Você está na página 1de 13

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Curso de Engenharia Mecânica (Ênfase Mecatrônica)


Instituto Politécnico – IPUC MG

Rômulo Castro Silva

PRÁTICA 03 : VERTEDORES
(Leandro Pires Gonçalves)

Belo Horizonte
2022
Rômulo Castro Silva

PRÁTICA 03 : VERTEDORES

Relatório acadêmico apresentado à disciplina


de Laboratório de Fluidomecânicos referente
ao curso de Engenharia Mecânica da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
ativididade de avaliação.

Orientador: Leandro Pires Gonçalves

Belo Horizonte
2022
1. INTRODUÇÃO

Existem varias maneira de se determinar a vazao de um fluido. Nesta


experiência realizada foi utilizado um vertedor proporcional para calcular a vazão. A
partir desta vazão determinamos o coeficiente de descarga médio e o obtivemos os
três gráficos pedidos. Com posse deste valor médio e do valor obtido através do
gráfico pudemos analisar e comparar estes resultados.

Os vertedores são estruturas hidráulicas construídas para controlar o nível


d’água de um reservatório, permitindo a passagem das vazões escoadas com a
máxima eficiência possível sem provocar problemas à estrutura. Para atingir este
objetivo, as condições de aproximação do escoamento à estrutura e a forma
geométrica do perfil vertente são muito importantes. O controle da soleira, parte
inferior ou base do vertedor, por comportas provoca uma mudança significativa nas
condições de escoamento sobre o perfil vertente. O posicionamento e a forma da
comporta têm forte influência no comportamento do coeficiente de vazão e nas
pressões sobre a soleira. A formação de vórtice é um fenômeno indesejável que
pode ocorrer quando a operação da comporta é parcial, prejudicando a capacidade
de vazão e provocando vibrações na estrutura.

Existem vertedores retangulares, triangulares, ovais, circulares, trapezoidais e


proporcionais ou sutro, dos quais falaremos mais a seguir. Vê-se que o tipo do
vertedor se dá pela sua forma geométrica, de onde o fluido escoa.

2. VERTEDORES

Denomina-se vertedores as aberturas ou entalhes na parte superior de uma


parede, através das quais o líquido escoa; por extensão, dá-se o nome de vertedor a
toda parede, bem como aos descarregadores de superfícies dos reservatórios. Em
outras palavras é definido como simples paredes, diques ou aberturas sobre as
quais um líquido escoa. O terreno aplica-se também a obstáculos à passagem da
corrente e aos extravasores das represas.
Os vertedores são, por assim dizer, orifícios sem a borda superior. Há muito
que os vertedores têm sido utilizados, interna e satisfatoriamente na medição de
vazão de pequenos cursos de água e condutos livres, assim como no controle do
escoamento em galerias e canais, razão por que o seu estudo é de grande
importância.

A borda horizontal denomina-se a crista, ou soleira. As bordas verticais


constituem as faces do vertedor. A carga do vertedor, H é a altura atingida pela
água, a contar da cota da soleira do vertedor. Devido à depressão (abaixamento) da
lâmina vertente junto ao vertedor, a carga H deve ser medida a montante a uma
distância aproximadamente igual ou superior à 5H.
3. TIPOS DE VERTEDORES

3.1 VERTEDORES RETANGULARES

Os vertedores retangulares são os mais empregados para as medições de


descarga, existindo grande número de fórmulas para esse fim. Conforme esquema
abaixo.

Os filetes líquidos inferiores elevam-se até acima da crista enquanto que a


superfície de água e os filetes líquidos superiores sofrem um abaixamento,
apresentando a lâmina vertente, quanto se trata de lâmina livre, sendo esta forma
aqui esquematizada.
Quando a largura do canal de aproximação é maior que o comprimento da
soleira, a lâmina vertente sofre uma ou duas contrações laterais, conforme o
vertedor esteja junto a uma das margens ou no centro do canal.

Sendo estes vertedores retangulares de paredes delgadas sem contrações,


contrações centrais e contração lateral. Esse tipo de vertedor não é recomendado
para canais transportando material em suspensão, uma vez que a precisão das
medidas é reduzida pelo acúmulo de material no fundo do canal.

3.2. VERTEDORES TRAPEZOIDAIS

Cipollette procurou determinar um vertedor trapezoidal que compensasse o


decréscimo de vazão devido às contrações:

Q=Q 2+2 Q1

A inclinação das faces foi estabelecida de modo que a descarga através das
partes “triangulares” do vertedor correspondesse aos decréscimos de descarga
devido às contrações laterais, com a vantagem de evitar a correção nos cálculos.
Para essas condições, o talude resulta 1:4 (1 horizontal para 4 verticais).

Os vertedores trapezoidais podem ser instalados em substituição aos


triangulares quando há necessidade de se medir vazões de maior intensidade, que
ultrapassam o limite dos triangulares. Geralmente opta-se pela instalação de
medidores triangulares na fase inicial de enchimento do reservatório, quando as
vazões são de pequena intensidade, trocando-se a lâmina no medidor por outra do
tipo trapezoidal, quando a capacidade do triangular estiver no limite.

