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Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, 21-26 abril 2007, INPE, p. 4103-4110.

Sistemas e subsistemas ambientais do município de Itapipoca-CE

Sonia Barreto Perdigão de Oliveira 1


Francisco Roberto Bezerra Leite 1
Raimunda Neuma da Costa Barreto 1
1
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
Avenida Rui Barbosa, 1246 – 60115-221 - Fortaleza - CE, Brasil
{sonia,bezerra,neuma}@funceme.br

Abstract. The degradation of the natural resources has been provoked by the wrong use of the soils causing the
erosion, deterioration and exhaustion of the renewed natural resources, beyond significant decrease of the
agriculturist production and extrativism of plants. The objetive of this work is to identify and map the
environmental systems in the Itapipoca-CE, through an interpretation of Landsat 7 satillite images in order to
organize the homogeneous environments to a sustenaible land use. To identify and delimit the environmental
sistems, the factors considered were geomorphology, geology, soil and vegetation. To charecterize these sistems
it was done the integration of these factors with climate and water resources. In the study area was found 5 (five)
differents systems with its subsystems. A study of environmental ecodynamic and sustainability were also
considered.

Palavras-chave: remote sensing, environmental systems, degradation, sensoriamento remoto, sistemas


ambientais, degradação.

1. Introdução
O problema da degradação ambiental tem sido uma preocupação dos diversos países do
mundo, tendo o desmatamento como um dos seus principais fatores condicionantes. Isso é
provocado pela utilização inadequada dos solos ocasionando a erosão, a deterioração e
esgotamento dos recursos naturais renováveis existentes, além da queda significativa da
produção agrícola e do extrativismo vegetal. A degradação dos recursos naturais tem portanto,
como causa primordial a sua utilização predatória pelo homem. Este fenômeno ocorre não
apenas em função do baixo nível de consciência conservacionista daqueles que atuam neste
meio, mas também devido à escassez de informações sobre as potencialidades e limitações de
uso dos recursos naturais disponíveis. Há por outro lado, o desconhecimento da
vulnerabilidade ambiental em função das técnicas rudimentares que são praticadas, agravando
de modo muito sensível a sustentabilidade da capacidade produtiva da natureza.
Estudos já realizados demonstram que o Estado do Ceará apresenta extensas áreas com
problemas relativos à degradação ambiental (Leite et al, 1993). Dentre outros fatores, isto se
verifica devido a utilização não racional dos recursos naturais ocasionado pelo
desconhecimento de suas potencialidades e limitações.
A organização da natureza, ou seja, dos ecossistemas é essencial para a gestão do
ambiente de modo conservacionista, visto que a espacialização de unidades naturais
fisionômicas e funcionalmente homogêneas, possibilita a utilização de modo sustentável dos
recursos que a natureza dispôs para o homem (Oliveira, 1989).
Souza in SEPLAN (1994), lembra que os sistemas representam dados ecológicos
resultantes de fatores morfo-estruturais e climato-hidrológicos. Das relações mútuas entre
esses dados resulta o potencial ecológico onde se estabelece uma tipologia de exploração
biológica do espaço integrando o solo, a cobertura vegetal e a fauna.
Neste contexto esse trabalho tem por objetivo realizar a compartimentação dos sistemas e
subsistemas ambientais que ocorrem no município de Itapipoca-CE, visto que este município
apresenta uma conformação peculiar com características geoambientais bastantes

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diversificadas, apresentando feições sertanejas, serranas, pré-litorâneas e litorâneas,


configurando condições de todo o contexto natural cearense ou mesmo nordestino.
Essencialmente, busca-se inventariar os recursos naturais e a sua integração através do
mapeamento temático, utilizando-se para isso, o material de sensoriamento remoto disponível
e analisando-se os produtos cartográficos sobre aqueles recursos anteriormente produzidos.

