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OBRAS HIDRÁULICAS

 Rugosidade relativa

Pa . Na+ Pb . Nb+ Pn . Nn
¿=¿
P
n= coeficiente de rugosidade equivalente;
Pa, Pb, Pn= perímetros molhados referente ao revestimento.

 Distribuição da velocidade = sempre a velocidade é maior no eixo.

 Passos para projeto de canais:


1. Reconhecimento do local;
2. Análise ambiental e econômica;
3. Execução da obra de jusante para montante;
4. Prevendo-se o aumento da rugosidade do canal, recomenda-se adotar como
coeficiente de rugosidade de projeto, valores de 10 a 15 maiores (esse aumento
reduz a velocidade);
5. Para canais abertos, deixar folga (f) mínima de 10% da lâmina máxima (0,1*h) e
não inferior a 0,4m;
6. Evitar profundidade superior a 4m (questão de custo, segurança e estética);
7. Prever a utilização de drenos nas paredes (fundo para evitar subpressão quando
nível do lençol estiver alto);
8. Verificar limites de velocidades de acordo com o tipo de revestimento do canal.

 Escoamento em canal trapezoidal


 Exemplo 1.
Um canal de drenagem, em terra com vegetação rasteira nos taludes (fundo, com
taludes 2,5H:1V, declividade de fundo 0,0003 m/m, foi dimensionado para determinada
vazão Q, tendo-se chegado a uma seção com largura de fundo b= 1,75m e altura de
água yo = 1,40m. Determine a vazão do projeto.
 Exemplo 2
Um canal trapezoidal de base 0,20 escoa com nível de água de 6m. Esta seção é
revestida com cimento alisado e tem taludes 1V:2H. A declividade do canal é de
1m/km. Determine a vazão e a velocidade do escoamento.
 Seções de máxima eficiência
Velocidades aconselháveis e inclinações admissíveis
 Pela quantidade de água (sedimentação de partículas);
 Pela natureza das paredes do canal erosão.

Velocidade média (v) = vmin <v < vmax

 Vmin= velocidade abaixo da qual o material sólido contido na água sedimenta,


produzindo assoreamento no leito do canal;
 Vmáx= velocidade acima da qual ocorre a erosão das paredes e do fundo do canal.

Controle da velocidade média: atuando na declividade de fundo do canal (degraus e muro de


fixação), para evitar velocidades excessivas;

Precisa conhecer o regime paramétrico;

Atuando nas dimensões da seção do canal e na sua forma: para evitar baixas velocidades,
causando assoreamento em canais submetidos a grandes variações de vazão.

 Velocidades aconselháveis e inclinações admissíveis para os taludes


Velocidades médias e mínimas para evitar depósitos:
a) Águas com suspensões finas – 0,30 m/s;
b) Águas transportando areias finas – 0,45 m/s;
c) Águas residuais – 0,60 m/s.

 Folga de 20 a 30% na altura do canal


Contrabalançar a diminuição de sua capacidade, causada pela deposição de material
transportado pela água e crescimento da vegetação;
Evita também transbordamento causado por águas de chuva, obstrução do canal e etc.

 Observações:
a) A escolha da melhor seção geométrica e de suas dimensões deve ser feita
pelos engenheiros projetistas em função da vazão a ser escoada sob uma
declividade e rugosidade do canal.
b) As soluções de dimensionamento das seções são inúmeras, ou seja, várias
dimensões das seções geométricas, oferece soluções da equação de
manning. Entretanto, condições locais podem limitar algumas das
dimensões do canal, como por exemplo, a existência de rocha a pouca
profundidade ou do lençol freático e etc;
c) Procura-se no dimensionamento obter de uma seção mínima (seção mais
econômica) que conduza a vazão necessária (vazão do projeto). De acordo
com a vazão de manning, a vazão será máxima quando:
1. Coeficiente de rugosidade for mínimo (isso representa um revestimento
mais liso e consequentemente, maior custo).
2. Maior área de escoamento, maior volume de escoamento e
consequentemente, mais custo;
3. Maior inclinação (maior velocidade de escoamento, maior potencial
erosivo);
4. Maior raio hidráulico (maior relação A/P, ou seja, menor perímetro
molhado).

 Equação da resistência
Considere um trecho de um canal com escoamento uniforme:
Superfície livre de água

No movimento uniforme e permanente as características de escoamento (velocidade,


profundidade e área) permanecem inalteradas no tempo e no espaço.
As forças atuantes no trecho do canal entre as seções 1 e 2, no sentido do escoamento
são:

1. Componente do peso ( Peso . sen ∝);


2. Forças devido à pressão (F1 e F2);
3. Forças de resistência ao escoamento (Fr).

Segundo o movimento uniforme, o balanço de forças que agem no trecho é nulo. Desse
modo:

F 1−F 2+ Peso . sen ∝−Fr=0


Obs: no momento uniforme, a profundidade não varia. Assim, as áreas de 1 e 2 serão
iguais e, ainda, considerando a distribuição hidrostática das pressões, tem-se que:

F 1=F 2
Assim,

Peso . sen ∝−Fr=0 -> Peso.sen∝ = Fr


Sabemos da expressão anterior que:

Peso=. A . L
Mas, sen ∝ tan ∝(em canais, a declividade é, normalmente, muito pequena, ou seja, o
ângulo de inclinação é pequeno. A tangente do ângulo é a declividade do próprio
canal).