3.3. VERTEDORES TRIANGULARES

Os vertedores triangulares possibilitam maior precisão na medida de cargas


correspondentes a vazões reduzidas, ou seja, para a medida de vazões pequenas
(Q < 0,030m³/s) é preferível o emprego dos vertedores triangulares, porque como é
evidente, a carga H é medida mais facilmente que nos vertedores retangulares. São
geralmente trabalhados em chapas metálicas. Na prática, somente são empregados
os que têm forma isósceles (2 lados iguais), sendo mais usuais os de 90º.

Assim como os vertedores retangulares, esse tipo de vertedor não é


recomendado para canais transportando material em suspensão, uma vez que a
precisão das medidas é reduzida pelo acúmulo de material no fundo do canal.
3.4. VERTEDORES CIRCULARES

Os vertedores circulares não são de fácil execução e colocação, não exigindo


o nivelamento de soleira como os vertedores retangulares, nem a colocação da
bissetriz na vertical, como nos vertedores triangulares; a lâmina vertente é sempre
aerada e, para pequenas cargas, são mais convenientes que os retangulares,
embora a sua precisão seja relativamente pequena. São muito poucos empregados.

3.5. VERTEDORES PROPORCIONAIS (SUTRO)

Esse vertedor, idealizado para que a vazão escoada seja diretamente


proporcional à altura H, é particularmente utilizado em canais retangulares onde se
deseja que a velocidade média de escoamento da água seja constante. Exemplos
típicos de sua aplicação são os canais desarenadores de estações de tratamento de
esgotos.

São vertedores para os quais a forma da soleira é exponencial e expressa por:

p
y=C . x

Resultando para a expressão geral da vazão:

3 1
+
Q=K . H 2 p

Fazendo-se p = -2 na equação acima de modo a resultar para H a primeira


potência, tem-se para a vazão uma variação linear com a carga H. São, por isso,
também denominados vertedores de equação linear.

Logo desenvolvendo as equações acima temos que a vazão:

( H−a
3 )
1
Q=C d .( ab) 2 .
Onde:

Q: vazão H: altura da água.


a: altura mínima
b: largura da base

3.6. VERTEDORES AFOGADOS

Os vertedores são afogados ou incompletos quando o nível de jusante é


superior ao da crista; nesses vertedores a forma da lâmina é de dois tipos – ou
parece escoar sobre a superfície de jusante, que apresenta uma série de ondas
(lâmina ondulada), ou parece mergulhar sob a mesma, o que ocorre quando a carga
é elevada, de modo que a queda d’água afasta o líquido de jusante; a água desce
ao fundo e volta gradualmente a superfície, ficando sobre a lâmina uma massa
d’água com movimento turbilhonar.

3.7. VERTEDORES OBLIQUOS OU CURVOS

Em certos casos para aumentar o comprimento da soleira, o vertedor é


colocado obliquamente a direção da corrente, com o que se obtém um aumento de
descarga, embora a vazão por metro de soleira seja diminuída.
4 METODOLOGIA

Para realizar a experiência acionou-se uma bomba que recalcou água de um


reservatório e distribuiu de forma controlada por uma válvula a água para o sistema.
Para manter este nivel constante ha um ladrão que leva a vazão excedente ao
reservatório inicial.

Do reservatório sai uma tubulação que alimenta primeiramente passando por


uma placa de orifício e em seguida pela soleira do vertedor. Neste canal e medido a
altura da lâmina d’agua acima da soleira do vertedor (atraves de um paquimetro
adaptado). Apos passar pelo vertedor a vazão é lançado numa tubo levando a agua
de volta ao reservatório. Utilizando os valores observados pelo nivel na montante e
na jusante e como conhecemos a altura de agua acima do vertedor é possivel
calcular a vazao através da formula:

QTEORICA =6,432 x 103 √ ∆ h

Através da valor encontrado da vazão, calculamos Reynolds para cada caso


para que em seguida seja calculado o valor de C D utilizando Re e o valor de “m”,
que pode ser calculado por:

A2
m=
A1

Já que temos os valores dos diâmetros respectivos. Após encontrado o valor


de CD através do uso do ábaco, calculamos então o valor da vazão corrigida que é
dada por:

QCORRIGIDA =C D . QTEORICO

Após feito isso, partimos para o vertedor retangular, onde calculamos a sua
vazão teorica através da altura da soleira obtida no experimento e pela altura da
agua acima da soleira medido em cada caso. Por fim, obtemos os valores do C D do
vertedor dividindo a vazão corrigida pela teorica obtida.
5. RESULTADOS OBTIDOS

Com os dados obtidos em sala de aula, através de aparelhos de medição de nivel,


paquimetros, controle por válvula de vazão e com os cálculos feitos pela fórmula de
vazão e coeficiente de descarga, geramos a tabela abaixo:

PLACA DE ORIFÍCIO

Altura da coluna d'água Vazão


Reynolds m CD Vazão corrigida
Montante Jusante Δh teórica

mm mm m m³/s - - - m³/s ΔP

835 735 0,1 0,00203 92216 0,67 0,00136 981

925 720 0,205 0,00291 131737 0,67 0,00194 2011

995 705 0,29 0,00346 156766 0,67 0,00231 2845

1080 685 0,395 0,00404 183114 0,42 0,67 0,0027 3875

1175 665 0,51 0,00459 208144 0,67 0,00307 5003

1320 625 0,695 0,00536 243054 0,67 0,00359 6818

1470 575 0,895 0,00608 275329 0,67 0,00407 8780

VERTEDOURO RETANGULAR SEM RESTRIÇÕES


Nível do Altura da
Altura da canal água acima Vazão Incerteza Tipo A do
CD CD médio
soleira da soleira teórica coeficiente de descarga
(H)
mm mm m m³/s - - Variância da amostra
148,30 0,037 0,0013 1,04 0,0016285 
156,40 0,0451 0,00176 1,10 Variância da média
160,70 0,0494 0,00201 1,14  0
Desvio padrão da
165,30 0,054 0,0023 1,17
111,30 1,10 amostra
173,40 0,0621 0,00284 1,08  0,040355
Desvio padrão da
180,30 0,069 0,00333 1,07
média
185,3 0,074 0,0037 1,10  0
Com esses dados geramos esse gráfico de Q x ∆P, Q x ∆H e Q x CD:

PLACA DE ORIFÍCIO
10000
9000
DIFERENÇA DE PRESSÃO

8000
f(x) = 2888099.05412507 x − 3525.2151415059
7000 R² = 0.977863338810723
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
0.001 0.0015 0.002 0.0025 0.003 0.0035 0.004 0.0045
VAZÃO

VERTEDOR RETANGULAR
ALTURA DA AGUA ACIMA DO VERTEDOR

0.08
0.07 f(x) = 14.0441783649876 x + 0.0175998348472337
R² = 0.994011160112662
0.06
0.05
0.04
0.03
0.02
0.01
0
0.001 0.0015 0.002 0.0025 0.003 0.0035 0.004 0.0045
VAZÃO
Cd X Vazão
1.20

COEFICIENTE DE DESCARGA
1.15 f(x) = − 70846300000000 x⁵ + 1018740000000 x⁴ − 5634880000 x³ + 14873007 x²
− 18575.13 x + 9.812375
1.10

1.05

1.00

0.95
0.001 0.0015 0.002 0.0025 0.003 0.0035 0.004 0.0045
VAZÃO

6. CONCLUSÃO

O relatórico foi voltado a partir do conhecimento de vários tipos de vertedores,


e suas respectivas finalidade de acordo com o mais desejável para a ocasião.
Durante o preenchimento da tabela anexada anteriormente, já podemos verificar que
os valores obtidos foram correspondentes com o esperado.
Conforme observado a dinâmica do sistema e assim com os valores obtidos,
podemos observar que os valores da altura da coluna d’agua aumentam conforme a
vazão aumenta, o que é logico de se perceber, assim como o n° de reynolds
também aumenta com o consequente aumento da vazão, de forma que, quanto
maior a vazão, mais turbulento será o fluxo do sistema. Como o nº de reynolds
obtido em cada fator se manteve em uma faixa de 90.000 a 275.000, isso fez com
que o valor obtido pelo uso do ábaco caísse em uma reta linear cujo valor de C D
prevaleceu praticamente o mesmo para todos os valores. O valor obtido pela vazão
corrigida foi condizente com a realidade por estar um pouco abaixo do valor teorico,
isso pode ser explicado pelas perdas presentes no sistema, como falta de vedação
em acoplamentos, bolhas no sistema, perdas por atrito no contato com a superficie
dos tubos e até erros presentes na calibração dos medidores. Para o vertedor,
observamos como esperado que a altura da água acima da soleira aumenta com a
vazão, e obtivemos um valor de coeficiente de descarga maior do que o da placa de
orificio, onde a vazão corrigida variou bem pouco da teórica.
Os dois primeiros graficos obtidos Q x ∆P e Q x ∆h nos provam e afirmam
tudo isso, pois são retas lineares crescentes, indicando que a pressão e a altura do
nivel d’agua aumentam com a vazão. O coeficiente de descarga do vertedor
apresentou um patamar de crescimento conforme o aumento da vazão, porem,
tivemos pontos finais discrepantes o que interferiu na formação da curva
caracteristica. Portanto podemos concluir que os dados e valores obtidos foram
condizentes com a realidade do experimento e a proximidade dos valores foi
aceitavel dentro da faixa obtida, logo o experimento cumpriu de forma adequada aos
fenômenos apresentados na prática.

Você também pode gostar