2. Caracterização da área
O município de Itapipoca fica localizado na porção centro norte do Estado do Ceará entre os
paralelos 03º 05’ e 03º 45’ de latitude sul e os meridianos 39º 48’ e 39º 38’ de longitude a
oeste de Greeenwich com uma área de 1.544,16 km².
De acordo com Brasil (1981) e FUNCEME (1997) a maior parte do município apresenta
terrenos do embasamento cristalino representado pelas rochas Pré-Cambrianas do Complexo
Tamboril-Santa Quitéria. Nesta unidade litológica estão situados os maciços residuais,
inselbergs e depressão sertaneja. Próximo ao litoral o embasamento é coberto por sedimentos
da Formação Barreiras e pelos depósitos quaternários de origem marinha ou continental. Nas
planícies fluviais encontram-se os aluviões que constituem-se nos depósitos fluviais recentes,
formados por camadas extratificadas sem disposição preferencial e por depósitos de origem
orgânica. As praias são constituídas por sedimentos não consolidados de natureza quartzosas e
as dunas fixas ou móveis, por sedimentos de praias e cordões areníticos.
O município apresenta rios temporários ligados a pluviosidade, cessando de correr logo
que concluída a estação chuvosa. A disponibilidade de água está concentrada
predominantemente nos açudes e lagoas para a acumulação de águas pluviais. A principal
utilização dessas reservas d’água o abastecimento e suprimento da população.
O regime pluviométrico é bastante irregular. Segundo Varejão-Silva (1990) e FUNCEME
(1997), numa série de 1974 à 1997, o total médio anual é de 1.078 mm. Observa-se uma
concentração das precipitações durante o primeiro período do ano que vai de janeiro a maio
com média de 982mm. Isso corresponde a 91% em relação a média do ano.
As temperaturas apresentam-se quase que constantes. A variação é mínima, sendo o mês
de março o que indica o menor valor. Como referido mês foi o de maior precipitação, talvez
seja essa a razão para apresentar uma temperatura mais baixa.
Quanto aos solos, na Planície Litorânea são encontrados os Neossolos Quartzarênicos, os
quais são profundos, têm baixa fertilidade natural, são excessivamente drenados, podendo
apresentar problemas de erosão eólica nas áreas mais expostas ao vento e Solos Gley
Tiomórficos e Sálicos que são halomórficos, localizados nas partes baixas da desembocadura
do rio Mundaú apresentando má drenagem, alto teor de sais, sulfato e/ou enxofre elementar
em quantidades suficientes para se tornarem extremamente ácidos quando oxidados. Não são
cultivados devido a forte limitação quanto ao uso agrícola. Apresentam Vegetação Pioneira
Psamófila e Vegetação à Retaguarda das Dunas pertencentes ao Complexo Vegetacional da
Zona Litorânea e Floresta Perenifólia Paludosa Marítima-Mangue.
Os solos da Planície Fluvial são representados pelos Neossolos Flúvicos, os quais
resultam de deposições fluviais recentes não consolidadas de natureza e granulometria muito
variadas, apresentando-se desde moderadamente profundos a muito profundos. Possuem alta
fertilidade natural com vegetação típica, ou seja, Floresta Mista Dicótilo Palmácea (Mata
ciliar de carnaúba).
Nos Tabuleiros Litorâneos predominam os Argissolos Vermelho-Amarelos e Amarelos e
Latossolos Vermelho-Amarelos. Os Argissolos Vermelho-Amarelos e Amarelos são
profundos e bem a acentuadamente drenados, exceto quando apresentam plintita onde a
drenagem mostra-se moderada e/ou imperfeita. São utilizados principalmente com mandioca,
caju, feijão e milho apresentando perfis com fertilidade média a baixa. Os Latossolos