Rescrevendo a equação, teremos:

Peso . sen ∝=. A . L. i


De acordo com Chezy (1796), a força da resistência do escoamento (Fr) é proporcional
à superfície de contato (perímetro x comprimento) e ao quadrado da velocidade.
2
Fr=K . V . P . L
P= perímetro molhado, m;

K= constante de proporcionalidade;

V= velocidade do escoamento, m.s^-1

Igualando as equações relativas às forças gravitacionais (Peso) e de resistências, obtêm-


se:
2
. A . L . i=K .V . P . L


A
V= ❑ . .i
K P
A
=R
P
Substituindo na equação anterior, a reação entre a área e perímetro pelo raio hidráulico,
teremos:


V = ❑ . r . i -> equação geral da resistência
K
Chezy (1769) introduziu um fator de resistência “c” na equação geral da resistência:
1/ 2
c=( ❑ ) ; V =c √ R . i
K
Obs: esta expressão é conhecida como fórmula de Chezy para o escoamento uniforme
em condutos livres. A dificuldade do emprego desta equação está na definição do fator
de resistência “c”.

 A partir desta expressão, diversos estudos foram desenvolvidos para o cálculo do


coeficiente “c” destacando-se a equação de Manning (1890), o qual é muito utilizada no
Brasil.
1 /6 2 /3 2
R 1 1
c= ev= * i 2 ouQ= ∗A∗R 3∗i 1 /2
M M M

v= velocidade de (m.s^-1)
Q= vazão (m³.s^-1)
M= coeficiente de rugosidade de Manning
A= área da seção transversal ao escoamento (m³)
R= raio hidráulico (m)
i= declividade (m.m^-1)
 Distribuição da velocidade nos canais
Os condutos livres podem ser abertos ou fechados, com as mais variadas formas:
circular trapezoidal, retangular, triangular, etc.
A velocidade de escoamento varia dentro de uma seção do canal (seção transversal e
longitridinal), com a resistência do fundo e da lateral, há redução da velocidade. Além
disso, existe influência da atmosfera e ventos, oferecendo resistência ao escoamento,
influenciando a velocidade.

 Distribuição de velocidade nas seções

A velocidade varia desde um valor igual, junto ou fundo, até um valor máximo logo
abaixo da superfície próxima a 15% da profundidade (fig.2).
A velocidade média pode ser estimada por meio de uma das seguintes expressões:
a) Um 80% a 90% da velocidade superficial de superficial;
b) Um velocidade a seis décimos de profundidade superficial (v 60%)
c) Vm (v20% + v80%) / 2;
d) Vm (v20%+v30%+2v60%) /4.
 Folgas nos canais
Em canais abertos e fechados, deve-se prever uma folga de 20 a 30% de sua altura,
acima do nível de água máxima do projeto. Este acréscimo representa uma vargem de
segurança contra possíveis elevações do nível d’água acima do calculado, o que poderia
causar transbordamento.
Além disso, em muitas circunstâncias, esta folga poderá funcionar como uma prevenção
à diminuição da capacidade do canal, devido a sedimentação do fundo do canal.
Obs: para a obtenção da seção final do canal, procede-se da seguinte forma:
1) Após a determinação da seção hidráulica, prolonga-se verticalmente, o valor da
profundidade de 20 à 30%;
2) A partir desse ponto, traça-se uma horizontal;
3) Prolonga-se os taludes até a intercessão com a horizontal.

 Canais de seção composta


Em alguns casos, por motivo de estabilidade e, principalmente, para diminuir a
possibilidade de decantação em material em suspensão, quando a vazão é pequena, é
necessário utilizar uma seção mista.
É comum, em determinadas situações, o uso de um feixe ou plataforma horizontal,
construindo no aterro ou corte (talude ou expaldar), para quebrar a continuidade de um
talude, com finalidade de reduzir a erosão ou aumentar a expessura ou largura da seção
transversal do perfil de um aterro (esta faixa é chamada de Berma).
O cálculo da vazão deverá ser feito dividindo-se a seção em sub-seções parciais, nas
quais, nas laterais que separam as seções, não existe perímetro molhado e tão pouco
rugosidade. A vazão total será a soma das vazões parciais.
Se o cálculo for efetuado admitindo-se uma única seção, quando o nível de água
ultrapassar de um pequeno da seção menor para a maior, haverá uma diminuição no
raio hidráulico e uma descontinuidade da curva que é função de y.

