson):

𝒌𝑷𝑳 (6)
𝑾′𝒇 = × 𝑸𝟐 [Pa (N/𝑚2 )]
𝑨𝟑

Onde:

• k - factor de atrito, dado em Ns2m-4;


• P - perímetro da galeria, dado em m;
• L - comprimento da galeria, dado em m;
• A - área de seção da galeria, dada em m2;
• Q - vazão de ar, dada em m3/s.

O factor de atrito k é e pode ser obtido em tabelas ou por meio de medidas conduzidas nos
locais de interesse. Em geral, o valor de k apresenta-se entre 0.01 e 0.02 Ns2m-4.
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𝒌𝑷𝑳
As variáveis podem ser condensadas em um único parâmetro Rf, denominado
𝑨𝟑
“resistência de galeria”.

Rf é dado (no SI) em Ns2m-8. Assim, 𝑾′𝒇 pode ser escrito como:
(7)
𝒌𝑷𝑳
𝑾′𝒇 = 𝑹𝒇 × 𝑸 = 𝟑 × 𝑸𝟐
𝟐
𝑨

II. Perdas de Carga por Turbulencia do Ar 𝐖′𝐱 :

Perdas por turbulência tambem denominada de “shock losses” podem ser expressas da
seguinte forma:

𝑿𝝆𝒗𝟐
𝑾′𝒙 = 𝑹𝒙 × 𝑸𝟐 = (8)
𝟐

Onde:

• ρ = massa específica do ar (kg/m3);


• v = velocidade média de escoamento do ar (m/s);
• X = fator de perdas por turbulência (adimensional);
• Rx = resistência devida à turbulência do ar.

O fator X é estimado a partir de tabelas obtidas na literatura

1.3 Velocidade da Corrente (v)

O valor mínimo da velocidade não deve ser menor que 0,2 m/s. O valor máximo é de 6 m/s
nas galerias onde existe circulação de trabalhadores podendo chegar a valores de 8 m/s em
locais que servem apenas para a circulação do ar, como: poço de ventilação, furos de
ventilação, entre outros.

A velocidade é ligada à vazão pela fórmula:

𝑸 𝒎
𝒗= [ ⁄𝒔] (9)
𝑨

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1.4 Orifício Equivalente (A):

Orifício equivalente (A) é um parâmetro característico da mina subterrânea que pode


representar um circuito real de ventilação. Este orifício define-se como a secção em m2, de
um orifício para o qual haveria a mesma vazão, com a mesma perda de carga. Este
parâmetro compara a resistência de um circuito de ventilação à resistência de um orifício
circular pela qual passa mesma quantidade de ar.

𝑸
𝑨 = 𝟎, 𝟑𝟖 (10)
√𝑾′
𝑸 𝑸
𝑨 = 𝟎, 𝟑𝟗𝟔𝟎 ↔ 𝑨 = 𝟎, 𝟑𝟗𝟔𝟎 (11)
√∆𝑷 √𝑾′

Considera-se:

• A <1m2: ventilação difícil


• 1m2 <A <2m2: ventilação média
• 2m2: ventilação fácil

1.5 Resistência (R)

A resistência de ar é a unidade que dificulta a circulação do ar numa galeria, depende


basicamente da rugosidade das paredes das galerias bem com da variação da secção das
galerias (aumento ou diminuição súbita), pela presença das portas de regulação e pelas
curvaturas. Ela pode ser expressa pela Equação 4:

∆𝑃 = 𝐻 = 𝑾′ = 𝑅. 𝑄 2 (12)

𝑾′ (13)
𝑹=
𝑸𝟐

2 Circuitos Básicos de Ventilação de Minas Subterrâneas

Os sistemas de ventilação são ainda denominados de circuitos a semelhança dos circuitos


eléctricos. Portanto, nos circuitos de ventilação de minas subterrâneas também são aplicadas
as leis desenvolvidas pelo físico Kirchhoff assim como a Lei de Ohm e a Equação de Atkinson.

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Nesta óptica de pensamento, existem três tipos básicos de circuitos ou duas formas básicas
de fluxo do ar ou caminho do ar em um sistema de ventilação: em serie, em paralelo e mistos.
Circuitos mistões são uma combinação de circuitos em serie e em paralelo.

2.1 Circuitos em Série

Formado por galerias ligadas ponta a ponta em sequência como mostrado na Figura 1; por
isso evidentemente a quantidade de ar que passa por todas as galerias é a mesma.

Figure 1: Circuitos de ventilação com galerias ligadas em series (Fonte: Sousa, 2004)

As principais características de um circuito em série são :

• A mesma vazão passa por R1 e R2, ou seja, a vazão se mantém constante ao longo de
todo o circuito de ventilação:

Qeq = Q1 = Q2 = Q3 = ...

• A perda de carga total é a soma das perdas em R1 e R2; perda de carga total do circuito
inteiro é igual à soma das perdas de carga em cada uma das galerias

W’eq = W’1 + W’2 + W’3 + …

• A resistência do circuito inteiro é igual à soma das resistências individuais das


galerias do circuito:

Req = R1 + R2 + R3 + ...

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2.2 Circuitos em Paralelo

Um circuito de ventilação em paralelo é formado por galerias ligadas com mesmos pontos
de início e fim (mostrado na Figura 2), sendo o fluxo de ar total dividido entre as galerias.

Figure 2: Circuitos de ventilação com galerias paralelas (Fonte: Sousa, 2004)

A principais caracteristicas dos circuitos em paralelo são as seguintes:

• A vazão que passa em cada galeria é uma fração da vazão total;

Qeq = Q1 + Q2 + Q3 + …

• A perda de pressão, entre os pontos A e B é comum a todas as galerias do circuito em


paralelo. Em outras palavras a perda de carga em R1 é igual à perda em R2; portanto,
as perdas de carga são iguais em todas as galerias:

W’eq = W’1 = W’2

A resistência e determinada da seguinte formula:


𝟐

𝟏 𝟏 𝟏 𝟏
𝑹𝒆𝒒 = ( ) 𝒐𝒖 = +
𝟏 𝟏 𝟏 √𝑹𝒆𝒒 √𝑹𝟏 √𝑹𝟐
√𝑹𝟏 √𝑹𝟐 √𝑹𝟑

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3 ACTIVIDADE:

Dada a seguinte rede de ventilação:

M1-2 = 3,2; M2-X-5 = 4,4; M2-3 = 2,3; M3-a-4 = 5,5; M3-b-4 = 1,0; M4-5 = 1,5; M5-6 = 3,0

Determine:

a) O orifício equivalente e a resistência efectiva (M).


b) A vazão de ar por cada ramo sabendo que QT = 150m3/min.

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References

O material foi produzido com base nas seguintes fontes [1] –[3], incluindo material geral das
disciplinas de Planificação Mineira I e II.

[1] P. C. Pinto, “Construção de Modelos Computacionais de Redes de Fluxo para


Circuitos de Ventilação de Minas em Subsolo,” Masters Dissertation, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

[2] M. J. Mcpherson, C. Eng, M. Aime, and M. Ashrae, “Subsurface Ventilation


Engineering.” [Online]. Available: http://www.mvsengineering.com/

[3] Government of Western Australia (Department of Industry and Resources),


“Underground Ventilation (Metalliferrous Mines): Guideline,” 1997.

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