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Vermelho-Amarelos são solos altamente intemperizados, profundos, porosos, permeáveis,


bem drenados e apresentando baixa fertilidade natural. São, todavia, bastante utilizados,
devido às boas propriedades físicas, com culturas de mandioca, cajueiro e outras fruteiras. A
vegetação que ocorre nesse sistema ambiental está representada pelo Complexo Vegetacional
da Zona Litorânea.
Na Depressão Sertaneja os solos estão compostos principalmente pelos Argissolos
Vermelho-Amarelos, com as mesmas propriedades físicas já citadas na unidade anterior,
apresentando, porém, alta fertilidade, sendo utilizados com milho, feijão, caju e mandioca.;
Planossolos Háplicos com caráter solódico os quais são moderamente profundos, baixa
permeabilidade com problema de encharcamento durante o período chuvoso e ressecamento
durante a época seca e Plintossolos Argilúvicos com sérias restrições a percolação de água,
sujeitos ao efeito temporário do excesso de umidade. Estas duas últimas classes de solos
apresentam limitações quanto ao uso agrícola sendo mais utilizadas com pastagens.
Observam-se ainda unidades de mapeamento contendo Planossolos Nátricos com
características semelhantes aos Planossolos Háplicos, porém com maior concentração de
sódio na subsuperfície; Neossolos Litólicos, os quais são rasos, poucos evoluídos com a
camada superficial assentada diretamente sobre a rocha matriz que apresenta diferentes
estágios de intemperização, sendo utilizados principalmente com pastagens; Neossolos
Regolíticos que compreendem solos pouco desenvolvidos, arenosos, profundos a
moderadamente profundos, porosos, com ou sem fragipan, drenagem variando de
moderadamente à excessivamente drenado, sendo utilizados principalmente com culturas de
subsistência como mandioca, milho e feijão além de pecuária extensiva. Observam-se ainda
afloramentos de rocha que são tipos de terrenos representados por exposição de diferentes
tipos de rochas nuas ou com reduzidas porções de materiais detríticos grosseiros. A vegetação
típica desse ambiente, são as caatingas hipoxerófila e hiperxerófila que têm como
característica principal a caducidade foliar.
Nos Maciços Residuais predominam os Argissolos Vermelho-Amarelos com
características e uso já expostos anteriormente, os Neossolos Litólicos, igualmente já
descritos, além de Afloramentos Rochosos semelhantes a unidade anterior. A vegetação
predominante dos maciços, é a Floresta Tropical Flúvio Nebular, que são as matas úmidas
serranas cuja altitude e exposições aos ventos úmidos são os principais determinantes da
ocorrência dessa floresta. Acrescente-se a Mata Seca/Caatinga que ocupa os níveis superiores
do relevo cristalino à retaguarda da Mata Úmida encontrando-se nos locais menos favorecidos
pelas chuvas.

3. Procedimentos metodológicos
Primeiramente, fez-se um levantamento da documentação bibliográfica e geocartográfica
disponível sobre a área tanto no que se refere à cartografia básica como temática.
Na identificação e delimitação dos sistemas e subsistemas ambientais foram considerados
os fatores geomorfológicos (que sintetizam todo o conjunto das feições naturais), geológicos,
pedológicos e fito-ecológicos. Para a caracterização desses sistemas foi feita a integração
desses fatores com o clima e recursos hídricos.
A elaboração do mapa foi feita mediante a interpretação digital de imagens do satélite
Landsat 7, órbitas/pontos 217/62C, 217/63A e 218/63B, composição colorida nas bandas
ETM (3, 4 e 5) utilizando-se o sistema SPRING 4.2 e posteriormente exportado para o Arc
GIS 9.1 para a finalização do mapa. Tomou-se como base cartográfica do município em
estudo a compilação das folhas planialtimétricas SA.24-Y-D-II-Itapipoca, SA.24-Y-D-III-
Paracuru, SA.24-Y-D-V-Irauçuba e SA.24-Y-D-VI-São Luís do Curú, todas na escala de

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1:100.000, executadas pela DSG/SUDENE –Terceira impressão-1982 (Projeção Universal