 Dissipadores de energia para extravasores


Conceitos introdutórios:
O excesso de água que escoa em canais extravasores deve ser restituído ao curso
d’água, a jusante da barragem ou canal em cota, às vezes, muito abaixo daquelas do
canal extravasor. Essa diferença de cotas potencializa o poder erosivo do escoamento, o
que tem que ser evitado, sob pena de causar prejuízo irreversíveis além de colocar em
risco todo o empreendimento.
Após o canal extravasor, devem ser instaladas estruturas de energia a níveis compatíveis
e suportáveis pelas condições de jusante.
Diversos dissiparadores podem ser utilizados, destacando-se:
- escada de dissipação;
- rampa com bloco;
- formação de ressaltos hídricos;
- bacias de dissipação convencionais (tipos I, II, III, IV).

 Escada de dissipação:
Uma vez definida a seção do canal para extravasar a vazão de projeto, deve-se avaliar as
possibilidades de dissipação de energia no local de restituição das águas ao leite do
manancial. Se o local de restituição existir rochas ou material rochoso fraturado,
verificar se o tamanho dos blocos de rocha será suficiente para a dissipação de energia
do caudal.
Caso a região seja composta por solo, deverá ser projetada uma proteção com rocha,
concreto, alvonaria ou gabião constituindo uma escada para dissipação da energia.
A escada de dissipação de energia, deve ter um comprimento e alturas de acordo com a
topografia natural do terreno, devendo, entretanto, utilizar degraus com comprimento
pelo menos duas vezes sua altura. A largura da escada deve ter a mesma dimensão do
canal extravasor, ligando o final deste até o leito do manancial e contendo uma proteção
lateral.

 Rampa com blocos:


Rampas com blocos tem sido utilizadas em muitos projetos de irrigação, por serem
práticas e econômicas. Esta estrutura de dissipação é constituída em uma rampa com
declividade de 2 para 1 ou menor. Os vários blocos construídos na rampa evitam a
aceleração excessiva do escoamento e consequentemente, promovem uma velocidade
final satisfatória.
A rampa deve ter comprimento suficiente e sua extremidade deve ser aprofundada de
forma que uma ou duas ruas de blocos fiquem submersas com a finalidade de restaurar
a elevação original do nível do fluxo, evitando a velocidade excessiva na entrada do
canal.
Este tipo de rampa é indicado para vazões unitárias menores que 5,6 m³/s e seu
dimensionamento é feito de acordo com peterka (1964).

 Dissipadores de energia por meio de ressaltos hídricos:


Escada de dissipação (dimensionamento)
A velocidade de chegada (Vo) deve ser sempre menor que a velocidade crítica
Vc=√3 g .Q
Podendo ser obtida por:
Vo=√ g . Q−1,53
3

Em que Q é a vazão por unidade de largura do canal (m³/s.m).


A altura recomendada para os blocos de amortecimento (Hb) é de 80% do valor da
profundidade crítica (Vc), a qual é obtida por:
Hb=0,8 √ Q2 /g
3
A largura dos blocos e o espaçamento entre eles devem ser de 1,5 Hb (nunca menor que
Hb). Os blocos são alinhados de forma alternada, ou seja, a posição dos blocos de uma
rua ou fileira, coincide com os espaços entre os blocos da rua seguinte.
Blocos parciais, de largura de Hb, devem ser colocadas juntas as paredes
laterais nas suas ímpares, alternando com as ruas pares, as quais possuem blocos em
posições alternadas.
A distancia entre ruas de blocos deve ser de 2.Hb.
A declividade máxima da rampa deve ser de 2(horizontal):1(vertical). Para rampas mais
suaves, as ruas de blocos podem apresentar maiores espaçamentos entre si, de forma a
fornecer a mesma diferença vertical obtida com a inclinação 2:1;
Como medida prática, utiliza-se quatro ruas de blocos de amortecimento e estabilização
do fluxo, embora um menor numero de ruas também possa operar com sucesso. A
rampa deve ser estendida abaixo do nível d’água a jusante com pelo menos uma rua de
blocos submersos.
A altura da parede lateral da rampa deve ser igual a 3.Hb.
Pedras de mão (30-30cm) devem ser colocadas nas laterais e no fundo, no final da
rampa, para evitar efeitos erosivos de corrente secundárias.
 Exercícios:
1) Determine a capacidade de vazão do canal cuja sessão é mostrada na figura abaixo.
Os taludes e a bermas são de alvenaria de pedra aparelhada, em condições regulares
e o fundo de concreto em boas condições. Declividade do fundo I= 1,0 m/km.
Mpedra= 0,015
Mconcreto= 0,012
2) Determine a capacidade de vazão de um canal para drenagem urbana com
2m de base e 1m de altura d’água, declividade de fundo igual a 0,001 m/m e
taludes 1,5H: 1,0V. O fundo corresponde a um canal dragado em condições
regulares e os taludes são de alvenaria de pedra aparelhada em boas
condições. Esta seção é de mínimo custo.
*Uma seção será considerada de mínima resistência (mínimo custo ou seção
econômica) quando os resultados apresentados pelas equações de mínimo
custo e pelas equações normais apresentam o mesmo resultado.

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