Transversa de Mercator – UTM).
Durante a análise foram identificadas as áreas com a mesma resposta espectral
obedecendo os seguintes critérios: textura, tonalidade, cor, forma e padrão. Estes elementos se
complementam na interpretação dos dados sendo utilizados conjuntamente no processo de
classificação temática .
O mapa geológico do Estado do Ceará, escala de 1:1.000.000 (Brasil, 1981), mapa de
unidades fitoecológicas, escala de 1:1.000.000 (SEPLAN, 1994) e mapa exploratório-
reconhecimento dos solos do Estado do Ceará, escala de 1:600.00 (Brasil,1973), foram
utilizados para auxiliar nesta etapa.
Realizaram-se viagens à campo para checagem da delimitação das áreas homogêneas
obtidas a partir da interpretação digital das imagens de satélite.
Foram elaboradas por fim, as cartas temáticas com os sinais convencionais e respecticas
legendas.
A análise ecodinâmica está de acordo com Tricart (1977) adaptada por Souza et al. in
SEPLAN (1994), acrescentando o grau de vulnerabilidade.

4. Características de uso e ocupação da terra


O conhecimento do uso e ocupação da terra é de fundamental importância na orientação de
planos de desenvolvimento sustentável.
O município de Itapipoca apresenta uma diversidade de condições naturais e ambientais,
que determinam condições próprias de aproveitamento e uso ou exploração.
Para Fragéria (1989), a adaptabilidade de uma cultura a uma certa região é determinada
principalmente pelo clima e pelo solo. Mas a condição sócio-econômica da região também é
um fator importante na determinação da adaptabilidade da cultura, como por exemplo, a infra-
estrutura de transporte, a comercialização e a disponibilidade de recursos humanos e
financeiros.
Como resultado desses fatores a agricultura que vem sendo desenvolvida (IPLANCE,
1995), apóia-se na exploração da cultura do côco-da-baía, cajú, banana e cana-de-açúcar. Por
ordem de importância econômica, o côco-da-baía atinge 49% do valor da produção agrícola
do município, ocupando o segundo lugar em área plantada (5.200 ha), apresentando um
rendimento de 4.100 kg/ha. Esse produto encontra-se nas áreas próximas ao litoral e é
responsável pela produção de óleo e leite de côco que vem abastecendo parte do mercado
interno e externo.
As demais fruticulturas, principalmente o cajú, têm passado por algumas dificuldades
técnicas e de mercado, por isso a razão para a retração do cultivo.
As culturas de subsistência são também bastante cultivadas em todo o município
principalmente nos tabuleiros litorâneos e na depressão sertaneja, embora venham
apresentando um baixo rendimento devido, principalmente, às irregularidades climáticas e
deficiência no apoio técnico e financeiro. Isso tem provocado uma queda na produção de
alimentos.
Outras culturas são também exploradas embora com menor expressão econômica como o
algodão arbóreo e herbáceo, arroz, batata-doce, café, mamona, mamão e manga.
Com relação à pecuária (IPLANCE, 1995), destaca-se a exploração de bovinos,
principalmente visando a produção de leite, que tem papel de destaque na economia rural do
município. A suinocultura também é bem explorada e em menor escala apresentam-se os
ovinos, caprinos e eqüinos, dentre outros.
A avicultura constitui igualmente, importante atividade objetivando principalmente, a
produção de ovos.

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5. A dinâmica dos ambientes


5.1. Classificação ecodinâmica do ambiente
O homem na maioria das vezes modifica o ambiente, sem avaliar as conseqüências danosas
que isto pode causar. Portanto, na organização de um espaço é de fundamental importância
estudar a dinâmica dos ambientes para uma melhor conservação e desenvolvimento dos
recursos ecológicos.
Tricart (1977), propôs a classificação dos ambientes tendo a ecodinâmica como ponto de
partida da avaliação, resultando em três grandes tipos de meios morfodinâmicos.
Posteriormente essa classificação foi adaptada às condições naturais locais por Souza et al. in
SEPLAN (1994), incluindo também o grau de vulnerabilidade desses ambientes.
Entende-se por vulnerabilidade as restrições impostas pelos recursos naturais às
atividades que venham a se desenvolver em cada sistema ambiental (Soares,1997).
Na área em estudo a classificação ecodinâmica dos sistemas ambientais, encontra-se
enquadrada dentro das seguintes categorias de ambientes: ambientes estáveis, ambientes de
transição, ambientes instáveis e ambientes fortemente instáveis (Quadro 1).

5.2. Condições de vulnerabilidade e de sustentabilidade

Considerando que o espaço condiciona as diferentes maneiras como a população se distribui,


é importante surgir novas formas sustentadas de planejamento e de gestão da natureza,
compatíveis com a necessidade de sobrevivência dos homens. A capacidade de utilização de
um sistema ecológico, é determinada por seu máximo rendimento sustentável, o que depende
de suas dimensões, complexidade e capacidade de regeneração (Bressan, 1996).
Souza et al in SEPLAN (1994), consideraram a sustentabilidade dos sistemas ambientais,
levando em consideração o meio ambiente e os recursos naturais, com base nas seguintes
categorias: potencial geoambiental e limitações de uso dos recursos naturais disponíveis,
condições ecodinâmicas e vulnerabilidade ambiental e indicadores quanto ao uso compatível
do solo de cada sistema ambiental.
A partir daí foram determinadas as condições de sustentabilidade dos
sistemas/subsistemas da área em estudo levando em consideração as seguintes categorias,
conforme Souza et al. in SEPLAN (1994) : sustentabilidade muito baixa, sustentabilidade
baixa, sustentabilidade moderada e sustentabilidade alta (Quadro 1).

6. Compartimentação dos sistemas/subsistemas ambientais da área de estudo

A diversidade de condições naturais que apresenta o município de Itapipoca está associada à


sua dinâmica e localização geográfica. Portanto a organização do espaço em regiões que
expressem características geográficas comuns, viabilizam programações de planejamento para
uma melhor utilização desses recursos.
Neste estudo foi realizado a compartimentação dos diversos ambientes, determinada
pela geomorfologia, solos e vegetação, através da qual se obteve os sistemas e subsistemas.
Esses parâmetros foram considerados suficientes para caracterizar o potencial de ocupação do
meio ambiente, sendo complementado pela geologia, clima, recursos hídricos e uso e
ocupação da terra.
Os sistemas/subsistemas estão definidos e caracterizados no Quadro 1 e representados
cartograficamente na Figura 1.

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Quadro 1. Sistemas/subsistemas do município de Itapipoca-CE

SISTEMAS SUBSISTEMAS ECODINÂMICA E SUSTENTABI


VULNERABILIDADE LIDADE
AMBIENTAL
Faixa praial, pós-praia e campo de dunas Ambientes instáveis a Moderada
móveis com Neossolos Quartzarênicos e fortemente instáveis
Vegetação Pioneira Psamófila. com alta
vulnerabilidade.
Planície Litorânea Campo de dunas fixas com Neossolos Ambientes instáveis a Moderada
Quartozarênicos e vegetação à retaguarda fortemente instáveis
das dunas com alta
vulnerabilidade.
Planície flúvio-marinha com Solos Gley Ambientes instáveis a Moderada a
Tiomórficos e Sálicos com vegetação fortemente instáveis alta
denominada Floresta Perenifólia Paludosa com alta
Marítima (mangue). vulnerabilidade.
Panície Fluvial Planícies fluviais dos rios Cruxatí e Ambientes de transição Moderada a
Mundaú, riachos dos Campos, Sororó e com tendência a alta
Tabocas com Neossolos Flúvicos e estabilidade e com
vegetação de Floresta Mista Dicótilo- vulnerabilidade
Palmácea (Mata Ciliar). moderada
Tabuleiro litorâneo com Neossolos Ambientes de transição Moderada a
Glacis Litorâneos Quartzarênicos, Latossolos Vermelho- com tendência a alta
Amarelos, Argissolos Acinzentado com estabilidade e com
Vegetação dos Tabuleiros litorâneos. vulnerabilidade
moderada a muito baixa
Depressão Sertaneja Depressão semi-árida de Itapipoca com Ambientes de transição Moderada a
Argissolos Vermelho-Amarelos, com tendência à baixa
Planossolos Háplicos, Plintossolos estabilidade e
Argilúvicos, Neossolos Litólicos, vulnerabilidade
Neossolos Regolíticos, Planossolos moderada a alta
Nátricos, Afloramentos de Rocha e
vegetação típica que são as Caaatingas
Arbustivas (densa ou aberta).

Depresão sub-úmida/semi-árida de Ambientes de transição Moderada a


Itapipoca com Argissolos Vermelho- com tendência à baixa
Amarelos, Planossolos Háplicos com estabilidade e
caráter solódicos, Plintossolos Argilúvicos, vulnerabilidade
Neossolos Litólicos, Neossolos Regolíticos, moderada a alta
Planossolos Nátricos, Afloramentos de
Rocha e vegetação de Caatinga Arbórea..
Maciço Residual Vertente úmida/sub-úmida da serra de Ambientes de transição Moderada a
Uruburetama com Argissolos Vermelho- com tendência à baixa
Amarelos, Neossolos Litólicos, instabilidade nas
Afloramentos de Rocha e vegetação de vertentes mais íngremes
Floresta Subperenifólia Plúvio Nebular. e vunerabilidade alta.

Vertente seca da serra de Uruburetama com Tendência à estabilidade Moderada a


Argissolos Vermelho-Amarelos, Neossolos nos setores de baixa
Litólicos, Afloramentos de Rocha e topografias mais planas
vegetação de Floresta Subcaducifólia como nos alvéolos e
Tropical Pluvial. instabilidade nas
vertentes mais íngremes
e vulnerabilidade alta

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Figura 1. Sistemas e Subsistemas do Município de Itapipoca - CE

7. Conclusões e Recomendações

De acordo com as discussões procedidas e dos resultados alcançados, pode-se concluir e


recomendar aspectos avaliados como importantes:
1. Foram identificadas 05 (cinco) sistemas ambientais no município de Itapipoca quais
sejam: Planície Litorânea, Planície Fluvial, Glacis Litorâneos, Depressão Sertaneja e
Maciço Residual;

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2. Os solos apresentam variações conforme os sistemas ambientais onde ocorrem, exigindo


portanto manejos diferenciados. De maneira geral pode-se afirmar que aqueles que
constituem a Planície Litorânea e os Glacis Litorâneos apresentam boas condições físicas
sendo todavia, limitados quanto à fertilidade natural. Os solos da Depressão Sertaneja são
rasos, bastantes susceptíveis à erosão, embora possuam boas reservas de nutrientes para
as plantas. Na Planície Fluvial, os solos aluviais que predominam são profundos, férteis,
apresentando, contudo, limitações quanto ao risco de inundações e possibilidades de
salinização. Os Maciços Residuais apresentam solos com boas propriedades físicas e
químicas, tendo como limitação a incidência de processos erosivos acelerados que os
tornam susceptíveis à erosão;
3. A vegetação encontra-se bastante degradada, tendo em vista a intensa ação antrópica que
se observa na área. Já não se encontra vestígios importantes da vegetação primitiva a não
ser remanescentes esparsos e muito reduzidos. Disto resulta verdadeiro desequilíbrio
ecológico, já que a vegetação secundária normalmente é menos densa e de menor porte,
tornando os solos mais vulneráveis aos processos erosivos e provocando o assoreamento
dos reservatórios d'água. Sugere-se o reflorestamento com espécies nativas,
conseqüentemente adaptadas às condições ecológicas da região
4. Os recursos naturais renováveis já se encontram com evidentes sinais de degradação. É
necessário, o uso de práticas conservacionistas capazes de deter esse processo e mesmo
recuperar a produtividade da área em foco.

Referências
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